Comentários Lição 10 - Reforma: vontade de crescer e mudar (Prof. César Pagani)

31 de Agosto a 7 de Setembro

Verso para Memorizar

“Antes, Ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tg 4:6, 7)
César L. Pagani

            A reforma é um ato de fé secundado pelo poder do Espírito Santo, regado pela graça de Deus e energizado pelo amor de Cristo no coração.
            Reforma só ocorre se o reformando (aquele que passa pela reforma) docilmente se entregar nas mãos do Espírito. Ninguém pode ser reformado contra a vontade, assim como não se pode reformar uma casa, um automóvel ou uma propriedade qualquer, sem o consentimento do dono.
            A sublime experiência de galgar o patamar da espiritualidade ideal (pós reavivamento e reforma), é uma ação conjunta entre Deus e o homem. O texto do estudo adicional, p. 126 da lição, é muito elucidativo: “Que nenhum homem apresente a ideia de que o ser humano tem pouco ou nada a fazer na grande obra de vencer, pois Deus não faz nada pelo homem sem a sua cooperação. Não digam que, depois de terem feito tudo o que puderem, Jesus irá ajudá-los. Cristo disse: ‘Sem Mim nada podeis fazer’ (Jo 15:5). Do princípio ao fim o ser humano deve cooperar com Deus. A menos que o Espírito Santo atue no coração humano, a cada passo tropeçaremos e cairemos. Os esforços da pessoa por si sós não são nada, mas inutilidade. Por outro lado, a cooperação com Cristo significa vitória. [...] Nunca deixe na mente a impressão de que há pouco ou nada para fazer por parte da humanidade, mas ensine as pessoas a cooperar com Deus, para que elas possam ser bem-sucedidas em vencer.” (Ellen G. White, A New Life, p. 38, 39) Por conseguinte, a obra é a quatro mãos: duas do Onipotente e duas do impotente (ser humano). 
            
DOMINGO
Graça para crescer
             Graça é favor concedido sem qualquer direito do recebedor. Moffat, autor de conhecida versão bíblica, afirmou: “A religião da Bíblia ou é uma religião da graça ou nada é. Não havendo graça, não há evangelho.”
            Foi a graça, impelida pelo amor, que nos procurou quando “éramos ainda pecadores”.  Ela entrou veio até nós, nos transformou, vivificou, sustentou, fortaleceu, amparou e consolou.
Entendemos graça como benefício, favor ou benevolência. Na compreensão teológica, graça é dom sobrenatural conferido pelo Senhor como instrumento-mór de salvação. É misericórdia imerecida, livremente concedida ao homem por Deus.
Há casos em que a graça é outorgada por Deus sem ser pedida. Salomão, por exemplo, pediu a graça, o favor, da sabedoria, e Deus lhe deu riquezas, propriedades e honra incomparáveis (2Cr 1:12).
Os irmãos Zebedeu, Tiago e João, eram esquentadinhos e em seu zelo sem entendimento não podiam ver o significado da graça perdoadora. Como os samaritanos de certo vilarejo se recusaram receber Jesus e Sua comitiva, eles pediram autorização para Jesus a fim de fulminaram os recusadores da presença do Salvador. Não é à toa que Jesus os chamou de Boanerges (filhos do trovão).
Eles amavam a Jesus e O seguiam aonde quer que Ele fosse. Porém, precisavam dos altos benefícios da companhia íntima de Cristo e da graça que Lhe escapava dos lábios e da conduta. De discípulo “armado”, João, pela graça do crescimento espiritual, tornou-se o discípulo amado. Tiago, seu irmão e companheiro de apostolado, dedicou-se zelosamente ao ministério e depôs, depois de nobre trabalho, sua vida por ordem do famigerado Agripa I. Foi um dos dirigentes máximos da igreja apostólica, juntamente com seu irmão João e Pedro.
Custaram anos de graça contínua para os dois irmãos ajustarem sua vida conforme a imagem de Cristo. Porém, a busca e o recebimento contínuo da graça renovadora de Jesus os transformou totalmente.
Como passar pela mesma experiência que eles? “Esquecendo de si crescerão na graça. Pela educação da mente nesta direção aprenderão como levar cargas por Jesus.” Review and Herald, 2 de janeiro de 1879. 
 Reconhecendo a ampla dependência da graça de Cristo - Sois justamente tão dependentes de Cristo, para viver uma vida santa, como a vara é dependente do tronco para crescer e dar fruto. Separados dEle não tendes vida. Não tendes poder algum para resistir à tentação ou crescer em graça e santidade. Permanecendo nEle, florescereis. Derivando dEle a vossa vida, não haveis de murchar nem ser estéreis. Sereis como árvore plantada junto a ribeiros de água... Nosso crescimento na graça, nossa felicidade, nossa utilidade - tudo depende de nossa união com Cristo. É pela comunhão com Ele, todo dia, toda hora - permanecendo nEle - que devemos crescer na graça. Caminho a Cristo, 69.

SEGUNDA
            “Deus nos deu o poder da escolha; a nós cumpre exercitá-lo. Não podemos mudar o coração, nem reger nossos pensamentos, impulsos e afeições. Não nos podemos tornar puros, aptos para o serviço de Deus. Mas podemos escolher servi-Lo, podemos entregar-Lhe nossa vontade; então, Ele operará em nós o querer e o efetuar, segundo a Sua aprovação. Assim, nossa natureza toda será posta sob o domínio de Cristo.” A Ciência do Bom Viver, 176.  
            Observe nesse texto os conceitos expostos. Nele vemos uma inestimável faculdade que Deus nos deu – o direito de pensar por nós mesmos, de escolhermos o que quisermos dentre as opções disponíveis. Ele dispõe perante nós aquilo que é bom, bendito, justo, santo, perfeito, confiável, proveitoso, útil para o presente e o futuro. Nada há no governo de Deus que seja de caráter compulsório, draconiano, imposto, forçado. Há mandamentos, estatutos, regras, normas, sim, mas você e eu podemos escolher não acatá-los.  
            O que Deus está pedindo que façamos? Que escolhamos estar do Seu lado, que nossa vontade Lhe seja rendida. Nossa vontade é perversa por natureza, egoísta por profissão, interesseira e volúvel por tendência. Mesmo assim, Deus está interessado nela. Quer que a coloquemos ao Se dispor para Ele poder ajustá-la e pô-la em conformidade com Sua sagrada vontade. Ele sabe que se não fizermos isso, vamo-nos dar muito mal. Por nos amar e não querer de modo nenhum que nos percamos, apela ao nosso coração que usemos bem nosso poder de escolha.
            Um aspecto capital relativo ao livre arbítrio ou livre dependência da vontade é que ele é de caráter exercitável. É preciso frequentemente pô-lo em ação. Quando bem orientada, essa faculdade governa o homem. Quando o homem escolhe bem, isto é, prefere a Deus, o Pai Eterno pode então orientar essa preferência segundo Sua vontade.  Ellen White é taxativa: Deus não atuará sem a cooperação do homem.
            A primeira boa escolha a fazer é entregar a vontade a Cristo. Ele então a regerá segundo Seu amor, sabedoria, providência e propósitos. A opção certa libera o poder transformador de Cristo. “É certo que não podemos transformar-nos, mas temos o poder de escolha, e depende de nós o que queremos ser.” Parábolas de Jesus, 56. 

TERÇA

            A Escritura declara com toda gravidade e franqueza: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:9) Parece, porém, que o apóstolo Pedro havia perdido em sua memória a advertência bíblica. Ele confiava muito em si mesmo. E era muito sincero em sua autoconfiança. Tinha muita fé nos próprios talentos.
         Jesus profetizou o que aconteceria quando, naquela mesma noite, todos se dispersariam e O deixariam sozinho. Ninguém sairia em Sua defesa. Pedro escandalizou-se com a declaração do Senhor. É claro que ele não gostaria de que o que Jesus estava dizendo acontecesse. Afinal, a vida ao lado do Senhor era tão boa que o pescador não queria que tudo terminasse com abandono.
         Mas o que Cristo dissera aconteceu com todos os seus detalhes. Uma lição que todos precisamos aprender é desconfiar do eu.
         “Ninguém pode andar em segurança se não desconfiar do próprio eu e se não estiver olhando constantemente para a obra de Deus, estudando-a com coração voluntário, para ver seus próprios erros e aprender a vontade de Cristo, e orando para que seja efetuada nele, por ele e através dele. Eles mostram que sua confiança não está em si mesmos, mas em Cristo. Mantêm a verdade como sagrado tesouro, apta para santificar e aprimorar, e estão constantemente procurando colocar suas palavras e ações em harmonia com os seus princípios. Temem e tremem, com receio de que seja idolatrado algo impregnado do próprio eu, fazendo assim que seus defeitos sejam reproduzidos em outros que confiam neles. Estão sempre procurando dominar o próprio eu, deixar de lado tudo que esteja impregnado dele, e substituí-lo pela mansidão e humildade de Cristo. Estão olhando para Jesus, crescendo nEle, obtendo luz e graça de Sua Pessoa, para que possam difundi-las a outros.” Review and Herald, 12 de abril de 1892. 
            Qual foi o problema de Pedro e Tomé? “Tomé não quis acreditar, enquanto não pusesse o dedo na ferida feita pelos soldados romanos. Pedro O negara em Sua humilhação e rejeição. Essas penosas lembranças apresentavam-se diante deles em nítidos traços. Tinham estado com Ele, mas não O conheceram nem apreciaram. Como, no entanto, tudo isso lhes comovia agora o coração, ao reconhecerem a própria incredulidade!” O Desejado de Todas as Nações, 508.

QUARTA
A decisão de voltar
            A parábola do filho pródigo foi contada por Cristo para revelar o inefável amor de Deus, a sempre presente possibilidade de completo perdão, a graça sempre disponível, os braços paternos sempre abertos. Fica bem claro nesse maravilhoso ensino que Deus nunca abandona os que dEle se apartam em rebelião, pecado e por compreenderem-No mal. A parábola também poderia ser chamada de O Retorno do Apóstata. Uma das acepções do vocábulo apostasia é “abandono de vínculo religioso”. E foi o que o pródigo fez. Quis partir para longe da ligação diária com o pai; não queria mais cumprir regras, obedecer ordens, fazer a vontade do progenitor. Ellen White diz que ele se cansara das restrições da casa paterna. Ele queria a liberdade do mundo, seus prazeres, farras, mulheres, bebidas, alegria promíscua.
            Talvez ele recebesse uma polpuda mesada, mas queria mais. Afinal, seu pai era fazendeiro e possuía riquezas. Indevidamente ele decidiu viver numa terra distante, onde nem houvesse a possibilidade de o pai visitá-lo.  Sua mente fantasiava as horas “delirantes” que desfrutaria.
            Pediu parte da herança. Esse direito não lhe cabia, porquanto a partilha só seria feita quando do finamento paterno, mas o pai não fez restrições ao pedido do filho. Deu-lhe o que queria. Respeitou sua liberdade de escolha.
            Acontece que as coisas não saíram como ele planejara. Por um tempo, enquanto o dinheiro durou, ele fez tudo quanto seu coração desejou. Uma vida de loucura; saía de uma balada para outra. Como a loucura não pensa e nem raciocina da causa para o efeito, um dia ele colheu os resultados de sua decisão: pobreza extrema, humilhação, abandono, solidão, desabrigo.  E mais: sua mente degradou-se no desfrute daquilo que era terreno, passional, carnal.
A condição do pródigo em sua desgraça é o fiel quadro da vida do pecador desgarrado. Assim como ele ficou desamparado e perdido longe do pai, nós, pecadores, vivemos sem Deus e sem esperança quando Lhe tornamos as costas e abraçamos o mundo. Ainda assim, Deus Se apieda de nós e dispõe-nos ininterruptamente e sem variações Seu maravilhoso amor. Ele nos diz constantemente: “Volte, filho, volte! Estou com muitas saudades de você.”
Foi a certeza do amor imutável do pai que encorajou o filho a voltar, embora sua consciência o acusasse da tremenda perfídia. Ele resolve retornar e confessar suas culpas – e sem desculpas.
O pai, vendo seu vulto ainda longe na estrada, corre ao seu encontro para abraçá-lo, tal era a amorosa ânsia pelo filho. Ele não mandou o filho banhar-se no alojamento dos criados e usar uma muda de roupa deles, pois seu estado produzia rechaço. Não se importou em envolver o filho num longo abraço, embora ele estivesse cheirando a suínos e com lama da pocilga presa em seus andrajos.
Apelo aos pródigos – “Que segurança da voluntariedade de Deus em receber o pecador arrependido! Escolheste, caro leitor, teu próprio caminho? Vagaste longe de Deus? Aspiraste desfrutar os frutos da transgressão, só para vê-los desfazerem-se em cinzas nos lábios? E agora que os teus bens estão dissipados, teus planos malogrados e mortas as tuas esperanças, estás solitário e desolado? Agora, aquela voz que te falou longamente ao coração, mas para a qual não atentaste, chega a ti clara e distinta: ‘Levantai-vos e andai, porque não será aqui o vosso descanso; por causa da corrupção que destrói, sim, que destrói grandemente.’ Mq 2:10. Volta ao lar do Pai. Ele te convida, dizendo: ‘Torna-te para Mim, porque Eu te remi.’ Is 44:22.” Parábolas de Jesus, 205. 
          
QUINTA
Fé para agir

            “A fé, a fé salvadora, deve ser ensinada. A definição dessa fé em Jesus Cristo pode ser dada em poucas palavras: É o ato da alma pelo qual o homem todo se entrega à guarda e controle de Jesus Cristo. Ele permanece em Cristo e Cristo habita na alma supremamente, pela fé. O crente confia alma e corpo a Deus e com convicção pode dizer: Cristo é capaz de guardar aquilo que Lhe confiei até aquele dia. Todos os q2ue isso fizerem serão salvos para a vida eterna. Haverá a certeza de que a alma foi lavada no sangue de Cristo e revestida com a Sua justiça, sendo preciosa à vista de Jesus. Nossos pensamentos e nossas esperanças estão no segundo advento de nosso Senhor. Este é o dia em que o Juiz de toda a Terra recompensará a confiança de Seu povo.” Manuscrito 6, 1889.
            “Mediante a fé recebemos a graça de Deus; mas a fé não é nosso Salvador. Ela não obtém nada. É a mão que se apega a Cristo e se apodera de Seus méritos.” O Desejado de Todas as Nações, 175.
            “A fé é simples em sua operação e poderosa em seus resultados. Muitos professos cristãos, que têm certo conhecimento da Palavra Sagrada e creem em sua verdade, deixam de ter a infantil confiança que é essencial à religião de Jesus. Não estendem a mão com aquele toque peculiar que traz para a alma a virtude da cura.” SDA Bible Commentary, vol. 6, p. 1074.
            “Deve-se explicar bem como exercer a fé. Para toda promessa de Deus há condições. Se estamos dispostos a fazer a Sua vontade, toda a Sua força é nossa. Qualquer um que Ele prometa está na própria promessa. ‘A semente é a Palavra de Deus.’ Lc 8:11. Tão certo como o carvalho está na bolota, o dom de Deus está em Sua promessa. Se recebemos a promessa, temos o dom.” Educação, p. 253.
            Educando a mente a ter fé – “A fé opera por amor e purifica a alma de todo o egoísmo. Assim a alma é aperfeiçoada em amor. E havendo achado graça e misericórdia mediante o precioso sangue de Cristo, como podemos deixar de ser ternos e misericordiosos? ‘Pela graça sois salvos, por meio da fé.’ Ef 2:8. A mente deve ser educada a exercer fé, em vez de nutrir a dúvida, suspeita e ciúme. Somos muito inclinados a olhar aos obstáculos como impossibilidades.
“Ter fé nas promessas de Deus, ir à frente pela fé, prosseguir sem ser governado pelas circunstâncias, é uma lição de difícil aprendizado. Entretanto, é positiva necessidade que todo filho de Deus aprenda esta lição. A graça de Deus mediante Cristo, deve sempre ser nutrida; pois nos é concedida como o único modo de nos aproximar de Deus. A fé nas palavras de Deus pronunciadas por Cristo envolto na coluna de nuvens, teria habilitado os filhos de Israel a deixar após si um registro de espécie diferente. Sua falta de fé em Deus deu-lhes uma história bem acidentada.” Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 533, 534. 

“Os que falam sobre fé e cultivam fé terão fé; mas os que nutrem e expressam dúvidas, dúvidas terão.” Testimonies, vol. 5, p. 302. 

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