Comentários Lição 9 - Rituais e Cerimônias da Igreja (Prof. César Pagani)

24 a 30 de Novembro


Verso para Memorizar

“Arrependam-se e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para que seus pecados sejam perdoados, e vocês receberão o dom do Espírito Santo.” At 2:38 - NTLH    

Nota do comentarista: Os irmãos poderão achar alguma diferença nos títulos diários da lição. É que os traduzimos diretamente do original e esses podem não ser iguais aos dos impressos na lição em português.

            As principais cerimônias rituais da igreja são o batismo, o lava-pés e a santa ceia. Foram instituídas pelo próprio Jesus Cristo por Sua divina autoridade, destinadas a ser manifestações públicas de fé e fidelidade no Evangelho. Pelo batismo declaramos ao mundo que pertencemos a Jesus unicamente, e que morremos para a vida ímpia e suas concupiscências. Pelo lava-pés, confessamos que como seguidores do humilde e manso Messias e que pretendemos ser humílimos seguidores Seus, mortificando o ego e suas presunções e seguindo as pegadas que o Deus humilde deixou sobre a terra. Pela santa ceia proclamamos que Jesus virá outra vez e que o mundo deve ser advertido a estar preparado para o maior evento de todos os tempos, quando a morte será tragada na vitória.
             Essas cerimônias precisam ser vistas não meramente pela sua beleza cênica, impacto emocional e conteúdo simbólico, mas pela profundidade de seus ensinos e pelo que representam como passagens altamente significativas da vida de nosso Senhor, depois transformadas em ritos práticos.

DOMINGO

Designando os ritos sagrados

                 Pouco antes de nosso amado Salvador ascender ao Céu, Ele deu uma ordem solene: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28:19) O batismo, assim, tornou-se um requisito do Evangelho. Uma ordenança ou lei provinda de autoridade superior. 
            Nos tempos do Antigo Testamento, três vezes ao ano o povo de Israel deveria sair de suas cidades e ir a Jerusalém para celebrar três grandes ordenanças festivas ao Senhor: Festa dos Pães Asmos (jungida à festa da Páscoa), Festa das Primícias e Festa das Colheitas. Na Igreja Cristã três são as ordenanças cerimoniais: Batismo, Lava-pés e Ceia do Senhor. São três memoriais da obra de Jesus por nós: A purificação dos pecados (na cruz), o serviço ao próximo (o humilde ato do lava-pés mostrando que precisamos imitar nosso Modelo na vida de humilde serviço) e a dádiva pessoal de Jesus dando Seu corpo e sangue em nosso resgate.
            Como bem destaca o comentário da pergunta de domingo, esses atos não têm nenhuma conotação salvífica, isto é, não são meritórios em si mesmos. Contudo, são profundamente significativos em sua representação. Devemos participar deles com o corpo, a alma e o espírito.
            “Quando os crentes se reúnem para celebrar as ordenanças, acham-se presentes
mensageiros invisíveis aos olhos humanos. Talvez haja um Judas no grupo, e se assim for, mensageiros do príncipe das trevas ali estão, pois acompanham a todo que recusa ser regido pelo Espírito Santo. Anjos celestes também ali se encontram. Esses invisíveis visitantes se acham presentes em toda ocasião como essa. Podem entrar pessoas que não são, no íntimo, servos da verdade e da santidade, mas que desejem tomar parte no serviço. Não devem
ser proibidas. Acham-se ali testemunhas que estavam presentes quando Jesus lavou os pés dos discípulos e de Judas. Olhos mais que humanos contemplam a cena.” DTN, 656.
            As ordenanças do batismo e da ceia do Senhor são duas colunas monumentais, estando uma dentro e outra fora da igreja. Sobre estas ordenanças Cristo inscreveu o nome do verdadeiro Deus.” Manuscrito 27 1/2, 1900. 
            Para termos presente: Não participamos das ordenanças da casa do Senhor meramente como um ritual...” Ev, 274. 
   
SEGUNDA

Batismo
             Por que a cerimônia de imergir os recém-conversos em água tem a designação de batismo?  A resposta é óbvia. Porque a imersão total é representativa do que será a vida do cristão após o ato sagrado: 1) Morte para os pecados passados, representada pela “queda” do corpo do batizando para trás, como se fosse atingido por súbita e fatal parada cardíaca. 2) Mergulho completo nas águas representando sepultamento do “cadáver do homem velho” “que se corrompe segundo as concupiscências do engano” (Ef 4:22). Ele não mais existe. 3) Emersão ou ressurreição de um agora novo homem (nova mulher) para uma vida transformada.  
            A IASD, em seu Manual, p. 83, considera o batismo como uma entrega a Jesus que o crente faz.  O batismo por imersão simboliza a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo; expressa abertamente a fé em Sua graça salvadora e a renúncia ao pecado e ao mundo, e é reconhecido como condição de entrada na comunhão da igreja. (Mat. 3:13-17; 28:19; Atos 2:38 e 41-47; 8:35.” MI, 221.
O batismo cristão implica em sério compromisso do crente com Cristo, para andar em novidade de vida.  “Depois de a alma crente haver recebido a ordenança do batismo, deve ter em mente que está consagrada a Deus, a Cristo e ao Espírito Santo...” Ev, 315.
O batismo é também um marco histórico na vida de cada cristão. Ele assinala a adesão do crente ao concerto eterno. Esse recebe a credencial de embaixador de Deus, a unção de sacerdote (ver 1Pe 2:9), a missão de ensinador, o revestimento do Espírito Santo, a função de portador de luz, a nobreza de um imitador de Cristo. Ele passa a ser um pescador de homens e mulheres, guia de cegos espirituais, propriedade exclusiva de Cristo.
O batismo que valida o batismo
“Quão grandemente necessitam os obreiros do batismo do Espírito Santo, para se tornarem verdadeiros missionários de Deus!” CES, 155.
            Oh! se pudesse vir sobre vós o batismo do Espírito Santo, para que fôsseis imbuídos do Espírito de Deus! Então, dia a dia vos tornaríeis mais e mais semelhantes à imagem de Cristo, e em cada ato de vossa vida, a pergunta seria: ‘Glorificará isto ao meu Mestre?’ Por meio da paciente continuidade em fazer bem, buscareis glória e honra, e recebereis o dom da imortalidade.” Review and Herald, 10 de maio de 1892. 
            “Oh, como necessitamos da Presença divina! Para o batismo do Espírito Santo cada obreiro deve estar emitindo sua oração a Deus. Grupos devem reunir-se para pedir a Deus auxílio especial, sabedoria celestial, para que o povo de Deus saiba como planejar, orientar e executar a obra. Especialmente devem os homens orar para que o Senhor escolha Seus instrumentos, e batize Seus missionários com o Espírito Santo.” E Recebereis Poder, 153.
            O batismo do Espírito Santo como no dia de Pentecoste levará a um reavivamento da verdadeira religião e à operação de muitas obras maravilhosas. Seres celestes entrarão em nosso meio, e homens falarão segundo forem movidos a fazê-lo pelo Espírito de Deus.” Idem, 324.  
           
TERÇA

ordenança da humildade
 A instituição do lava-pés é das mais impressionantes e tocantes da Escritura Sagrada. Ao criá-la, Jesus, a Majestade do Universo, a cujos pés querubins, serafins, arcanjos e anjos celestiais se curvam em respeitosa reverência, dobra-Se até o chão para lavar os pés de criaturas impuras. Guardadas as devidas proporções, é como se a rainha Elizabeth II da Inglaterra vestisse trajes os mais toscos e executasse os mais humildes serviços do Palácio de Buckingham em lugar de seus criados.
Ele é que devia ter Seus santos pés lavados pelos discípulos. A Ele todos se deveriam inclinar em profunda reverência. Ali estava o Deus do Céu, o Criador de todas as coisas em carne e osso.
Embora se aproximasse a hora mais terrível, o momento em que o Cordeiro de Deus seria imolado no Calvário, Jesus não pensava em Si mesmo, mas nos seguidores que ficariam em Seu lugar para dar prosseguimento à obra de evangelização do mundo.
Cristo sempre procurara ensinar e dera exemplos práticos da virtude que muito agrada a Deus: a humildade. Porém, nenhum dos doze ainda havia aprendido a lição. Mesmo em face à profunda tristeza estampada no rosto de seu amado Mestre, eles ainda competiam por alcançar o mais alto lugar no pódio da honra mundana. Quem seria escolhido por Cristo para primeiro ministro em Seu reino? João e Tiago estavam pretendendo os mais altos cargos. Pedro achava que por ser homem de iniciativa, Jesus o preferiria para auxiliá-Lo no governo mundial prestes a ser estabelecido. Os demais discípulos nutriam no coração uma centelha de esperança de serem escolhidos para os mais altos cargos governamentais.
O que se passava, porém, no coração do amante Salvador? “Sabia que seria abandonado na hora de ser entregue. Sabia que, pelo mais humilhante processo a que se submetiam os criminosos, seria condenado à morte. Conhecia a ingratidão e crueldade daqueles a quem viera salvar. Sabia quão grande o sacrifício que devia fazer, e para quantos seria ele em vão. Sabendo tudo quanto se achava diante de Si, poderia ser naturalmente esmagado ao pensamento da própria humilhação e sofrimento. Mas olhou aos doze, os quais estiveram com Ele como Seus mesmos, e que, depois de Sua vergonha e dor, e passados os dolorosos maus tratos, seriam deixados a lutar no mundo. O pensamento do que Ele próprio deveria sofrer estava sempre relacionado com os discípulos em Seu espírito. Não pensava em Si mesmo. O cuidado por eles era o que predominava em Sua mente.” DTN, 643.
Ao invés de concentrar-se em Sua dor e procurar atrair a simpatia de Seus seguidores mais íntimos, nosso Senhor focava Sua mais terna atenção naqueles homens rudes e deseducados.
Antes de um banquete era costume o senhor da casa ordenar a seus servos que lavassem os pés dos convidados. Jesus esperou para ver se alguém se manifestaria, visto não haver ali servos disponíveis para tal serviço. Ninguém se manifestou. Afinal, não ficaria bem para futuros governantes de um poderoso reino rebaixar-se à condição de servo.
“Então Ele, o divino Mestre, Se ergueu da mesa. Pondo de lado a veste exterior, que Lhe poderia estorvar os movimentos, tomou uma toalha e cingiu-Se. Com surpreendido interesse olhavam os discípulos, esperando em silêncio ver o que se ia seguir. "Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido." João 13:5. Esta ação abriu os olhos deles. Profunda vergonha e humilhação os possuiu. Entenderam a muda repreensão, e viram-se a si mesmos sob um aspecto inteiramente novo.” DTN, 644.
Entendemos hoje a lição que Jesus nos deu com Sua atitude? Quando participamos do lava-pés, consideramos nossos irmãos superiores a nós mesmos? (Fp 2:3) Ou o fazemos mecanicamente apenas para cumprir um pré-requisito cerimonial?   
            


Santa ceia
             
A Santa Ceia foi criada por Jesus por ocasião de Sua última comemoração pascal. Nosso Salvador estava celebrando a páscoa judaica quando instituiu o antítipo que cumpria a figura profética dessa celebração em Israel. Ele comemorava Sua própria imolação como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
A páscoa era um memorial comemorativo da libertação dos israelitas da escravatura egípcia. Seus elementos cerimoniais eram um cordeiro, pães asmos e ervas amargas.  Na Santa Ceia o Cordeiro é Cristo, imaculado, inocente, puro, vítima indébita (isto é, sem culpa), morto potencialmente desde antes da fundação do mundo, agora dando Sua vida em resgate de muitos (Mc 10:45). Pão sem fermento (que é símbolo do pecado) representando agora o corpo físico de Jesus, oferecido em favor dos pecadores (Lc 22:19;1Co 11:24). É interessante notar que Jesus não usou nenhum punhado de ervas amargas como símbolo nessa ocasião. Originalmente as ervas simbolizavam a amargura da servidão egípcia. Agora, a amargura estava reservada para Cristo e não para os discípulos. Ele sorveu o cálice até a última gota de fel.
O vinho, que não foi usado na páscoa original, simbolizava agora o sangue do Cordeiro, “derramado em favor de muitos” (Mc 14:24). Por que em favor de muitos e não de todos, sabendo que o poder do sangue de Cristo abarcou toda a humanidade? Porque o sangue de Jesus só tem eficácia para os que aceitam o sacrifício vicário de nosso Redentor. O ímpio está agora coberto pelo sangue derramado no Calvário, sim. Não fosse assim e ele seria destruído imediatamente. Contudo, seus pecados remanescem dando testemunho contra ele, até que conheça o amor do Salvador e O aceite como seu substituto e Senhor.
Nosso espírito na Santa Ceia
Às vezes me pergunto se participo das santas ceias da igreja com o devido espírito pascal. Em meus longos anos na IASD já tomei parte de inúmeras ceias. É possível que em muitas eu não tenha tido o verdadeiro espírito. Elas não são simples rituais promovidos para mexer com nosso emocional. Seu tempo de profunda meditação e exame de consciência, de contrição e arrependimento, para não sermos réus do corpo e do sangue do Senhor (1Co 11:27).
“Os símbolos da casa do Senhor são simples e facilmente compreensíveis, e as verdades por eles representadas são-nos da mais profunda significação. Ao estabelecer o rito sacramental para substituir a Páscoa, Cristo deixou para a igreja um memorial de Seu grande sacrifício em prol do homem. ‘Fazei isto’, disse Ele, ‘em memória de Mim.’ Era esse o ponto de transição entre duas dispensações e suas duas grandes festas. Uma iria terminar para sempre; a outra, que Ele acabava de estabelecer, iria substituí-la, e continuar através dos séculos como o memorial de Sua morte.” Review and Herald, 22 de junho de 1897. 
A Santa Ceia de nossos pioneiros
 “Nos dias primitivos do movimento do advento, quando éramos poucos em número, a celebração das ordenanças tornava-se uma ocasião das mais proveitosas. Na sexta-feira anterior, todo membro da igreja buscava remover tudo quanto contribuísse para separá-lo de seus irmãos e de Deus. Examinavam o coração rigorosamente; faziam-se orações fervorosas pela divina revelação de pecados ocultos; e faziam-se confissões de deslizes no comércio, de palavras imprudentes proferidas com precipitação, de pecados acariciados. O Senhor Se manifestava e éramos grandemente fortalecidos e animados.” Manuscrito 102, 1904. 
Não deveríamos tomar iguais medidas ao participarmos da Ceia do Senhor hoje?

QUIN TA

Expectativa da segunda vinda de cristo

             A santa ceia aponta à segunda vinda de Cristo. Foi destinada a conservar viva essa esperança na mente dos discípulos. Sempre que se reuniam para comemorar Sua morte, contavam como Ele, ‘tomando o cálice, e dando graças, deu-lhes, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de Meu Pai’. Mt 26:27-29. Nas tribulações, encontravam conforto na esperança da volta de seu Senhor. Indizivelmente precioso era para eles o pensamento: ‘Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.’ 1Co 11:26.
            “Estas são as coisas que nunca devemos esquecer. O amor de Jesus com Seu subjugante poder, deve ser mantido vivo em nossa memória. Cristo instituiu este serviço para que ele nos falasse aos sentidos acerca do amor de Deus, expresso em nosso favor. Não pode haver união entre nossa alma e Deus, senão por meio de Cristo. A união e o amor entre irmão e irmão devem ser cimentados e feitos eternos pelo amor de Jesus. E nada menos que a morte de Cristo podia tornar eficaz o Seu amor por nós. É unicamente por causa de Sua morte, que podemos esperar com alegria Sua segunda vinda. Seu sacrifício é o centro de nossa esperança. Nele nos cumpre fixar a nossa fé.” DTN, 659, 660.
            A Santa Ceia é um memorial do infinito sacrifício de Cristo, do perdão de nossos pecados, de nossa salvação eterna, de uma nova vida. Ela fala alto de um amor que não tem comparações, de um plano de resgate sem precedentes em todos os tempos; é também uma jura de amor eterno feita por Cristo a nós. Fala-nos de duas certezas absolutas: o sacrifício de Cristo e Seu retorno.
O pão e o vinho representam o corpo e o sangue de Jesus. Assim como o pão foi partido e o vinho tomado, o corpo de Jesus foi partido e Seu sangue derramado por nós. 
            “Comendo o pão e bebendo o vinho, demonstramos que cremos neste fato. Mostramos que nos arrependemos de nossos pecados e que aceitamos a Cristo como nosso Salvador.” VJ, 98.
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