Lição 10 - Comentários de Sikberto R. Marks

Lições da Escola Sabatina Mundial – Estudos do Quarto Trimestre de 2011
Tema geral do trimestre: O Evangelho em Gálatas
Estudo nº 09 – De escravos a herdeiros
Semana de 26 de novembro a 03 de dezembro
Comentário auxiliar elaborado por Sikberto Renaldo Marks, professor titular no curso de Administração de Empresas da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ (Ijuí - RS)
Este comentário é meramente complementar ao estudo da lição original
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Ijuí – Rio Grande do Sul, Brasil

Verso para memorizar: “Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe” (Gal. 4:26).

Introdução de sábado à tarde

A questão hoje é relacionada à futura e próxima grande controvérsia. Milhares de igrejas proclamam o fim da necessidade de santificação do sábado com sua mudança para o domingo. A motivação seria a desvalorização do Antigo Testamento, só valendo o Novo Testamento. E dizem mais, que no Antigo Testamento a salvação era pelas obras da lei, mas que no Novo Testamento passou a ser pela graça, mediante a fé. Esse é um assunto importantíssimo, pois ele fará parte da grande controvérsia. Portanto, todos devem se pre-parar bem. E a lição dessa semana concede a oportunidade.

Vamos recordar sobre como foi dada a lei de DEUS. Vamos por etapas:

a) No Éden, para Adão e Eva

Eles receberam só o sábado, e o princípio do amor. Fez parte da semana da criação. Eles não conheciam o mal, só o bem. Isso era importante para serem completamente felizes. Como é bom não conhecer o mal, e melhor ainda é que ele não exista. E lá no Éden, ele ainda não havia entrado, embora já existisse por causa da revolta de Lúcifer. Portanto, a lei no Éden era a seguinte: um amar o outro assim como DEUS os amava. Esse amor se intensificava mais a cada semana, quando o casal se dedi-cava exclusivamente a DEUS.

No Éden não havia necessidade de desdobrar o princípio do amor em dez, como te-mos hoje. Fazer isso seria informar sobre o mal. Bastava que tivessem em seus co-rações o princípio do amor, e ao natural, jamais iriam buscar outros deuses nem ma-tar, nem mentir, etc. Assim funciona na perfeição.

b) Logo após a queda de Adão e Eva, no mesmo dia

DEUS agora acrescenta a lei cerimonial, mas de uma forma bem simples. Agora eles precisavam saber que JESUS viria, no futuro, para morrer por eles, e salvá-los da morte eterna. Com isso, a morte que viria, e a primeira foi de Abel, seria apenas temporária.

c) Logo após a saída da arca

DEUS ampliou a Noé a aliança feita com Adão e Eva. Ele garantiu que nunca mais destruiria a Terra por meio de água, e o sinal de Sua palavra foi o arco-íris. Dali em diante choveria, coisa que antes nunca aconteceu. Para que não tivessem medo de outra catástrofe global, DEUS inseriu esse ponto em Sua aliança a Noé e seus des-cendentes, e até nós. Os sacrifícios de animais, que já existiam, continuaram sem al-teração.

d) Algumas semanas após a saída do Egito

Agora DEUS fez acréscimos, tanto ao princípio universal do amor (que desde o iní-cio incluía o sábado), quanto à lei dos sacrifícios. A lei do amor Ele desdobrou em Dez Mandamentos, escritos em duas tábuas de pedra. Assim simbolizava que era uma lei permanente. Ela deveria estar escrita no coração, mas já não estava mais, portanto, foi grafada pelo próprio DEUS na pedra para deixar bem claro: ela está valendo.

Também DEUS detalhou a lei do sacrifício num cerimonialismo bastante minucioso, para assim ensinar sobre o horror do pecado e o quanto era importante e vital a necessidade de um Salvador para a humanidade, que viria morrer por todos.

Portanto, a lei do amor, da qual JESUS fala bastante, e que o profeta João também fala bastante, vem desde o Éden, e inclui o sábado. Ela foi detalhada para pessoas em outra situação, a de pecado, bem diferente da situação de Adão e Eva, na perfeição. Ou seja, DEUS manteve o sábado tal como foi dado na criação, e acrescentou algumas impor-tantes proibições, adequadas para uma raça degenerada e pecadora. Isso não era ne-cessário para gente como Adão e Eva, em estado de pureza, quando ainda desconheciam o mal.

Por sua vez, a lei do sacrifício foi bem detalhada para ensinar sobre a necessidade do Salvador. É bem evidente que a primeira lei, que veio do Éden, antes do pecado, teria que ter validade enquanto existisse Céu e Terra, como disse JESUS em Mateus 5:18. E que a lei cerimonial que foi dada após o pecado, desaparecesse no futuro, uma vez havendo o sacri-fício do Cordeiro de DEUS.

Ora, não fica difícil, nesse contexto de revisão da história, entender sobre a graça e a fé. Como já estudamos, e como ainda estudaremos nesta semana, pois é importante revisar esses pontos, por estes estudos só poderemos chegar a uma única conclusão: deve ser per-manente o que foi dado na perfeição e temporário o que foi dado após o pecado. E fica mais evidente ainda que a obediência é necessária para não cair em pecado e não ser con-denado pela lei de DEUS, a que foi dada antes da queda no pecado. Mas, como DEUS falou a Adão e Eva, que JESUS viria para morrer por eles, essa morte é que seria a sua salvação, e não a obediência após se tornarem pecadores. Assim, para serem salvos, precisava JESUS morrer, e para continuarem salvos, eles precisavam obedecer a lei. Portanto, a graça passou a existir desde aquele dia em que pecaram, desde o momento em que DEUS anunciou que JESUS viria morrer por eles. E existe até hoje. Não se pode dizer que ela apareceu com JESUS no Novo Testamento, e que no Antigo Testamento a salvação era pela obediência à lei. Isso nunca foi assim.

1. Primeiro dia: Princípios da aliança

Onde e em que condições ocorreu a primeira aliança? Foi no Jardim do Éden, em condições perfeitas. A base do governo de DEUS é a obediência. Nesse governo todos obe-decem, a começar pelo próprio DEUS. Ele é fiel aos Seus princípios. Tanto que Ele mesmo santifica o dia de sábado. Ele é o exemplo em tudo o que requer de nós. Assim foi JESUS quando esteve aqui na Terra, tornando-Se exemplo de obediência à lei.

No Éden havia uma aliança extremamente simples. É curioso que certas coisas DEUS faz do modo mais simples possível. Por exemplo, a sociedade humana é fundamen-tada no lar, e esse é composto por duas pessoas, um homem e uma mulher. Não pode mes-mo haver organização mais simples que essa, menos de dois não formam uma sociedade. Então, quando vierem os filhos, a organização social do lar aumenta, e apenas por um tem-po. Pois os filhos crescendo, saem para formar um novo lar, de duas pessoas. E assim por diante.

DEUS formou um sistema social simples, com uma única regra, também simples, mas infinitamente eficaz. O casal deve amar-se assim como DEUS os ama. Por isso devem amar em primeiro lugar a DEUS, e assim, também serão capazes de se amar. Havendo amor, outras leis sociais se tornam desnecessárias, pois quem ama está sempre disposto a servir, nunca a fazer o mal. É assim que funciona a perfeição, e nessas condições há perfeita liberdade, ou seja, cada um faz tudo o que deseja fazer, tudo mesmo. E todos os desejos serão bons, pois se originam do fundo do amor, assim como acontece com DEUS.

Por sua vez, o amor tem algumas condições para existir. Uma dessas condições é a intimidade. Há momentos em que aqueles que se amam, querem estar juntos, muitas vezes a sós, para se dedicarem exclusivamente um ao outro. Isso é absolutamente necessário. E DEUS também quer ter momentos de intimidade conosco. Para esse fim, estabeleceu o sá-bado, um dia em sete para parar todas as atividades seculares e dedicar-se exclusivamente a DEUS.

Mas há também outra condição vital para que o amor se mantenha. É a fidelidade. A fidelidade tem tudo a ver com obediência. Para haver amor, as pessoas devem estar sem-pre dispostas a uma servir a outra, nas necessidades que aparecerem.

Agora vem uma questão curiosa: como poderiam Adão e Eva servir a DEUS? Ele não necessita de nada. Mas deveria haver uma situação de obediência, para a demonstração de fidelidade, talvez melhor, para desenvolver a capacidade de serem fiéis. E nesse ponto é que se formou a primeira aliança, entre DEUS e o ser humano. DEUS estabeleceu algo bem simples para eles serem obedientes. Não deveriam comer do fruto de uma certa árvore que DEUS escolheu para esse fim. Era uma árvore que dava fruto bonito; dela não deveriam comer. Assim eles demonstrariam a DEUS que O amavam, e que queriam permanecer fiéis a Ele. A obediência completaria a outra parte da condição para serem felizes eternamente: a santificação do sábado, que DEUS também santificava, ou seja, passava junto com o casal momentos agradáveis e felizes.

Quando Adão e Eva quebraram essa aliança, comendo do fruto, outra aliança se fez necessária. Essa outra naturalmente teria caráter provisório, até que a situação se resolvesse. Daí em diante, não seria mais necessária. Isso estudaremos nos próximos dias.

2. Segunda: A aliança abraâmica

DEUS havia falado a Adão e prometeu a salvação. Foi no mesmo dia da queda. Fa-lou a Noé, e prometeu salvação. Depois falou a Abraão e prometeu o mesmo, mas ampliou a promessa. Ele disse a Abraão que dele faria uma grande nação, e que as demais nações se-riam abençoadas (beneficiadas) pela nação que sairia de Abraão.

Abraão creu nessa promessa. Ele estava com 75 anos quando DEUS lhe prometeu isso. A sua esposa, com 65. Há muito certamente que ela não podia mais ter filhos. Huma-namente isso era impossível, mas Abraão creu porque foi DEUS quem falou. O homem creu a ponto de obedecer, e sair da terra de seus familiares, e ir ao lugar onde DEUS cumpriria o que prometeu.

Dez anos mais tarde, Nada do filho nascer. Abraão estava agora com 85 anos, e Sara com 75. Abraão estava um pouco com receio sobre o cumprimento da promessa. Ele não perdeu a fé, mas questionou a DEUS: “que recompensa terei se ainda não tenho herdei-ro?” Na situação atual o herdeiro seria um empregado, Eliezer, não o filho. Ele teria que esperar mais 15 anos pelo filho, mas DEUS não revelou esse tempo de espera pela frente. Quando Sara estava bem distante de conceber, sem esperança alguma, DEUS cumpriu a promessa, e nasceu um filho, dela com Abraão. Era Isaque. Um único filho com Sara.

Desse filho veio Jacó e Esaú. Jacó permaneceu na promessa, e dele vieram doze fi-lhos, que se tornaram nas pedras fundamentais de uma grande nação. E um descendente deles foi JESUS, o Salvador do mundo. Abraão creu, e aqui estamos nós, crendo na mesma promessa, de sermos uma grande nação. Pela igreja que CRISTO liderou, o mundo está sendo abençoado com a pregação da promessa, e já estamos nos últimos dias.

3. Terça: Abraão, Sara e Hagar

Ismael representa o filho da carne, Isaque representa o filho da promessa. Ismael re-presenta o Monte Sinai, Isaque representa o Monte do Calvário. Porque essas representa-ções? Vamos entender essas coisas simples.

Quando DEUS prometeu ao casal um filho, Sara estava com 65 anos e Abraão com 75. Por certo Sara já estava há tempos na menopausa, além de ser estéril. Mas eles creram, pois foi a palavra de DEUS. Eles sabiam se tratar dessa palavra. Creram e tomaram as pro-vidências necessárias para a longa viagem em direção da Palestina. E certamente era grande a expectativa de logo terem o tão desejado filho.

Mas passaram-se 10 anos, e nada do filho prometido. Agora os dois estavam com 85 e 75 anos. Desde a promessa de DEUS, Ele nunca mais Se havia comunicado com Abraão. O ser humano é fraco. Dez longos anos colocaram algum ponto de dúvida na cabeça dos dois. Não sabemos o que eles conversaram naqueles dias. Uma coisa é certa, devem ter tido muitas conversas sobre esse tema ao longo desses dez anos. E essas conversas devem ter ido do entusiasmo para momentos de desânimo, talvez de desapontamento. Parece que houve condições à formação da dúvida no poder de DEUS e na Sua fidelidade ao que promete.

Sara (ainda era Sarai, depois DEUS mudou o nome deles) tomou a iniciativa. Algo assim como dar uma ajuda a DEUS. Disse a Abraão que tivesse relações íntimas com Hagar, que era uma de suas escravas. Sara propôs que Hagar se tornasse a concubina de Abraão. Naqueles tempos a cultura aceitava esse tipo de relacionamento. Mas DEUS nunca aceitou, era algo fora de Seu plano. Devemos cuidar com o que vem da cultura de nossa sociedade. Muita coisa que ali parece normal, para DEUS não é, e pode se tornar uma maneira sutil de se perder a vida eterna.

Em nome do cumprimento da promessa de DEUS, deve ter parecido como uma providência aceitável ao casal. Hagar era uma mulher bem mais nova, não era estéril, e es-tava disponível, não tinha marido. DEUS não aprovou a ajuda dada a Ele. Aliás, essa pro-vidência trouxe problemas imediatos para Sara, perturbou o relacionamento dela com seu marido, e chegou ao clímax de ter de expulsar de casa Hagar com seu filho. Isso aconteceu após o nascimento de Isaque, pois Ismael brigava com ele. Na verdade não havia lugar para os dois na mesma família. Essa situação acabou se repetindo com os gêmeos Jacó e Esaú. Hoje a briga ainda continua, entre o povo palestino e os judeus.

Ismael veio por providência de uma decisão tomada entre Abraão e Sara. Ele não foi o filho da promessa porque não veio por meio de um milagre que DEUS deveria operar em Sara para que ela concebesse. Ismael nasceu naturalmente, como todas as crianças nascem, não houve um milagre divino. Por isso ele é o filho da carne.

Por sua vez, Isaque nasceu porque DEUS havia prometido. Quando o menino nasceu, se haviam passado 25 anos da primeira vez que DEUS o havia prometido. Sara não só sempre foi estéril como há muito tempo não mais menstruava. Portanto, não só era o filho prometido que haveria de nascer do casal, como era um milagre de DEUS. Por isso era o filho da promessa.

De um descendente de Isaque viria um futuro rei, Davi. E descendente de Davi, viria José, e JESUS seria Filho de José com a jovem Maria, entenda-se assim. Esse JESUS seria o Salvador do mundo, prometido por DEUS. JESUS também viria a ser o Filho da promessa, e Ele enfrentaria a cruz do calvário, para morrer por toda a humanidade. Portanto, Isaque também representava o Monte do Calvário, mas Ismael o Monte Sinai. O Monte do Calvário significava a salvação daquilo que a lei, detalhada no Monte do Sinai exigia. A lei do Sinai exigia a morte do pecador, e essa morte ocorreu no Monte do Calvário.

4. Quarta: Hagar e o Monte Sinai (Gal. 4:21-31)

O que Hagar tem a ver com o Monte Sinai? É uma ilustração de Paulo para explicar melhor sobre a salvação pela graça mediante a fé.

Voltemos outra vez à linha da história. A Adão DEUS prometeu resgate do pecado pela luta entre JESUS e satanás que sairia ferido mortalmente na cabeça. Na cruz, JESUS saiu ferido e satanás também. Só que JESUS ressuscitou da morte eterna, mas satanás saiu condenado para a morte eterna, porque ele perdeu a batalha.

No tempo de Adão DEUS instituiu o sacrifício de animais. Depois DEUS fez outra aliança com Noé. Ele teve que salvar algumas pessoas da maldade dos antediluvianos. E Noé e sua família Ele salvou por meio de um barco. Mais tarde, Ele fez outra aliança com Abraão. E agora, refaz essa mesma aliança de um Salvador, e de uma nação, com o povo de DEUS tirando-o do Egito.

Na verdade todas essas alianças eram sempre as mesmas, porém, com conotações diferentes ou também com acréscimos. Aquilo que DEUS prometeu a Adão e Eva era tam-bém o que prometia a Noé, a Abraão e ao povo de DEUS no Sinai. As conotações diferen-tes foram a violência dos antediluvianos, a incompatibilidade entre Abraão e seus parentes e a escravidão do povo no Egito. Em todas essas situações havia influências específicas sobre as pessoas que seguiam a DEUS. Mas a parte essencial da aliança sempre foi a mesma, ou seja, JESUS viria morrer por eles, lhes presentearia com a salvação, e lhes daria a fé que deveriam ter para crerem e serem salvos. Assim foi com Adão, com Noé, com Abraão e com o povo que saía do Egito. Em nenhum caso haveria algo que fizessem para ajudar DEUS a cumprir Suas promessas. Mas Abraão e Sara tentaram ajudar DEUS providenciando uma mulher para que nascesse um filho de Abraão, que seria adotado por Sara. Essa ajuda significa as obras que os seres humanos muitas vezes acham que devem realizar para que se salvem. Contudo, obras não salvam ninguém, mas servem para manter salvo o que foi perdoado pela graça de DEUS. Ou seja, o que nos salva é o ato de JESUS ao morrer por nós. O pecado tem que ser pago com morte.

Vamos raciocinar um pouco mais profundo. Afinal, nós, pecadores, podemos ou não podemos pagar a conta de nossos pecados? Sim, claro, podemos. Basta, para isso, morrer-mos eternamente, e a conta estará paga. Então, é evidente que podemos pagar a conta, MAS, pagando-a, com isso, não escapamos da morte eterna. Deixamos de existir, e é exa-tamente a morte eterna que DEUS quer evitar! Portanto, JESUS morreu por nós, aquela morte que deveríamos sofrer. Essa é a diferença, pois agora, podemos viver eternamente, sem pagar a conta, e isso é a graça.

E as obras, onde ficam? Ora, depois de termos sido perdoados, por isso estamos sal-vos, então importa que não pequemos mais, para continuarmos salvos. No entanto, se outra vez pecarmos, outra vez careceremos do perdão.

E Hagar e o Monte Sinai, onde entram nessa história? Bem simples de entender. Hagar representa a providência do ser humano para que a promessa de DEUS se cumpra. Representa as obras. Abraão e Sara tentaram ajudar DEUS a cumprir a Sua pro-messa de um filho. Isso resultou em inúmeros problemas, conflitos, guerras, mortes, tristeza, que se estendem até hoje. E não ajudou em nada para que de Abraão e Sara se formasse uma grande nação.

No Sinai, os israelitas agiram tal como Abraão por meio de Hagar. Eles disseram: “nós faremos tudo...” o que o Senhor mandou. A cabeça deles fora educada na escravidão, em trabalhar de modo forçado para os seus senhores. Assim entenderam a DEUS, como um outro senhor para o qual deveriam trabalhar, como escravos. Parecia a eles que deveriam fazer alguma coisa para contentar o Senhor. E isso perdurou durante toda a existência do povo de Israel. No tempo de JESUS eles enfatizavam nas obras, e o problema estourou mais uma vez lá entre os gálatas. Entre nós também não é diferente. Quantas vezes houve-se alguém dizer: quantas almas já conduziu para CRISTO? Há pessoas que contabilizam o número. Ou, o que você está fazendo para salvar almas para o reino de DEUS? Essas per-guntas são feitas em lugar de: você está deixando DEUS transformar a sua vida? Ou, DEUS o está usando como instrumento para salvar almas? As obras vêm com a transfor-mação que DEUS opera em nossa vida. Mas parece que nós, como os gálatas, como o povo de Israel, temos que “fazer alguma coisa”, para contentar superiores e ao Senhor. Aos superiores, para que alcancem seus alvos, ao Senhor, para apressar a Sua vinda. Ou seja, achamos que nós precisamos fazer alguma coisa pelo Senhor, e esquecemos que é o Senhor que deve fazer grandes coisas em nós e por nós. Nunca esquecer que, quando os apóstolos se tornaram humildes, então veio o ESPÍRITO SANTO, e eles saíram ao mundo fazendo não alguma coisa, mas grandes coisas.

5. Quinta: Ismael e Isaque hoje

Resumindo a polêmica de hoje. Havia naqueles dias quatro grupos de crentes ligados a uma mesma fé. Os judeus não cristãos, que não aceitavam CRISTO, mas que eram descendentes de Abraão por serem filhos de Isaque; os judeus cristãos que aceitaram a CRISTO, mas continuaram vinculados ao cerimonialismo; os judeus cristãos que também aceitaram CRISTO e se haviam desvinculados do cerimonialismo (por certo, bem poucos); e os gentios cristãos, que se converteram a CRISTO. A polêmica que estava ocorrendo vi-nha da parte dos judeus cristãos em relação aos gentios cristãos. Os judeus diziam que esses gentios não eram verdadeiros descendentes de Abraão, porque não eram judeus e porque não passaram pelo ritual da circuncisão.

Paulo deu uma resposta bem dura àqueles judeus. A sua argumentação está em Gá-latas 4: 21 a 31. Trata das duas mães, Hagar e Sara, como vimos ontem. Os judeus eram filhos de Sara com Abraão, isso é certo. Mas, espiritualmente, se tornaram como os filhos de Hagar com Abraão. E os gentios, naturalmente, não eram filhos nem de uma nem de outra, mas espiritualmente se tornaram como filhos de Sara com Abraão. Como pode isso?

O filho de Hagar, Ismael, veio ao mundo por uma providência humana. Ele, portan-to, não era o filho da promessa. Ele era filho que envolvia obras humanas.

O filho de Sara, Isaque, veio ao mundo por uma providência divina. Jamais teria nascido se DEUS não operasse um milagre. Sara, além de estéril já havia passado da época de ter filhos.

O filho de Hagar passou a caçoar de Ismael. Parece que havia desentendimentos. Ismael era bem mais velho que Isaque, e se envolveu no que se poderia chamar hoje de bulling. Pode-se acreditar que, se Ismael não tivesse feito isso, teria tido alguma recompensa também. Mas seu comportamento se tornou inconveniente, uma ameaça a Isaque, e talvez à promessa. Ismael representa aquelas pessoas que fazem parte da família de cristãos, da mesma fé, mas que perseguem outros membros da família. O problema é a perseguição, e disso Paulo entendia bem, ele já fora um perseguidor.

A conclusão aqui é bem óbvia. Os judeus cristãos que exigiam que os gentios cris-tãos fizessem a circuncisão para se tornarem filhos de Abraão estavam fazendo o papel de Sara ao oferecer Hagar a Abraão para ter um filho. Essa era uma providência humana, por-tanto, um tipo de obra, no intuito de se providenciar o descendente do pai da fé. Pelo fato desses judeus agirem assim, eles se tornaram como Ismael, ou seja, espiritualmente não mais descendentes de Abraão, do pai da fé. Isso pelo fato de confiarem nas obras, nas pro-vidências humanas em vez de terem fé em DEUS.

Por sua vez, aqueles gentios cristãos, que ao natural não eram descendentes de Abraão, esses se tornaram seus descendentes porque confiaram no milagre da adoção por CRISTO, porque confiaram no Salvador. Assim como Isaque veio ao mundo por um mila-gre divino, assim também eles, filhos de pagãos, pela fé se tornaram descendentes de Abra-ão, o pai da fé, isto é, pai de todos os que creem.

Isaque, o filho da promessa, veio ao mundo por um milagre de DEUS. JESUS, o fi-lho da promessa para ser Salvador do mundo, veio ao mundo por um milagre ainda maior. Ele veio por meio de uma mulher que não tinha relações com homem. Um Ser especial se gerou em seu ventre, e assim veio ao mundo. Nada Maria fez para isto, nem José, nem ser humano algum. Ele veio por Sua iniciativa, por que nos amava e nos ama.

6. Aplicação do estudo – Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:

A questão de reflexão hoje é: porque DEUS fez outro concerto com Seu povo, no Sinai?

Na verdade Ele não fez outro concerto, ele ratificou o concerto feito com Adão, com Noé e com Abraão. Ele também tornou esse concerto mais firme pelo detalhamento.

O concerto com Adão e Eva, feito antes do pecado, era de todos se amarem. Nisso entra o sábado como o dia especial para dedicação exclusiva ao amor. Mas quando eles pecaram, então, para que o amor não fosse interrompido, DEUS fez outro concerto com eles, da morte substituta de JESUS pela morte eterna deles. Isso fez para que a felicidade do ambiente perfeito do amor pudesse um dia ser restaurado.

O que DEUS fez no Sinai foi tornar mais enfático os dois concertos. Ele detalhou os Dez Mandamentos e os escreveu em tábuas de pedra, colocando-os dentro de uma arca. Nisso Ele dava a entender que acima de todas as leis, aquela era a mais importante. Ampliou também o concerto do sacrifício de JESUS na cruz, introduzindo o ritual do santuário, que antes não existia, senão, um ritual bem simples de sacrifício de cordeiros. Logo, não foi outro concerto, porém, a confirmação solene do que já existia. E também, o segundo con-certo, dos sacrifícios, era para que tudo pudesse retornar outra vez às condições do primeiro concerto, o de amor entre DEUS e a humanidade.

Por esse raciocínio, fica evidente que o concerto de amor, que no Sinai foi detalhado em Dez Mandamentos para nossas condições de pecadores em ambiente que só incentiva à transgressão, é eterno, pois foi dado em contexto de perfeição, e o outro concerto, dos sacri-fícios é temporário, pois foi dado em ambiente de pecado, e sua função é salvar a todos para retorno àquele ambiente de perfeição.

Os dois concertos - Comentários da Lição 10

Lição 10 - 26/nov a 02/dez de 2012
(Comentários do irmão César Pagani)


VERSO EM DESTAQUE: “Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe.” (Gl 4:26)

Quantos concertos fez Deus com a raça decaída? “Assim como a Bíblia apresenta duas leis, uma imutável e eterna, e outra provisória e temporária, assim há dois concertos. O concerto da graça foi feito primeiramente com o homem no Éden, quando, depois da queda, foi feita uma promessa divina de que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente. A todos os homens este concerto oferecia perdão, e a graça auxiliadora de Deus para a futura obediência mediante a fé em Cristo. Prometia-lhes também vida eterna sob condição de fidelidade para com a lei de Deus. Assim receberam os patriarcas a esperança da salvação.

“Este mesmo concerto foi renovado a Abraão, na promessa: ‘Em tua semente serão benditas todas as nações da Terra. ’ Gn 22:18. Esta promessa apontava para Cristo. Assim Abraão a compreendeu (Gl 3:8 e 16), e confiou em Cristo para o perdão dos pecados. Foi esta fé que lhe foi atribuída como justiça. O concerto com Abraão mantinha também a autoridade da lei de Deus. O Senhor apareceu a Abraão e disse: ‘Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em Minha presença e sê perfeito. ’ Gn 17:1. O testemunho de Deus concernente a Seu fiel servo foi: ‘Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandado, os Meus preceitos, os Meus estatutos, e as Minhas leis. ’ Gn 26:5. E o Senhor lhe declarou: ‘Estabelecerei o Meu concerto entre Mim e ti e a tua semente depois de ti em suas gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti por Deus, e à tua semente depois de ti. ’ Gn 17:7.

“Se bem que este concerto houvesse sido feito com Adão e renovado a Abraão, não poderia ser ratificado antes da morte de Cristo. Existira pela promessa de Deus desde que se fez a primeira indicação de redenção; fora aceito pela fé; contudo, ao ser ratificado por Cristo, é chamado um novo concerto. A lei de Deus foi a base deste concerto, que era simplesmente uma disposição destinada a levar os homens de novo à harmonia com a vontade divina, colocando-os onde poderiam obedecer à lei de Deus.

“Outro pacto, chamado nas Escrituras o ‘velho’ concerto, foi formado entre Deus e Israel no Sinai, e foi então ratificado pelo sangue de um sacrifício. O concerto abraâmico foi ratificado pelo sangue de Cristo, e é chamado o ‘segundo’, ou o ‘novo’ concerto, porque o sangue pelo qual foi selado foi vertido depois do sangue do primeiro concerto. Que o novo concerto era válido nos dias de Abraão, evidencia-se do fato de que foi então confirmado tanto pela promessa como pelo juramento de Deus, ‘duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta’. Hb 6:18.

“Mas, se o concerto abraâmico continha a promessa da redenção, por que se formou outro concerto no Sinai? - Em seu cativeiro, o povo em grande parte perdera o conhecimento de Deus e os princípios do concerto abraâmico. Libertando-os do Egito, Deus procurou revelar-lhes Seu poder e misericórdia, a fim de que fossem levados a amá-Lo e confiar nEle. Trouxe-os ao Mar Vermelho - onde, perseguidos pelos egípcios, parecia impossível escaparem - a fim de que se compenetrassem de seu completo desamparo, e da necessidade de auxílio divino; e então lhes operou o livramento. Assim eles se encheram de amor e gratidão para com Deus, e de confiança em Seu poder para os ajudar. Ele os ligara a Si na qualidade de seu Libertador do cativeiro temporal.” PP, 370, 371.

DOMINGO - Fundamentos do concerto

Para início de considerações, a lei a que Paulo se refere no verso 21 de Gl 4 é o Pentateuco, porquanto a história de Abraão, de Sara, Hagar, Ismael e Isaque está registrada em Gênesis, que pertence aos cinco primeiros livros bíblicos. As obras de Moisés são chamadas de Lei nas próprias Escrituras.

Pois bem, os gálatas que haviam sido enganados pelos judaizantes e se tornaram prosélitos do judaísmo ritual, por certo conheciam as histórias do AT. Paulo aproveitou-se desse conhecimento prévio para, mediante as alegorias de personagens bíblicos, ensinar acerca da loucura de tentar substituir a fé por rudimentos cerimoniais.

Conceituação de aliança – Basicamente um acordo entre pessoas visando ao conseguimento de objetivos do interesse das partes. Quando se faz um acordo entre iguais, as partes, segundo as leis vigentes no país onde habitam, estabelecem os direitos e obrigações pertinentes. A aliança entre partes desiguais se caracteriza pela imposição da vontade de uma das partes e a aceitação de outra.

Que Deus tem um acordo com todos os seres criados – referimo-nos aos anjos e habitantes de mundos não-caídos – ficou evidente quando da rebelião surgida nos paços celestiais. Satanás e seus asseclas desobedeceram, quebraram o concerto, e foram expulsos dos lugares santos. O rompimento dessa aliança deu-se pela rebelião e desobediência à justa vontade de Deus.

O tyrb bariyth (ou brith = cortar; daí a circuncisão chamar-se, em hebraico, brith milah ou aliança da circuncisão) tem os significados de acordo, compromisso, tratado, associação, aliança, convenção.

Na exposição argumentativa de Paulo, Sara e Hagar, duas personagens bíblicas, são evocadas como alegorias (representações de conceitos abstratos) dos dois concertos. (A etimologia de berîth ou brith não é inteiramente certa. A palavra ocorre pelos menos 280 vezes no Antigo Testamento, traduzida frequentemente como “concerto/aliança”. Noutros casos, a palavra é traduzida também por “liga” (Js 9:9; 2Sm 3:12 etc.); “confederação” (Ob 7; Gn 14:23). O termo é usado em uma variedade de significados, parecendo envolver não apenas o sentido de aliança, mas também, de compromisso, ordenança e lei. As opiniões, como poderia se esperar, divergem quanto à questão do significado primário do termo. Estudos etimológicos buscando encontrar a raiz por traz de berîth, não alcançaram resultados conclusivos. De acordo com M. Weinfeld, as derivações sugeridas podem ser classificadas em quatro possibilidades fundamentais . Para Mendehall, alternativa que envolve a idéia de “vínculo” e “responsabilidade” do concerto, é a posição geralmente aceita.)

Hagar – concubina de Abraão, serva de Sara, proveu descendência a Abraão, mas não segundo o mandado divino. Por sugestão de Sara e conivência do marido, eles tentaram cumprir a promessa de Deus - a parte de responsabilidade divina no acordo- feita em sua aliança com o patriarca. Ismael não era o filho da promessa, mas da carne, isto é, do desejo humano de querer fazer as coisas à sua moda. Paulo usou outro símbolo para o antigo concerto: o Monte Sinai. Ora, mas o que tem a ver o Monte Sinai com Hagar? No Monte Sinai foi homologada a Lei Moral e suprida a lei cerimonial. Os israelitas estavam sob jugo de justiça. “As condições do ‘velho concerto’ eram: Obedece e vive – ‘cumprindo-os [estatutos e juízos] o homem, viverá por eles’ (Ez 20:11; Lv 18:5); mas ‘maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei’. Dt 27:26.” MM59, 78.

É preciso cautela para não colocar o Senhor em posição dúbia, mal-interpretando Sua providência. Ora, Ele deu leis que eram justas para colocar o homem em servidão? As leis cerimoniais eram escravizantes? Se elas apontavam para Cristo, por que imputar-lhes essa finalidade desonrosa? Não nos esqueçamos de que as leis rituais (que também foram dadas por Deus, a exemplo da Lei Moral) exigiam fé dos cumpridores. Sem fé elas não passavam de liturgias ocas. Havia a forma, sim, mas essa devia direcionar para a fé. O problema está em tornar as leis salvadoras; aí elas se tornam escravagistas. Não foi isso o que os judaizantes fizeram e criaram grave crise na igreja da Galácia?

“A lei cerimonial existiu para atender a um propósito particular no plano de Cristo para a salvação da humanidade. O sistema típico de sacrifícios e ofertas fora estabelecido para que através dele o pecador pudesse discernir a grande oferta: Cristo... A lei cerimonial era gloriosa; era a provisão feita por Jesus Cristo em conselho com Seu Pai, para auxiliar na salvação da raça. Todos os dispositivos do sistema típico foram baseados em Cristo. Adão vira Cristo prefigurado no inocente animal que sofria, a penalidade da sua própria transgressão à lei de Jeová.” SDA Bible Commentary, vol. 6, pág. 1.094.

Hagar representa o pacto da escravidão no sentido de que a Lei que Deus revelou no Sinai não pode libertar os homens; pelo contrário, fá-los escravos da iniquidade e do pecado. Sua função é mostrar o pecado em todas as suas cores. O povo prometeu guardar a Lei sem compreender o que ela realmente significava. Colocaram-se sob compromisso de fazer algo impossível sem a justiça do Cordeiro.

Sara – tipo da Jerusalém que é de cima (v. 26), a cidade de Deus para onde estão destinados todos aqueles que seguem o Caminho, a Verdade e a Vida – Jesus Cristo. Sara gerou Isaque de Abraão. Em Isaque se cumpriram as promessas da santa descendência, da descendência da fé. O Salvador do mundo veio da linha genealógica de Isaque (ver Mt 1:2-16). O novo concerto nada mais é do que o cumprimento da promessa feita primeiramente a Adão, depois a Noé, a Abraão e a Davi (de cuja descendência real viria o Príncipe dos príncipes. É estabelecido em melhores promessas (Hb 8:6). Por paradoxal que possa parecer, o novo concerto é bem mais velho do que o concerto antigo, porquanto vem desde antes da fundação do mundo e prevalece sobre a aliança provisória do Sinai.

SEGUNDA - O concerto abraâmico

John Murray, eminente teólogo de pensamento calvinista, observa que “este concerto com Abraão é explicitamente estabelecido em Gênesis 15, 17, [que] enfatiza a totalidade do subsequente desenvolvimento da promessa redentiva de Deus, [em] palavra e ação”.

Eis o texto da aliança com Abraão e sua descendência: “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12:1-3)

As promessas: 1) Uma grande nação procederia do desfilhado patriarca. 2) Ele seria abençoado. 3) Se tornaria famoso. 4) Receberia poder para “ser uma bênção” [servir à humanidade]. 5) Todas as famílias da Terra, isto é, toda a humanidade seria abençoada por Deus através da descendência de Abraão.

Segundo Walvoord, “o concerto abraâmico fornece a chave para todo Antigo Testamento. [...] A análise de suas provisões e o caráter de seu cumprimento estabelecem o formato para todo o corpo da verdade bíblica.” Em outras palavras, tudo quanto foi revelado por Deus aos israelitas estava embasado nas promessas feitas ao patriarca da nação.

Explica o Dr. Amin A. Rodor, teólogo adventista: “Sem dúvida, é precisamente em termos das promessas dadas a Abraão, que Deus na plenitude dos tempos, enviaria Seu Filho, para que todos, sem distinção, recebessem a adoção de filhos. A redentiva graça de Deus, no alcance mais amplo de sua realização, é o desdobramento da promessa dada a Abraão, e, portanto, o desdobramento

do Concerto Abraâmico. Assim, Paul R. House adequadamente sumariza a questão quando afirma a respeito de Genesis 11:10-25:18: ‘Dito de forma simples, então, seria difícil exagerar a importância desta seção na literatura bíblica, e, portanto, na teologia bíblica.’”

A ação divina no capítulo 12 do Gênesis é graciosamente seletiva. Ele escolheu um homem para fazer um contrato de escopo universal com ele. Nada havia, a rigor, em Abraão que merecesse a atração do interesse divino. Por certo havia muitos homens justos contemporâneos. A preferência foi unicamente por graciosa manifestação.

O concerto sinaítico ou mosaico foi uma derivação do concerto adâmico e abraâmico. A finalidade era salvífica. “As melhores promessas” já estavam contidas em seu bojo. A promessa de perdão, por exemplo, era certa, desde que a fé no Redentor vindouro fosse manifesta pelo ofertante do sacrifício ritual.

No concerto abraâmico também havia sacrifícios rituais, embora não houvesse um sacerdócio intermediador. Melquisedeque é mencionado como sacerdote do Deus Altíssimo a quem Abraão devolveu o dízimo, mas não há qualquer evidência de que ele ministrasse nalgum templo ou que houvesse uma ritualística a observar.

Não podemos omitir a relação promessa-obediência, sem falsearmos a teologia do concerto. Antes das promessas do acordo, ordenou Deus: “Sai da tua terra, da tua parentela, da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei.” (Gn 12:1). Suponhamos que Abraão dissesse a Deus: “Não estou interessado; perdoe-me, Senhor, por não aceitar essa proposta. Estou muito bem aqui em Harã, tenho minha fazenda, muito gado, servos, renome local, e não desejo trocar meu conforto e estabilidade por uma viagem insólita.” Que seria do concerto?

As promessas e o concerto eram fruto da extraordinária graça e amor infinito de Deus, mas a graça não coagiria a vontade do ser. Abraão era um homem livre e, caso preferisse contrariar o plano de Deus, teria esse direito.

O concerto exigiu muita fé exercida através da paciência do patriarca. Parecia que o Senhor estava retardando a promessa, como se dissesse: “Abraão, você está em Minhas mãos. Farei o que prometi e quando Eu quiser.” O venerando homem deixou escapar uma pequena lamentação quanto à demora da promessa: “Senhor Deus, que me haverás de dar se continuo sem filhos.” (Gn 15:2) Deus renovou Sua promessa e Abraão creu na repetição do que Deus combinara com ele.

“A vida altruísta de Abraão tornou-o realmente um ‘espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens’. I Co 4:9. E o Senhor declarou que abençoaria os que bendissessem a Abraão, e puniria os que o maltratassem ou prejudicassem. Por meio da experiência de Abraão em sua vida religiosa, tem sido transmitido um correto conhecimento de Jeová a milhares de pessoas; e a sua luz lançará seus raios ao longo do caminho dos que praticam a piedade, a fé, a devoção e a obediência de Abraão.” E Recebereis Poder, 257.

TERÇA - Abraão, Sara e Hagar

Um triângulo amoroso que não deu certo. E por quê? Bem, tal situação é defectiva em todos os pontos. Deus fez uma mulher para um homem e um homem para uma mulher. Jesus falou sobre isso em Sua autoridade (Mt 19:4-6). A partir de Lameque (tetraneto de Caim) a determinação divina foi desrespeitada e a configuração do casamento passou a ter um homem e várias mulheres (poligamia). No tempo de Abraão, era costume arraigado de há muito ter o homem vínculo esponsal com duas ou mais companheiras.

Nosso bom patriarca, por sugestão da própria esposa, tomou a egípcia Hagar como mulher para gerar-lhe filhos. Talvez ele tenha pensado: “Bem, Deus disse que me daria muitos descendentes, porém, não especificou quem seria a geradora deles. Além disso, minha esposa autorizou-me a coabitar com sua serva para ter filhos com ela. Sara é estéril e jamais poderá ter filhos. Sendo assim, nada há de mal se Hagar me der descendência.” Esse comportamento moral de Sara no matrimônio estava mais estribado no Código de Hamurabi, conhecida lei daqueles tempos, e em outras leis orientais. Tabletes de argila descobertos em Nuzi, antiga cidade da Mesopotâmia registram disposições legais sobre contratos de casamento: “É obrigação o provimento de uma serva para o marido, caso a mulher não lhe dê filhos.”

Ora, o concerto fora feito com base nas promessas de Deus, aceitas unicamente pela fé. Isso queria dizer que o Senhor faria Sua parte em dar descendência ao velho Abraão. Ele, contudo, requeria continuidade ou firmeza de fé. Abraão fraquejou algumas vezes em sua confiança. Calvino escreveu que “a substância da fé possuída por Abraão e por Sara era deficiente, não em relação à promessa, mas em relação ao método pelo qual se cumpriria.”

Essa ação histórica proveu a Paulo a alegoria de que precisava para esclarecer os gálatas quanto à loucura de seu procedimento. Eles, mediante o evangelho de Cristo pregado por Paulo, haviam nascido livres em Jesus. Eram como Isaque, filhos da promessa e não como Ismael, filho de uma escrava, alguém de categoria social desprezível.

Por que o autor sagrado usa o Monte Sinai, ligando-o à Jerusalém palestina e os representa como símbolos de escravidão? As leis que Deus deu, por acaso escravizam? Se sim, então não são justas e se Autor não entende nada de legislação. Mas está escrito da primeira Lei dada no Sinai, que ela é “santa, justa e boa” (Rm 7:12). Das leis cerimoniais lemos: “Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir. Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente.” (Dt 4:5, 6)

Onde, pois, a escravidão? Na forma como a Lei é entendida. Se vista como requisito sine qua non ao alcance do mortal para a obtenção dos favores divinos, então ela é nociva e letal. O pecador vai tentar observá-la com firme decisão, força de vontade, determinação e retidão própria. Vai se impor a obrigação de atender à sua forma de justiça, porém, é tão incompetente para atingir e cumprir o espírito da Lei, quanto uma tartaruga virada de patas para o ar retornar à posição normal.

Eis por que Paulo diz que a “Jerusalém atual” (Gl 4:25) está em escravidão. Na época em que Paulo escreveu a epístola aos gálatas, os judeus, simbolizados por sua cidade-orgulho, ainda estavam presos à lei abolida por Cristo na cruz. Barnes entende da mesma maneira: “Isto é, um escravo de ritos e formas, como de fato era no tempo de Paulo”.

Quem, porém, recebeu o bendito Evangelho de Cristo já é habitante da Jerusalém de cima. Seu nome está escrito no Livro da Vida do Cordeiro. Já é cidadão legítimo do Céu.

“Temos Sua promessa. Temos o direito de posse à propriedade real no reino da glória. Nunca foi elaborado um título de propriedade mais estritamente de acordo com a lei, nem assinado de modo mais legível, do que o que dá ao povo de Deus o direito às mansões celestiais. ‘Não se turbe o vosso coração’ - diz Cristo; - ‘credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, Eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando Eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vós também.’ Jo 14:1-3.” MM95, 273.

A propósito, estude o manual de acesso à Nova Jerusalém: “Aos que se estão preparando para as mansões celestiais deve ser recomendado que façam da Bíblia seu principal livro de estudo.” FEC, 381.

QUARTA - Hagar e o Monte Sinai (Gl 4:21-31)

Não há nenhuma ligação histórica entre Hagar e o Monte Sinai. Ela era egípcia e morou com Abraão em Betel e depois Berseba. Sequer passou pelo Monte onde, mais tarde, Deus deu Sua Lei a Israel. Por que Paulo usou Hagar e o Sinai como alegoria da escravidão, da servidão? Leia Dt 33:2-4: “Disse, pois: O Senhor veio do Sinai e lhes alvoreceu de Seir, resplandeceu desde o monte Parã; e veio das miríades de santos; à Sua direita havia para eles o fogo da lei. Na verdade, amas os povos; todos os Teus santos estão na Tua mão; eles se colocam a Teus pés e aprendem das Tuas palavras. Moisés nos prescreveu a lei por herança da congregação de Jacó.” Pergunto: O que há de deletério e nocivo provindo do Sinais?

É útil repisar o ponto de que o problema não estava com a Lei Moral ou a ritualística. Nenhuma lei de Deus tem teor coercivo, escravagista, compulsório. Usemos um silogismo aqui para ver onde uma conceituação errada pode levar: premissa maior: Deus deu origem a todas as leis; premissa menor: As leis são instrumentos de escravaria; conclusão: Logo, Deus é o criador da escravidão. Veja que terrível enrascada origina esse raciocínio.

O pecado sim é que é escravocrata. Quem peca, escolhe fazê-lo e algema-se a si mesmo: “Quanto ao perverso, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido.” (Pv 5:22) “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo [mashal ou exercer domínio sobre ele].” (Gn 4:7).

Perceba que os gálatas escolheram entre o puro evangelho de Paulo e o “evangelho judaizante caduco”. Assim se puseram em escravidão a exemplo do que os israelitas fizeram no Sinai: “Então, o povo respondeu à uma: Tudo o que o Senhor falou faremos.” (Ex 24:3) Deste modo obrigaram-se pela palavra perante Deus, fazendo um voto de obediência. Mas não demorou muito e adoraram o bezerro de ouro anulando o voto. Caiu sobre eles o desagrado divino: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes.” (Ec 5:4). Igualmente, o problema do Sinai foi a desobediência e não a Lei.

O “jugo da escravidão” de que fala Paulo no cap. 5, verso 1, concluindo sua argumentação exposta no cap. 4, refere-se claramente às leis cerimoniais sobrecarregadas de interpretações rabínicas e pensamentos de homens ao longo dos séculos. “É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma.” (Hb 9:9, 10) “Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem.” (Cl 2:20-22)

O ritual do santuário e suas leis não eram jugo de escravidão, mas formas de edificar a fé se bem compreendidos. Com a deturpação dos “edificadores da religião”, aquilo que era útil e proveitoso tornou-se carga insuportável por causa dos doutores da Lei: “Mas Ele respondeu: Ai de vós também, intérpretes da Lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais.” (Lc 11:46)

É importante notar que Jesus posicionou-se declaradamente a favor do código legal mosaico, pois disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). Entretanto, Ele rejeitou com energia as ordenanças humanas e as compulsões impostas apenas pela tradição judaica (codificadas depois no Talmude), afirmando: “Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que podereis aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe, invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes” (Mc 7:8-13).

“Os próprios discípulos de Cristo não estavam libertos, inteiramente, do jugo sobre eles posto pelos preconceitos herdados e pela autoridade dos rabinos. Manifestando agora o verdadeiro espírito desses rabis, buscava Cristo livrar da escravidão da tradição todos quantos na verdade desejassem servir a Deus.” DTN, 397.

Não incorramos na psicose de Esaú ao considerar a Lei de Deus um fardo. “A lei de Deus, que era a condição do concerto divino com Abraão, era considerada por Esaú como um jugo de escravidão.” PP, 178.

“Necessitamos diariamente de iluminação divina; devemos orar como Davi: ‘Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da Tua lei.’ Sl 119:18. Deus terá um povo sobre a Terra que vindicará Sua honra dando valor a todos os Seus mandamentos; e Seus mandamentos não são penosos, nem um jugo de servidão.” FO, 42.

“Os que fazem ousadas pretensões de santidade demonstram com isso que eles não vêem a si mesmos à luz da lei; não são iluminados espiritualmente e não sentem aversão a toda espécie de egoísmo e orgulho. De seus lábios manchados pelo pecado saem as expressões contraditórias: ‘Sou santo, sou sem pecado. Jesus me ensina que se eu guardar a lei, cairei da graça. A lei é um jugo de servidão.’ Diz o Senhor: ‘Bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.’ Devemos estudar diligentemente a Palavra de Deus para que cheguemos a decisões corretas e procedamos de acordo com elas; pois então obedeceremos à Palavra e estaremos em harmonia com a santa lei de Deus.” Idem, 95.

QUINTA - Ismael e Isaque hoje

Visto estarmos tratando de alegorias – Sara, Hagar, Monte Sinai, Jerusalém, Jerusalém Celestial, há duas delas que precisamos também entender: Ismael e Isaque. Ismael era da idade de 14 anos (foi circuncidado aos 13) quando Isaque nasceu. Na cabeça de Abraão, Ismael até então era o filho da promessa. Quase uma década e meia pensando que Ismael era o herdeiro e que dele viria a descendência que seria uma bênção a toda a humanidade. Deus abençoou, de fato, a Ismael dando-lhe tantos descendentes que formariam uma grande nação - os ismaelitas (Gn 17:20) que viveram ao norte da Arábia e a leste da Síria. Porém, o Senhor não se agradou de Ismael para torná-lo antecessor do vitorioso Messias. Dele foi profetizado: “Esse filho será como um jumento selvagem; ele lutará contra todos, e todos lutarão contra ele. E ele viverá longe de todos os seus parentes.” (Gn 16:12) EGW diz que ele possuía uma disposição turbulenta, desrespeitosa.

Isaque foi gerado de Abraão e Sara. Ele, sim, tornou-se o herdeiro espiritual de Abraão. A promessa de Deus referia-se a Isaque e não a Ismael. Não por que esse era filho de escrava. Ismael não era escravo nem servo; era progênie ou descendência de Abraão. Entretanto, por viver isolado do povo e da Lei de Deus, apostatou-se. O secundogênito (Isaque) era o verdadeiro primogênito por viver a fé de seu pai.

Os Ismaéis de hoje são os contenciosos da igreja, cuja mão é contra todos e a mão de todos contra eles. Estão interessados em contender, dividir, desconstruir e duvidar. São escravos de suas próprias paixões. Perseguem os que querem viver de acordo com as Escrituras e os Testemunhos, taxando-os de estreitos, fanáticos, retrógrados. Montam até sites para investir turbulentamente contra os servos de Deus que, apesar de terem suas fraquezas e cometerem deslizes, estão fazendo a obra como Neemias: “Estou fazendo grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria a obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” (Nee 6:3) Fundam editoras, editam livros, panfletos, revistas; usam a Internet para trazer vergonha sobre a causa de Deus. Uma coisa não são: “escravos de Cristo” (ver I Co 7:22)!

Os Isaques são aqueles que, apesar de suas deficiências morais e deslizes, temem a Deus e procuram fazer firme sua vocação em Cristo Jesus. São filhos da promessa, sendo descendentes de Abraão (Gl 3:29), herdeiros da Nova Terra, possuidores de todos os bens do Pai.

“Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus.” (Mt 8:11) Por que estarão à mesa das bodas do Cordeiro na Jerusalém de cima? Vindos de todas as nações (Oriente e Ocidente), aqueles que aceitaram a “descendência de Abraão” mediante a fé no sacrifício todo-suficiente de Cristo viverão a eterna felicidade.

“O caso de Isaque está registrado como um exemplo a ser imitado pelos filhos das gerações posteriores, especialmente aqueles que professam temer a Deus.

“O caminho que Abraão seguiu na educação de Isaque, e que o levou a amar uma vida de nobre obediência, foi relatado para benefício dos pais, e deve levá-los a ordenar sua casa após eles. Devem instruir os filhos a se renderem a sua autoridade e respeitá-la. Devem sentir a responsabilidade que sobre eles repousa, de guiar as afeições dos filhos, de modo que elas sejam postas sobre pessoas a quem o seu discernimento indique tratar-se de companheiros dignos para seus filhos e filhas. HR, 86.

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