Comentários Lição 9 - Rituais e Cerimônias da Igreja (Prof. César Pagani)

24 a 30 de Novembro


Verso para Memorizar

“Arrependam-se e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para que seus pecados sejam perdoados, e vocês receberão o dom do Espírito Santo.” At 2:38 - NTLH    

Nota do comentarista: Os irmãos poderão achar alguma diferença nos títulos diários da lição. É que os traduzimos diretamente do original e esses podem não ser iguais aos dos impressos na lição em português.

            As principais cerimônias rituais da igreja são o batismo, o lava-pés e a santa ceia. Foram instituídas pelo próprio Jesus Cristo por Sua divina autoridade, destinadas a ser manifestações públicas de fé e fidelidade no Evangelho. Pelo batismo declaramos ao mundo que pertencemos a Jesus unicamente, e que morremos para a vida ímpia e suas concupiscências. Pelo lava-pés, confessamos que como seguidores do humilde e manso Messias e que pretendemos ser humílimos seguidores Seus, mortificando o ego e suas presunções e seguindo as pegadas que o Deus humilde deixou sobre a terra. Pela santa ceia proclamamos que Jesus virá outra vez e que o mundo deve ser advertido a estar preparado para o maior evento de todos os tempos, quando a morte será tragada na vitória.
             Essas cerimônias precisam ser vistas não meramente pela sua beleza cênica, impacto emocional e conteúdo simbólico, mas pela profundidade de seus ensinos e pelo que representam como passagens altamente significativas da vida de nosso Senhor, depois transformadas em ritos práticos.

DOMINGO

Designando os ritos sagrados

                 Pouco antes de nosso amado Salvador ascender ao Céu, Ele deu uma ordem solene: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28:19) O batismo, assim, tornou-se um requisito do Evangelho. Uma ordenança ou lei provinda de autoridade superior. 
            Nos tempos do Antigo Testamento, três vezes ao ano o povo de Israel deveria sair de suas cidades e ir a Jerusalém para celebrar três grandes ordenanças festivas ao Senhor: Festa dos Pães Asmos (jungida à festa da Páscoa), Festa das Primícias e Festa das Colheitas. Na Igreja Cristã três são as ordenanças cerimoniais: Batismo, Lava-pés e Ceia do Senhor. São três memoriais da obra de Jesus por nós: A purificação dos pecados (na cruz), o serviço ao próximo (o humilde ato do lava-pés mostrando que precisamos imitar nosso Modelo na vida de humilde serviço) e a dádiva pessoal de Jesus dando Seu corpo e sangue em nosso resgate.
            Como bem destaca o comentário da pergunta de domingo, esses atos não têm nenhuma conotação salvífica, isto é, não são meritórios em si mesmos. Contudo, são profundamente significativos em sua representação. Devemos participar deles com o corpo, a alma e o espírito.
            “Quando os crentes se reúnem para celebrar as ordenanças, acham-se presentes
mensageiros invisíveis aos olhos humanos. Talvez haja um Judas no grupo, e se assim for, mensageiros do príncipe das trevas ali estão, pois acompanham a todo que recusa ser regido pelo Espírito Santo. Anjos celestes também ali se encontram. Esses invisíveis visitantes se acham presentes em toda ocasião como essa. Podem entrar pessoas que não são, no íntimo, servos da verdade e da santidade, mas que desejem tomar parte no serviço. Não devem
ser proibidas. Acham-se ali testemunhas que estavam presentes quando Jesus lavou os pés dos discípulos e de Judas. Olhos mais que humanos contemplam a cena.” DTN, 656.
            As ordenanças do batismo e da ceia do Senhor são duas colunas monumentais, estando uma dentro e outra fora da igreja. Sobre estas ordenanças Cristo inscreveu o nome do verdadeiro Deus.” Manuscrito 27 1/2, 1900. 
            Para termos presente: Não participamos das ordenanças da casa do Senhor meramente como um ritual...” Ev, 274. 
   
SEGUNDA

Batismo
             Por que a cerimônia de imergir os recém-conversos em água tem a designação de batismo?  A resposta é óbvia. Porque a imersão total é representativa do que será a vida do cristão após o ato sagrado: 1) Morte para os pecados passados, representada pela “queda” do corpo do batizando para trás, como se fosse atingido por súbita e fatal parada cardíaca. 2) Mergulho completo nas águas representando sepultamento do “cadáver do homem velho” “que se corrompe segundo as concupiscências do engano” (Ef 4:22). Ele não mais existe. 3) Emersão ou ressurreição de um agora novo homem (nova mulher) para uma vida transformada.  
            A IASD, em seu Manual, p. 83, considera o batismo como uma entrega a Jesus que o crente faz.  O batismo por imersão simboliza a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo; expressa abertamente a fé em Sua graça salvadora e a renúncia ao pecado e ao mundo, e é reconhecido como condição de entrada na comunhão da igreja. (Mat. 3:13-17; 28:19; Atos 2:38 e 41-47; 8:35.” MI, 221.
O batismo cristão implica em sério compromisso do crente com Cristo, para andar em novidade de vida.  “Depois de a alma crente haver recebido a ordenança do batismo, deve ter em mente que está consagrada a Deus, a Cristo e ao Espírito Santo...” Ev, 315.
O batismo é também um marco histórico na vida de cada cristão. Ele assinala a adesão do crente ao concerto eterno. Esse recebe a credencial de embaixador de Deus, a unção de sacerdote (ver 1Pe 2:9), a missão de ensinador, o revestimento do Espírito Santo, a função de portador de luz, a nobreza de um imitador de Cristo. Ele passa a ser um pescador de homens e mulheres, guia de cegos espirituais, propriedade exclusiva de Cristo.
O batismo que valida o batismo
“Quão grandemente necessitam os obreiros do batismo do Espírito Santo, para se tornarem verdadeiros missionários de Deus!” CES, 155.
            Oh! se pudesse vir sobre vós o batismo do Espírito Santo, para que fôsseis imbuídos do Espírito de Deus! Então, dia a dia vos tornaríeis mais e mais semelhantes à imagem de Cristo, e em cada ato de vossa vida, a pergunta seria: ‘Glorificará isto ao meu Mestre?’ Por meio da paciente continuidade em fazer bem, buscareis glória e honra, e recebereis o dom da imortalidade.” Review and Herald, 10 de maio de 1892. 
            “Oh, como necessitamos da Presença divina! Para o batismo do Espírito Santo cada obreiro deve estar emitindo sua oração a Deus. Grupos devem reunir-se para pedir a Deus auxílio especial, sabedoria celestial, para que o povo de Deus saiba como planejar, orientar e executar a obra. Especialmente devem os homens orar para que o Senhor escolha Seus instrumentos, e batize Seus missionários com o Espírito Santo.” E Recebereis Poder, 153.
            O batismo do Espírito Santo como no dia de Pentecoste levará a um reavivamento da verdadeira religião e à operação de muitas obras maravilhosas. Seres celestes entrarão em nosso meio, e homens falarão segundo forem movidos a fazê-lo pelo Espírito de Deus.” Idem, 324.  
           
TERÇA

ordenança da humildade
 A instituição do lava-pés é das mais impressionantes e tocantes da Escritura Sagrada. Ao criá-la, Jesus, a Majestade do Universo, a cujos pés querubins, serafins, arcanjos e anjos celestiais se curvam em respeitosa reverência, dobra-Se até o chão para lavar os pés de criaturas impuras. Guardadas as devidas proporções, é como se a rainha Elizabeth II da Inglaterra vestisse trajes os mais toscos e executasse os mais humildes serviços do Palácio de Buckingham em lugar de seus criados.
Ele é que devia ter Seus santos pés lavados pelos discípulos. A Ele todos se deveriam inclinar em profunda reverência. Ali estava o Deus do Céu, o Criador de todas as coisas em carne e osso.
Embora se aproximasse a hora mais terrível, o momento em que o Cordeiro de Deus seria imolado no Calvário, Jesus não pensava em Si mesmo, mas nos seguidores que ficariam em Seu lugar para dar prosseguimento à obra de evangelização do mundo.
Cristo sempre procurara ensinar e dera exemplos práticos da virtude que muito agrada a Deus: a humildade. Porém, nenhum dos doze ainda havia aprendido a lição. Mesmo em face à profunda tristeza estampada no rosto de seu amado Mestre, eles ainda competiam por alcançar o mais alto lugar no pódio da honra mundana. Quem seria escolhido por Cristo para primeiro ministro em Seu reino? João e Tiago estavam pretendendo os mais altos cargos. Pedro achava que por ser homem de iniciativa, Jesus o preferiria para auxiliá-Lo no governo mundial prestes a ser estabelecido. Os demais discípulos nutriam no coração uma centelha de esperança de serem escolhidos para os mais altos cargos governamentais.
O que se passava, porém, no coração do amante Salvador? “Sabia que seria abandonado na hora de ser entregue. Sabia que, pelo mais humilhante processo a que se submetiam os criminosos, seria condenado à morte. Conhecia a ingratidão e crueldade daqueles a quem viera salvar. Sabia quão grande o sacrifício que devia fazer, e para quantos seria ele em vão. Sabendo tudo quanto se achava diante de Si, poderia ser naturalmente esmagado ao pensamento da própria humilhação e sofrimento. Mas olhou aos doze, os quais estiveram com Ele como Seus mesmos, e que, depois de Sua vergonha e dor, e passados os dolorosos maus tratos, seriam deixados a lutar no mundo. O pensamento do que Ele próprio deveria sofrer estava sempre relacionado com os discípulos em Seu espírito. Não pensava em Si mesmo. O cuidado por eles era o que predominava em Sua mente.” DTN, 643.
Ao invés de concentrar-se em Sua dor e procurar atrair a simpatia de Seus seguidores mais íntimos, nosso Senhor focava Sua mais terna atenção naqueles homens rudes e deseducados.
Antes de um banquete era costume o senhor da casa ordenar a seus servos que lavassem os pés dos convidados. Jesus esperou para ver se alguém se manifestaria, visto não haver ali servos disponíveis para tal serviço. Ninguém se manifestou. Afinal, não ficaria bem para futuros governantes de um poderoso reino rebaixar-se à condição de servo.
“Então Ele, o divino Mestre, Se ergueu da mesa. Pondo de lado a veste exterior, que Lhe poderia estorvar os movimentos, tomou uma toalha e cingiu-Se. Com surpreendido interesse olhavam os discípulos, esperando em silêncio ver o que se ia seguir. "Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido." João 13:5. Esta ação abriu os olhos deles. Profunda vergonha e humilhação os possuiu. Entenderam a muda repreensão, e viram-se a si mesmos sob um aspecto inteiramente novo.” DTN, 644.
Entendemos hoje a lição que Jesus nos deu com Sua atitude? Quando participamos do lava-pés, consideramos nossos irmãos superiores a nós mesmos? (Fp 2:3) Ou o fazemos mecanicamente apenas para cumprir um pré-requisito cerimonial?   
            


Santa ceia
             
A Santa Ceia foi criada por Jesus por ocasião de Sua última comemoração pascal. Nosso Salvador estava celebrando a páscoa judaica quando instituiu o antítipo que cumpria a figura profética dessa celebração em Israel. Ele comemorava Sua própria imolação como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
A páscoa era um memorial comemorativo da libertação dos israelitas da escravatura egípcia. Seus elementos cerimoniais eram um cordeiro, pães asmos e ervas amargas.  Na Santa Ceia o Cordeiro é Cristo, imaculado, inocente, puro, vítima indébita (isto é, sem culpa), morto potencialmente desde antes da fundação do mundo, agora dando Sua vida em resgate de muitos (Mc 10:45). Pão sem fermento (que é símbolo do pecado) representando agora o corpo físico de Jesus, oferecido em favor dos pecadores (Lc 22:19;1Co 11:24). É interessante notar que Jesus não usou nenhum punhado de ervas amargas como símbolo nessa ocasião. Originalmente as ervas simbolizavam a amargura da servidão egípcia. Agora, a amargura estava reservada para Cristo e não para os discípulos. Ele sorveu o cálice até a última gota de fel.
O vinho, que não foi usado na páscoa original, simbolizava agora o sangue do Cordeiro, “derramado em favor de muitos” (Mc 14:24). Por que em favor de muitos e não de todos, sabendo que o poder do sangue de Cristo abarcou toda a humanidade? Porque o sangue de Jesus só tem eficácia para os que aceitam o sacrifício vicário de nosso Redentor. O ímpio está agora coberto pelo sangue derramado no Calvário, sim. Não fosse assim e ele seria destruído imediatamente. Contudo, seus pecados remanescem dando testemunho contra ele, até que conheça o amor do Salvador e O aceite como seu substituto e Senhor.
Nosso espírito na Santa Ceia
Às vezes me pergunto se participo das santas ceias da igreja com o devido espírito pascal. Em meus longos anos na IASD já tomei parte de inúmeras ceias. É possível que em muitas eu não tenha tido o verdadeiro espírito. Elas não são simples rituais promovidos para mexer com nosso emocional. Seu tempo de profunda meditação e exame de consciência, de contrição e arrependimento, para não sermos réus do corpo e do sangue do Senhor (1Co 11:27).
“Os símbolos da casa do Senhor são simples e facilmente compreensíveis, e as verdades por eles representadas são-nos da mais profunda significação. Ao estabelecer o rito sacramental para substituir a Páscoa, Cristo deixou para a igreja um memorial de Seu grande sacrifício em prol do homem. ‘Fazei isto’, disse Ele, ‘em memória de Mim.’ Era esse o ponto de transição entre duas dispensações e suas duas grandes festas. Uma iria terminar para sempre; a outra, que Ele acabava de estabelecer, iria substituí-la, e continuar através dos séculos como o memorial de Sua morte.” Review and Herald, 22 de junho de 1897. 
A Santa Ceia de nossos pioneiros
 “Nos dias primitivos do movimento do advento, quando éramos poucos em número, a celebração das ordenanças tornava-se uma ocasião das mais proveitosas. Na sexta-feira anterior, todo membro da igreja buscava remover tudo quanto contribuísse para separá-lo de seus irmãos e de Deus. Examinavam o coração rigorosamente; faziam-se orações fervorosas pela divina revelação de pecados ocultos; e faziam-se confissões de deslizes no comércio, de palavras imprudentes proferidas com precipitação, de pecados acariciados. O Senhor Se manifestava e éramos grandemente fortalecidos e animados.” Manuscrito 102, 1904. 
Não deveríamos tomar iguais medidas ao participarmos da Ceia do Senhor hoje?

QUIN TA

Expectativa da segunda vinda de cristo

             A santa ceia aponta à segunda vinda de Cristo. Foi destinada a conservar viva essa esperança na mente dos discípulos. Sempre que se reuniam para comemorar Sua morte, contavam como Ele, ‘tomando o cálice, e dando graças, deu-lhes, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de Meu Pai’. Mt 26:27-29. Nas tribulações, encontravam conforto na esperança da volta de seu Senhor. Indizivelmente precioso era para eles o pensamento: ‘Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.’ 1Co 11:26.
            “Estas são as coisas que nunca devemos esquecer. O amor de Jesus com Seu subjugante poder, deve ser mantido vivo em nossa memória. Cristo instituiu este serviço para que ele nos falasse aos sentidos acerca do amor de Deus, expresso em nosso favor. Não pode haver união entre nossa alma e Deus, senão por meio de Cristo. A união e o amor entre irmão e irmão devem ser cimentados e feitos eternos pelo amor de Jesus. E nada menos que a morte de Cristo podia tornar eficaz o Seu amor por nós. É unicamente por causa de Sua morte, que podemos esperar com alegria Sua segunda vinda. Seu sacrifício é o centro de nossa esperança. Nele nos cumpre fixar a nossa fé.” DTN, 659, 660.
            A Santa Ceia é um memorial do infinito sacrifício de Cristo, do perdão de nossos pecados, de nossa salvação eterna, de uma nova vida. Ela fala alto de um amor que não tem comparações, de um plano de resgate sem precedentes em todos os tempos; é também uma jura de amor eterno feita por Cristo a nós. Fala-nos de duas certezas absolutas: o sacrifício de Cristo e Seu retorno.
O pão e o vinho representam o corpo e o sangue de Jesus. Assim como o pão foi partido e o vinho tomado, o corpo de Jesus foi partido e Seu sangue derramado por nós. 
            “Comendo o pão e bebendo o vinho, demonstramos que cremos neste fato. Mostramos que nos arrependemos de nossos pecados e que aceitamos a Cristo como nosso Salvador.” VJ, 98.

Comentários Lição 8 - A Igreja a Serviço da Humanidade (Prof. César Pagani)

 
17 a 23 de novembro de 2012


Verso para Memorizar

“Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.” 1Tm 3:14, 15.
           
Nota do comentarista: Os irmãos poderão achar alguma diferença nos títulos da lição. É que os traduzimos diretamente do original e esses podem não ser iguais aos impressos na lição em português.

            A importância vital da Igreja foi muito bem proclamada pelo Senhor dos senhores quando disse: “Sobre esta pedra edificarei a Minha igreja”.   Tendo Jesus como seu alicerce, a igreja cristã foi criada para dar continuidade ao trabalho da igreja veterotestamentária, que era bendizer todas as nações da Terra com a bem-aventurança de Abraão. Nosso Senhor disse que a salvação vinha da igreja judaica. Por ela Cristo legou ao mundo, naquela época em símbolos, o evangelho da salvação.  Quando a tocha da verdade passou para a “igreja do Nazareno”, ao mando de Cristo ela saiu pelo mundo para servir à humanidade sofredora e prepará-la para a redenção.
            O Dicionário da Bíblia de Almeida traz duas singelas definições para o termo “igreja”: 1) grupo de seguidores de Cristo que se reúnem em determinado lugar para adorar a Deus, receber ensinamentos, evangelizar e ajudar uns aos outros (Rm 16:16) e 2) A totalidade das pessoas salvas em todos os tempos (Ef 1:22).
            Essas sínteses estão corretas, mas há muito mais compreendido na concepção de igreja. “A Igreja, revestida da justiça de Cristo, é Sua depositária, na qual as riquezas de Sua misericórdia, amor e graça, se hão de por fim revelar plenamente. A declaração que fez em Sua oração intercessora, de que o amor do Pai é tão grande para conosco como para consigo mesmo, na qualidade de Filho unigênito, e que estaremos com Ele onde estiver, e que seremos um com Cristo e o Pai, é uma maravilha para o exército celestial, e constitui sua grande alegria. O dom de Seu Espírito Santo, rico, pleno e abundante, deve ser para Sua Igreja semelhante a uma protetora muralha de fogo, contra que não prevalecerão os poderes do inferno. Na imaculada pureza e perfeição de Seu povo, Cristo vê a recompensa de todos os Seus sofrimentos, humilhação e amor, e como suplemento de Sua glória - sendo Ele o grande centro de que irradia toda glória. ‘Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.’ Ap 19:9.” TM, 15-19. 
DOMINGO

           
Qual é a diferença entre “povo de Deus” e “igreja de Deus”? Pois bem, em sentido amplo, há “povo de Deus”, os “chamados de fora” e a “igreja de Deus”, o povo remanescente, a nação santa. Quando Jesus fundou Sua igreja sobre Si mesmo e escolheu os primeiros apóstolos, no meio deles havia um Judas. Paulo registra em sua primeira carta a Timóteo, uma disciplina aplicada a membros da igreja que “naufragaram na fé” e apostataram, entre eles, Himeneu e Alexandre, que foram “entregues a Satanás” (excomunhão) por causa de blasfêmia (1Tm 1:20). Em Corinto havia no seio da igreja praticantes de incesto e outras imoralidades (1Co 5:1), agitadores (1Co 1:10-11).
“Daí muitos se unem à igreja sem primeiro se haverem unido a Cristo. Nisto Satanás triunfa. Tais conversos são seus instrumentos mais eficientes. Servem de laço para outras almas. São falsas luzes, atraindo os descuidados à perdição.” Ev, 319, 320.     
“Não tem Deus uma igreja viva? Ele tem uma igreja, mas esta é a igreja militante, e não a igreja triunfante. Entristecemo-nos de que haja membros defeituosos, de que haja joio no meio do trigo... Embora existam males na igreja, e tenham de existir até ao fim do mundo, a igreja destes últimos dias há de ser a luz do mundo poluído e desmoralizado pelo pecado. A igreja, débil e defeituosa, precisando ser repreendida, advertida e aconselhada, é o único objeto na Terra ao qual Cristo confere Sua suprema consideração.” TM, 45 e 49. 
Ecclesia
            Em ecclesia está compreendido o conceito de congregação, reunião, assembleia, grupo de pessoas. Pois bem, e para que as pessoas se congregam? No caso específico, para adorar a Deus em Seu templo, estudar a Palavra, louvar o Nome Santo, expor-se às influências celestiais devidas à presença do Espírito Santo e dos anjos, dar testemunhos, organizar-se para o trabalho, estimularem-se uns aos outros à prática das boas obras e do amor cristão, ferventar a fé, assistirem-se uns aos outros e muitas coisas mais.
            Vimos na lição três aplicações feitas por Paulo referentes ao setup ou configuração da igreja: Ela pode existir nas casas de membros, em edifícios especialmente construídos e na forma universal, congregando todos os fiéis filhos de Deus, pertençam a que denominação for. Lembremo-nos que Jesus tem outras ovelhas as quais Ele tenciona unir ao corpo da igreja verdadeira.
            Como povo organizado, a igreja se apresenta estruturalmente bem formada para o desenvolvimento de toda a obra de Deus. Não fosse a ordem e a igreja já teria se desfeito em milhares de fragmentos. Organização é fator de unificação.
SEGUNDA

               
             A igreja de Deus é constituída de um povo chamado santo, isto é, sagrado (que recebeu consagração), separado. Esse povo é composto de indivíduos a quem Deus escolheu – embora nem todos, como ocorreu com o Iscariotes. Os que foram chamados pelo Espírito receberam o batismo e foram ungidos para uma vida distinta da de todos os povos da Terra.
            Ao considerarmos Dt 14:2, um dos versos apontados para estudo na lição, vemos que o contexto do capítulo trata do regime alimentar do povo santo. O antigo povo de Deus deveria ser distinto nos costumes, no vestuário, na religião, na ética, na constituição (era composto de reis, nobres, sacerdotes, escribas, sábios, cientistas, artistas, escravos, livres, profetas, videntes, ricos, pobres, jovens, velhos, crianças...). Também faziam parte do povo os estrangeiros que reconhecessem o Deus de Israel
como seu Deus.
            Eles não foram constituídos para serem simplesmente os “queridinhos” do Deus vivo. Eram um povo com uma missão: preparar o caminho para a vinda do Messias Salvador e torná-Lo conhecido em todas as nações da Terra.
              Todos os recursos para o desenvolvimento e progresso desse povo foram dispostos pelo Doador gracioso. Até os exércitos do Céu lutavam em seu favor. Anjos lhes eram enviados. Deus Se manifestou visivelmente através da coluna de nuvem, da coluna de fogo e do shekinah sobre a arca do concerto. Fez sinais, milagres e prodígios no meio desse povo para demonstrar Seu amor e cuidado por eles.
            Como apoteótica providência, o próprio Deus Se fez carne e habitou entre eles. Andou em seu meio, ensinou em suas ruas, sinagogas, templo, praças, montanhas e lagos. Ele viera para o que era Seu e os Seus não O receberam.
            Findos os últimos 490 anos de graça para a nação de Israel e não alcançados os objetivos que Deus lhes propusera para serem alcançados nesse período, o reino de Deus lhes foi tirado e entregue a um povo que produzisse os esperados frutos de justiça. Nascia a igreja, o povo não chamado de dentro como Israel, mas chamados de fora, dos gentios que, juntamente com os judeus messiânicos, constituiriam a igreja militante até o final dos tempos.
            A igreja é o corpo místico de Cristo. Como é santa a Cabeça, santo também tem de ser o corpo.  O novo povo foi aquinhoado com um derramamento copioso do Espírito Santo, que habitaria com eles e neles. Essa imagem transmite as ideias de coordenação, unidade, harmonia, coesão, organização. Esse corpo se move segundo as ordens do centro de comando – Cristo Jesus. Sua Santa Palavra impele esse povo à missão de Abraão – abençoar as famílias da Terra. Assim sendo, deveria a igreja ser um organismo mundial e não regional meramente. Composto de representantes de todas as nações da Terra, seriam unidos no único propósito de glorificar o nome dAquele que fez os céus, a Terra, o mar, as fontes das águas, e intercede como Sumo Sacerdote absolvendo da pena eterna aqueles que são lavados por Seu sangue.
TERÇA

A missão da igreja
               
                Um pensamento precioso abre a lição de hoje, mostrando que a missão da igreja é fazer o que Cristo faria se estivesse corporalmente na Terra em nossos dias. Mas, para fazer o que Cristo fazia em seus dias, precisamos imitá-lo também em Sua dedicação ao trabalho.
            A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir, e sua missão é levar o evangelho ao mundo. Desde o princípio tem sido plano de Deus que através de Sua igreja seja refletida para o mundo Sua plenitude e suficiência. Aos membros da igreja, a quem Ele chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, compete manifestar Sua glória. A igreja é a depositária das riquezas da graça de Cristo; e pela igreja será a seu tempo manifesta, mesmo aos ‘principados e potestades nos Céus’ (Ef 3:10), a final e ampla demonstração do amor de Deus.” AA, 9.
            Em Mt 28:19, 20 vemos que a prioridade missionária é fazer discípulos. Não! Jesus não está dizendo simplesmente para encher a igreja de membros que lotem as reuniões, cantem, ouçam as pregações, deem dízimos e ofertas... Ele quer em Sua igreja um contingente de discípulos, isto é, de verdadeiros seguidores, de imitadores. Para isso, é preciso ensinar a verdade tal como ela é em Jesus, isto é, sem omitir-lhe um jota ou um til, pregando-a a tempo e fora de tempo, quer o povo ouça quer deixe de ouvir.  
            Evangelismo é o serviço de Cristo – “À igreja primitiva tinha sido confiada uma obra de constante ampliação - estabelecer centros de luz e bênção, onde quer que existissem almas sinceras e dispostas a se dedicarem ao serviço de Cristo. A proclamação do evangelho devia abranger o mundo, e os mensageiros da cruz não poderiam esperar cumprir sua importante missão a menos que permanecessem unidos pelos laços da afinidade cristã, revelando assim ao mundo que eles eram um com Cristo em Deus. Não tinha seu divino Guia orado ao Pai: ‘Guarda em Teu nome aqueles que Me deste, para que sejam um, assim como Nós’? Jo 17:11. E não declarara Ele com respeito a Seus discípulos: ‘O mundo os aborreceu, porque não são do mundo’? Jo 17:14. Não pleiteara com o Pai que eles pudessem ser ‘perfeitos em unidade’ ‘para que o mundo creia que Tu Me enviaste’? Jo 17:23 e 21. Sua vida e poder espirituais dependiam de íntima relação com Aquele que os havia comissionado para pregar o evangelho.” AA, 90.
            Agora, mais que nunca, o mundo carece da mensagem salvadora de Cristo. A tarefa é humanamente impossível de ser cumprida. Dezessete milhões de crentes adventistas e, infelizmente, nem todos eles são missionários, para levar a verdade a sete bilhões de pessoas (este número foi atingido em 31 de outubro de 2011). E cada dia nasce mais gente. Porém, com o Espírito Santo a iluminá-la, fortalecê-la, purificá-la, uni-la, a missão será cumprida. Oremos pelo derramamento da Chuva Serôdia com mais fervor que nunca.  


                 
            A irmã White disse certa vez que a preocupação de sua mensagem durante muitos anos era a unidade da igreja (IR, 52). A unidade no seio do povo de Deus tem várias facetas, assim como um diamante lapidado.  1) unidade de fé; 2) unidade de doutrina; 3)unidade de ação; 4)unidade de espírito; 5) unidade de testemunho; 6)  unidade na diversidade étnica, social, econômica, cultural; 7) unidade no uso dons diversos dons ; 6) unidade do pleno conhecimento do Filho de Deus.
            Não é tão simples para nós, no contexto de diversidade geral que encontramos na constituição do povo de Deus, entrosarmo-nos no grande escopo de tornar a igreja de Deus um santo tecido.  Temos diferentes níveis educacionais, econômicos, sociais, profissionais, etc. Somos oriundos de várias etnias (negros, brancos, asiáticos, índios), de várias nacionalidades (americanos, sul-americanos, alemães, italianos, portugueses, espanhóis, poloneses, russos, franceses, congoleses, moçambicanos, nigerianos, australianos...). Fomos criados sob padrões educacionais diferentes – cada família tem seus valores para a educação dos filhos -, de uma forma ou de outra, somos produto do meio social. Mesmo dentro da igreja temos alguma diversidade de pensamento, mesmo quanto às crenças. Não fosse assim e Paulo não teria recomendado diligente esforço para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (Ef 4:3).
            Exercitar o espírito de Cristo, de renúncia própria em favor do semelhante (leia-se irmãos), considerando os outros superiores a nós mesmos (Fp 2:3), respeitando a opinião alheia inda que essa vá de encontro ao que acariciadamente pensamos, é vital para a unificação.
            Um exercício de unificação mui saudável – “Mantenham indissolúvel seu laço de união, apegando-se uns aos outros com amor e unidade, animando-se mutuamente para avançar, adquirindo cada qual ânimo e força do auxílio dos outros.” TS 3, 84.
            Não nos esqueçamos de orar por essa unidade, visto que os esforços demoníacos estão voltados para abortar essa realização.
            A maravilha dessa unificação começa com a Divindade, que é estritamente una, e deriva para nós. O Espírito Santo é o Agente unificador. Se nos submetermos ao Seu governo e guia, seremos unidos a despeito de nossas diferenças. Jesus orou para que isso acontecesse e a oração de Jesus é todo-poderosa: “A fim de que todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em Nós; para que o mundo creia que Tu Me enviaste.” (Jo 17:21)
QUINTA

O governo da igreja
               
            O governo da Igreja é representante do governo de Deus na Terra. Portanto, exige-se dele justiça, eficiência, probidade, austeridade, firmeza de princípios, sabedoria, cooperação com os poderes celestes, aplicação de disciplina, zelo, visão, fidelidade, etc.
“Aumentando o nosso número, tornou-se evidente que sem alguma forma de organização, haveria grande confusão, e a obra não seria levada avante com êxito. A organização era indispensável para prover a manutenção dos pastores, para levar a obra a novos campos, para proteger dos membros indignos tanto as igrejas como os pastores, para a conservação das propriedades da igreja, para a publicação da verdade pela imprensa, e para muitos outros fins.” IR, 22. 
            Suas operações envolvem: organização, controle, planejamento, instrução de pastores – inclusive seu sustento -, de anciãos, líderes e oficiais, normatização, repreensão aos que se desviam dos princípios adotados, ensino, sistematização, equipagem, obra de publicações, hospitais, clínicas, ambulatórios, educandários, indústrias de alimentos saudáveis, administração financeira e econômica, evangelismo, rádio e TV, obra de temperança, preservação da integralidade doutrinária... São múltiplas e complexas atuações que exigem uma megaestrutura de alcance mundial.
            A forma de governo eclesiástico da IASD é representativa. O Manual da Igreja assim a define: “A forma de governo eclesiástico que reconhece que a autoridade na igreja repousa nos seus membros, com a responsabilidade executiva delegada a entidades e oficiais representativos para dirigir a igreja. Esta forma de governo eclesiástico reconhece também a igualdade da ordenação de todo o ministério. A forma representativa de governo eclesiástico é a que prevalece na Igreja Adventista do Sétimo Dia.” (p. 26) “Cada membro da igreja tem participação na escolha dos oficiais da igreja. Esta escolhe os oficiais das Conferências estaduais. [Conhecidas hoje por Associações.] Os delegados escolhidos pelas Associações estaduais escolhem os oficiais das Uniões; e os delegados escolhidos por estas, escolhem os oficiais da Associação Geral. Por meio desse sistema, cada Associação, instituição, igreja e pessoa, quer diretamente quer por meio de representantes, participa da eleição dos homens que assumem as responsabilidades principais na Associação Geral.” TS3, pp. 240 e 241. Mas tudo isso tem de estar subordinado ao comando geral de Cristo.  Ele é o Cabeça.  Sua Palavra é o guia infalível para gerir a Igreja.
            Caso não houvesse disciplina e governo eclesiásticos, a igreja se esfacelaria; não poderia manter-se unida como um corpo.” TS1, 390.
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