O batismo do meu pai

(adaptado do texto do Pr Amilton Menezes)

“E esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. e, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que já alcançamos as coisas que lhe temos pedido” (I João 5:14-15)

Eu tinha uns 7 anos de idade quando meu pai foi embora. De casa e da igreja. Ficamos minha mãe e dois irmãos menores. Em casa e na igreja. Foi traumático para todos nós. Minha mãe e cada um dos filhos fomos impactados emocionalmente de diferentes maneiras. No meu caso, o mais velho dos meninos, o golpe foi extremamente duro. Enfiei-me dentro de um buraco de solidão, medo e, sobretudo, timidez. Ainda carrego alguns traços visíveis dessa sombra implacável que me persegue.

Meu pai afundou na lama do pecado. Perdeu os bens materiais e a promissora carreira financeira. Do outro lado, ficamos quase sem nada. Era remota a possibilidade de que um dia a história teria um final feliz. Os dias, meses e anos passaram inexoravelmente. Restavam a oração e a fé. Durante, praticamente, 40 anos!

Há 14 anos meu pai machucou as costas, numa queda. O médico disse que deveria ser operado na coluna. E foi. Da forma errada. Ficou paralítico da cintura para baixo. A dor e a reflexão sobre o que fizera e vivera até então o levaram à Bíblia. Livro esse que ele pediu-me após o acidente. Junto, uma promessa que eu pensei ser fruto apenas da situação difícil que estava enfrentando: “Um dia você será pastor ordenado e fará meu batismo”.

Os anos passaram. Leu, a partir daí, 12 vezes a Bíblia Sagrada. De capa a capa. Naquela primeira e em outra que, anos depois, a substituiu. Nesse último sábado, dia 4 de setembro, entreguei a terceira bíblia. Após o seu batismo.

Confesso que foi um momento aguardado com muita ansiedade e emoção. O sábado começou com chuva e frio, bem característicos do Rio Grande do Sul, nessa época do ano. A possibilidade do adiamento para as férias, no próximo verão, era a alternativa mais convidativa. O sol, porém, à tarde, mostrou seu brilho, diminuindo um pouco o frio, mas não a preocupação de batizar alguém – o próprio pai – dentro de um tanque com águas mornas, mas em cima de uma cadeira. Diferentemente do convencional.

“Você pregou o sermão da sua vida”, disse-me alguém, referindo-se a mensagem anterior ao batismo. Falei sobre o filho pródigo, de Lucas 15. Perdeu tudo e também afundou-se na lama do pecado. Dediquei parte da mensagem para falar do irmão mais velho do filho pródigo. Também perdido. Dentro de casa e dentro da igreja! E que recebe com indiferença e amargura o retorno do irmão pecador. Atitudes que, infelizmente, ainda permeiam os círculos cristãos, hoje em dia. Porém, não poderia deixar de falar do principal personagem da parábola, que, segundo minha ótica, é o pai amoroso de ambos os filhos perdidos. Da graça paterna que resgata, transforma e perdoa incondicionalmente!

Foram três os batizados naquela tarde. Meu pai e um primo, com problemas de visão e audição, e Rose, que vive com meu pai e cuida dele. Com a ajuda de um parente e de meu mano do meio, Carlos Roberto, meu pai foi colocado no tanque e, acomodado em uma cadeira, tive a alegria e a emoção única de batizá-lo.

Ali, e em todos os lugares onde conto minha história, tenho visto pessoas motivadas a continuarem perseverantes na oração por seus queridos. Nada é impossível, caro leitor. Ninguém vai tão longe que não possa ser alcançado (se quiser) pela graça maravilhosa de Deus. Acredite nisso! Nunca deixe de orar por seu filho, filha, pai, mãe, marido, esposa, familiar ou amigo. O Pai do Céu é o maior interessado em tê-los de volta. Do jeito dEle. Na hora dEle.

Fonte: Novo Tempo (Amilton Menezes)
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REFLEXÃO: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Marcos 16:15-16)


Ele se inclinou para mim

“Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por Socorro” (Salmo 40.1)

Inclinar-se é uma postura que revela respeito ou misericórdia. Olhando do ponto de vista do servo para com o seu senhor; o inclinar-se revela respeito, porém olhando do ponto de vista do senhor para com o seu servo; revela misericórdia. É exatamente isso o que o salmista está afirmando.

O que temos aqui é um miserável moribundo, atolado no charco da sua própria miséria, abandonado, largado às favas, sem amigos, sem a mínima condição de mudar o seu estado deplorável de sofrimento. O que temos aqui é um homem prestes a perecer, chafurdado num poço de lama até o pescoço. O salmista revela aqui o seu estado de total impotência, onde a única possibilidade de reversão da sua situação era a intervenção de um ser maior; do próprio Deus.

A parábola do Bom Samaritano relata uma histó ria semelhante. Ela conta que um homem caiu nas mãos de salteadores e depois de ter sido roubado, foi espancado, ficando semimorto. Passaram por ali duas pessoas; um sacerdote e um levita, porém os dois passaram de largo e não fizeram caso da situação daquele homem.

Também passava por aquele caminho um samaritano, aproximou-se, se inclinou para ele, curou as feridas daquele homem e o colocou sobre o seu próprio animal, depois o conduziu até uma hospedaria. O samaritano demonstrou muito amor para com aquele homem desconhecido e moribundo.

Penso que o verdadeiro Bom Samaritano é Jesus Cristo, pois ele também se inclinou para nós. Jesus se encarnou, tornou-se como um de nós, assumiu as nossas dores, levou sobre si as nossas enfermidades. Ele veio para nos tirar do nosso estado de perdição e de miséria em que nos encontrávamos.

Deus sempre se mostrou disposto a se inclinar para nós. Toda a iniciativa no sentido de mudar a história do ser humano sempre foi de Deus. A Bíblia é bem clara ao afirmar que o homem no estado em que estava jamais poderia por si mesmo buscar a Deus.

Paulo escreveu: “como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Romanos 3.10-12). Já que nós não podíamos buscá-lo, foi ele quem tomou a iniciativa e veio até nós.

Paulo afirmou ainda: “pois, ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornado-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2.6-8).

Esse foi o preço que Jesus pagou para resgatar o ser humano do seu estado de miséria em que vivia. O preço do seu amor foi incondicional, foi totalmente sacrificial. Tirar-nos do nosso posso de perdição, do nosso tremedal de lama não foi uma coisa fácil para Jesus, ele teve que dar a sua própria vida para que isso pudesse acontecer.

O apóstolo Pedro afirmou: “sabendo que não foi mediante cousas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”. Que prova maravilhosa de amor é esta. Um Deus que se inclinou para resgatar os pecadores, que veio para dar-lhes vida eterna e abundante. Que essas verdades sejam avivadas em nossa mente ao iniciarmos um novo ano.

REFLEXÃO: “Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Filipenses 2:5)

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