Os Superobreiros

(adaptado do texto do pr. Altair Germano)

"... está escrito: A minha casa será chamada casa de oração. Porém, vós a tendes transformado em covil de ladrões" (Mateus 11:13)

Em todas as épocas, assim como nos dias do apóstolo Paulo, existiram obreiros que se sentiam acima da média. São estes os “superapóstolos”, “superbispos”, “superpastores”, “superevangelistas”, “superpresbíteros”, “superpregadores”, “superprofessores”, “superprofetas” e etc.

Nos dias atuais este fato está evidente mais do que nunca. É uma verdadeira vergonha o que acontece no meio evangélico brasileiro, onde os “superalgumacoisa” fazem de tudo para estarem em evidência. Tentam demonstrar uma espiritualidade acima da média, um “supercarisma”, “superpoderes”, “supermilagres”, “supereloquência”.

Em razão disto já foram criadas “superestruturas” para os “supercongressos”, onde os “superpregadores”, “superministrantes” e “superpreletores” embolsam “supercachês”, dos “supermeninosdafé”. Tudo isso sob a intermediação dos “superempresáriosdomundogospel”.

Um pastor amigo meu, conferencista, me contou que ao se cruzar com desses “superalgumacoisa” num dos aeroportos do país, o mesmo se gabava de ter recebido um cachê de R$ 7.000,00 (Sete Mil Reais), e ainda deu para o meu amigo o seguinte conselho: “o negócio é pregar em comunidades evangélicas e nestas novas igrejas (não sei sobre quais novas igrejas ele se referia). O cachê que recebemos nas Assembleias de Deus é negócio para pregadorzinho. É cachê de miséria”.

Um outro me falou que num destes “supercongressos”, um deles cogitou a criação de uma “Liga da Justiça com os Superpregadores de Fogo”. Sem comentários.

Interessante também é a atitude dos “superapóstolos” da atualidade, que só abrem igrejas nos grandes centros urbanos, nos bairros nobres, nas principais avenidas e edificam (ou alugam) os mais luxuosos templos, para massagear a sua “supervaidade” e engordar a sua “superconta”.

É necessário ter uma “supercaradepau” para execer tal ministério e ostentar este “supertítulo”.

LIÇÕES DO APÓSTOLO PAULO PARA OS SUPERFENÔMENOS NA ATUALIDADE

Em nenhuma outra época se desejou tanto os holofotes, o estrelato, o reconhecimento das massas, o delírio dos fãs e a fama. Contemplamos uma total inversão de valores e desprezo dos grandes exemplos bíblicos, que incorporam o princípio da declaração de João Batista: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3:3).

A fama, conforme a que Jesus alcançou (Mateus 4:24), se relaciona a um processo natural de reconhecimento da ação de Deus sobre a vida do indivíduo. Não é algo para ser buscado.

Escrevo este texto depois de ter presenciado numa convenção nacional de pastores a distribuição de um kit (DVD, Bíblia, Folder etc.), onde na caixa estava a imagem do superpregador com o seguinte título: "O maior fenônemo de público evangélico do Brasil". Tentei conseguir um kit para mim com o próprio "superhipermegastar", mas os mesmos estavam reservados para os Pastores Presidentes (certamente havia a intenção de descolar uns convites intere$ante$). Segue o post na íntegra: "O FENÔMENO"

"Vocês lembram aquele título “o fenômeno”, atribuído ao Ronaldo da seleção brasileira de futebol? Pois bem, a moda acabou se contextualizando ao meio evangélico.

Você já ouviu falar no pastor “o fenômeno”? Ainda não? Pois fique sabendo que ele já existe e é assim que se auto intitula (ao contrário do Ronaldo que recebeu o título do Galvão Bueno), devido aos números mirabolantes que marcam o seu ministério.

O FENÔMENO EM NÚMEROS
- Milhões de telespectadores;
- Dezenas de livros;
- Centenas de cidades;
- Milhares de mensagens pregadas;
- Milhares de e-mails recebidos;
- Milhões de acesso em sua página na internet;
- Milhares de DVD’s vendidos."


Fui procurar na Bíblia alguém que pudesse se comparar ao “fenômeno”, e acabei encontrando um certo personagem, que se destacou pelos números que também marcaram o seu ministério:

PAULO, O APÓSTOLO (II Coríntios 11:24-28)
- Muitos trabalhos;
- Muitas prisões;
- Açoites sem medidas;
- Perigos de morte;
- Trinta e nove chicotadas em cinco ocasiões;
- Três pisas com vara;
- Um apedrejamento;
- Três naufrágios;
- 24 hs boiando no mar;
- Muitas jornadas (algumas a pé);
- Perigos de ladrões;
- Perigos de rios;
- Perigos de perseguições por judeus e não-judeus;
- Perigos na cidade;
- Perigos nos desertos;
- Perigos em alto mar;
- Perigos entre os falsos irmãos;
- Muitos trabalhos e canseiras;
- Muitas noites sem dormir;
- Fome e sede muitas vêzes;
- Falta de casa, comida e roupa;
- Muitas preocupações com as igrejas do Senhor.

Amados, não sei se o que sinto neste momento é vergonha ou indignação. Dá para perceber o quanto difere o referencial de valores do “FENÔMENO” e os referenciais do Apóstolo Paulo? A que ponto chegamos!

Por favor, me suportem. Falo principalmente aos "fãs", que de tão entorpecidos pela eloquência e domínio de massas que “os fenômenos” possuem, não admitem que toquem nos tais “ungidos”!

Gostaria neste momento, de responsabilizar por esta vergonha nacional, os pastores que abrem as portas de suas igrejas para “os fenômenos” modernos, cooperando assim para a alienação e exploração das pobres e manipuláveis ovelhas que lhes foram confiadas.

É fundamental lembrar que Jesus (nem os apóstolos) andavam atrás de público (João 6:24-27, 65-68). Jesus buscava verdadeiros discípulos e não público. O inferno se encherá de público e de pregadores de público, enquanto o céu, de filhos de Deus que nasceram de novo, que vivem em santidade e andam na verdade, juntamente com pregadores que não foram enganados pela sedução da fama e do sucesso temporal. Basta! Chega de tanta banalidade, futilidade e vaidade.

Ver e ouvir estas coisas, e ficar calado, é pecado de omissão. Compartilhar com elas, nos torna iguais “aos fenômenos”.

Deixo o próprio Paulo nos lembrar um princípio que por muitos já foi esquecido:

REFLEXÃO: “Se tenho de gloriar-me, gloriarme-ei no que diz respeito à minha fraqueza” (II Coríntios 11:30)

Fonte: www.altairgermano.com
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