Comentários Lição 07 - Cristo: Nosso Sacrifício (Prof. César Pagani)

9 a 16 de novembro de 2013

Verso para Memorizar

“Carregando Ele mesmo em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para o pecado, vivamos para a justiça; por Suas chagas fomos sarados.” (1Pe 2:24)

César L. Pagani
 “O Senhor proverá para Si o cordeiro” foram as palavras de Abraão a Isaque  no momento de sacrificá-lo sobre um tosco altar no alto do Monte Moriá.  E, de fato, o Altíssimo já havia feito isso muito antes da fundação do Universo e do mundo. Ele provera o holocausto de Si mesmo em Cristo para tirar o pecado do mundo.
Cristo Se dispôs a vir a este mundo sofrer pelo pecador, assumir todos os pecados dos homens, passar uma vida de constantes provações e dificuldades e, no final, sofrer vergonhosa morte de cruz.
Jesus observou fielmente os mandamentos de Deus, desenvolveu vida santa e imaculada, para poder creditar a nós todos os merecimentos de Seu sacrifício pessoal. Toda vez que confessamos nossos pecados em arrependimento e contrição, recebemos a justiça de Cristo a nosso crédito e ficamos diante de Deus como se nunca houvéssemos pecado.
Que plano! Não é sem razão que passaremos a eternidade toda estudando sobre esse sacrifício.

DOMINGO
Jesus em Isaías 53  
            O cap. 53 de Isaías tem início falando da humildade e despojamento do Servo do Senhor. Embora Sua obra pública precisasse de divulgação para que os pecadores soubessem quem era Ele e qual Sua missão, Jesus nunca procurou publicidade e nem obter culto à Sua personalidade. Não se vestia como os altivos rabinos judeus com pompa, luxo e custosos ornamentos.  Suas vestes eram as de um camponês Galileu.
            O verso 3 profetiza sobre como seria a vida do Messias em sociedade. Embora as multidões se admirassem de Seus ensinos, se beneficiasse de Seus milagres e maravilhas, desprezo foi o que Jesus mais conheceu. Os mestres do povo achavam que Ele estava com as faculdades mentais em colapso (ver Mc 3:21). Seus próprios irmãos não criam nEle (Jo 7:5). Como a pedra rejeitada, Cristo, em Sua missão terrestre suportara desdém e maus-tratos.” DTN, 600.  
            Porém, ali estava o Cordeiro que Deus proveria para Si, como disse Abraão a Isaque quando do sacrifício no Monte Moriá. Jesus, revestido de carne humana, estava sujeito às fraquezas e carências da humanidade. Tinha fome, sede, precisava de descanso, necessitava do apoio humano, tinha necessidades sociais. Como Substituto do homem Ele tinha todo o direito e poder de arrancar homens e mulheres das garras das enfermidades, das deformidades e mesmo da morte.  Não somente doenças físicas, mas também espirituais e psíquicas.
            Ele levou sobre Si os nossos pecados no madeiro. Deus, em Seu plano de resgate, colocou sobre Cristo todas as nossas iniquidades, transgressões, falhas, mazelas, deslizes... O Substituto do homem padeceu na cruz em nosso lugar. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e por Seus ferimentos fomos curados.
            Ninguém sofreu maior e mais contínua pressão das hostes das trevas do que Jesus. Uma implacável perseguição foi movida contra o Salvador. Satanás seguia-Lhe no encalço procurando frustrar a obra que Jesus viera fazer.
“Quando a Palavra escrita de Deus foi dada por intermédio dos profetas hebreus, Satanás estudou com diligência as mensagens sobre o Messias. Ele sublinhou cuidadosamente as palavras que esboçavam com inconfundível clareza a obra de Cristo entre os homens como um sofredor sacrifício e como um rei conquistador. Nos rolos de pergaminho das Escrituras do Antigo Testamento ele leu que Aquele que devia aparecer, ‘como um cordeiro foi levado ao matadouro’ (Is 53:7), que ‘o Seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer’. Is 52:14. O prometido Salvador da humanidade devia ser ‘desprezado, e o mais indigno entre os homens, homem de dores... ferido de Deus e oprimido’ (Is 53:4), contudo devia Ele também exercer Seu grande poder para julgar ‘os aflitos do povo. ’ Ele devia salvar ‘os filhos do necessitado’, e quebrar ‘o opressor’. Sl 72:4. Estas profecias levaram Satanás a temer e tremer; mas ele não renunciou ao seu propósito de frustrar, se possível, as misericordiosas providências de Jeová para a redenção da ração perdida. Ele se determinou cegar os olhos do povo, tanto quanto fosse possível, para o real significado das profecias messiânicas, a fim de preparar o caminho para rejeição de Cristo em Sua vinda.” PR, 686, 687.    

SEGUNDA
Substituição eficiente       
            Para ser eficiente substituto do homem na assunção da punição devida aos pecados, Jesus tinha de ser carne. Viesse Ele apenas como Deus, inda que velando tremendamente Sua glória, não poderia assumir pecados sobre Si, pois Deus é absoluta santidade, justiça, inocência, imaculabilidade. Ele devia assumir a mesma carne que Adão legou aos seus descendentes.
            Jesus, como Verbo, era infinitamente maior do que os anjos, Suas criaturas. Jesus, como homem, tinha de ser menor do que eles. Não deveria ter seu poder, suas capacidades, suas habilidades. Era na condição de homem que Ele deveria passar pela “paixão da morte”. Era na condição de homem que Ele deveria provar “a morte por todos”.
            Nosso Salvador deveria ser em tudo “semelhante aos irmãos”. Ele devia sentir o que o homem sente em suas fraquezas e exposição às influências do mal, para poder ser “misericordioso e fiel sumo sacerdote”. 
            Ele não deveria ser apenas o substituto do homem para assumir seus pecados e sofrer a punição exigível pela Lei, mas o Intermediador entre a humanidade e a Divindade. Deus colocou sobre Cristo “a iniquidade de todos nós” (Is 53:6). Cristo coloca sobre nós a Sua justiça.
            Como invicto vencedor do pecado, Ele não pode ser acusado de pecado. “Quem dentre vós Me convence de pecado?” (Jo 8:6).  “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.” (Hb 4:15) Assim, sendo vítima inocente, assume os pecados dos homens como se cometidos por Ele.   Expia, com Seu sangue, esses pecados. Purifica o pecador e deixa-o livre da segunda morte.
            Como Ele provou a morte por todos os homens, quer isso dizer que, potencialmente, os pecados dos homens estão cobertos. Agora, o sangue de Jesus só vale como remissor se o pecador cumprir as regras salvadoras que Deus estabeleceu para sua redenção, isto é, aceitar a Jesus como Salvador todo-suficiente e recebê-Lo como Senhor em sua vida. Quem não reivindica os méritos do sangue de Cristo não poderá receber seus benefícios.
            Precisamente neste momento, Jesus está exercendo Suas funções sumo sacerdotais, aplicando os direitos da redenção efetivada em favor do homem. A Lei de Deus profanada aceita a justiça perfeita de Cristo em lugar da iniquidade do pecador.  O iníquo penitente é, então, considerado justo por causa de Cristo. A Lei não pode acusá-lo de nada, pois seus requerimentos de justiça foram satisfeitos em Cristo.           

TERÇA

Publicamos um interessante comentário (com algumas leves ressalvas) feito por Daniel E. Parks, autor presbiteriano, com relação à eficácia do sangue de Jesus: “Cristo obteve redenção à maneira tipificada no Antigo Testamento. Arão, o sumo sacerdote de Israel, era um tipo de ‘Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados’, em favor dos eleitos de Deus (v. 11). O ministério de Arão em santuário terreno e temporário,  feito pelos homens, tipificava o ministério de Cristo em um ‘maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação’ (v. 11). A entrada de Arão no Santo dos Santos tipificava a entrada de Cristo no “céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (v. 24). Arão, buscando a redenção com o sangue de touros e de bodes em uma bacia, tipificava Cristo obtendo a redenção com o Seu ‘próprio sangue’ (v. 12) — o sangue do Cordeiro de Deus que corria em suas veias. Arão tinha de entrar duas vezes no Santo dos Santos — uma vez para oferecer sangue pelos seus próprios pecados; depois, em favor dos pecados do povo. Ele tinha de fazer isso a cada ano. Cristo, porém, entrou no mais santíssimo de todos os lugares[1] ‘ uma vez por todas’ (v. 12) — ‘uma vez’, porque Ele mesmo não tinha pecado; ‘por todas’, porque não precisaria entrar ali novamente. Arão ministrava em favor da purificação da carne; ‘muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a Si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! ’ (v. 14.). Por intermédio da misericórdia, Arão recebia o perdão anual. Cristo, o Sumo Sacerdote, ‘eterna redenção’.”
Esse sangue proveio do Cordeiro Imaculado, um sangue incontaminado, puríssimo, cobridor, doador de vida.
“Ele gostaria que cada alma considerasse a eficácia do Seu sangue como de ilimitado valor, capaz de salvar perfeitamente a todos que forem persuadidos a vir a Ele. Ele deseja que cada indivíduo de nossa raça, formado a Sua imagem, lembrasse que Deus é infinito, e que o Seu amor revelado na expiação de Cristo em favor de toda a humanidade, torna manifesto o valor que atribui à humanidade. Ele os convida a virem a Ele para serem salvos. Devemos ir à Fonte de toda a misericórdia. Ele usará homens como Seus instrumentos para salvar do pecado a seus semelhantes.” Carta 33, 1898.
“A eficácia do sangue de Cristo devia ser apresentada ao povo com vigor e poder, para que sua fé se pudesse apropriar de Seus méritos...” Evangelismo, 191. 
            “Fostes escolhidos por Cristo. Fostes resgatados pelo precioso sangue do Cordeiro. Apresentai diante de Deus a eficácia desse sangue. Dizei-Lhe: ‘Sou Teu pela criação; sou Teu pela redenção. Respeito a autoridade humana   e o conselho de meus irmãos; mas não posso confiar inteiramente neles. Desejo que me ensines, ó Deus. Fiz contigo o concerto de adotar o divino padrão de caráter e que faria de Ti o meu conselheiro e guia - um participante de todos os planos de minha vida; ensina-me, portanto.’  Que a glória do Senhor seja vossa principal consideração. Reprimi todo desejo de distinção mundana, toda ambição de obter o primeiro lugar. Incentivai a pureza e santidade de coração, para que possais representar os verdadeiros princípios do evangelho. Seja todo ato de vossa vida santificado pelo sagrado empenho de fazer a vontade do Senhor, para que a vossa influência não conduza os outros a caminhos proibidos. Quando Deus é o dirigente, Sua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda.” Fundamentos da Educação Cristã, 348, 349.

QUARTA
Sacrifício imaculado
            A condição de a vítima ser sem qualquer mácula, defeito ou senão estético era sine qua non. O ofertante tinha de escolher o melhor exemplar de um ano de seu rebanho, ou comprá-lo de alguém.  Ao chegar ao santuário o sacerdote examinava o animal para constatar sua qualidade segundo o previsto nas leis levíticas.  A mínima deformidade tornava o animal impedido para o sacrifício.
            Por que tinha de ser de um ano? Clarke entende que podia ser de qualquer idade entre oito dias e um ano. Jamieson, Fawcett e Brown propõem  que essa oferenda representava Cristo no ápice da vida e de Sua imaculabilidade perfeita (ver Hb 7:26; 1Pe 1:19).
            Jesus foi o único ser humano justificado pela Lei, pois a guardou em sua integralidade e satisfez todos os seus requerimentos de justiça. Sendo totalmente puro, imaculado, inocente, a pena da Lei só Lhe poderia ser imputada se Ele assumisse a culpa de outrem. O que de fato nosso Salvador fez. Esse mérito Ele transmite àqueles que O aceitam. 
            Não admira a extrema exigência dos regulamentos para oferecimento das vítimas que representavam o Redentor vindouro. O povo precisava ser impressionado com a verdade de que o Ser puríssimo tipificado pelo cordeiro era tão perfeito que não haveria outro igual.  Eles ofereciam frequentemente cordeiros de um ano no santuário, e precisavam compreender que quem faria o sacrifício antitípico no futuro seria o próprio Senhor Deus. Deus proveria para Si o Cordeiro enviando Jesus Cristo, o mais puro dentre os puros.      

Um grande perigo
            Porque é impossível que os que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo,  e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro,   e depois caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; visto que, quanto a eles, estão crucificando de novo o Filho de Deus, e o expondo ao vitupério.” (Hb 6:4-6) Estaria Paulo aqui se referindo ao pecado contra o Espírito Santo, o único que não pode ser perdoado?
            Adam Clarke sugere que os aí referidos são apóstatas do cristianismo, os quais rejeitaram todo o sistema cristão e Seu Autor, o Senhor Jesus. Os que, irrevogavelmente contra tudo quanto se refira à religião de Cristo, e que ainda se postam contra o povo de Deus e estorvam-lhe a santa obra. Porventura estariam entre esses infelizes Esaú, que a Bíblia diz ter sido profano, e Saul, que desonrou Deus por sua obstinada desobediência.
            Não há dúvida de que foi esse o caso de Hofni e Finéias, filhos de Eli: “Na reprovação de Eli a seus filhos acham-se palavras de uma significação solene e terrível - palavras que todos os que ministram em coisas sagradas bem fariam em ponderar:  "Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o Senhor, quem rogará por ele?" 1Sm 2:25. Houvessem seus crimes lesado unicamente seus semelhantes, e poderia o juiz ter feito a reconciliação, indicando uma pena, e exigindo a devida restituição; e assim os transgressores poderiam ter sido perdoados. Ou, se não tivessem eles sido culpados de um pecado de presunção, uma oferta para o pecado poderia ter sido apresentada por eles. Mas seus pecados estavam de tal maneira entretecidos com seu ministério de, na qualidade de sacerdotes do Altíssimo, oferecerem sacrifício pelo pecado, e a obra de Deus foi de tal maneira profanada e desonrada perante o povo, que nenhuma expiação por eles poderia ser aceita. Seu próprio pai, embora fosse sumo sacerdote, não ousou interceder em favor deles; não os podia defender da ira de um Deus santo. De todos os pecadores, são os mais culpados os que lançam o desdém aos meios que o Céu proveu para a redenção do homem - pecadores estes que ‘de novo crucificam o Filho de Deus, e O expõem ao vitupério’. Hb 6:6.” Patriarcas e Profetas, 580.
“Deus opera pela manifestação de Seu Espírito para reprovar e convencer o pecador; e, se a obra do Espírito é finalmente rejeitada, nada mais há que Deus possa fazer pela alma. O último recurso da misericórdia divina foi empregado. O transgressor desligou-se de Deus; e o pecado não tem remédio para curar a si mesmo. Não há um poder reservado, pelo qual Deus possa operar para convencer e converter o pecador. ‘Deixa-o’ (Os 4:17), é a ordem divina. Então, ‘já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários’. Hb 10:26 e 27.” Idem, 405.   
 “Quando o Espírito de Deus é entristecido de tal modo que venha a retirar-Se, todo apelo feito através dos servos do Senhor é inexpressivo para eles. Interpretarão mal cada palavra. Zombarão e escarnecerão das mais solenes advertências bíblicas, as quais, não houvessem eles sido fascinados por instrumentos satânicos, os fariam tremer. Todo apelo feito a eles é inútil. Não prestam atenção a repreensões e conselhos. Desprezam todas as instâncias do Espírito e desobedecem aos mandamentos de Deus que outrora defendiam e enalteciam. As palavras do apóstolo bem podem aplicar-se a tais pessoas: ‘Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade?’ Gl 3:1. Seguem o conselho de seu próprio coração até que a verdade deixa de ser verdade para eles. Barrabás é escolhido, e Cristo é rejeitado.” E Recebereis Poder, 36.  



[1] Em verdade, segundo nossa crença, Jesus entrou no Lugar Santíssimo para assentar-Se com Seu Pai no trono do Universo como Rei. Mas como Sumo Sacerdote, iniciou Seu ministério sacerdotal no Lugar Santo, assim como tipificado no ritual veterotestamentário, para comparecer diante do Pai e pleitear a causa de Seus filhos terrenos.  
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