Insensatez

“Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido” (Mateus 5:17-18)

“Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem” (Eclesiastes 12:13)

"Meu pai era alcóolatra"

(adaptado do texto do Pr. Antonio Oliveira Tostes)

“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele que é o meu socorro, e o meu Deus” (Salmos 42:11)

Nasci num lar católico em fevereiro de 1965, e meus pais eram muito religiosos. Naquele tempo, nossa vida era muito difícil, pois meu pai era alcoólatra e, apesar de ser um bom homem, quando chegava em casa alcoolizado batia na esposa e nas duas filhas adolescentes. Minha mãe lutava com muita dificuldade, trabalhando fora como costureira para manter as meninas. Ela confiava que Deus não apenas cuidaria das filhas, como também um dia transformaria o esposo e o faria deixar as bebidas.

Ela viveu essa luta por muitos anos, até que engravidou do meu irmão e escondeu a gravidez o máximo que pôde do meu pai. Certa vez, bêbado, ele tentou espancar minha mãe para que ela perdesse a criança. Por causa da rejeição do pai, a gravidez foi muito difícil. Mas quando nasceu o menino, ele o aceitou e o batizou com o nome dele mesmo, Geraldo. Com o nascimento dessa criança, a vida começou a melhorar. Quando o Geraldo tinha um ano e meio e as meninas já estavam grandes, papai quis ter outro menino. Recebi, então, o nome do meu avô, Antonio.

Um detalhe importante é que, 15 dias antes de minha mãe dar à luz o Geraldo, ela teve um sonho em que viu uma imagem de Jesus, que lhe era familiar, e viu também um bebê enrolado num manto branco. Ela perguntou à imagem por que ela teria aquele menino. A resposta foi que seria para “trazer a introdução”. Ela procurou o padre e as amigas da igreja em busca do significado do sonho. O que queria dizer “introdução”? Eles apenas disseram que introdução era o início de alguma coisa.

Realmente o Geraldo trouxe a “introdução”. A vida em casa começou a ficar melhor, materialmente falando, mas principalmente porque foi graças ao Geraldo que a mensagem adventista alcançou nossa família, quando ele tinha 18 anos. Ele conheceu essa mensagem por meio de um amigo que morava na mesma rua. Ele e eu nos batizamos sem que nosso pai soubesse. Tínhamos medo de ser expulsos de casa ou de apanhar dele. Mas a mãe e as irmãs nos apoiaram.

Um dia, o pai fez a pergunta que temíamos: “Vocês mudaram de religião?” O Geraldo respondeu que sim, e ele perguntou por que não havíamos dito isso a ele. Geraldo explicou que tínhamos medo que ele não entendesse e que nos punisse. Naquele momento, ele nos abraçou num dos momentos mais emocionantes da nossa vida e nos disse: “Filhos, quero dizer a vocês que o mesmo senhor lá no bar que me disse que vocês mudaram de religião disse também que vocês são os melhores rapazes do bairro.” O pai não apenas apoiou nossa decisão, como permitiu que mamãe fosse à igreja conosco e fosse batizada com nossas irmãs. Depois, os cunhados e os nossos sobrinhos também acabaram aceitando a mensagem adventista, cumprindo aquela “profecia” que a mãe teve antes do nascimento do Geraldo, de que ele seria a “introdução”.

Meu irmão sempre foi uma pessoa muito religiosa. Era professor da Escola Sabatina na igreja, pregava, e todo mundo dizia que ele deveria fazer teologia. Mas ele não tinha recursos e nunca havia saído de Minas, muito menos teria condições de ir para São Paulo. Certa vez, o pai brigou feio com a mãe. Ele estava bêbado e a ameaçou de morte. Foi quando o Geraldo o enfrentou. Eles não brigaram, mas o pai saiu para beber, e o Geraldo foi para o quintal de casa chorar e perguntar a Deus por que a vida tinha que ser daquele jeito, por que a família toda havia se batizado e o pai não. Foi quando Deus lhe disse que ele deveria estudar teologia.

Geraldo foi para a Universidade Adventista de São Paulo – Unasp (antigo IAE), como bolsista industriário. Depois descobriu a colportagem (venda de livros religiosos) e tornou-se aluno regular, capaz de pagar pelos estudos. O pai havia dito que, se meu irmão saísse de casa para estudar, que não voltasse nunca mais, e chegou a agredi-lo. Mas quando foi visitá-lo no colégio e viu o ambiente onde ele estava, o pai mudou de idéia e passou a apoiar o Geraldo. É verdade que ele nunca pôde ajudá-lo financeiramente, mas no dia da formatura do meu irmão, lá estava papai, que o abraçou chorando e disse que, no dia em que ele pudesse fazer um batismo, ele seria batizado por ele.

Posteriormente, tornei-me obreiro e pastor também, mas meu pai ainda sofria e fazia mamãe sofrer com o alcoolismo e o tabagismo. Não entendíamos como ela conseguia suportar tudo aquilo, e ela dizia que fazia por amor a ele e aos filhos e que, como Deus havia feito tanto pela família, também haveria de mudar o coração dele.

Até que, um dia, ficamos sabendo que papai estava com câncer. Eu estava morando no Rio de Janeiro nessa época e tive oportunidade de ir para outros lugares distantes, mas não fui, pois quis ficar perto dos meus pais, que moravam em Juiz de Fora. Nesse momento difícil, recebi um chamado para trabalhar exatamente naquela cidade.

Depois de seis meses lá, fiz uma semana de oração em minha antiga igreja, no bairro Santa Luzia, onde moravam meus pais. Meu pai quase não ia à igreja e eu preparei as mensagens da semana de oração pensando nele. Ele foi, assistiu a toda a programação e, naquela semana, houve uma transformação na vida dele. No sábado, quando fiz o apelo para o batismo, ele se levantou, foi à frente, me abraçou e disse no meu ouvido: “Filho, eu quero amar esse Jesus que você tanto ama e quero estar nesse Céu de que você tanto prega.” E me pediu para ser batizado.

Exatamente 15 dias depois da semana de oração, ele teve complicações: uma artéria onde estava localizado o câncer se rompeu. Naquele momento em que ele sangrava, minha mãe acariciou os braços que tantas vezes a haviam machucado e disse para ele: “Geraldo, não fique triste, porque vamos estar no Céu com nossos filhos.” Em resposta, ele fez que sim com a cabeça, deixou a bacia de sangue cair no chão e curvou-se nos braços de minha mãe, falecendo.

Tenho certeza de que meu pai morreu preparado. A conversão dele se deve, em primeiro lugar, ao milagre do poder do Espírito Santo, que pode levar à conversão toda e qualquer pessoa que se entregue a Ele. Deve-se, em segundo lugar, à fé e à coragem de uma mãe que suportou tudo, sofreu a vida inteira, mas foi fiel, porque confiava que Deus poderia transformar a vida de meu pai. Isso só aconteceu porque minha mãe fez a parte dela fielmente. Deus nunca deixou de responder às orações dela, que hoje tem boa saúde e diz que todo o sofrimento pelo qual passou não foi em vão. Ela diz que sua maior alegria é ter toda a família na igreja e dois filhos servindo a Deus no Ministério.

Acredito que vim ao mundo para pregar ao meu pai, a fim de que ele pudesse ter a chance de ser salvo. Um dia ele vai ser ressuscitado e poderei abraçá-lo. Enquanto isso, vou contando esse testemunho que tem ajudado outras pessoas a aceitar a Jesus como o Salvador capaz de transformar-lhes a vida.

REFLEXÃO: “A fé e o amor vêm por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho” (Colossenses 1:5)

Fonte: Michelson Borges, via Contato Imediato

A perfeita vontade de Deus

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)

Sempre li esse verso e acreditei que ele indicava diversas variações da vontade de Deus para nossa vida. Para mim, significava que existe algo bom, algo aceitável e algo perfeito que Deus nos pede para fazer. Mas eu nunca consegui saber como chegar lá, até a semana passada.

No último fim de semana, orei por isso várias e várias vezes, por causa das mensagens de Jim Hohnberger e do que elas deveriam significar para mim e para minha família. Estou lendo o livro do Jim nesta semana, chamado Men of Power (Homens de Poder). Descobri (“admiti” talvez seja a palavra mais adequada) que eu NÃO sou realmente um homem de poder. Pelo menos, ainda não.

O conselho de Paulo a Timóteo (1 Timóteo 3:4, 5) nos diz que os homens que estão envolvidos no ministério da igreja devem ter seus lares em ordem. Deveríamos estar levando nossas famílias a Cristo – esse é o nosso PRINCIPAL trabalho. Como Abraão, devemos liderar nossos filhos e nossa família no caminho do Senhor (Gênesis 18:19). NADA deve tomar o lugar desse trabalho que devemos fazer com nossa família. Nem o trabalho, nem a igreja, nem o ministério, nem projetos comunitários, NADA. Como podemos ser bons de verdade se “ganhamos” o mundo para Cristo e perdemos nossas famílias? Além disso, se nossas famílias são um fracasso, que tipo de evangelho (boas novas) temos para compartilhar? Freqüentamos a igreja, dizemos as coisas certas, fazemos as programações certas e achamos que está tudo bem? Se somos realmente honestos conosco mesmos, acredito que não existe um entre vinte homens cristãos que possa de fato dizer que tem uma ligação vital e diária com Deus e que esteja seguindo o caminho que ELE traçou para nossas vidas, e não o caminho que nós escolhemos.

Considerando essas questões, tenho uma confissão a fazer. Sou uma fachada, uma fraude. É isso mesmo que você ouviu. Sou uma fachada, uma fraude... porque eu represento aqui (na internet) algo que eu não sou de verdade. É claro, eu sei as doutrinas e acredito nelas. Sei o que é verdade presente e creio nela. Sou um membro de igreja em “situação boa e regular”. Eu sei o que significa a verdadeira reforma de saúde, mas não vivo isso. Eu afirmo ser adventista, mas minha vida diz outra coisa. Em casa, eu me estresso com minha esposa e com meus filhos diariamente. Perco o controle e fico zangado com muita freqüência. O mesmo vale para o meu trabalho. Meu chefe nem sempre é a pessoa mais agradável do mundo para se trabalhar e, conseqüentemente, deixo que ele influencie minha atitude. Depois desconto nos meus subordinados. Acabei com o todo o bom testemunho que poderia ter dado para as pessoas com quem eu trabalho, e elas sabem bem disso. Em cada área da minha vida, tenho falhado em seguir o exemplo de Cristo. E agora, o que eu faço?

Jesus disse que, sem Ele, não podemos fazer NADA. Finalmente entendi essa afirmação e que ela pode se aplicar à minha vida. Sem permanecer nEle, diariamente, a cada momento, não tenho chance. Se Ele próprio não conseguiu sem uma comunhão constante com Seu Pai, como posso achar que eu conseguiria?

Então, que rumo devo seguir agora? Bem, há um ótimo texto que explica tudo isso. É o capítulo 4 do livro Vida Plena de Poder, intitulado “Tente Pouco e Realize Muito” [o cap. 3 do livro Fuga para Deus, chamado “Uma Vida de Simplicidade”, também fala sobre isso]. A conclusão é: devemos nos livrar de tudo (e eu realmente quero dizer “tudo”) em nossas vidas que fica entre nós e Deus, entre nós e a salvação de nossa família.

Amigos, é hora de abrir mão das coisas que achamos que são boas para obter o melhor que Jesus tem para nossa vida. Paulo diz: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém” (1 Coríntios 6:12). Ele tinha medo de ficar sob o poder de qualquer coisa que o afastasse de Cristo.

Tenho vergonha de admitir onde eu estive na minha caminhada cristã, mas não tenho vergonha de dizer que estou progredindo a cada dia. Estou me esforçando para alcançar a linha de chegada, para que, depois de correr nessa corrida, eu não seja desclassificado. Não quero que nada atrapalhe minha caminhada com Cristo. E agora percebo, mais do que nunca, a solene responsabilidade que foi colocada perante mim como o sumo-sacerdote do meu lar. Tenho uma obrigação perante meu Deus e minha família, e nada deve tomar esse lugar.

É com esse pensamento e essa convicção em mente que estou me desligando (da internet). Percebi que um dos entretenimentos que pessoalmente mais me distraem de Deus e da minha família é o computador. Quer seja algo bom (como este site) ou aceitável (como fazer pesquisas, checar e-mails, ler notícias, etc.), está roubando o tempo que eu deveria gastar com o que é O MELHOR. Eu não deixarei mais que essas coisas roubem o tempo que eu deveria dedicar a Deus e à minha família. Além disso, o que eu teria para compartilhar de fato com vocês, meus amigos, se o Espírito Santo não estiver morando dentro de mim e dirigindo minha vida em casa?

Embora eu goste muito de estar online, não posso continuar trocando as coisas mais importantes da vida por isso. Por favor, lembre-se de mim em suas orações enquanto viajo por essa estrada pouco transitada até o destino final, preparado pelo nosso Pai celestial. Que a vontade dEle seja feita e que eu encontre nEle a força para firmar minha vida diariamente, submetendo minha vontade à de Deus. Que Deus o ajude também a encontrar essa coragem incomum para fazer o mesmo.

REFLEXÃO: “Portanto, nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta” (Hebreus 12:1)

Michael Arcand, mantenedor do "extinto" blog Abundant Rest Ministries, via Contato Imediato

O mito da grama mais verde

(Pr. Rubens M. Scheffel)

"Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo. Êxodo 20:17

Cobiça não é admiração inofensiva daquilo que o vizinho possui. É o desejo veemente de possuir o que é dele, a ponto de incorrer em adultério, furto ou homicídio, dependendo do objeto cobiçado.

O rei Acabe, por exemplo, cobiçou a vinha de Nabote a ponto de permitir que Jezabel, sua mulher, planejasse a morte desse homem a fim de se apossar de sua propriedade (1Rs 21:1-16). Vejam o que diz Tiago: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1:14, 15). Daí por que o décimo mandamento é diferente dos outros nove, porque enquanto eles se concentram no comportamento (Não terás, não farás, não tomarás, não furtarás, etc), este mandamento se dirige à raiz de todos os nossos problemas: os motivos.

A verdade é que somos responsáveis diante de Deus não só pelos nossos atos, mas também pelos pensamentos. Os pensamentos impróprios promovem desejos impróprios, que por sua vez geram ações incorretas: “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt 15:19).

“Este mandamento revela a profunda verdade de que não somos escravos desamparados de nossos desejos naturais e paixões. Dentro de nós existe uma força de vontade que, sob o controle de Cristo, pode submergir todo desejo ilícito e paixão (Fp 2:13)” (SDA Bible Commentary, v. 1, p. 607, 608).

Quando cobiçamos algo, nos tornamos infelizes, porque passamos a comparar o que os outros têm com o que temos ou deixamos de ter: “Ah, se eu tivesse uma casa igual à dele!” “Ah, se minha mulher fosse assim tão carinhosa!” “Ah, se meu filho fosse tão estudioso quanto o seu!”

Qual o remédio para a cobiça? É o contentamento. “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes” (Hb 13:5). Se Jesus habita em nosso coração será mais fácil nos contentar com o que temos, pois o que realmente importa é ter a eternidade no coração.

Logo os bens terrenos passarão. Então veremos que o Céu é o único lugar onde a grama é, de fato, mais verde.

REFLEXÃO: “Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (I Timóteo 6:10)

Fonte: MM 2010


Nossos filhos... nossas cópias II

"A coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais" (Provérbios 17:6)

REFLEXÃO: "Os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado" (Salmos 78:3)

A Bíblia escondida

(adaptado do texto de Robert Wong)

“Bendize, ó minha alma ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o Seu santo nome. Bendize, ó minha alma ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de Seus benefícios” (Salmo 103:1 e 2)

Como pôde um jovem com problemas pulmonares suportar 15 anos de confinamento numa prisão e num campo de trabalhos forçados na China, por causa de suas convicções religiosas e finalmente sair são e salvo? Como foi sua vida preservada — pelo menos umas seis vezes — de acidentes quase fatais dentro daquele campo? Como pôde ele, encerrado numa cela de 1,80 X 2,75m durante anos, ter depois o privilégio de viajar por 12 países para testemunhar da verdadeira liberdade em Cristo? Como pôde ele, depois de privado do estudo normal por 25 anos, ter inesperadamente a oportunidade de retornar aos estudos e obter um doutorado aos cinqüenta e poucos anos? Como pôde esse menino acanhado tornar-se locutor de rádio e evangelista? Eu sou esse jovem, esse estudante, esse prisioneiro.

De entre as muitas bênçãos e cuidados providenciais vindos de nosso Senhor, eu gostaria de partilhar um testemunho especial de quão maravilhoso nosso Deus de amor é! Passei os primeiros quatro anos de aprisionamento numa casa de detenção, e lá fui posto sob segurança máxima por causa de minha crença religiosa. Isso significava que eu não podia escrever cartas ou recebê- las dos membros de minha família. Tudo o que recebi numa tarde quente de verão foi um documento contendo minha sentença. Mais tarde fui transferido para uma prisão regular em Shanghai por mais quatro anos, para completar minha pena de oito anos. As condições de vida lá eram quase tão ruins quanto as da casa de custódia — nada de cama, cadeiras, mesa, livros para ler, exceto a bíblia vermelha de Mao Tse Tung, Mao’s Quotations. A comida era tudo, menos desejável.

Havia uma única coisa para compensar e que viria mais tarde: permissão para comunicar-me com minha família por cartas, bem como mediante visitas controladas. Foi-me dito, contudo, que minha carta deveria limitar-se a 100 caracteres chineses (menos de um terço de página). Depois da primeira visita feita por membros mais chegados de minha família, uma nova esperança surgiu-me no coração. Mais importante do que receber alimento suplementar (o que não era permitido naquele tempo), eu tinha fome das Escrituras em meu coração, visto que a minha Bíblia de bolso havia sido confiscada na chegada à casa de detenção. Sabendo de antemão que estaria confinado por longo tempo antes de meu encarceramento prolongado, memorizei tantas passagens da Bíblia quantas pude. Comecei com o livro de Daniel, verso por verso, e continuei com Apocalipse, depois os Salmos e então outros textos familiares do Velho e do Novo Testamentos. Pela graça de Deus, dei certa vez um estudo bíblico a dois colegas de cela sem ter uma Bíblia à mão. Usando uma abordagem temática no estudo sistemático das doutrinas cristãs, citei-lhes dez ou mais versos no primeiro dia. No dia seguinte, recapitulamos as doutrinas e os versos bíblicos. No terceiro dia, tentamos repeti- los de cor. Mais tarde até pusemos alguns desses versos num cântico.

Mas o tempo todo eu almejava ter um exemplar da Bíblia nas mãos. Do ponto de vista humano, durante o período da chamada Revolução Cultural (1966-1976) na China, quando tudo girava freneticamente e o tecido social mostrava-se completamente esfacelado, obter uma Bíblia, então um livro proscrito, era pura fantasia. Qualquer tentativa de consegui-la clandestinamente me poria em risco e também minha família. Mas nosso Deus é o maravilhoso Operador de milagres.

Um dia, enquanto eu escrevia para casa, estava refletindo como poderia dar uma dica de que eu precisava desesperadamente de uma Bíblia. Justamente nesse momento ouvi uma forte voz — um dos detentos estava chamando alguém com o número de identidade 115, 115! O Espírito Santo iluminou minha mente e me fez lembrar de que em nosso velho hinário chinês, o título do hino 115 era “Dá-me a Bíblia”. Um súbito relâmpago mandado por Deus! Maravilhoso! Embora eu não pudesse dizer claramente em minha carta censurada: “Por favor, mandem-me uma Bíblia”, escrevi: “Enviem-me um livro de notas 115”, e sublinhei o número. Entreguei a carta ao guarda da prisão com uma oração silenciosa. Quando ele a examinou e disse OK, vi realmente que ele não havia detectado o segredo espiritual.

O mesmo Espírito Santo que me iluminou também abriu os olhos dos membros de minha família, dando-lhes o entendimento de minha mensagem secreta. No dia destinado à visitação nossos corações pulsavam. Oito minutos se passaram e justamente antes dos membros de minha família saírem, disseram- me: “Quando você usar o sabão, corte-o em pedaços”. Meneei a cabeça e emiti um sorriso compreensivo. Depois da despedida, a polícia me entregou os itens essenciais, inclusive uma grande barra de sabão para lavar roupa.

Nada era fácil numa cela apertada. Pensei por um momento como retirar aquilo que eu suspeitava estar dentro da barra de sabão, sem ser visto pelo guarda e os demais. Era quase hora do pôr-do-sol. De costas para meus companheiros de cela e com o guarda olhando noutra direção, pus minha roupa suja numa bacia. Usei uma linha para dividir o sabão em duas metades. Um pequeno Novo Testamento de bolso embrulhado em plástico apareceu. Isso foi muito excitante! Rapidamente coloquei a Bíblia no bolso de minha roupa de baixo. Agradeci a Deus e orei: “Ó Senhor! Puseste alegria em meu coração, mais alegria do que a deles no tempo em que se lhes multiplicam o trigo e o vinho. Em paz me deitarei e dormirei, porque só Tu, Senhor, me fazes habitar em segurança”. (Salmo 4:7 e 8)

Na manhã seguinte, vi diversos prisioneiros em fila no saguão. Eles foram obrigados a confessar que eram anti-reformistas. Haviam sido apanhados com artigos proibidos, os quais estavam pendurados em seu pescoço. Um tinha um bombom, outro biscoitos e outro, ainda, toucinho acondicionado num tubo de pasta de dentes, o qual havia sido inserido pelos membros da família. Todos foram detidos e punidos os que receberam os itens contrabandeados. Soube mais tarde que alguém tinha posto uma agulha dentro de uma barra de sabão; isso também fora descoberto e confiscado. Pareceu-me que a polícia coou um mosquito e engoliu um camelo! Os agentes haviam descoberto uma pequena agulha numa barra de sabão, mas não viram o Novo Testamento. Quão surpreso e grato fiquei com o poder e amor de Deus.

“Portanto, não vos inquieteis... Vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. Mas buscai primeiro o Seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. (Mateus 6:31- 33.)

Mas como poderia eu ler minha Bíblia sob a constante vigilância do guarda? Essa é outra história. Nunca me esquecerei do que Deus fez por mim — alguém faminto e sedento de Sua verdade e justiça. A Bíblia verdadeiramente tornou-se uma luz em minha vereda e um guia infalível em meio às trevas. Ademais, o lugar mais seguro e o caminho mais eficiente é ter a Palavra de Deus em nosso coração, em nossa alma e em nossa vida.

REFLEXÃO: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem” (Salmos 103:13)

Você decide como agir

"Sede todos de igual ânimo, compadecidos... não pagando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados" (I Pedro 3:8 e 9)

Os cristãos são chamados a viver a regra áurea, independentemente de como são tratados pelos outros. Isso é contrário à caída natureza humana, mas alguém que se tenha tornado participante da natureza divina é capacitado a viver por esse princípio.

Numa tarde, vários anos atrás, Sydney Harris, jornalista de Chicago, e um amigo seu dirigiram-se a uma banca de jornais e revistas. O amigo comprou um jornal e depois agradeceu ao vendedor. Este, por sua vez, mal tomou conhecimento do comprador.

- "Que tipo mal-humorado, não"? - observou Harris.

- "Faz anos que compro jornal aqui, mas ele nunca responde" - disse calmamente o amigo.

- "Por que, então, você continua a ser educado com ele"? - quis saber Harris. A resposta do amigo foi reveladora:

- "Por que deveria eu deixar que ele decida como devo agir"?

Quando paramos para pensar nisso, vemos que existe sabedoria verdadeira nesta filosofia. As pessoas que permitem que os outros decidam como elas devem agir, estão entre as mais infelizes do mundo. Todos nós conhecemos gente assim.

Alguns têm semelhança com anfíbios. A temperatura corporal dos anfíbios (um tipo de criatura que inclui os sapos e a salamandra-aquática) é determinada pelo ambiente. Quando a temperatura ao redor de um anfíbio se eleva, a temperatura do corpo dele sobe; quando a temperatura-ambiente baixa, sua temperatura corporal cai.

Você conhece alguém, por exemplo, que deixou de freqüentar a igreja porque os membros pareciam indiferentes? Se é verdade que a igreja é fria, essa pessoa assumiu a temperatura de seu ambiente.

Li acerca de dois homens que viviam perto de um pantanal. Nenhum deles gostava de morar ali. Um deles mudou-se. O outro drenou o pântano e tornou-o habitável. Pergunte a si mesmo, assim como eu me pergunto: "Com qual desses homens eu me pareço mais?"

REFLEXÃO: “Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e maus” (Lucas 6:35)

Fonte: Jesus Voltará

Muito mais do que isso

"Disse Amazias ao homem de Deus: Que se fará, pois, dos cem talentos de prata que dei às tropas de Israel? Respondeu-lhe o homem de Deus: Muito mais do que isso pode dar-te o Senhor" (II Crôn. 25:9).

Amazias havia formado um exército de 300.000 homens para combater Edom, e depois havia contratado ainda 100.000 mercenários do reino de Israel por 100 talentos de prata. Hoje, essa prata seria equivalente a um milhão de dólares (não muito em termos de gastos militares hoje em dia, mas uma fortuna respeitável naquele tempo).

Foi então que certo "homem de Deus", um profeta, chegou com a mensagem. Se Amazias fosse à guerra com seus mercenários israelitas como aliados, o Senhor faria com que ele caísse diante do inimigo, "porque o Senhor não é com Israel" (II Crôn. 25:7). Amazias acabaria perdendo os cem talentos, bem como o apoio do exército israelita. Que deveria fazer?

Outro dia visitei o gerente de uma casa publicadora que enfrentava um dilema semelhante. Ele aceitara fazer anúncios de certa marca de pasta de dentes de um empresário local, imprimindo-os em sua revista de saúde. Claro que não havia nada de errado com a pasta de dentes, e aquele dinheiro a mais estava ajudando a pagar despesas gerais. Depois, sem pensar, nosso amigo aceitou o anúncio de outro produto da mesma empresa, um produto que não se harmonizava com os princípios de saúde de sua revista. Compreendeu em seguida o seu erro e explicou ao empresário que não poderia imprimir a nova propaganda. O negociante começou a discutir e ameaçou retirar todos os anúncios. Fico feliz em dizer que nosso amigo escolheu desistir dos "cem talentos", em lugar de envolver-se com algo que apontava para uma direção errada.

Você já enfrentou um dilema parecido? Alguma vez você já investiu recursos, inocentemente, em algo que prometia amplo retorno, mas que acabou sendo um negócio questionável? Nessas situações, é melhor entrar no reino sem um "olho direito" ou sem a "mão direita" (Mateus 5:29 e 30), do que "ganhar o mundo inteiro e perder [quem sabe] a alma" (Mateus 16:26).

REFLEXÃO: “E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui” (Lucas 12:15)

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