Por Márcio de Souza
Você já teve a sensação de estar abatido? De estar sendo perseguido?
Atribulado? Pois é tenho tido essa sensação e garanto que não é a melhor
sensação do mundo. Cada notícia que recebo, cada manchete estampada
contra a igreja, os genocídios cometidos em nome da ganância, a incrível
incompetência dos órgãos públicos em relação aos nossos idosos e as
crianças miseráveis, contribuem para esse quadro de crise que atravesso.
Mas
espere um pouco... o que seria do ministro sem as crises? O que seria do
evangelho sem aqueles que choram e compartilham a tristeza e a ira de
Deus contra essa geração depravada? O apóstolo Paulo diz em II Co 4.7-15
que essas coisas existem para que a graça se multiplique!
Confesso que tenho dificuldade de encarar a depressão espiritual
como Paulo, mas também, estamos falando de um homem sem igual, Que não
teve parceiro, que encarou suas crises sozinho e declarou que sua morte
seria lucro, porque não se considerava mais como um dos viventes da
terra, mas como um espírito que anda, como um arauto imbatível no
diálogo e incansável nas andanças.
Somos vasos de barro, gente que erra, que peca, que fala da vida dos
outros, que murmura, somos o povo do deserto, que lamentava ter saído do
Egito porque não teriam covas para seus funerais. Somos assim porque
ainda não entendemos que o ministério é fogo cruzado, e alguém
desavisado saíra disso extremamente machucado. Deus nos fez frágeis,
para que o seu poder fosse reconhecido entre os povos e não a nossa
capacidade de persuadir ou de falar bonito. Paulo usa o capítulo 4 de II
Coríntios como uma prova de que mesmo sendo inigualável em alguns
quesitos, era feito do mesmo barro que Adão. O homem destemido e
poderoso era perturbado constantemente por um mensageiro de satanás que
lhe esbofeteava a cara sempre que ele achava que era alguém.
Entenda o seguinte: Não há espaço para personalismo no Reino. Se
existem pastores super expostos na mídia, há algo de errado, os grandes
homens de Deus raramente se expõem dessa forma, eles preferem a base, o
alicerce ao invés da capa. John Sttot, preferiu viver uma vida simples a
gozar da ostentação dos palácios a que tem acesso como capelão da
rainha da Inglaterra; Enquanto líderes do mundo todo se esbofeteavam por
um lugar na plataforma de Billy Grahan em sua grandiosa cruzada, Dr.
Marthin Lloyd Jones se recusou a estar lá por perceber que a essência do
evangelho se perdia no meio da multidão; Martinho Lutero preferiu a
escuridão do anonimato para traduzir a bíblia para o vernáculo local, ao
invés dos holofotes que lhe tirariam a paz. Não se iluda, a vida do
ministro será sempre de altos e baixos, Deus faz assim para que não nos
esqueçamos que somos vasos de barro e não homens de aço.
Termino esse desabafo citando Charles Spurgeon falando aos seus alunos sobre II Coríntios:
“Meu testemunho é que os que são honrados por Deus publicamente, geralmente têm que sofrer o castigo secreto, ou têm que carregar uma cruz peculiar, a fim que de algum modo não se exaltem e caiam no laço do diabo”
Fonte: Blog Marcio