Relacionamentos - quando ser "racional" não é o suficiente

(adaptado do texto do Pr Frank Medina)

“O amigo ama em todo o tempo; e para a angústia nasce o irmão” (Provérbios 17:17)

Um dia, durante uma conversa entre advogados, me fizeram uma pergunta: "O que de mais importante você já fez na sua vida"?

A resposta me veio a mente na hora, mas não foi a que respondi pois as circunstâncias não eram apropriadas. No papel de advogado da indústria do espetáculo, sabia que os assistentes queriam escutar anedotas sobre meu trabalho com as celebridades. Mas aqui vai a verdadeira, que surgiu das profundezas das minhas recordações. O que de mais importante que já fiz na minha vida, ocorreu em 08 de outubro de 1990.

Comecei o dia jogando golfe com um ex-colega e amigo meu que há muito não o via. Entre uma jogada e outra, conversávamos a respeito do que acontecia na vida de cada um. Ele me contava que sua esposa e ele acabavam de ter um bebê. Enquanto jogávamos chegou o pai do meu amigo que, consternado, lhe diz que seu bebê parou de respirar e que foi levado para o hospital com urgência. No mesmo instante, meu amigo subiu no carro de seu pai e se foi.

Por um momento fiquei onde estava, sem pensar nem me mover, mas logo tratei de pensar no que deveria fazer: Seguir meu amigo ao hospital? Minha presença, disse a mim mesmo, não serviria de nada pois a criança certamente está sob cuidados de médicos, enfermeiras, e nada havia que eu pudesse fazer para mudar a situação.

Oferecer meu apoio moral? Talvez, mas tanto ele quanto sua esposa vinham de famílias numerosas e sem dúvida estariam rodeados de amigos e familiares que lhes ofereceriam apoio e conforto necessários acontecesse o que acontecesse. A única coisa que eu faria indo até lá, era atrapalhar. Decidi que mais tarde iria ver o meu amigo. Quando dei a partida no meu carro, percebi que o meu amigo havia deixado o seu carro, aberto com as chaves na ignição, estacionado junto às quadras de tênis. Decidi, então, fechar o carro e ir até o hospital entregar-lhe as chaves.

Como imaginei, a sala de espera estava repleta de familiares que os consolavam. Entrei sem fazer ruído e fiquei junto à porta pensando o que deveria fazer. Não demorou muito e surgiu um médico que aproximou-se do casal e em voz baixa, comunica o falecimento do bebê.

Durante os instantes que ficaram abraçados - a mim pareceu uma eternidade - choravam enquanto todos os demais ficaram ao redor daquele silêncio de dor.

O médico lhes perguntou se desejariam ficar alguns instantes com a criança. Meus amigos ficaram de pé e caminharam resignadamente até a porta.

Ao ver-me ali, aquela mãe me abraçou e começou a chorar.

Também meu amigo se refugiou em meus braços e me disse: "Muito Obrigado por estar aqui!"

Durante o resto da manhã fiquei sentado na sala de emergências do hospital, vendo meu amigo e sua esposa segurar nos braços seu bebê, despedindo-se dele.

Isso foi o mais importante que já fiz na minha vida.

Aquela experiência me deixou três lições:

Primeira: o mais importante que fiz na vida, ocorreu quando não havia absolutamente nada, nada que eu pudesse fazer. Nada daquilo que aprendi na universidade, nem nos anos em que exercia a minha profissão, nem todo o racional que utilizei para analisar a situação e decidir o que eu deveria fazer, me serviu para naquelas circunstâncias: duas pessoas receberam uma desgraça e nada eu poderia fazer para remediar. A única coisa que poderia fazer era esperar e acompanhá-los. Isto era o principal.

Segunda: estou convencido que o mais importante que já fiz na minha vida esteve a ponto de não ocorrer, devido às coisas que aprendi na universidade, aos conceitos do racional que aplicava na minha vida pessoal assim como faço na profissional. Ao aprender a pensar, quase me esqueci de sentir. Hoje, não tenho dúvida alguma que devia ter subido naquele carro sem vacilar e acompanhar meu amigo ao hospital.

Terceira: aprendi que a vida pode mudar em um instante. Intelectualmente todos nós sabemos disso, mas acreditamos que os infortúnios acontecem com os outros. Assim fazemos nossos planos e imaginamos nosso futuro como algo tão real como se não houvesse espaços para outras ocorrências. Mas ao acordarmos de manhã, esquecemos que perder o emprego, sofrer uma doença, ou cruzar com um motorista embriagado e outras mil coisas, podem alterar este futuro em um piscar de olhos. Para alguns é necessário viver uma tragédia para recolocar as coisas em perspectiva.

Desde aquele dia busquei um equilíbrio entre o trabalho e a minha vida. Aprendi que nenhum emprego, por mais gratificante que seja, compensa perder férias, romper um casamento ou passar um dia festivo longe da família.

E aprendi, que o mais importante da vida não é ganhar dinheiro, nem ascender socialmente, nem receber honras. O mais importante da vida é ter tempo para cultivar uma amizade.

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A história ou estória acima, é uma grande lição de vida. Quantas vezes perdemos a chance de agir com a emoção e agimos somente com a razão. É importante racionalizar as coisas, mas devemos também estar abertos para deixar que as nossas emoções nos conduzam.

Infelizmente algo muito parecido aconteceu comigo a uns 9 anos atrás. Uma pessoa maravilhosa que acabei conhecendo devido a esses e-mails que envio, estava com sua filha internada e desenganada pelos médicos. Enquanto a menina estava no hospital visitei-a, orei por ela, conversei muito com a mãe dela. Creio que pela vontade de Deus (só Ele pode explicar isso) a menina faleceu. Decidi comparecer no velório, dizer alguma palavra de conforto àquela mãe mas, naquele dia algumas situações me impediram de ir e sinceramente me sinto mal até hoje. Sei que se tivesse me esforçado um pouco mais teria conseguido ir, mas acredito que isso serviu como lição caso isto ocorra novamente. Saberei pelo menos como agir.

Nós vivemos aqui na terra em média 75 anos, e pelo menos 60 destes anos as pessoas vivem correndo atrás de dinheiro, tentando subir o máximo que podem em suas carreiras e muitas vezes esquecem-se do que é realmente prioritário na vida. As pessoas buscam a realização profissional e pessoal e com isso se esquecem de Deus, se esquecem dos seus familiares, a parentela e dos seus amigos. Vivem longe do que realmente pode nos trazer a melhor das realizações. A Bíblia nos diz no livro de I Timóteo 5:8 - "Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo."

Minha esposa sempre faz um excelente comparativo. Ela não teve a oportunidade de fazer faculdade e quando as pessoas perguntam em que se formou, ela diz: “Me graduei na criação e educação de minha primeira filha, fiz mestrado na criação e educação da minha segunda e doutorado na criação e educação do meu terceiro filho”. Minha esposa deixou o trabalho, os estudos e etc., para fazer o que de mais importante Deus esperava dela: cuidar, criar e acima de tudo, educar os nossos filhos.

As prioridades de nossas vidas devem ser: Ter a Deus em primeiro lugar, a família e os amigos em segundo e depois as outras coisas, como os estudos e o trabalho. Claro que existem exceções, mas os nossos familiares são os únicos que sempre estão ao nosso lado aqui na terra. Quando estamos em sérias dificuldades, são eles que nos dão o "sustento" necessário para seguir em frente. Os bons amigos que conosco compartilham a alegria e a tristeza, também são "peças" fundamentais. Importante é sempre lembrar, que as PESSOAS são o que temos de ESSENCIAL em nossas vidas. Infelizmente hoje, vivemos num mundo onde as pessoas são usadas e as COISAS são amadas... justamente o contrário do caráter ideal de Deus para as nossas vidas. Aliás, se existe uma coisa, e somente uma, que iremos levar desta vida, esta é o CARÁTER, todas as outras serão deixadas nesta terra. As pessoas fazem de tudo (muitas vezes sem honestidade e ética) para alcançar "momentos alegres", que são apenas passageiros e não preenchem uma vida plena de FELICIDADE.

Nada que esta vida pode oferecer é melhor do que o que Deus tem para nos oferecer, só Ele pode nos preencher. Dinheiro, posses, fama e poder, jamais trarão a realização que esperamos; somente os nossos RELACIONAMENTOS trazem esta realização - com Deus e com as pessoas. Sempre que puder pare um instante e reflita sobre o que está ocorrendo na sua vida e volte-se a Deus, fale com Ele, coloque a sua vida nas mãos dEle e Ele te concederá TUDO (o que for essencial) o que você precisa para viver FELIZ.

REFLEXÕES: "Mas buscai primeiro o Seu reino e a sua justiça, e TODAS estas coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 6: 33)

“Deleita-te também no Senhor, e Ele te concederá o que deseja o teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e Ele TUDO fará” (Salmos 37:4- 5)

Sobre Felicidade

(adaptado do texto do Pr Wagner A. de Araújo)

"Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece. Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu" (Eclesiastes 1:2-5)

Papai dizia que seu sonho especial era aposentar-se, comprar um jipe e ver o pôr-do-sol na montanha da Meia Légua e ir dormir em Cambuí (MG). Tecia planos e planos para desfrutar disto plenamente. A época nunca chegou. Ele adoeceu, aposentou-se por invalidez e veio a falecer aos 59 anos de idade. O interessante é que meu irmão Daniel tornou-se herdeiro do mesmo sonho: ter um jipe, ver o pôr-do-sol na montanha e dormir na fazenda. Mas ele não esperou ter isso tudo para embebecer-se da beleza de um ocaso.

Ouço atualmente que Deus sonha, que os sonhos de Deus são estes, são aqueles. Escuto falarem que Deus vai dar Seus sonhos para nós. Bem, se sonho é desejo por realizar, e se Deus é soberano sobre todas as coisas, concluo que essa afirmação está errada. Deus não sonha. Deus não idealiza algo para o futuro, pois para Ele tudo é presente. Deus também não precisará lutar e tentar para conseguir; Ele pode todas as coisas. Nós sonhamos, mas Deus não. Sonhos são abstratos e, não raras vezes, inatingíveis. O grande desafio é fazer com que os nossos sonhos se adequem à vontade de Deus. Aí sim teremos a sincronia cósmica entre sonho e realidade, uma autêntica sinfonia!

Gosto da filosofia de vida que o Apóstolo Paulo assumiu para si mesmo: “vivo contente em toda e qualquer circunstância” . Quisera que todos pensássemos assim! Quisera que não fôssemos os 'eternamente insatisfeitos' , a clamar por coisas, objetos, situações ou sonhos, o tempo todo, nos ouvidos de Deus. Quisera que “a vontade de Deus para conosco” se cumprisse voluntariamente dentro de nós: “dar graças em tudo”. Há de se buscar algo de bom na experiência que se vive. Eu acredito que o caminho dos sonhos já é uma grande realização: nós amamos e desfrutamos do processo, da conquista, da luta, do ideal.

A felicidade não está apenas em alcançar um objetivo, mas em vivenciar o processo para esse alcance. Quantos de nós não choramos, saudosos, ao lembrar-nos dos anos imorredouros do primário, ginásio, colégio, universidade? Conseguimos os diplomas, mas estes, sem aqueles, seriam apenas documentos frios e estáticos. Contudo, são preciosos, porque têm em seu bojo um cabedal de recordações preciosas. É o processo!

Viver é ter certeza de que somos temporários por aqui e que nada é nosso, tudo é emprestado. Quantas pessoas, há cem anos atrás, eram proprietárias de tanta coisa, fazendas, bens, engenhos, plantações, e hoje esse patrimônio não lhes pertence mais! A casa onde vivo era xodó do meu saudoso pai. Ele não mostrava a escritura, não dizia quanto custava, e havia lugares escondidos em seus documentos aos quais nunca tivemos acesso. Mas ele morreu e deixou tudo, e hoje somos nós que cuidamos do patrimônio que foi dele. Dele, só resta a promessa da salvação imerecida, agraciada por Cristo. O resto ele deixou aqui. Se tivermos consciência de nossa temporaneidade, de nossa transitoriedade, VALORIZAREMOS MUITO MAIS AS PESSOAS, os momentos, os instantes, as celebrações da vida.

Um pai não precisa esperar seu filho ser um exímio motorista para ser feliz; ele pode desfrutar da alegria de apenas ensiná-lo a andar de bicicleta. Uma mãe não precisa esperar sua filha formar-se na faculdade para derramar uma lágrima ou dar-lhe um beijo afetuoso; ela pode festejar uma boa nota conquistada pela menina na sétima série. Uma igreja não precisa aguardar dez anos para celebrar o primeiro milhar de membros e dizer que está crescendo; ela pode exultar no batismo de um único indivíduo, cuja alma vale mais do que o mundo inteiro, e que também deveria valer muito para qualquer um de nós, que não contamos gente como gado, à grosso, mas como gente, um a um!

Se percebêssemos que a verdadeira felicidade não está nas coisas grandes, imensas, completas, mas nas pequenas, simples, singelas, "evolutivas", seríamos pessoas muito mais felizes. Aquela rosa colocada na agenda há dez anos atrás, que a menina ganhou do seu primeiro namorado, pode valer mais que um carro zero quilômetro presenteado sem ternura e singeleza de coração. Aquele beijo romântico recebido de repente, na porteira da fazenda; aquele "Deus te abençoe, meu filho", que mamãe nos deu ao irmos para o trabalho; aquela lembrancinha de Natal que a vovó comprou, que era coisa tão simples porque seu dinheiro era pouco e os netos eram muitos; aquele nosso primeiro salário; aquela primeira lasanha "comível" que fizemos, por ocasião de uma visita; o dia em que nossa filha tocou um hino no órgão da igreja pela primeira vez, ou que ganhamos a primeira medalha de honra ao mérito; todos esses são pequenos instantes de felicidade, gotas de alegria numa vida humana!

O pôr-do-sol continuará acontecendo, e não ficará guardado até a sua aposentadoria. Pegue a mão de sua amada, de seus filhos, dos amigos, dos irmãos em Cristo, dos vizinhos, e desfrute de um ocaso. Fotografe a cena, mas faça-o primeiro dentro do coração, em gratidão. Isso tirará a banalidade de um rotineiro entardecer, transformando-o numa valiosa efeméride para toda a sua vida.

Afinal, a vida é mais que um simples final feliz.

REFLEXÃO: “Farta-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos, e nos alegremos todos os nossos dias” (Salmos 90:14)

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