VÔO 447 - AIR FRANCE

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus” (II Cor. 1:3-4)

Diante do ocorrido, em primeiro lugar, quero prestar minha solidariedade a todos os parentes e amigos das vítimas. Perder uma pessoa querida, em meio à situação trágica como esta, é sempre muito doloroso. Como cristãos seguidores do Servo Sofredor por excelência, devemos sofrer junto com os que sofrem. Nossas orações devem ser direcionadas a Deus para que haja consolo para as pessoas que sofrem com esta situação.

Em momentos como este devemos ter cuidado com qualquer tipo de especulação teológica. O que ocorreu foi um acidente trágico. O que nos resta fazer é ajudar as pessoas que sofrem com esta situação. Dizer, por exemplo, que foi propósito de Deus a queda do avião é brincar com o sofrimento alheio. Sinceramente não consigo conceber um Deus que lá do céu arquiteta tragédias como a queda de um avião para alcançar algum propósito. Deus tem maneiras muito mais dignas de levar as pessoas atingirem algum propósito. Tragédias, simplesmente, fazem parte da vida. Com isso não nego a soberania de Deus, apenas entendo que Deus dá espaço para as decisões humanas, e para as conseqüências naturais desta vida. Não entendo que tudo que aconteça é necessariamente a vontade de Deus.

Contudo, entendo que Deus pode tirar o melhor das piores situações. Deus não arquiteta tragédias, mas pode ajudar as pessoas superarem tais situações. E mesmo de uma tragédia, ajudadas por Deus, as pessoas podem crescer e amadurecer. O sofrimento pode ser um bom professor. E o Deus descrito na Bíblia é o Deus solidário ao sofrimento humano. A maior prova disto é a morte de Jesus na cruz do Calvário. Deus em Cristo sofreu pela humanidade. O nosso Deus é um Deus que experimentou o sofrimento, por mais paradoxal que isto pareça.

Quando ocorrem tragédias como esta, sempre surgem os testemunhos de pessoas que poderiam estar no avião, mas por algum motivo não fizeram a viagem. Há até quem diga que foi Deus que as livrou. Não condeno tais pessoas por agradecerem a Deus pelo livramento, pois o apóstolo Paulo bem nos ensinou sobre dar graças por tudo. Entretanto, devemos ter cuidado com estas afirmações, pois podemos querer dizer que Deus escolheu livrar algumas pessoas e se esqueceu das outras. Claro que admito que os pensamentos de Deus não são os nossos, contudo tais afirmações podem nos levar a esquecer daqueles que sofreram com a tragédia. Aqui está o nosso foco principal, sofrer com os que sofrem, e não criar conjecturas teológicas inócuas. É complicado imaginar um Deus que livra uma pessoa de uma tragédia, e simplesmente se esquece das demais.

Por fim, também não compactuo com a idéia de que Deus promove tragédias para executar o seu juízo. Penso mais em Deus como aquele que ama e assim sempre nos dá oportunidades para nos encontrarmos a ele. Não que desconsidere a idéia bíblica da ira de Deus, mas muitos acabam supervalorizando este aspecto. Sobre a queda de um outro avião, um famoso pregador televisivo disse que "se houvesse um justo no avião, ele não cairia". Que absurdo! Faço a este pregador o questionamento feito a Hugo Chaves: por que não te calas? E sabe, diante da dor perante uma tragédia, o melhor é o silencio, pois nossas pobres argumentações pouco podem diante de algo tão terrível. O melhor é seguir o conselho do apóstolo Paulo: chorai com os que choram (Romanos 12:15).

REFLEXÃO: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27)

Fonte: http://hojeteologia.blogspot.com/ - Luís Carlos Batista
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