Meditação Diária 31-01-2015 - George Knight - Para Não Esquecer

O BATES PRISIONEIRO

"Basta a cada dia o seu próprio mal". Mateus 6:34, NVI

Precisei viver um pouco para finalmente entender esse versículo. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje é ainda mais clara: “Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades.”


O grande ponto de virada na vida de Bates ocorreu em 27 de abril de 1810. Naquela noite, uma equipe de recrutadores formada por um oficial e 12 homens entrou na pensão onde ele se encontrava, em Liverpool, na Inglaterra, pegou-o com outros norte-americanos à força e os arrastou, para serem “recrutas” da marinha britânica, embora tivessem documentos comprovando serem cidadãos dos Estados Unidos.


Para nós, esse tipo de abordagem pode parecer algo absolutamente impensável, mas aqueles eram tempos diferentes. A Grã-Bretanha estava no meio de uma guerra mortal contra Napoleão, e a marinha necessitava de homens. Por causa do baixo salário, das péssimas condições de vida, da alimentação pobre e das surras costumeiras, era quase impossível conseguir recrutas suficientes. No início da guerra dos Estados Unidos contra a Grã-Bretanha, em 1812, a marinha britânica contava com cerca de 6 mil norte-americanos. Bates, aos 17 anos, passaria os cinco anos seguintes (1810-1815) como “convidado” do governo britânico. Serviu metade do tempo na Marinha Real e a outra metade ficou como prisioneiro de guerra. As experiências que teve revelam a força de sua constituição. No início da guerra, em 1812, os britânicos enviaram 200 norte-americanos do esquadrão de Bates para guerrear contra os franceses. Somente seis deles se recusaram, incluindo Bates. Sua recusa lhe custou caro.


Em certa ocasião, num conflito com a frota francesa, todos os norte-americanos auxiliaram os britânicos, menos ele, conforme seu relato da ocasião. Por causa dessa intransigência, um oficial britânico o jogou no chão e ordenou-lhe que colocasse cadeias nos próprios pés. Bates respondeu que o faria sem problemas, mas não trabalharia porque era prisioneiro de guerra. Naquele instante, o oficial disse a Bates que, quando começasse a batalha, ele seria “içado no mastro principal para servir de alvo para os franceses”.


O espírito de independência e determinação caracterizou toda a vida de José Bates. Foi justamente essa índole corajosa baseada em princípios que o transformou no tipo de pessoa enérgica o bastante para dedicar-se à edificação de um movimento, que se originou das ruínas do milerismo.


Sigamos seu exemplo! Deus necessita de pessoas como José Bates.

Meditação Diária 30-01-2015 - George Knight - Para Não Esquecer

CONHEÇA JOSÉ BATES

"Eis que Eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores". Gênesis 28:15


José Bates foi fundamental durante a etapa inicial do adventismo do sétimo dia. Além de estar no centro do desenvolvimento da posição doutrinária do movimento, levou, depois de um tempo, a mensagem do sábado aos outros dois fundadores do movimento. 


Conforme veremos, Bates, além de ser um dos fundadores do adventismo, foi também seu missionário mais zeloso. Podemos afirmar, sem dúvidas, que não haveria adventismo do sétimo dia da maneira que o conhecemos sem sua liderança pioneira.


Bates nem sempre foi cristão. Ele nasceu em Massachusetts, no dia 8 de julho de 1792, e rejeitou a fé de seu pai no início da vida. Sua cidade natal estava se transformando na capital dos caçadores de baleias dos Estados Unidos, e ele sonhava o tempo inteiro com uma vida de aventuras no mar. Apesar de o pai ter planos para ele, finalmente, lhe deu permissão para partir, na esperança de que uma viagem o “curaria”, mas o efeito foi exatamente o oposto.


Em junho de 1807, pouco antes de completar 15 anos, Bates partiu como assistente de navio numa viagem para a Europa. Suas primeiras experiências no mar poderiam levar uma pessoa mais acanhada a desistir dos sonhos e voltar para casa. Por exemplo, no retorno da viagem da Inglaterra, o jovem caiu no oceano do topo de um dos mastros, perto de um grande tubarão para o qual alguns de seus companheiros estavam jogando iscas. Caso a criatura não tivesse mudado de posição bem naquele instante, a carreira de Bates no mar teria sido bem curta.


Na primavera de 1809, ele teve outra experiência quase fatal quando o navio em que estava atingiu um iceberg, próximo a Newfoundland. Presos no porão de carga do navio, ele e outro marinheiro seguraram-se no escuro, preparados para morrer, enquanto ouviam, de tempos em tempos, “os gritos de alguns dos miseráveis companheiros, no convés acima [deles], suplicando a Deus por misericórdia”.


Anos mais tarde, Bates escreveu sobre suas inquietações espirituais na ocasião: “Oh, que pensamento terrível! Prestes a entregar minha alma e […] descer com o navio naufragado até o fundo do oceano, tão longe de casa e dos amigos, sem a menor […] esperança do Céu.”


O vigoroso jovem recebeu um chamado para despertar, mas ainda não estava pronto para entregar a vida a Deus.


Podemos ser agradecidos porque Deus não desiste. Quão bem-aventurada é a verdade de que Ele continua a trabalhar inclusive por aqueles a quem amamos!

Meditação Diária 29-01-2015 - George Knight - Para Não Esquecer

TEMPO DE DISPERSÃO 4

"Pela fé, entendemos". Hebreus 11:3

O entendimento não chega com facilidade. Em especial quando mais precisamos dele, quando nossa confusão abala os alicerces da vida.

É quase impossível para nós, que vivemos mais de 160 anos depois do evento, compreendermos o grau de confusão e caos entre os mileritas após o grande desapontamento de outubro de 1844.


As respostas para o que aconteceu, conforme observamos nos últimos três dias, eram muitas. O segmento espiritualizador defendia que eles estavam corretos quanto ao tempo e ao evento e afirmavam que Cristo tinha vindo no dia 22 de outubro. Os adventistas de Albany, por sua vez, alegavam que erraram quanto ao tempo, mas estavam corretos em relação ao evento que ocorreria no fim das 2.300 tardes e manhãs. Isto é, nenhuma profecia se cumprira em outubro, mas a purificação do santuário correspondia ao segundo advento e ainda estava por acontecer.


Os dois grupos abriram mão de algo essencial. No caso dos espiritualizadores, foi o entendimento literal da Bíblia, ao passo que o grupo de Albany deixou de lado a concepção de profecia defendida por Miller.


No entanto, houve uma terceira posição possível em relação ao cumprimento da profecia dos 2.300 dias em outubro de 1844, a saber, que os mileritas acertaram o tempo, mas erraram o evento. Em outras palavras, a profecia das 2.300 tardes e manhãs se cumprira, mas a purificação do santuário com certeza não correspondia ao segundo advento.
O interessante a respeito dessa terceira abordagem é que não teve muitos adeptos, diferentemente das outras duas propostas. Entretanto, na metade de 1845, milhares se identificavam com as ideias dos espiritualizadores e dos adventistas de Albany, mas a orientação que defendia o acontecimento de alguma coisa em 22 de outubro não teve presença marcante.


No entanto, era deste terceiro posicionamento que surgiriam os adventistas do sétimo dia, que se tornaram o maior dentre os grupos adventistas. Tal acontecimento aguardava três coisas: (1) o surgimento de líderes, (2) a evolução de doutrinas que explicassem a experiência milerita e esclarecesse noções equivocadas e (3) o surgimento de periódicos e estratégias organizacionais capazes de difundir tais ensinos. O restante da jornada deste ano seguirá esse terceiro grupo.


Desde já, porém, podemos ser gratos a Deus por Sua paciência. Ele espera por nós, enquanto procuramos resolver as dificuldades da vida.

Meditação Diária 28-01-2015 - George Knight - Para Não Esquecer

TEMPO DE DISPERSÃO 3

"Tudo, porém, seja feito com decência e ordem". 1Coríntios 14:40

Colocar ordem na confusão: era disso que os adventistas precisavam na primavera de 1845. Pelo menos era o que Josué V. Himes pensava. Ele conseguia ver claramente que os espiritualizadores fanáticos levariam o movimento à ruína.


No entanto, o fanatismo não era o único ponto de divergência entre Himes e os espiritualizadores. Ele também discordava quanto ao suposto cumprimento da profecia em outubro de 1844. Conforme vimos antes, os espiritualizadores achavam que isso havia ocorrido – que Jesus entrara no coração deles em 22 de outubro de 1844 e que a profecia das 2.300 tardes e manhãs havia se cumprido, ou seja, eles estariam corretos tanto em relação ao tempo quanto ao evento.


Passado um período, Himes admitiu que o milerismo estivera errado em relação ao tempo, mas correto em relação ao evento que deveria acontecer no fim dos 2.300 dias. Em outras palavras, nenhuma profecia havia se cumprido no dia 22 de outubro, mas eles deveriam continuar a esperar o retorno de Jesus nas nuvens do céu durante os seguintes anos de “tempo controverso”. No processo para chegar a essa conclusão, ele começou a desistir da concepção de profecia defendida por Miller desde novembro de 1844. Eventualmente, afastou as pessoas da interpretação profética que dera força e foco ao evangelismo milerita.


Entretanto, esse resultado final não estava claro para todos durante a primavera de 1845. Tudo que Himes sabia era que eles precisavam fugir dos falsos ensinos dos fanáticos. Foi o mesmo temor que levou Miller, cada vez mais enfraquecido e tomado por dores, à campal de Himes, no fim de abril de 1845. Himes havia convencido Miller a se unir a ele em um congresso planejado para começar no dia 29 de abril, em Albany, Nova York. Lá o grupo majoritário de adventistas se organizou em uma quase denominação, com base doutrinária e abordagem organizacional rudimentar próxima ao congregacionalismo.


O evento em Albany foi positivo no sentido de tentar colocar ordem no caos. Todavia, foi prejudicial ao afastar o segmento do milerismo do modo de interpretar as profecias que deram origem e sentido ao movimento. O maior problema subjacente é que sua principal motivação era se definir em termos daquilo a que eram contrários. Caíram na armadilha de fazer teologia contra as crenças do próximo. E, com isso, vem uma falha de equilíbrio.


Ajuda-nos, Senhor, a manter os olhos em Tua Palavra, em vez de nos concentrarmos nos problemas de quem está ao redor, à medida que procuramos nos orientar ao longo do dia.

Meditação Diária 27-01-2015 - George Knight - Para Não Esquecer

TEMPO DE DISPERSÃO 2

"Então, Jesus lhes disse: […] Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas". Mateus 26:31

Guilherme Miller temia o fanatismo mais do que qualquer outra coisa. Seu movimento ficara relativamente livre desse problema até outubro de 1844, mas, por volta da primavera de 1845, fanatismos e excessos carismáticos corriam soltos em meio a certos segmentos dos espiritualizadores.


Em abril de 1845, Miller estava extremamente incomodado com essa situação. Naquele mês, ele escreveu a Himes: “Vivemos em uma época estranha. Toda sorte de interpretação fantasiosa das Escrituras é agora prescrita por novos luminares, que refletem seus raios de luz e calor para todos os lados. Alguns deles são estrelas cadentes e outros só emitem luz fraca. Estou cansado dessas mudanças constantes; mas, meu querido irmão, precisamos aprender a ter paciência. Se Cristo voltar nesta primavera, não necessitaremos dela por muito tempo; e se Ele não vier, precisamos de muito mais. Estou preparado para o pior, esperando pelo melhor.”


Infelizmente, o tempo continuou a tardar. Miller e seus seguidores testemunharam algo diferente do “melhor” tão esperado. Um ano e meio depois, já enfermo, escreveu: “Estou tomado pela dor. Tenho sido assolado por dores de cabeça, nos dentes, nos ossos e no coração desde outubro; mas bem mais pela última dor, quando penso em tantos dos amados irmãos do passado que, depois do desapontamento, caíram em fanatismos de toda natureza, deixando os primeiros princípios do aparecimento glorioso de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.”


Ele não era o único que ficou confuso e perturbado pelo caos de desorientação entre os espiritualizadores no início de 1845. Em maio, Himes observou que “o movimento do sétimo mês [produzira] mesmerismos profundos”.


O problema de todos os mileritas, nesse período, era a questão da identidade. Diferentes setores do movimento sugeriram respostas diversas para ela, mas todos lidavam com as mesmas inquietações.


Expressando da forma mais clara possível, é difícil se manter no caminho certo em períodos de grande perturbação. Sempre foi e sempre será. Nossa oração diária deve ser para Deus nos ajudar a manter os dois pés no chão e a mente tão clara quanto possível, sobretudo em tempos turbulentos. E assim como Miller, na prova devemos esperar pelo melhor, mas preparados para o pior.


Ajuda-nos hoje, ó Pai, a ter uma atitude de equilíbrio e uma prece no coração.

Meditação Diária 26-01-2015 - George Knight - Para Não Esquecer

TEMPO DE DISPERSÃO 1

"Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos". João 16:32

Josiah Litch usou palavras cheias de significado bíblico ao escrever, dois dias depois do desapontamento de outubro: “O dia é sombrio por aqui. As ovelhas estão dispersas, e o Senhor ainda não voltou.” Desapontamentos espirituais profundos sempre tendem a provocar desilusão e dispersão dos fiéis.


Foi isso que ocorreu com os adventistas mileritas no fim de 1844 e início de 1845. Eles ficaram desorientados e confusos enquanto tentavam descobrir o sentido de sua experiência. O ápice de sua esperança os havia levado às profundezas do desespero.


É impossível formar um retrato totalmente preciso dos mileritas decepcionados, mas é provável que a maioria tenha abandonado a fé adventista e voltado para suas antigas igrejas ou se deixado arrastar para a descrença.


Aqueles que mantiveram a esperança no breve retorno de Cristo podem ser classificados em três grupos gerais. A grande pergunta que rondava a todos era: “O que aconteceu, se é que aconteceu algo, em 22 de outubro, no encerramento dos 2.300 dias de Daniel 8:14?”


O primeiro grupo identificável a surgir na esteira do desapontamento foi o dos espiritualizadores. Esse setor do adventismo defendia que o movimento estava correto tanto em relação à data quanto ao evento. Isto é, Cristo havia voltado em 22 de outubro. No entanto, Ele fizera uma entrada espiritual no coração dos fiéis, em vez de um retorno visual nas nuvens do céu.


Com essa interpretação, deram um importante passo para longe da interpretação de Miller sobre a Bíblia. Começaram a espiritualizar seu significado, mesmo em passagens que falam obviamente de eventos literais. Com isso, abriram-se a toda espécie de engano. O fanatismo despontou cedo entre os espiritualizadores. Havia quem afirmasse que, como já estavam no reino, encontravam-se necessariamente sem pecado e além do pecado. 

Alguns dentre o grupo tomaram maridos e esposas “espirituais”, com resultados nada espirituais. Outros defendiam que, como estavam no sétimo milênio, era errado trabalhar. Outros ainda, seguindo a ordem bíblica de que os membros do reino devem ser como criancinhas, descartaram o uso de talheres e passaram a comer com as mãos e a engatinhar. É desnecessário mencionar que ondas de entusiasmo carismático surgiram em meio a suas fileiras.


Precisamos ser cuidadosos e inteligentes ao ler a Palavra de Deus. Espiritualizar o significado claro das Escrituras corresponde a se abrir para um desastre espiritual.

Meditação Diária 25-01-2015 - George Knight - Para Não Esquecer

ORIENTAÇÃO DIVINA

"Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel". Lucas 24:21

Miller e seus companheiros de fé haviam se enganado em alguns aspectos de sua interpretação e de seu entendimento da Bíblia. Afinal, Jesus não voltou à Terra em 22 de outubro de 1844, nem em nenhuma data dos anos 1840. A pergunta que se impõe é: “Estaria Deus dirigindo um movimento como esse?”


Encontramos a melhor resposta no Novo Testamento. Lá vemos os discípulos interpretando erroneamente as palavras de Cristo sobre Sua crucifixão e a natureza de Seu reino diversas vezes. Foi só depois da ressurreição que eles começaram a entender o que Jesus tentara lhes ensinar. Mas, como não estavam prontos, precisaram passar por um desapontamento avassalador que abalou até mesmo os alicerces de sua crença na orientação divina. Foram necessários estudo e compreensão para conseguirem entender o que lhes havia acontecido.

O fato é que Deus escolhe trabalhar por meio de agentes humanos no plano da salvação. Até mesmo as situações guiadas por Ele têm tanto elementos divinos quanto humanos. E tudo o que concerne à humanidade se encontra manchado com a falibilidade. É assim que Deus tem trabalhado nos seres humanos e por meio deles ao longo da história.


Na situação específica do milerismo, podemos nos perguntar por que Miller não leu o restante de Apocalipse 10, uma vez que cria que a abertura das profecias do livrinho de Daniel refletida naquele capítulo se cumpriria em seus dias. Isto é, se ele acreditava que o livro fora aberto e sua mensagem era doce na boca, por que não percebeu que seria amarga no estômago (v. 10) e que outro movimento surgiria das cinzas da amargura, com uma mensagem mundial para “muitos povos, nações, línguas e reis” (v. 11)? A própria lógica de Miller deveria levá-lo a ver que Deus previra o amargo desapontamento, assim como Jesus predissera o mesmo em relação a Seus discípulos.


E ainda: Se Miller defendia estar pregando a primeira mensagem angélica (Ap 14:6, 7), e muitos de seus seguidores criam estar anunciando a segunda (v. 8), por que eles deixaram de dar a ênfase devida à terceira? (v. 9-12). As três juntas conduzem progressivamente ao segundo advento retratado nos versículos 14-20.


O fato é que Deus escolheu seres humanos falíveis para usar em Sua missão na Terra. A boa notícia é que Ele continua a trabalhar conosco, a despeito de nossas fraquezas. Podemos louvá-Lo e agradecê-Lo por isso!



Related Posts with Thumbnails