Comentários Lição 04 - Senhor das nações (Amós e Obadias) - Prof. César Pagani

20 a 27 de Abril de 2013

Verso para Memorizar:
“Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará? (Am 3:8)
    Amós e Obadias estão separados entre si por cerca de 200 anos. O primeiro teve cinco visões relatadas em seu livro. Um contraste gritante verificava-se tanto em Judá quanto em Israel. A par da prosperidade política e econômica existia escabrosa opressão social. Parecia que a corrupção governava a rédeas soltas. Diz o SDABC que “Israel estava no zênite de seu poder”.  Jeroboão havia alcançado retumbante vitória sobre os sérios e ampliado o território da nação do Norte. Em Judá, Uzias derrotara os edomitas e os filisteus, sujeitara os amonitas. A taxa de crescimento nacional era alta, porque o rei incentivara a agricultura – maior contribuinte do “PIB” nacional - e havia paz interna. Certamente o comércio com outras nações era florescente.

    A despeito desse cenário favorável, as transgressões corriam soltas desde o palácio real até as casas do povo. Luxúria, extravagância, orgias, libertinagem, orgulho, egoísmo e opressão conviviam com a falência das instituições, exploração, predominância das elites e desprezo para com os pobres, os necessitados, os órfãos e as viúvas. Na magistratura corriam subornos, lobbies, menosprezo às leis e sentenças absurdas.
 
    O Eterno Vigilante, porém, não ficaria em silêncio. Chamando um humilde pastor de ovelhas e plantador de figos silvestres, lançava o Senhor uma campanha de arrependimento e retorno a Ele. Com divina franqueza Deus avisa que não deixará impunes os pecados da nação.
    
As nações circunjacentes também não estavam isentas das ameaças divinas. Em grande misericórdia o Senhor das Nações lhes enviava mais um convite à vida e à justiça.

DOMINGO
Crimes contra a humanidade   
 
Primeiro crime: Damasco, representando a Síria, é condenada por haver usado trenós ou carretas feitas de pesadas placas de ferro, sob as quais estavam colocados pontaços desse metal, e que eram arrastadas por bois. Mulheres e crianças da região de Gileade foram estraçalhadas com crueldade pelos siros ao passarem sobre elas com esses veículos. Desalmada carnificina. Essa era a transgressão mais revoltante. “Por três transgressões e por quatro” não se refere a uma quantidade literal e sim a muitos crimes. Esse era um idiotismo (locução típica de uma língua) cananita aqui apropriado para enfatizar o abominável delito.
 
Segundo crime: Gaza, cidade representativa de toda a Filístia, nação inimiga figadal de Israel. Alguns intérpretes entendem que a violação acusada por Deus contra aquela nação se refira ao tempo em que Senaqueribe invadiu a Judeia e muitos de seus habitantes fugiram para a Filístia em busca de asilo. Porém, em vez de lhes dar asilo político, os entregou – possivelmente vendeu - aos edomitas como cativos.
 
Terceiro crime: Em verdade, mencionam-se no primeiro capítulo de Amós duas violações específicas de Edom: a primeira é a recepção ou compra de cativos hebreus feitos pelos filisteus. Ora, Edom era uma nação oriunda de Esaú e irmã de Israel. Por que essa vileza? A segunda violação foi a perseguição de seus irmãos judeus com crueldade. Ambas as nações descendiam de Isaque, porém os laços de sangue não tornaram os edomitas solidários com seus irmãos. Embora vendo as desgraças que se abatiam sobre Israel por causa dos seus pecados, não tiveram misericórdia e se lançaram furiosamente ao ataque contra eles. Deus nãos os perdoaria por isso.
 
Quarto crime: Tiro, a soberba capital do império assírio. Os assírios entraram em coalização com os filisteus contra Israel. Havia, desde os tempos de Davi e Salomão, uma aliança entre Israel e os tírios para cooperação mútua e parceria militar. Porém, esses se esqueceram do concerto feito e venderam israelitas aos edomitas, que trataram os judeus com crueldade. À vista de Deus, a culpa dos crimes de Edom foi partilhada por Tiro. 
 
Quinto crime: Amom, nação descendente do patriarca Ló, aparentada, portanto, com Israel. Seu crime de genocídio é agora levantado para sofrer a justa penalidade. Eles “fenderam o ventre das grávidas de Gileade”. Gileade era uma região ocupada pelos filhos de Rúben e Gade. Calvino comenta que quando um exército agressor se cansava de uma cidade inimiga, eles procediam à eliminação de todos os seus habitantes, não poupando nem mesmo as grávidas. Abriam-lhes o ventre à espada e deixavam-nas sangrando até morrer.
 
Sexto crime: Moabe, também descendente de Ló, era uma poderosa nação que ficava a leste do Jordão. O crime que lhe é imputado nominalmente foi a queima dos ossos do rei de Edom. Jamieson, Fawcett e Brown comentam que a referência feita no livro de Amós a essa nação, não toca simplesmente ao crime de violação de sepultura e de cadáver, mas ao odioso espírito de vingança que incitava os exércitos edomitas contra Edom. Quando as forças de Israel e Judá retornaram de sua campanha contra Moabe, Edom ficou sem aliados e, portanto, à mercê dos inimigos. Matthew Henry explica que numa das guerras entre Moabe e Edom, o rei de Moabe, levado à insanidade pela situação da batalha, queimou seu próprio filho para conseguir o favor de seus deuses (Ver 2Rs 3:27). Agora, para vingar essa barbaridade, os moabitas violaram o túmulo do rei de Edom e cremaram seus ossos. Deus considerou gravíssimo esse crime.
 
Sétimo crime: Judá, o povo de Deus, é acusado duramente por deixar a Lei do seu Deus e desprezar os justos juízos. Criaram mentiras (Am 2:4) e se deixaram levar por elas. 

Oitavo crime: Israel, a nação do Norte, seria também punida. Nas palavras do próprio Deus, essa os seus hediondos crimes: “... porque os juízes vendem o justo por dinheiro e condenam o necessitado por causa de um par de sandálias. Suspiram pelo pó da terra sobre a cabeça dos pobres e pervertem o caminho dos mansos; um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim, profanam o Meu santo nome. E se deitam ao pé de qualquer altar sobre roupas empenhadas e, na casa do seu deus, bebem o vinho dos que foram multados.” (Am 2:6-8)
 
SEGUNDA
Justiça para o oprimido
 
    Surpreende que graves injustiças sociais fossem cometidos livremente pelo povo de Deus nos tempos de Amós.  As mulheres das classes altas de Israel, também chamadas “vacas de Basã” ouviram a cortante acusação: “Oprimis os pobres e esmagais os necessitados.” (Am 4:1) Seu prazer era extorquir os menos favorecidos e viver em festanças bebendo vinho e se divertindo. No cap. 5 a denúncia é repetida: “... Pisais o pobre e dele exigis tributos de trigo...” (v. 11) Sempre foi característica de regimes exploradores a imposição de impostos ilegítimos e também de alíquotas elevadas e extorsionárias de tributos razoáveis em si. No caso em estudo, os poderosos de Israel tributavam a lavoura do pobre, que não tinha fins comerciais, mas sobrevivenciais – o trigo era o pão de cada dia dos camponeses -, apenas para encher seus cofres e gastar os recursos em seus divertimentos e luxo. 
 
    A causa básica desses desmandos é dada no primeiro parágrafo do comentário da lição de hoje: “O povo de Judá [ou seria Israel?] havia rejeitado a Palavra do Senhor e não tinha observado Suas instruções.”
 
    Na Lei social reguladora do trato governo/população havia um artigo bem claro e determinante: “Pois nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, Eu te ordeno: livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra.” (Dt 15:11) Deus sabia que, por várias razões, a distribuição equitativa de riquezas entre seu povo não seria justa. Então legislou para proteger os pobres, os necessitados, as viúvas e os órfãos, de maneira que não sofressem as agruras da miséria.
 
    Os opressores do povo agora conheceriam a realidade do que estava escrito: “Pai dos órfãos e juiz das viúvas é Deus em Sua santa morada.” (Sl 68:5)
 
    Religião sem a prática da justiça com os semelhantes é verdadeira abominação ao Senhor. Ele requer um coração íntegro na busca da espiritualidade e também interessado em amar o próximo. Exige justiça social e cobrará a omissão ou negligência havida nessa ação: “Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Is 58:6, 7)
 
Uma obra bem ampla para hoje

“Por toda parte ao nosso redor se ouvem lamentos de um mundo em tristeza. De todos os lados há necessitados e opressos. Pertence-nos ajudar a aliviar e suavizar as durezas e misérias da vida. Unicamente o amor de Cristo pode satisfazer as necessidades da alma. Se Cristo está habitando em nós, o nosso coração estará cheio de divina simpatia. As fontes contidas do amor fervente semelhante ao de Cristo, serão franqueadas.
 
“Há muitas pessoas a quem a esperança abandonou. Restituí-lhes a luz. Muitos perderam a coragem. Falai-lhes palavras de ânimo. Orai por eles. Há os que necessitam do pão da vida. Lede-lhes da Palavra de Deus. Há muitos enfermos da alma, os quais nenhum bálsamo terrestre pode alcançar nem médico levar cura. Orai por essas almas. Levai-as a Jesus. Dizei-lhes que há Bálsamo e Médico em Gileade.
 
“A luz é uma bênção, uma bênção universal a derramar seus tesouros sobre um mundo ingrato, injusto e pervertido. Assim é com a luz do Sol da Justiça. A Terra toda, envolvida embora nas trevas do pecado, do infortúnio e da dor, deve ser iluminada com o conhecimento do amor de Deus. A luz que brilha do trono do Céu não deve ser excluída de nenhuma seita, categoria ou classe de pessoas.
 
“A mensagem de esperança e misericórdia deve ser levada aos confins da Terra. Todo o que quiser, pode lançar mão da força de Deus e fazer paz com Ele. Não mais devem os pagãos continuar submersos na escuridão da meia-noite. As trevas devem fugir ante os brilhantes raios do Sol da Justiça.” PR, 719.
 
TERÇA
O perigo dos privilégios
 
    Não que os privilégios sejam perigosos em si, mas seu uso envolve bênçãos especiais e responsabilidades especiais. A escolha de um povo especial já estava determinada no magnífico plano de salvação que ficou escondido no coração de Deus durante a eternidade. O Onissapiente tinha ciência de que, num longínquo futuro, a humanidade que criaria para Sua glória cairia em pecado e que seria necessária a investidura de um povo que promovesse a redenção no mundo. 

    A título de exposição, vejamos alguns privilégios do povo de Deus do passado: “Vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa.” (Êx 19:6) “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” (1Pe 2:9), embaixadores do reino celeste, procuradores dos interesses divinos, revelador do Altíssimo, “gente sábia e entendida” (Dt 4:6), mestres das nações, portadores de luz, herdeiros da Terra e do Universo, povo íntimo do Senhor, testemunhas das obras, do caráter e do poder divinos, salvadores de almas, filhos diletos, irmãos do Messias, etc.
 
    Ganharam uma terra especial no ponto mais estratégico do planeta, “herdaram” dos cananeus uma terra que manava leite e mel, palácios, casas, propriedades, lavouras, rebanhos, cidades com todas as suas benfeitorias, bens diversos, fortalezas, riquezas (despojos das guerras). Deus lhes preparou um programa de saúde e longevidade muito especial, extremamente avançado em comparação com as outras nações. Eram a única nação que possuía um templo no qual habitava continuamente a presença do Deus Eterno.
 
    Deus os cercou de todos os privilégios e cuidados, mas esperava algo em troca. “Agora, cantarei ao meu amado o cântico do meu amado a respeito da sua vinha. O meu amado teve uma vinha num outeiro fertilíssimo. Sachou-a, limpou-a das pedras e a plantou de vides escolhidas; edificou no meio dela uma torre e também abriu um lagar. Ele esperava que desse uvas boas, mas deu uvas bravas.” (Is 5:1, 2) “São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas.” (Rm 9:4) Isto é, o Senhor esperava receber do povo frutos de justiça, mas eles O envergonharam e desonraram.    
 
Uma questão de escolha: bênção ou maldição
 
    "Eis que hoje Eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno para seguirdes outros deuses que não conhecestes." (Dt 11:26-28)
 
“Como pode a bênção mudar-se em maldição? Persuadindo o instrumento humano a não acalentar a luz, ou a não revelar ao mundo que ela foi eficaz na transformação do caráter. Possuído do Espírito Santo, o instrumento humano se consagra a cooperar com instrumentos divinos. Leva o jugo de Cristo, ergue seus fardos e trabalha segundo Cristo a fim de ganhar preciosas vitórias. Anda na luz assim como Cristo na luz está. Cumpre-se nele a escritura: "Todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor." II Cor. 3:18.
 
QUARTA
O encontro de Deus com Israel
 
    O encontro com Deus pode ter duas finalidades: 1) juízo e 2) redenção. Amós 4 começa ameaçando os impenitentes de Israel e diz-lhes que viriam dias em que os habitantes do reino do Norte seriam levados cativos por uma nação estrangeira. Deus denuncia que muitas vezes, mediante juízos e providências disciplinares, tentou trazer a nação de volta a Si. Fome, seca, escassez de água, ressecamento (crestamento) das lavouras, pragas de ferrugem (doença das plantas), nuvens de gafanhotos, pestes como as ocorridas no Egito, mortes de jovens pelos inimigos de Israel... Mesmo diante de tudo isso, Deus lamenta a atitude obstinada de Seu povo: “Contudo, não voltastes para Mim.”
 
    Em face dessa postura contumaz, Deus ainda envia um apelo enfático: “Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o Teu Deus.” O encontro com Deus para juízo é uma coisa; o encontro com Deus para a salvação é outra. Paulo diz que “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:31). “Nosso Deus é fogo consumidor.” (Hb 12:29) O salmista Asafe escreveu inspiradamente: “Tu, sim, Tu és terrível; se Te iras, quem pode subsistir à Tua vista?” (Sl 76:7) A ira de Deus é uma manifestação de justiça que ocorre quando Sua graça salvadora é continuamente desprezada. Mas ainda assim, quantas e quantas vezes vem ela misturada com misericórdia!
 
    O encontro que, realmente, Deus quer ter com Seu povo é de salvação. Quer que digam: “Eis que este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e Ele nos salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos; na Sua salvação exultaremos e nos alegraremos.” (Is 25:9)
 
“Nossa obra é proclamar os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus Cristo. ‘Prepara-te... para te encontrares com o teu Deus’ (Am 4:12), é a advertência a ser dada ao mundo. É uma advertência a nós, individualmente. Somos chamados a deixar todo o embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia. Há uma obra para fazerdes, meu irmão - tomar o jugo com Cristo. Assegurai-vos de que vosso edifício se encontra sobre a rocha. Não arrisqueis a eternidade numa  probabilidade. Talvez não vivais para participar das cenas perigosas em que estamos agora entrando. A vida de nenhum de nós é assegurada por nenhum tempo dado. Não devíeis vigiar a todo momento? Não devíeis examinar acuradamente a vós mesmos, e indagar: Que será para mim a eternidade?
 
“A grande preocupação de toda alma deve ser: Está renovado meu coração? Está minha alma transformada? Acham-se meus pecados perdoados pela fé em Cristo? Nasci eu outra vez? Estou eu atendendo ao convite: ‘Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei’? Mt 11:28... Reputais todas as coisas como perda pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus? E achais ser vosso dever acreditar em toda palavra que procede da boca de Deus?” ME2, 116, 117.
 
QUINTA
O orgulho leva à queda
 
     Está escrito em Provérbios 16:18: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.”
 
    “Nada é tão ofensivo a Deus nem tão perigoso para o espírito humano como o orgulho e a presunção. De todos os pecados é o que menos esperança incute, e o mais irremediável.” PJ, 154. 

    Deus declara: “Eu odeio o orgulho e a falta de modéstia, os maus caminhos e as palavras falsas.” (Pv 8:13 – NTLH)
 
    O breve livro de Obadias mostra a visão da condenação de Edom e qual a causa de sua derrocada. Traz como razão da ruína a soberba ou orgulho. Tinha inveja de Israel porque Deus escolheu esse povo para representá-Lo. Em Números está registrada a atitude hostil dos edomitas, quando impediram Israel de passar por seus domínios, embora fossem bem aparentados e descendentes do patriarca Isaque. Outras atitudes antagônicas por parte dos descendentes de Esaú estão registradas nas Escrituras. Por sua empáfia Edom seria abatido.  
 
Temamos o orgulho espiritual
 
    Apocalipse 3:17 fala do orgulho de Laodiceia: “Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma...” Há mortal perigo na manutenção dessa atitude insensata. C. D. Cole considerou assim o orgulho: “É um pecado universal da raça humana, e tão natural ao homem pecador, que ele cresce no coração como mato num jardim. É um pecado com milhões de vidas; parece impossível matá-lo; brota naquilo que devia envenená-lo; gloria-se em sua vergonha.  O orgulho tem milhões de formas, e por causa de sua mudança perpétua não pode ser capturado. Parece impossível segurá-lo; e esse bicho escorrega de suas mãos e aparece de outra forma, mangando [zombando] de sua perseguição inútil.”
 
    Um dos orgulhos de Laodiceia é o da ortodoxia. Prossegue Cole: “Aqueles que entre nós conhecem algumas verdades a mais que os outros, não sabem o perigo que correm de estar cheios do orgulho da ortodoxia. Se tivermos uma sã consciência quanto à verdade de Deus, a glória pertence a Ele. Os que não conhecem a verdade são culpados, mas os que a conhecem, não devem se sentir elogiados. É a luz de Deus que vemos a luz.” Há outros “orgulhos”: do vestuário, da cultura, da aparência pessoal, da posição social, das riquezas, dos talentos, do poder, do nível espiritual, etc.
 
    “O amor-próprio, o orgulho e a presunção são a base das maiores lutas e desinteligências que têm aparecido no mundo religioso.” Ev, 102.
 
    Quem nos pode curar do orgulho? – “O coração humano não conhecerá felicidade enquanto não se submeter a ser moldado pelo Espírito de Deus. O Espírito afeiçoa a renovada alma ao modelo, Jesus Cristo. Mediante Sua influência, a inimizade para com Deus é mudada em fé e amor, e o orgulho em humildade. A alma percebe a beleza da verdade, e Cristo é honrado em excelência e perfeição de caráter.”MM62, 150.

Comentários Lição 04 - Senhor das nações (Amós e Obadias) - Prof. Sikberto Marks

20 a 27 de Abril de 2013

Verso para memorizar: “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor DEUS, quem não profetizará?” (Amós 3:8).

Introdução de sábado à tarde

“Crime contra a humanidade é um termo de direito internacional que descreve atos de perseguição, agressão ou assassinato contra um grupo de indivíduos, ou expurgos, assim como o genocídio, passíveis de julgamento por tribunais internacionais por caracterizarem a maior ofensa possível” (Wikipédia). Alguns exemplos são: o holocausto dos judeus na Alemanha, entre 1939 e 1945, quando foram mortos 6 milhões de judeus pelos nazistas; a crueldade na Bósnia, entre 1992 e 1995, com 200 mil bósnios mortos e 2 milhões de refugiados, feito pelo exército sérvio e milícias. Os judeus perderam cerca de 35% de seu povo durante o massacre nazista. O crime contra a humanidade envolve atos de extrema maldade contra um grupo de pessoas, tirando deles direitos fundamentais à vida.

No antigo povo de DEUS acontecia algo assim. Não era tão radical como nos dois exemplos acima, mas exploravam-se os mais pobres a tal ponto de haver morte por fome, por doenças não tratadas, escravidão, maus tratos, sem direito a justiça. Isso era feito pelo povo de DEUS do mesmo modo como faziam povos idólatras. Que calamidade!

Estudaremos esse assunto terrível nesta semana. Nem dá vontade de abordá-lo, não é mesmo? Mas aconteceu, e não podemos ignorar. Vamos ver se aprendemos algo para evitar alguns erros em nossos dias, ou para pelo menos entender melhor a natureza humana.

Sobre o trecho do verso acima, onde diz “quem não preofetizará?”, Amós se referia à ilustração da mensagem de DEUS como o rugido de um leão. Naqueles tempos havia leões soltos, e quando ele rugia se ouvia de muito longe, e todos se comunicavam avisando que o animal estava por lá. Era para que as pessoas se protegessem e não fossem estraçalhadas pela fera, sobremodo forte. DEUS falou como um leão, e pudera, o assunto era por demais ofensivo a Ele. Estavam explorando os mais fracos cruelmente. Então, diante dessa mensagem, o profeta estava dizendo que não se podia calar. Quando disse “quem não profetizará?” referia-se a não poder calar e conter a mensagem, precisava informar a todos.

  1. 1.      Primeiro dia:  Crimes contra a humanidade
Lembra do Massacre em Ruanda em abril de 1994? Pois foram mortos 700 mil tutsis e houve 200 mil refugiados e centenas de hutus, os que matavam, também foram mortos. Os tutsis e os hutus são dois povos com raízes sociais conjuntas, geneticamente parentes. Os primeiros formam a classe política dominante na região dos Grandes Lagos Africanos, desde o século XV. Agora tente entender porque tanto ódio entre os dois povos. Habitam o mesmo lugar, são parentes, mas um queria eliminar o outro. E a chacina foi enorme. O que justifica tanto sofrimento advindo da vingança e da morte? E das milhares de crianças sem pai nem mãe? E da destruição das plantações e das casas? O que pode explicar e justificar tais atos, senão um ódio satânico sem sentido? Por que um ser humano deseja de maneira incontida humilhar, derrotar e destruir seu semelhante? Por que é tão atraente, fascinante aos homens se dividirem em torcidas de futebol, uns contra os outros? E o poir de tudo, porque há isto entre nós, povo de DEUS? Por que nos fascina nos posicionarmos uns contra os outros? Por que somos tão atraídos por vídeos, filmes, textos, histórias em que há violência, ódio e intrigas? E por que tantos entre nós são facilmente presas de divisões contra os irmãos? Só há uma explicação: pelo poder do demônio. Ele quer nos enfraquecer, e manter a igreja morna.

DEUS condena essas coisas, que podem levar a grandes e generalizados atos de vingança, destruição e morte, e todo o sofrimento associado. Devemos acordar para evitar o pequeno ou o grande ato de vingança. Há ódio pequeno, que levam as pessoas ao desentendimento; e ha ódio grande, que leva a atos de crimes contra a humanidade. Tudo tem a mesma natureza, é ódio satânico, mesmo que seja simplesmente contra alguém outro, que está em alguma outra casa, diante da tela de televisão torcendo por outro time. Que fracasso para essas pessoas do povo de DEUS, ainda presas ao ódio que tanto desejam! Como pode um ser humano desconsiderar os sentimentos e sensibilidades de outro, e agir cruelmente contra ele?

Em Amós capítulos 1 e 2, está relatada a ação de DEUS contra vários povos que se toraram cruéis entre si, um explorando e matando o outro povo. E o mais triste é que Judá e Israel, povos de DEUS, faziam o mesmo. Não se distinguiam como povos superiores, que amavam, não que odiavam. Será que hoje é diferente com o povo de DEUS? Será que todos nós, que aguardamos a segunda vinda de CRISTO, somente amamos, e nunca odiamos? Assim como fez JESUS, na cruz? Já relatamos, nos parágrafos anteriores, que não é assim. Será que teremos que ser sacudidos fora, para a purificação da igreja? Há duas maneiras de tornar a igreja fiel aos princípios de DEUS. Uma, por meio do reavivamento e reforma; outra, por meio da sacudidura. Que a igreja se tornará um povo puro isso é certo, mas que eu e você nos reavivemos, que não haja a necessidade de sermos expulsos por DEUS para deixarmos de prejudicar a igreja.

No relato de Amós, as nações da palestina oprimiam outros povos, e em certos casos, oprimiam povos irmãos. Exploravam e destruíam, também os submetiam à escravidão.  A crueldade chegou a tal ponto que DEUS disse: agora basta.

DEUS agirá nesses últimos dias contra a crueldade. Entre as nações, Ele as castigará porque todos hoje sabem que somos irmãos, somos seres humanos, e o conhecimento a respeito dos princípios de nos tratarmos com amor já alcançou o mundo todo. Não há desculpas para o que acontece, por exemplo, na Síria atualmente, e em muitos outros lugares. Não há desculpas para o que fazem em São Paulo, Brasil, matando todas as noites pessoas, e não importamos com os motivos. Não há desculpa para os membros do povo de DEUS agir contra o seu irmão com desprezo, porque não pertence ao mesmo time, ou porque é pobre, ou porque tem alguma diferença que não gostam. Hoje é tempo de nos irmanarmos, de vivermos com DEUS, de agirmos como JESUS agiu.

  1. 2.      Segunda: Justiça para o oprimido
A relação entre o rico e o pobre sempre foi favorável ao rico. As pessoas são pobres não tanto por falta de oportunidade financeira, e sim, por falta de oportunidade de preparo para lutar pela vida. E sempre houve tensão entre raças, especialmente da raça branca sobre a negra. No mundo, os negros em geral, se bem que há importantes exceções, são pobres. Em alguns casos isso está, felizmente, mudando. No Brasil temos leis que criam facilidades aos negros bem como a outros extratos sociais, para que possam mais facilmente se preparar para a vida. E isso vem dando certo. Conheço pessoas que tem origem nos bugres, um tipo de índio de pequena estatura, que se formaram em curso superior, e se tornaram profissionais bem sucedidos. Mas mesmo no Brasil ainda existe racismo em indivíduos, felizmente, não em nossas leis, como já foi no passado. Uma pergunta é: como pode um ser humano escravizar outro ser humano, considerando a sua cor? Isso é uma tremenda vergonha, um atestado de fracasso dos elementos norteadores de uma sociedade.

É mais lamentável seres humanos que dizem crer em DEUS, e ao mesmo tempo, explorarem os menos capazes de se defender. Foi o que aconteceu em Israel. Os ricos procuravam enriquecer ainda mais, com o trabalho mal remunerado dos pobres indefesos, que lutavam para ter ao menos o que comer. É lamentável que irmãos façam isto com outros irmãos.

E a justiça também estava pervertida. Os poderosos mantinham causas com juízes corruptos, contra pessoas que não podiam defender-se. Assim os ricos ficavam mais ricos e os poderosos mais poderosos, e no outro extremo, os pobres nunca saíam da pobreza e os fracos sempre permaneciam fracos. Ou seja, a riqueza e o poder era um privilégio sempre dos mesmos, e dentre eles ninguém perdia esses privilégios e os que não possuíam tais privilégios, nunca conseguiam ter acesso. Formaram-se classes sociais de pessoas que se achavam superiores. Isto é um insulto a DEUS, que queria uma sociedade onde todos se servissem mutuamente por meio do amor.

DEUS não queria uma sociedade onde todos tivessem o mesmo nível econômico. Sempre haveria pobres, isto é resultado do pecado. Mas DEUS queria que os pobres vivessem bem e felizes. Para isto os ricos deveriam ser favoráveis a eles, e a justiça deveria ser imparcial. 

“Não é plano de Deus que a pobreza desapareça do mundo. As classes sociais jamais deveriam ser igualadas; pois a diversidade de condições que caracteriza nossa raça é um dos meios pelos quais Deus tem pretendido provar e desenvolver o caráter. Muitos têm insistido com grande entusiasmo em que todos os homens devem ter parte igual nas bênçãos temporais de Deus; não era este, porém, o propósito do Criador. Cristo afirmou que sempre teremos conosco os pobres. Os pobres, bem como os ricos, são comprados por Seu sangue; e, entre os Seus professos seguidores, na maioria dos casos, os primeiros O servem com singeleza de propósito, enquanto os últimos estão constantemente colocando as suas afeições nos tesouros terrenos, e Cristo é esquecido. Os cuidados desta vida e a ambição das riquezas eclipsam a glória do mundo eterno. Seria a maior desgraça que já sobreveio à humanidade se todos devessem ser colocados em posição de igualdade em possessões terrenas” (Conselhos Sobre Saúde, 230).

Nós devemos amar nossos semelhantes, como JESUS amou. Devemos ser favoráveis a eles, buscar pela sua felicidade, fazer o bem, servir ao próximo. Especialmente nesses últimos dias, quando se aproxima rapidamente a vinda de CRISTO. Portanto, devemos trabalhar pela vida eterna dos nossos semelhantes, não importa quem seja, de que raça ou cor, de que religião, igreja ou seita, de que partido político. JESUS foi morto por todas as pessoas. Assim nós também devemos amar todas as pessoas.

  1. 3.      Terça: O perigo dos privilégios
Há algo que DEUS faz pelas Suas criaturas e que tem dado graves problemas. Não é por culpa de DEUS, mas das criaturas. O que tem trazido problemas é a prosperidade que DEUS dá a quem ama. Lúcifer, o anjo mais exaltado por ser aquele que assistia mais próximo a DEUS, o responsável pela adoração ao Criador, sentiu orgulho disso, e imaginou que deveria ter e ser mais, a ponto de se revoltar contra DEUS. Adão e Eva tinham excelentes privilégios no Éden, mas ao ser-lhes dito que poderiam ter ainda mais, que poderiam saber o que só DEUS sabia, passaram a querer esse conhecimento. O povo de Israel, que teve o privilégio da eleição em Abrão, ao ser transformado na nação estabelecida na Palestina e prosperar, sentiu orgulho da prosperidade e se afastou de DEUS, imaginando ser conquista sua. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, a sétima igreja do Apocalipse, povo escolhido para dar a última advertência ao mundo, por isso próspero, orgulha-se de ter a verdade e de sua prosperidade, imaginando ser rica no sentido do conhecimento da verdade, e até da prosperidade material.

A prosperidade com que DEUS brindou Suas criaturas tem se tornado em ponto de provação, e muitos têm caído em desgraça. Mas longe de culparmos a DEUS. Será que iríamos desejar que Ele nos criasse e nos colocasse em condições de penúria para sempre termos que reconhecer nossa dependência? Não, não é assim! Essa questão delicada será resolvida para sempre, e estamos bem perto dessa solução. Hoje, ainda, temos que cultivar a simplicidade e o despojamento para mais facilmente nos salvarmos. Mas quando chegarmos à Nova Terra, então teremos, como sempre foi o plano de DEUS, a prosperidade e os privilégios de filhos e filhas do Rei do Universo. Essa lógica é correta porque, como poder-se-ia admitir criaturas do Rei do Universo serem pobres e tendo falta disso ou daquilo?

Portanto, aqui na Terra devemos, como JESUS, o nosso exemplo, cultivar a simplicidade. Afinal, ainda somos fracos pecadores, sujeitos aos desejos naturais de quem é afetado pelo pecado, ainda não inteiramente transformados pelo poder de DEUS. Os privilégios que DEUS dá correspondem também em responsabilidades, isso é evidente. O povo de Israel devia dar uma mensagem por palavra e por testemunho ao mundo daquele tempo. No entanto, fizeram exatamente o contrário: se acharam tão privilegiados que imaginavam que a verdade que receberam não poderia ser estendida aos gentios. Não podemos cometer o mesmo erro hoje, e não cometeremos, como é a revelação profética. De mornos seremos reavivados para a conclusão da obra confiada por DEUS a esta igreja apocalíptica.

“Em sentido especial foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como vigias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. Sobre eles incide maravilhosa luz da Palavra de Deus. Confiou-se-lhes uma obra da mais solene importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Nenhuma obra há de tão grande importância. Não devem eles permitir que nenhuma outra coisa lhes absorva a atenção.

“As mais solenes verdades já confiadas a mortais nos foram dadas, para as proclamarmos ao mundo. A proclamação dessas verdades deve ser nossa obra. O mundo precisa ser advertido, e o povo de Deus deve ser fiel ao legado que se lhe confiou. Não se devem eles empenhar em especulações, nem entrar em empresas comerciais com incrédulos; pois isso os estorvará de fazer a obra que Deus lhes confiou.

“De Seu povo, diz Cristo: “Vós sois a luz do mundo.” Mat. 5:14. Não é questão de pouca importância o terem-nos sido revelados tão claramente os conselhos e planos de Deus. Admirável privilégio é ser capaz de compreender a vontade de Deus tal como é revelada na segura palavra dos profetas. Isto põe sobre nós pesada responsabilidade. Deus espera que comuniquemos aos outros o conhecimento que nos deu. É Seu propósito que as agências divinas e humanas se unam na proclamação da mensagem de advertência” (Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 288).

  1. 4.      Quarta: O encontro de Israel com DEUS
Não havia jeito. Israel não se comovia e não retornava a DEUS. Muito tempo passou, mas Israel se endurecia contra DEUS, seguindo a detestável idolatria. Então DEUS enviou sete desastres naturais, para ver se o povo se voltaria a DEUS, mas também isso não funcionou, senão para servir de prova contra eles. Os desastres foram: faltou pão para o alimento; faltou chuva; crestamento e ferrugem; o gafanhoto devorador; peste; espada; subversão como a Sodoma. Mas nada disso chamou a atenção deles para DEUS. Por fim, DEUS fez um convite: que eles se preparassem para se encontrarem com DEUS.

Esse convite tem a ver com a oração de Salomão, que, pecando, se o povo se arrependesse, e orando voltado para o templo, DEUS os perdoaria e os sararia. Era para que o povo fizesse isso que DEUS estava fazendo esse convite. Era mais uma oportunidade, afinal.

Para nós, hoje, o convite é o mesmo, e devemos anunciá-lo. “João não anunciava sua mensagem com elaborados argumentos ou engenhosas teorias. Assustadora e severa, e todavia cheia de esperança, era sua voz ouvida do deserto: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos Céus.” Mat. 3:2. … Camponeses e pescadores iletrados dos distritos vizinhos; soldados romanos dos quartéis de Herodes; comandantes, de espada à cinta, dispostos a aniquilar qualquer coisa que cheirasse a rebelião; os mesquinhos cobradores de impostos, de suas coletorias; e do Sinédrio, os sacerdotes em seus filactérios – todos escutavam como presos de fascinação; e todos… saíam… sentindo o coração penetrado do sentimento de seus pecados. …

“Neste século, exatamente antes da segunda vinda de Cristo nas nuvens do Céu, tem de ser feita uma obra idêntica à de João. Deus pede homens que preparem um povo para subsistir no grande dia do Senhor. … Como um povo que acredita na próxima segunda vinda de Cristo, temos uma mensagem a apresentar – “Prepara-te, … para te encontrares com o teu Deus”. Amós 4:12. Nossa mensagem precisa ser tão direta como o foi a de João. Ele repreendia reis por sua iniquidade. Não obstante sua vida estar em perigo, não hesitava em declarar a Palavra de Deus. E nossa obra neste tempo tem de ser feita com igual fidelidade.

“A fim de dar uma mensagem tal como a de João, devemos possuir vida espiritual semelhante à sua. A mesma obra deve ser efetuada em nós. Devemos contemplar a Deus e, em assim fazendo, perder de vista o próprio eu” (Obreiros Evangélicos, 54 e 55).

  1. 5.      Quinta: Orgulho que leva à queda
Hoje estudaremos o pequeno livro do profeta Obadias. Ele foi escrito especificamente para Edom, ou Esaú. Edom era um povo pequeno, mas guerreiro, orgulhoso, soberbo, sem entendimento. Odiava o povo de Israel, ou judeus. Eram povos irmãos. Descendiam de Esaú, irmão gêmeo de Jacó. Brigavam desde antes de nascer. Depois do nascimento, Jacó e Esaú viveram de modo bem diferente. Um se tornou poderoso caçador, o outro vivia em casa, plantando e cuidando do gado. Esaú não se importava com a fé de seus pais; Jacó a seguia fielmente. Esaú desprezava a promessa dada a Abraão, seu avô, mas Jacó dava supremo valor a ela, a tal ponto que DEUS já havia decidido que a herança da primogenitura iria a Jacó, não a Esaú que havia nascido antes. Portanto, por nascimento, seria o mais velho. A maior briga entre os dois irmãos gêmeos foi a que resultou na bênção da primogenitura a Jacó, não a Esaú. DEUS já havia se pronunciado sobre isso, mas o ser humano resolveu ajudar a DEUS, e assim criou problemas em vez de soluções. O problema criado foi que Esaú queria matar Jacó para impedir que a bênção se realizasse, e este teve que fugir. Mas quando DEUS está no comando, não há o que o ser humano possa fazer para impedir a vontade de DEUS. Futuramente fizeram as pazes, se reconciliaram, por providência de DEUS. E assim deveriam continuar sempre: dois povos vivendo próximos, um respeitando o outro.

“Os antepassados de Edom e Israel eram irmãos, e bondade e cortesia fraternal deviam existir entre eles. Proibiu-se aos israelitas, quer naquela ocasião quer em qualquer tempo futuro, vingar a afronta que se lhes fizera com a recusa da passagem pela terra. Não deviam ter expectativa de possuir qualquer parte da terra de Edom. Conquanto os israelitas fossem o povo escolhido e favorecido de Deus, deviam atender às restrições que Ele lhes impunha. 

Deus lhes prometera uma boa herança; mas não deviam entender que somente eles tinham direitos na terra, e procurar excluir todos os outros. Foram instruídos a que se acautelassem, em todas as suas relações com os edomitas, de lhes fazer injustiça. Deviam negociar com eles, adquirindo por compra os suprimentos necessários, e pagando prontamente tudo que recebiam. Como incitamento a Israel a fim de confiar em Deus, e obedecer à Sua palavra, lembrou-se-lhes: “O Senhor teu Deus te abençoou; … coisa nenhuma te faltou.” Deut. 2:7. 

Não deviam depender dos edomitas; pois tinham um Deus farto em recursos. Não deviam pela força ou pela fraude procurar obter coisa alguma a eles pertencente; mas, em todas as suas relações, exemplificar o princípio da lei divina: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo.” Lev. 19:18” (Patriarcas e Profetas, 424).

Mas assim, infelizmente, não foi. Edom foi morar, conforme a bênção dada por Isaque, no deserto, nas montanhas. Construíram a famosa cidade de Petra, esculpida em grande parte nas rochas das montanhas. Fortaleceram-se ali. E odiavam a Israel. Quando os israelitas eram atacados por outros povos, se alegravam em ver sua desgraça. Quando o povo de DEUS foi atacado por Babilônia, e sua cidade foi destruída e o templo foi arrasado, eles se rejubilaram, e até ajudaram em saquear o pouco que restou, e perseguiram alguns que conseguiram fugir. Queriam eliminar os seus irmãos, em vez de acolher. DEUS viu essa atitude e disse que a casa de Jacó teria futuro, seria reconstruída, mas a de Edom seria banida, do modo como eles mediram a Israel, assim seriam medidos.

Hoje, os edomitas não existem mais. Israel existe ainda, e principalmente, existe a igreja que sucedeu a Israel, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que mantém a mensagem ao mundo. De Edom não se fala mais há milhares de anos, a não ser os turistas que visitam as ruínas da cidade de Petra para olhar e se admirar. Mas disto os edomitas não têm proveito algum.

  1. 6.      Aplicação do estudo Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:
Nós facilmente temos uma compreensão errada da bondade, misericórdia e amor de DEUS. Prefiro dizer nós, pois isso aconteceu com o povo de Israel, mas o mesmo problema também nos atinge hoje. Ou seja, nós temos a verdade, e facilmente isso nos faz pensar que somos superiores às demais igrejas. Os israelitas se imaginavam superiores às demais nações.

Por terem sido eleitos, por terem visto a ação poderosa de DEUS em seu favor, por terem recebido os Dez Mandamentos das mãos de DEUS, e inúmeras coisas mais, todas miraculosas e positivas, com o tempo entenderam que as demais nações eram inferiores e desprezíveis. E de fato, em certo sentido isso era verdade. Não se poderia comparar o DEUS de Israel com os demais deuses das nações pagãs. E também não se poderia comparar o conhecimento que Israel possuía com o conhecimento das demais nações. Mas isso não justificava que se posicionassem como possuidores de algo que as demais nações não deveriam possuir. Pelo contrário, cabia a eles dividir o conhecimento da verdade, e atrair as outras nações para o DEUS verdadeiro. Em lugar de se sentirem superiores, deveriam ter se sentido com obrigações e responsabilidades perante aqueles povos ignorantes a respeito de DEUS. O princípio do amor deveria impulsioná-los a conquistas espirituais. Eles deveriam sentir uma compaixão pelos outros povos a ponto de amá-los e de não ficarem acomodados diante da escuridão espiritual em que viviam.

E nós, hoje, membros da igreja verdadeira, não temos idêntico problema? É um pouco parecido, mas de certa forma, diferente. Hoje, não tanto com desprezo que tratamos as demais crenças, mas com uma indiferença acomodada, ou seja, não estamos preocupados com o fato de irem-se perdendo. Falta-nos o poder do ESPÍRITO SANTO, para desenvolver em nós uma espécie de angústia pela perdição de seres humanos. Precisamos orar mais para que sejamos mais preocupados com a espiritualidade das pessoas que não são de nossa fé. 

Talvez devamos pensar como Marcos: “Desde os primeiros anos de sua profissão de fé, a experiência cristã de Marcos tinha-se aprofundado. Ao estudar mais acuradamente a vida e a morte de Cristo, tinha ele obtido mais clara visão da missão do Salvador, Suas provas e conflitos. Lendo nas cicatrizes das mãos e pés de Cristo as marcas de Seu serviço pela humanidade, e até aonde leva a abnegação para salvar os perdidos e prestes a perecer, Marcos se dispusera a seguir o Mestre na senda do sacrifício. Agora, partilhando a sorte de Paulo, o prisioneiro, ele compreendeu melhor que nunca, que é infinito ganho ganhar a Cristo, e infinita perda ganhar o mundo e perder a alma por cuja redenção foi o sangue de Cristo derramado. Em face de severa adversidade e prova, Marcos continuou firme, um sábio e amado auxiliar do apóstolo” (Atos dos Apóstolos, 455).

Assista o comentário clicando aqui.

Comentários Lição 04 - Senhor das nações (Amós e Obadias) - CPB

20 a 27 de Abril de 2013

Luiz Gustavo S. Assis é formado em teologia pelo Unasp Campus 2 e atualmente exerce a função de pastor distrital no bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, RS.


 Introdução:
Diariamente, somos expostos a injustiças e desigualdade social. Enquanto alguns têm muito, outros têm bem pouco. Esse não é um problema exclusivo do século 21. Na verdade, avareza e egoísmo são algumas das raízes do pecado. Há pouco mais de dois anos, a BBC de Londres fez uma pesquisa com um grupo expressivo de pessoas com a seguinte pergunta: Qual é o maior problema do mundo atual? Pela primeira vez a resposta foi corrupção. Ora, essa resposta não deveria nos deixar surpresos, já que isso é evidenciado todos os dias, na TV, na internet ou nas ruas.

Amós surge num contexto semelhante a esse no reino de Israel. A responsabilidade do povo escolhido de Deus não era apenas a de exercer uma influência espiritual positiva para as nações ao redor. Vivendo essa verdade, eles deveriam proporcionar uma economia em que todos fossem beneficiados, não apenas alguns. O interessante no livro de Amós é que Deus também tinha muito a falar sobre os pecados das outras nações. Em outras palavras, Ele não estava olhando apenas para Israel e Judá, mas para todas as nações, e tinha uma sentença para todas elas.


Algumas assustadoras estatísticas sobre a pobreza no mundo e qual deveria ser a postura cristã podem ser vistas na obra de Craig Blomberg, “Nem Riqueza, Nem Pobreza: Uma teologia bíblica das finanças” (Esperança, 2009), p. 17-20.



 Ampliação: 

I. Conhecendo o livro

    Graças aos estudos cronológicos do erudito adventista Edwin Thiele, podemos estabelecer com segurança as datas dos reinados dos reis de Israel e Judá. Seus estudos doutorais na Universidade de Chicago nos anos 1960, foram uma das maiores contribuições adventistas no meio acadêmico envolvendo o Antigo Testamento. Por causa disso, não restam muitas dúvidas sobre os períodos de governo dos monarcas mencionados na Bíblia. Amós menciona que o ministério dele ocorreu durante o reinado dos reis Uzias, em Judá, e Jeroboão II, em Israel, e que foi dois anos antes do terremoto (Am 1:1). Existem diversos indícios arqueológicos em Hazor, em território israelita, de que houve um severo terremoto na região na metade do oitavo século, por volta do ano 760 a.C. Esse foi justamente o período do governo desses dois reis.

    Esse foi um período privilegiado tanto para Judá como para Israel. Os grandes inimigos desses reinos (Babilônia, Egito e Assíria) estavam enfraquecidos e isso trouxe prosperidade para os israelitas. Nem toda a nação desfrutou dessa abundância. Amós denunciou as extravagâncias dos ricos falando das casas adornadas com marfim (3:15), das camas de marfim (6:4), o que pode ser comprovado graças às escavações arqueológicas feitas em Samaria. Enquanto alguns se deliciavam em suas mansões, os necessitados da nação (órfãos e viúvas) careciam do essencial para a subsistência. Interessante que, em menos de trinta anos, essa tranquilidade e paz foi trocada pela destruição causada pelos assírios em 722 a.C. Foi nesse contexto que Deus chamou Amós para ser Seu mensageiro.


    Apesar de ser identificado como um dos “pastores” da cidade de Tecoa (v. 1), suas habilidades retóricas e seu amplo conhecimento sugerem que Amós não era um simples camponês como alguns pensam. Há uma possibilidade de que o termo hebraico para ‘pastor’ nessa passagem (noqed) signifique alguém que administrava a um grupo de pessoas que cuidavam de rebanhos. A informação de que ele não era “profeta, nem filho de profeta” (7:14, 15), significa que ele não era um profeta “profissional” que fizesse disso sua principal atividade. Ele não falava aos reis o que eles gostariam de ouvir, como é sugerido no contexto do capítulo 7.


    A cidade de Tecoa ficava aproximadamente a 11 km ao sul de Jerusalém. Suas ruínas são conhecidas como Tekua. Apesar da proximidade com a capital do reino do Sul, o ministério de Amós tinha primariamente o reino de Israel como alvo. Podemos pensar que nosso local de nascimento, bairro ou rua em que moramos tenha pouca importância para Deus. Apesar de Tecoa não ser uma das principais cidades da Bíblia, Amós foi convocado pelo Senhor para sair de lá e dar Sua mensagem diante de um rei e outras pessoas importantes.

    II. A mensagem do profeta Amós

    A seguir, você pode conferir uma estrutura básica da obra de Amós:


    a) Introdução (1:1, 2)
    b) Julgamento sobre as nações (1:3–2:16)
    c) Julgamento sobre o povo de Deus (3:1–5:17)
    d) Anúncios do exílio (5:18–6:14)
    e) Visões de Amós (7:1–9:10)
    f) Restaurada a visão de Israel para o futuro (9:11-15)



    Ao longo dos seus nove temas, dois se destacam na obra de Amós: justiça social e julgamento. Todas as lições sobre Amós nessa semana estão relacionadas com esses dois assuntos.

    Justiça social: Podemos listar alguns dos pecados da nação israelita: opressão contra os pobres (2:6-7a; 5:12; 8:4, 6), injustiça  nas cortes (2:7a; 5:7, 12; 6:12), imoralidade sexual (2:7b), abusos religiosos (2:8); violência (3:10), idolatria (5:26); negociações corruptas (8:5).  Muito além da preocupação meramente espiritual e religiosa, o Deus revelado nas páginas do livro de Amós parece estar preocupado com o que fazemos no nosso dia a dia, não meramente na nossa esfera espiritual. De fato, fé verdadeira se manifesta em ações, especialmente aquelas relacionadas à justiça social.

    É interessante notarmos que Deus também estava atento aos crimes e pecados envolvendo a justiça social nas nações vizinhas. Como pode ser visto nos dois primeiros capítulos do livro, o que acontecia em Damasco, Gaza, Tiro, Edom, Amon e Moabe estava sendo registrado pelo Senhor. Ele não estava ignorando nem mesmo as angústias daqueles que não pertenciam ao Seu povo escolhido. Esse, quem sabe, seja um dos mais belos insights do cuidado que Deus tem com todas as Suas criaturas ao redor do mundo. Ele Se preocupa com as injustiças do Brasil, mas também com as que ocorrem em Bangladesh ou na Bélgica, realidades bem distantes das nossas.


    Julgamento: Se Deus apenas soubesse o que estava acontecendo em todas as nações, mas não agisse, ou Ele seria incapaz de fazer algo ou desinteressado em executar justiça. No entanto, através do punho do profeta, lemos quais seriam as intenções divinas em relação aos seus crimes e pecados. No caso de Israel, por exemplo, eles seriam punidos pela injustiça e exploração do pobre (2:13-16; 6:8, 14; 8:9–9:10) e aqueles que viviam de maneira pomposa à custa de outros perderiam tudo o que possuíam (3:15–4:3; 5:16, 17; 6:4-7). Muito interessante é notar que Amós utilizou algumas palavras que serviam como código e seus ouvintes e leitores as compreenderam automaticamente. Por exemplo, em 4:1 ele chama as mulheres de vacas de “Basã”. Podemos pensar que se tratasse de uma ofensa, mas na verdade era uma perfeita descrição da realidade. Basã era conhecida por ter o melhor gado de todo o território de Canaã. No caso das mulheres de Israel, toda a riqueza e o dispendioso estilo de vida era mantido com exploração dos pobres. Por causa disso, Deus iria expor a hipocrisia e a falsa piedade do Seu povo (4:4-5; 5:21-23).

    Mas Deus desejava chamá-los de volta para Si. Uma das narrativas mais dramáticas que Deus utilizou para atrair Israel para Seus caminhos pode ser lida em 4:6-12. Ali podemos ver todo tipo de tragédia, problemas climáticos, pragas semelhantes às do Egito, fome, entre outras terríveis situações. Todos esses desastres estavam relacionados à desobediência aos mandamentos (cf. Lv 26; Dt 28). Por cinco vezes, uma frase é repetida quase que num tom fúnebre: “contudo, não vos convertestes a mim, disse o Senhor” (v. 6, 8, 9, 10, 11).
    A intenção divina foi frustrada. Por isso, a tônica do verso 12 seria o próximo passo: “Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus”. Mesmo diante de uma condenação anunciada, o profeta ainda advertiu o povo a mudar de rumo: “Buscai ao Senhor e vivei” (5:6).

    Já mencionamos como isso aconteceu em Israel. Em 722 a.C., os assírios o destruíram. E quanto aos povos que tiveram seus crimes e pecados denunciados? A condenação também foi executada. Praticamente todas aquelas nações de alguma forma foram afetadas pelas campanhas de Nabucodonosor, rei de Babilônia, na mesma época em que ele estava conquistando o reino de Judá e levando diversos moradores como exilados. Os filisteus, por exemplo, foram destruídos nessa ocasião.


    O livro de Amós termina com uma nota de esperança. Após esse julgamento, Deus restauraria Seu povo (9:11-15).



    II. A relevância da mensagem do profeta Amós

    Quero demonstrar a relevância das mensagens de Amós para nossos dias.

    Ponto cego: Aqueles que dirigem sabem muito bem que, em determinadas ultrapassagens, somos traídos pelo nosso ponto cego. Nenhum dos espelhos retrovisores conseguem mostrar um carro na nossa lateral. Por isso a necessidade de se olhar para o lado, não somente para os espelhos. Imagino que com Israel e Judá não tenha sido diferente. Note bem: Amós começou seu livro falando contra os vilões de Israel. Amom, Moabe, Edom, Filistia e Síria. Os moradores de Israel devem ter se alegrado ao ouvir as duras mensagens de Deus para os arrogantes líderes dessas nações. O que eles não esperavam era uma mensagem contra eles mesmos!  Nosso coração é enganoso (Jr 17:9) e por isso temos nossos pontos cegos. Uma das coisas mais difícies é lidar com nossos erros e fracassos. Por isso, é muito mais fácil esquecer um elogio do que uma crítica. Precisamos ser honestos com nós mesmos e admitir que nem sempre podemos estar certos e, se necessário, retratar-nos. 

    “Busquem o Senhor”: O verbo hebraico para buscar é darash e carrega em si a ideia de uma busca constante. Podemos imaginar que nossa presença nos cultos da igreja seja sinônimo de buscar a Deus. No entanto, é necessário algo maior do que isso. É relacionar-se com o Senhor através de uma leitura atenta da Sua palavra. É orar com um desejo de ter a mente transformada pela atuação poderosa do Espírito Santo. Nas palavras do pregador britânico Charles Spurgeon: “orar é subir com asas de águia acima das nuvens e chegar ao céu claro, habitado por Deus. É entrar na casa do tesouro do Senhor e fartar-se de uma fonte inesgotável”. Como tem sido sua vida de oração e de estudo da Bíblia? Superficial ou profunda?

    Justiça social: Há alguns anos minha esposa e eu tivemos a oportunidade de visitar uma pequena cidade no sul da França chamada Le Chambon-Sur-Lignon. O que aconteceu lá foi algo extraordinário. Essa cidade era o refúgio mais seguro para os judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Durante o período de ocupação nazista, o pastor local, André Trocmé, liderou uma resistência não violenta entre seus fiéis. Como resultado, mais de três mil judeus foram salvos graças à liderança de alguém que se recusava a negar suas crenças mesmo diante de soldados armados da Gestapo e da SS alemã. No topo da porta de sua congregação, pode ser lida uma máxima cristã em francês: “Aimez-Vous Les Uns Les Autres”, isto é, “Amai-vos uns aos outros”. E foi nessa congregação que Trocmé inflamou seus ouvintes com um sermão intitulado “As Armas do Espírito”, em que desafiou cada um deles a viver as palavras de Jesus. Esse mesmo espírito era difundido por meio dos dezessete pequenos grupos de estudos da Bíblia que havia em sua congregação. Como disse a mãe de três crianças judias salvas pelos esforços do Pr. André Trocmé: “Se o holocausto nazista foi uma tempestade, Le-Chambon-Sur-Lignon foi o arco-íris”. A simplicidade e coragem dessa atitude é reconhecida até hoje entre os milhares de judeus ao redor do mundo. Pense nisto: a atitude de um homem em uma pequena cidade foi reconhecida e será sempre lembrada por toda uma nação.

    Hoje, não estamos numa guerra como Trocmé estava, mas podemos fazer algo por aqueles que vêm até a porta da nossa igreja ou da nossa casa pedindo algo para comer ou vestir. Será que não somos capazes de organizar juntamente com nossa unidade da Escola Sabatina a visita a um orfanato ou asilo e levar um pouco de alegria e esperança para aqueles que tanto necessitam? Creio que sim, afinal, o amor cristão se demonstra também através de atos.


    Obadias

    Quero compartilhar alguns rápidos comentários sobre o livro do profeta Obadias. Trata-se do menor livro do Antigo Testamento, mas com algumas lições que podemos aplicar à nossa vida. Não sabemos nada sobre seu autor, além do seu nome. Obadias significa “servo do Senhor”. Pelos versos 11-14, alguns acadêmicos sugerem que o livro tenha sido escrito na época da destruição de Jerusalém, em 586 a.C., ou um pouco depois disso. Como pode ser visto nos 21 versos do livro, a mensagem é direcionada ao território de Edom, cujos habitantes se alegraram no dia da destruição do povo de Judá (v. 12) e se envolveram diretamente na sua destruição. Existem algumas lições a ser aprendidas aqui:


    1ª) A justiça de Deus tarda mas não falha: Edom teve sua participação na destruição de Jerusalém em 586 a.C. Apesar de uma aparente demora da justiça divina, esta pode ser vista em 553 a.C., quando o rei babilônico Nabonido destruiu o reino dos edomitas. Esse fato deve nos alertar quando pensamos que Deus deixa impunes aqueles que trazem dor e sofrimento à vida dos Seus filhos. Justiça postergada não é justiça esquecida.


    2ª) Schadenfreud: Essa é uma palavra alemã sem tradução para o português, cujo sentido é sentir-se feliz com a desgraça de outra pessoa. Diversos estudos neurológicos já foram feitos demonstrando como o cerébro reage diante dos infortúnios de outras pessoas. Enquanto a inveja é você desejar algo de outra pessoa, schadenfreud é se alegrar quando algo terrível acontece com ela. Os edomitas sofriam desse mal chamado schadenfreud, pois eles se alegraram diante da tragédia que veio sobre Jerusalém. Deus os repreendeu por isso. A grande realidade é que estamos sujeitos a esse mesmo sentimento hoje. No fundo, é difícil encontrar alguém que nunca disse:

    “Bem feito!” após algo ruim acontecer com alguém. O Deus que reprovou os edomitas é o mesmo que desaprova esse tipo de sentimento.

    Apesar de pequeno, o livro de Obadias pode ajudar você e sua unidade da Escola Sabatina a viver bem consigo mesmo e com os demais ao seu redor.



Algumas assustadoras estatísticas sobre a pobreza no mundo e qual deveria ser a postura cristã podem ser vistas na obra de Craig Blomberg, “Nem Riqueza, Nem Pobreza: Uma teologia bíblica das finanças” (Esperança, 2009), p. 17-20.
Edwin R. Thiele, “The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings” (Eerdmans, 1965)
Os arqueólogos responsáveis pelas escavações em Samaria foram: G. Reisner, C. S. Fisher e D. H. Lyon, em 1908 e 1910. Posteriormente, J. W. Crowfoot, Kathleen Kenyon e outro em 1931–1935. Restos dos palácios dos reis Omri e Acabe foram encontrados durante esse período de escavações.
Um registro cuidadoso de tudo o que aconteceu em Le Chambon pode ser lido em Philip Hallie, “Lest Innocent Blood Be Shed: The Story of the Village of Le Chambon and How Goodness Happened There” (Harper Perennial, 1994).



Vídeos

Introdução - Esboço da Lição “Busque ao Senhor e Viva” (aqui).
Esboço da Lição 4 - Senhor das nações (Amós e Obadias) (aqui).

Fonte: CPB
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