Procuram-se anti-heróis

(adaptado do texto do Pr Ricardo Gondim)

"Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia" (I Coríntios 3:18,19)

Há alguns anos, Lance Morrow escreveu na revista “Time” que “ser famoso é, entre as ambições humanas, a mais universal. Quem, a não ser monges e freiras, se contenta com a simples atenção de Deus? Quem busca ser obscuro na vida? Em nossa sociedade, ser obscuro é ser fracassado”.

Realmente, o mundo está lotado de gente correndo pelos primeiros lugares. Já se disse que quem chega em segundo não é vice, apenas o primeiro entre perdedores. Somos seduzidos pelas luzes e holofotes feito mariposas. O Ocidente alimenta o sonho do heroísmo; a modernidade, calcada na ideia do progresso, acena que a felicidade depende de conquistas; e a espiritualidade que se difundiu no hemisfério sacraliza ideais ufanistas.

Especialistas em planejamento estratégico, gurus em autoajuda e neurolinguistas repetem a fórmula da eficiência, competência, excelência, como estradas para o sucesso. A vida se transforma em uma guerra na qual os mais fortes sobrevivem. O esforço de ser campeão cria a necessidade de suplantar os outros. Importa conquistar o pódio dos grandes ídolos. Os menos hábeis que pelejem para não serem extintos.

Será que anônimos, gente simples, que jamais ganharão um Prêmio Nobel, merecem o desprezo que sofrem? Devem ser tratados como fracassados aqueles que nunca serão manchete de jornal? A indústria do espetáculo torna difícil acreditar que muita gente leve uma vida bonita sem as luzes da ribalta.

A cosmovisão moderna foi criticada em “Crime e Castigo”, de Dostoievsk Raskólnikov, personagem principal, classifica a humanidade em seres “ordinários” e “extraordinários”. Para justificar um assassinato, ele afirma que os “ordinários” são as pessoas que vivem uma vida despretensiosa, sem grandes desdobramentos para a macro-história. Esses podem ser sacrificados pelos “extraordinários”, que são os responsáveis pela condução da história. Impressionado por Napoleão ter derramado tanto sangue e mesmo assim ter sido perdoado pela história, Raskólnikov se comporta como uma pessoa “extraordinária” e assassina duas vidas.

O mundo, entretanto, não precisa de heróis, mas de anti-heróis. Gente que ame a discrição mais que o espalhafato, que valorize a intimidade relacional mais que a superficialidade, que veja beleza na candura mais que na sofisticação e que não fuja de sua fragilidade humana. O desabafo de Fernando Pessoa em “Poema em Linha Reta” merece ser mencionado: “Quem me dera ouvir de alguém a voz humana/ Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;/ Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!/ Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam./ Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?/ Ó príncipes, meus irmãos,/ Arre, estou farto de semideuses!/ Onde é que há gente no mundo?”.

O evangelho não incentiva a busca do sucesso. Jesus, discretíssimo, jamais aceitou a lógica do triunfo. Ele exerceu o seu ministério nos confins da Galileia e não em Jerusalém; escolheu pescadores rudes como discípulos; priorizou alcançar marginalizados, pobres e esquecidos. Não cedeu ao apelo de ir para Atenas, mas foi para Jerusalém morrer. A lenta transformação do cristianismo em um sistema religioso com heróis de renome, ícones aplaudidos e mitos idealizados não tem nada a ver com o projeto inicial do carpinteiro de Nazaré.

Cristianismo não é espetáculo. Nem sequer louvor significa show. Não se pode confundir profeta com animador de auditório nem evangelista com mascate. Púlpito não pode virar palco; nem sacristia, camarim. Esperança não se vende, nem milagre deve ser trampolim para a glória.

Paulo afirma em 1 Coríntios 4 que os líderes se consideram como despenseiros dos mistérios de Deus, e dos despenseiros requer-se tão-somente que sejam fiéis. Deus não premia sucesso, e sim integridade. Mulheres e homens anônimos, que trabalharam a vida inteira em asilos, comunidades indígenas, orfanatos, favelas, centros de reabilitação de alcoólicos, não malograram; pelo contrário, estes são os que a epístola aos Hebreus descreve como aqueles dos quais “o mundo não é digno”. Eles são sal da terra e luz do mundo. Nunca a fé cristã dependeu tanto desses anônimos que seguem os passos de Jesus.

REFLEXÃO: "Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel" (I Coríntios 4:1,2)

Fonte: www.ricardogondim.com.br, via Meditando em Jesus


Puro Engano

(adaptado do texto de Paulo R Barbosa)

"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai- vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2).

"Muitas pessoas gastam dinheiro que não ganharam, para comprar coisas que eles não desejam, para impressionar pessoas de quem não gostam." (Will Rogers, em Cobiça e Dívida).

Nós poderíamos escrever um texto parecido com o de Rogers: "Muitas pessoas gastam a preciosa vida dada por Deus, de maneira fútil e displicente, para agradar ao mundo e receber em troca, coisas que de nada lhes servirão a não ser conduzi-los à perdição".

O mundo tem suas luzes, seus encantos, seu colorido especial. Ele seduz e atrai. Suas armadilhas estão em toda parte e, a cada dia, mais e mais incautos se mostram fascinados pelo seu brilho. E o que tem o mundo a oferecer a não ser o brilho enganador? Nada! Caminhar em direção a essas luzes é fácil -- o difícil é voltar atrás. Quanto mais nos aproximamos das luzes, mais escuro se torna o caminho.

Quanto mais nos enveredamos pela mentira, mais árdua se torna a tarefa de reencontrar a verdade.

Se queremos impressionar alguém e com isso atrair bênçãos e felicidade, usemos nosso tempo, nossas forças, o que somos e o que temos, unicamente para glorificar a Deus. Nosso tempo não será perdido, nossas forças serão renovadas, nossos bens espirituais serão multiplicados, nossa vida será transbordante como um rio de águas vivas.

De que adianta eu tentar impressionar ao mundo em troca de algumas migalhas de um prazer passageiro? De que adianta eu me sujeitar às circunstâncias que me desagradam apenas para
obter um lucro que logo será dissipado? De que adianta eu ganhar o mundo inteiro e perder a minha salvação?

Puro engano!

REFLEXÃO: “Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu o dissipei com um assopro. Por que causa? diz o Senhor dos exércitos. Por causa da minha casa, que está em ruínas, enquanto correis, cada um de vós, à sua propria casa” (Ageu 1:9)



Um passaporte na fronteira

(adaptado do texto de Paulo R Barbosa)

"Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23:42, 43)

"O ladrão tinha cravos em ambas as mãos e, desta maneira, não podia trabalhar; e cravos em cada um dos pés, não podendo sair e cumprir as obras do Senhor; ele não podia erguer uma de suas mãos ou um de seus pés em direção à salvação, mas, mesmo assim, Cristo ofereceu-lhe o presente de Deus e ele o tomou. Cristo lhe deu um passaporte e ele entrou [*] no paraíso." (D. L. Moody)

O ladrão da cruz teve uma oportunidade e não a perdeu. Tinha todos os impedimentos para ir ao encontro de Deus, mas, ultrapassou os obstáculos. Reconheceu que estava ali por merecimento, mas aceitou a oferta gratuita que Cristo lhe ofereceu.

E nós, o que temos feito com as nossas oportunidades? Temos preferido continuar no caminho incerto, sem direção, sem saber para onde vamos? Temos persistido nos erros, como um
jogador que vai perdendo tudo o que tem, sem desistir de continuar tentando, até que não tenha mais nada? Temos sofrido com as quedas, sempre continuando pelo mesmo caminho, até que o sangramento espiritual de nossos joelhos não nos permita mais andar?

Às vezes somos obstinados. Enfrentamos problemas e não sabemos como solucioná-los. O Senhor estende a mão, oferece um presente, mas, continuamos rejeitando. "Eu quero uma
solução", dizem, "mas, a solução não pode ser Deus!" O Senhor oferece o "passaporte" da bênção e muitos preferem ficar bloqueados diante da fronteira que conduz à felicidade.

Se você se encontra na fronteira entre o país das tristezas e da perdição e não sabe como fazer para atravessá-la e alcançar a terra da felicidade, da salvação e da vida eterna, tome o passaporte que o Senhor oferece. Você irá atravessar e nunca mais desejará voltar.

REFLEXÃO: “Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lucas 15:7)

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