"Cristão Fanático"? Sou sim!

(por Johnny Sleazer)

Hoje em dia o padrão "cristão convicto" que busca a santidade e os valores de Cristo acima de qualquer coisa e até as últimas consequências virou mesmo coisa de "fanático".

Com tanta negociação de "cristãos" para agradar o sistema mundano, quando um cristão segue o padrão inverso ao que virou comum pra maioria, é o doido, o fanático, fundamentalista, extremista, nazista, entre outros termos que eu ando ouvindo as tulhas de uns tempos pra cá.

Em vários países, ser cristão é sinônimo de "atestado de óbito". A perseguição nesses lugares é nua e crua, além de autorizada, levando irmãos nossos para prisões, julgamentos e mortes, as vezes até execuções sumárias, sem julgamento algum. No nosso país pseudolaico e pseudoliberal, em que "todos" têm direito à voz, o preconceito é velado. E talvez, acredito eu, por isso mesmo seja ainda mais difícil ser um cristão sério por aqui. Lá uma pessoa se torna cristã já sabendo que pode a qualquer momento ir pros braços do Pai antes do que esperava; aqui esse risco é talvez até nulo de isso acontecer (pelo menos até agora...), e com esse relaxamento nós as vezes relaxamos junto, ou seja, pra agradar amigos, pessoas, familiares, as vezes nos permitimos fazer coisas que contrariam nossa fé, ou passamos a concordar com convicções que não são as que vêm do Alto.

É bom deixar bem claro isso: Ou somos cristãos no significado pleno da palavra (similar a Cristo) ou não somos cristãos. Mesmo que desagrademos amigos, familiares, até "irmãos" da igreja, não importa, ser cristão é coisa séria. Ser "fanático" é melhor que ser JOIO. "Fanáticos" pro mundo e santos pra Deus é muito melhor que ser "legal" pro mundo e joio jogado no inferno por Deus!

Fonte: Emunah

A Morte do Evangelho da Cruz

(por Airton E. da Costa)

Para as seitas, o “evangelho” da riqueza fácil é muito mais rentável. O Evangelho da cruz, do arrependimento, do perdão do gloriar-se nas próprias fraquezas não mais atende às necessidades das ovelhas.

As Boas Novas foram substituídas pela participação dos fiéis em campanhas e pelo uso de amuletos que garantem sucesso nos negócios.

São muitos os testemunhos na televisão de empresários que ampliaram seus negócios após comparecerem com regularidade aos referidos eventos religiosos e, claro, após darem as ofertas requeridas. Não importa se continua em adultério, desonestidade, prostituição, cheio de soberba, e faça o que bem entender. Nas campanhas, é proibido falar em pecado.

Quanto às entrevistas de sucesso empresarial, observem o seguinte: “De cada dez empresas criadas no Brasil, cinco quebram antes de completarem dois anos de existência” (Pesquisa SEBRAE). “Em oito anos, quase metade das empresas criadas no País fecha” (IBGE).

A falência ou sucesso acontece com empresários católicos, evangélicos, espíritas ou ateus, participem ou não de campanhas de prosperidade. Não duvido da sinceridade dos entrevistados nem do poder de Deus para atender os desejos de cada um de seus filhos. Porém, o sucesso não decorre da participação em uma campanha. Milhares de pequenos e grandes empresários, crentes, prosperam sem que participem de qualquer campanha. E milhares, quer participem, quer não participem, não conseguem bons resultados.

O merchandising das entrevistas nunca expõe os insucessos. Ou seja, os empresários falidos, apesar dos dízimos e das campanhas, jamais serão entrevistados. Por que?

Serei mais objetivo. Num universo de 1.000 empresários ateus e 1.000 participantes de campanhas da prosperidade, o percentual de sucessos e insucessos nos negócios não se altera. Pela estatística que vimos, metade terá algum tipo de prosperidade e metade sofrerá perdas.

Notem que os entrevistados sempre começam declarando que “depois que vim para cá”, ou “depois que participei da campanha”. Raramente, glorificam a Deus pelo progresso. A glória pertence à Igreja patrocinadora do evento.

Para que houvesse transparência, imparcialidade e justiça, os menos favorecidos deveriam ser ouvidos. Porque não prosperaram? E os que experimentaram êxito, mas depois entraram em falência? E os assalariados que continuam no mesmo miserê, apesar de serem freqüentadores assíduos de tais apelos promocionais?

O Senhor garante que somos abençoados, quer participemos de campanhas, quer não. Ele diz que devemos buscar em primeiro lugar, não as campanhas, mas o Seu Reino, e “todas estas coisas nos serão acrescentadas”, isto é, o comer, o beber, o vestir.

O engano está na sutileza do merchandising.

Carta de um apóstolo moderno ao seu discípulo

(Por Thiago Ibrahim)

O apóstolo Paulo escreveu duas epístolas ao seu discípulo Timóteo com o objetivo de auxiliá-lo em sua difícil responsabilidade de pastorear a igreja de Éfeso. Como bom mentor, em suas cartas Paulo dá vários conselhos muito úteis na doutrinação da igreja e preservação das doutrinas do evangelho de Jesus Cristo.

Olhando então para a realidade da teologia da prosperidade, imaginei como seria uma carta enviada de um apóstolo da prosperidade a um de seus discípulos. O que segue é apenas fruto da observação dessa teologia que tem feito muito mal ao evangelho de Cristo e enganando a muitas pessoas com promessas de vitória e riquezas.

Prezado discípulo,

Com estes conselhos tenho a intenção de ajudar você com dicas práticas que vão te fazer ter sucesso nessa sua nova jornada, agora que você foi por mim ungido apóstolo. Leia-as com atenção e siga cuidadosamente cada dica que você ler aqui.

Evangelista? Anunciador da Salvação? Defensor da Fé? Cuidador de Almas? Pastor? Apascentador? Servidor? Não. Nada disso. Seja, na verdade, animador de auditório e fazedor de média. Existem técnicas para isso. Observe com bastante atenção as dicas e conselhos que se seguem:

Aprenda a como mexer com o ego dos outros. Quanto mais especialista em manipulação de massas você for, mais rico você vai ficar. Cursos para aprender isso? Não, não. Isso você tem que aprender olhando. Veja. Preste atenção no que eu faço, em como eu faço e me imite. Seja um mercador de religião.

Aproveite-se da miséria e da necessidade de alento do ser humano para lucrar e conseguir notoriedade. Isso é muito mais fácil do que você imagina. Pra que falar de Graça? Graça a gente acha mesmo é de ver esses fieis sendo fieis a nós enchendo os nossos cofres e contas correntes de rios de dinheiro, acreditando nos rituais mais bizarros que inventamos. Quer dinheiro mais fácil de ganhar do que esse?

Faça cara de piedoso. Treine. Olhe-se no espelho. Acredite: a quantidade de grana que você vai ganhar é proporcional ao nível de piedade aparentada por você. Fale ao coração, não ao cérebro, mexa com as emoções dos que te ouvem. Faça parecer que você se preocupa com a felicidade do seu fiel. Pode fingir, só não deixe ninguém descobrir que está fingindo. Não tenha pena de ser falso com as pessoas. Se elas não tem pena de enganarem-se a si mesmas, por que você teria?

Esqueça Deus. Essas pessoas não querem Deus, o que elas buscam é ouvir palavrinhas de conforto. Elas querem uma religião que acalente seus corações. E nós temos essa religião. Repita sempre isso: “eu tenho a religião da qual as pessoas precisam para satisfazer as suas próprias necessidades”. Se você pregar Deus, vai espantar as pessoas e, automaticamente vai perder o dinheiro que você tanto almeja e fama que te faz tão feliz e realizado. Aliás, esqueça a soberania. Quem decreta é você e tudo o que você disser a seu favor será realizado. Aconselho-te a ensinar isso também aos seus fieis. Isso ajudará na manipulação deles.

Cartas de Paulo? Não. Nem pensar. Nunca leia Romanos, Timóteo, Gálatas e jamais permita que qualquer pessoa que te segue leia esses livros. Ou melhor: Bíblia nunca, jamais, em tempo algum. Em vez dela é melhor que você use trechos daquele livro que lancei falando sobre finanças e batalha espiritual. Provavelmente, como bom discípulo que é, você já deve ter lido e conhece muito bem como utilizá-lo na doutrinação dos seus seguidores. Se houver a necessidade de usar a Bíblia (isso só deve ser feito para dar maior credibilidade àquilo que você diz) faça uso das bênçãos e maldições que Deus fez a Israel lá no Antigo Testamento. Elas são muito úteis quando se quer manipular pessoas. Mas não passe disso. Cuidado ao usar a Bíblia, pois se as pessoas começarem a ler esse livro serão libertas. E não é isso que nós queremos, não é mesmo?

Assuma um título superior; Apóstolo, no mínimo. Isso vai te ajudar a dominar as pessoas e expressar uma maior intimidade com Deus, já que é isso que as pessoas procuram. Elas querem seguir pessoas que demonstrem intimidade com Deus, em vez de buscarem elas mesmas terem intimidade com Ele. Demonstre autoritarismo. Essa é a principal característica de um líder no negócio em que você está sendo iniciado. A sua palavra tem que ser sempre a última e jamais volte atrás no que você disser. A não ser que a mudança resulte em lucro significativo para você.

Aprenda a dominar os seus seguidores. Use chavões, eles sempre funcionam. Lobotomia disfarçada. Posicione-se como ungido de Deus, assim as pessoas terão medo de discordar daquilo que você fala. Profetize sentenças para aqueles que discordarem ou se rebelarem contra aquilo o que você diz. Essa é uma das maneiras mais simples de fazer com que um seguidor seu se afaste e não dê ouvidos aos questionadores.

Por fim, caro discípulo, saiba que existem 3 formas de dominar as pessoas com a religião: pelo medo, pela culpa ou pela ganância. Esse é o tripé que deve sustentar a sua carreira. Fazendo uso dessas três ferramentas poderosíssimas, você será rico, bem sucedido e muito amado por seus fãs e fieis seguidores.
Bons negócios e prosperidade!

Seu Mentor e Patriarca


O Império da Mediocridade

(por José Francisco Alves)

“O contato com a mediocridade gera mais mediocridade. Os medíocres têm medo da literatura, dos clássicos e da leitura. Têm medo do esforço, do trabalho - e da história. Acham que a escola serve para paparicar a banalidade que os miúdos levam da rua e da televisão. Eles são um perigo que anda à solta, espalhando mais mediocridade, impunemente.” (Francisco Viegas, Jornal de Notícias.)

O mal do século, segundo Richard Foster, não é o câncer, não é a AIDS, nem a Gripe H1N1, nem ainda a violência ou a corrupção, mas é a superficialidade. Um produto natural de uma época como esta é a mediocridade. Tanto a superficialidade como a mediocridade (irmãs gêmeas), não existem no vácuo, mas se expressam em pessoas. Todos nós temos, em algum momento da nossa vida, oportunidade (vergonhosa!) de expressar um “pouquinho” de mediocridade, mas tem pessoas que são absolutamente viciadas!

Esse vício, como produto do meio (e também como fomentador do meio) é assustador porque, entre outras coisas, ele é causador de outros vícios. Além disso, ele também cresce e se espalha como uma grande epidemia! Não há esfera da sociedade que não sofra de algum modo com esse mal. Mas não há lugar pior para esse vício maldito mostrar as suas garras do que na Igreja!

Os viciados em mediocridade na Igreja são amantes de si mesmo, amantes da teologia da prosperidade, caçadores dos caminhos fáceis, dos atalhos; fascinados pelos milagres, vivem enfiados nas “milagrolandias” da vida. As “milagrolandias” são igrejas sem compromisso com a Verdade, espalhafatosamente dirigidas por verdadeiros traficantes de “promessinhas”, que misturam linguajar e versos bíblicos em seus discursos entorpecentes, causando dependência mortal, e tirando daí o seu sustento!

Quanto aos viciados, a pregação bíblica lhes causa crise de abstinência (do besteirol); a leitura, sobretudo da Bíblia, é para eles um martírio; a reflexão teológica, um pesadelo. Quando estão em suas “viagens” têm sensação de plenitude, e quando afinal espalmam as mãos para cima e dizem “amém”, voltam para casa com o ar de dever cumprido: “domingo tem mais!”-... Pobres viciados!

Os medíocres estão no poder

Nada mais natural para uma era de superficialidade intensa. Pois, se a mediocridade se espalha com essa velocidade alucinante é porque tem uma liderança medíocre por trás. Como disse A.W.Tozer, todo povo é, ou virá a ser, aquilo que seus líderes são.

Logo, os viciados têm uma boa fonte de abastecimento. Como esses líderes são megalomaníacos, e os viciados em geral são fascinados pela “grandeza e o poder”, temos um sistema desgraçadamente auto-sustentável. Os líderes fingem se importar com as mazelas dos pobres seguidores. Alimentam as ilusões com milagres forjados, com palestras motivacionais (eu não ousaria chamá-las de pregação), mega-construções, mega-eventos, entretenimento à vontade, repletos de celebridades “gospel”, que servem como exemplos de vitória. E as massas pensam que um dia também vão andar de helicóptero, viajar pelo mundo, alcançar status social... Pobres viciados iludidos!

Alegram-se em fazer parte, mas na realidade não fazem. As decisões dos líderes medíocres são sempre unilaterais, privilegiando a superficialidade e desprezando quem de fato pode contribuir. Assim, ao longo do caminho, vão perdendo pessoas valorosas. Mas, porque se importar? Nunca faltarão bajuladores!

A Bíblia é tediosa nesse esquema, existe uma imitação bisonha de ensino e uma pseudo-preocupação com o conhecimento. Porém, é só olhar mais de perto para se perceber que tudo não passa de encenação. Não se incentiva os jovens a crescer no conhecimento, até porque os jovens logo questionarão. Melhor mantê-los ocupados com a “arte”. As crianças são tratadas como parte do espetáculo, o que de certa forma já as deixa bem encaminhadas no esquema. São engraçadinhas e risonhas, e dar uma encenada atenção a elas aumentará a popularidade e solidificará a perpetuação no poder. Se você acha que esse "maquiavelismo" é exagero, dê uma boa olhada à sua volta!

“Ainda há esperança”

Estes são alguns aspectos de uma realidade deprimente e desanimadora na Igreja Brasileira, mas continuamos crendo no poder transformador e restaurador do Evangelho. E é isso que nos dá esperança. Esperança não de que esse cenário vai mudar como um todo, mas de que a Igreja de Cristo é viva, e que o Senhor da Igreja dando a ela disposição para ser “coluna e esteio da verdade”, trará libertação a muitos!

Que o Senhor tenha misericórdia de nós!

Fonte: Emunah
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