Comentários Lição 12 - Reforma: Curando Relacionamentos Quebrados (Prof César Pagani)

14 a 21 de Setembro de 2013

Verso para Memorizar

“Se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela Sua vida.” (Rm 5:10)

César L. Pagani
            É inevitável que aconteçam, por vezes, alguns conflitos no seio da igreja. Seres humanos imperfeitos são passíveis de certas hostilidades. Nem mesmo os santos homens da igreja primitiva escaparam dessa atitude. Veja, por exemplo, a contenda entre Paulo e Barnabé por causa de João Marcos. Lembre-se também da reação irada dos discípulos de Jesus quando a mãe de Tiago e João foi pedir “cargos” governamentais para os filhos. Em Atos temos a querela entre cristãos gregos e cristãos judeus por causa da distribuição de alimento às suas viúvas.  Filemon e Onésimo, patrão e servo, contenderam acremente. Cristãos fariseus contenderam com cristãos gentios por causa da obrigatoriedade da circuncisão aos novos conversos.
            Na história de nossa igreja temos as disputas entre o presidente da Associação Geral, George Butler, seu secretário, Uriah Smith, versus Ellet Waggoner e Alonzo Jones, isso sem contar os partidários de cada lado.
            O que se precisa evitar é a continuidade dos enfrentamentos. A concórdia e o perdão são sempre os melhores rumos. Seguidores de Cristo precisam ser conciliáveis.
 A lição desta semana explora os princípios e procedimentos que promovem a unidade e criam ambiente para o reavivamento e a reforma. 

DOMINGO
 Da ruptura à amizade    
             A dissensão entre Paulo e Barnabé não foi de pequena monta. O texto de At 15:39 fala em termos de “tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro”. Aqueles que haviam sido tão unidos na obra do Senhor acabaram perdendo de certa forma o controle e resolveram separar-se por causa de Marcos que, numa precipitação juvenil por causa das agruras que a vida de missionários produzia, resolveu abandonar a obra e trair a confiança de Paulo.
            Convenhamos que a posição de Paulo parece inflexível. Ele, naquele momento, não queria dar segunda chance ao jovem. Paulo era extremamente zeloso e não admitia que a obra de Deus fosse prejudicada pela veleidade do moço. Barnabé, seu tio, via os erros de Marcos de uma forma mais paternal e achava que a anterior defecção deveria ser perdoada com amor.
            “Barnabé estava pronto a ir com Paulo, mas desejava que tomassem a Marcos, o qual se decidira de novo a devotar-se ao ministério. Paulo fez objeção a isto. Parecia-lhe ‘razoável que não tomassem consigo aquele que’ durante sua primeira viagem missionária tinha-os deixado em tempo de necessidade. Ele não estava inclinado a desculpar a fraqueza de Marcos em desertar da obra pela segurança e conforto do lar. Insistia que alguém de tão pouca fibra não estava habilitado para uma obra que requeria paciência, altruísmo, bravura, devoção, fé e disposição para sacrificar, se necessário, a própria vida. Tão forte foi a contenda, que Paulo e Barnabé se separaram, seguindo este suas convicções e tomando consigo a Marcos. ‘Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos, à graça de Deus.’ At 15:38-40.” Atos dos Apóstolos, 202.  
            Porém, mais tarde, Paulo mostra que não nutria ressentimentos. Ele recomendou o jovem Marcos (mais tarde o escritor sagrado do evangelho que leva seu nome) aos irmãos da igreja de Colossos e fez boas recomendações a seu respeito (Cl 4:10). O apóstolo considerava Marcos agora como um de seus fiéis cooperadores juntamente com Aristarco e Jesus, apelidado o Justo.
            Escrevendo a Timóteo, Paulo ordenou que ao se encontrar com ele Timóteo trouxesse Marcos, dizendo que o considerava “muito útil para o ministério”. Reatava-se a amizade cristã anterior e o “pecado” de Marcos foi perdoado e relevado. Esse é o princípio cristão de perdoar sempre e procurar a recuperação do faltoso. 
            A reconversão de Marcos – “Desde os primeiros anos de sua profissão de fé, a experiência cristã de Marcos tinha-se aprofundado. Ao estudar mais acuradamente a vida e a morte de Cristo, tinha ele obtido mais clara visão da missão do Salvador, Suas provas e conflitos. Lendo nas cicatrizes das mãos e pés de Cristo as marcas de Seu serviço pela humanidade, e até aonde leva a abnegação para salvar os perdidos e prestes a perecer, Marcos se dispusera a seguir o Mestre na senda do sacrifício. Agora, partilhando a sorte de Paulo, o prisioneiro, ele compreendeu melhor que nunca, que é infinito ganho ganhar a Cristo, e infinita perda ganhar o mundo e perder a alma por cuja redenção foi o sangue de Cristo derramado. Em face de severa adversidade e prova, Marcos continuou firme, um sábio e amado auxiliar do apóstolo.” Atos dos Apóstolos, 440.  

SEGUNDA
            Na epístola a Filemon não há qualquer menção do motivo de Onésimo haver fugido da casa de seu amo.  Quem sabe fosse repreendido por ser madraço ou preguiçoso, indolente, não se desempenhando bem das tarefas que lhe eram ordenadas. Ellen White diz que Onésimo havia roubado Filemon e fugido. Então, insurgiu-se contra Filemon e fugiu para abrigar-se sob a proteção do apóstolo Paulo.
            Certamente isso constituíra um prejuízo para Filemon, que contava com os serviços de Onésimo.
            Paulo recebeu Onésimo, mas não lhe garantiu permanência consigo, porque isso não era lícito pelas leis romanas. O escravo era propriedade plena de seu amo e quem o protegesse constituía-se em apropriador de bem alheio, estando sujeito às penas da lei. 
            Tanto Filemon quanto Onésimo eram frutos do trabalho missionário de Paulo. Ele os amava intensamente e queria que tudo chegasse a bom termo.
            Notemos que a intercessão de Paulo junto a Filemon contém autoridade para ordenar e respeito para solicitar. Ele solicita que Filemon, como líder da igreja que estava em sua casa e pastor dos crentes que lá congregavam, receba Onésimo não mais na condição de escravo, para reencaixá-lo no mesmo regime que antes, mas como “irmão caríssimo” perdoado de todas as suas faltas.
            Paulo pediu que, em consideração a ele próprio, Filemon recebesse Onésimo sem hostilidades e sem exercitar seus direitos legais de senhor. O apóstolo até se oferece para pagar eventuais prejuízos que Filemon houvesse sofrido pela fuga do escravo.
            O apelo do apóstolo foi tão tocante que, temos certeza, Filemon seguiu à risca seus conselhos e recebeu Onésimo. O restabelecimento da concórdia foi de grande conforto ao coração do sofrido mensageiro de Cristo.
            “Entre os que deram o coração a Deus por intermédio do trabalho de Paulo em Roma, estava Onésimo, escravo pagão que havia lesado a seu senhor, Filemom, crente cristão de Colosso, e havia escapado para Roma. Na bondade de seu coração, Paulo procurou aliviar a pobreza e angústia do desventurado fugitivo, e em seguida procurou derramar a luz da verdade em sua mente obscurecida. Onésimo ouviu as palavras da vida, confessou seus pecados e foi convertido à fé em Cristo. 
            “Onésimo tornou-se caro a Paulo por sua piedade e sinceridade, não menos que por seu terno cuidado pelo conforto do apóstolo, e seu zelo em promover a obra do evangelho. Paulo viu nele traços de caráter que poderiam torná-lo útil auxiliar no labor missionário, e aconselhou-o a retornar sem delonga a Filemom, suplicar-lhe perdão, e fazer planos para o futuro. O apóstolo prometeu responsabilizar-se pela soma de que Filemom havia sido roubado. Estando pronto para despachar a Tito com cartas para várias igrejas na Ásia menor, enviou com ele Onésimo. Era uma severa prova esta para o servo, apresentar-se ao senhor a quem havia lesado, mas havia sido convertido de verdade, e não se furtou a este dever. 
“Paulo tornou Onésimo portador de uma carta a Filemom, na qual, com seu usual tato e bondade, o apóstolo pleiteava a causa do servo arrependido, e manifestava o desejo de retê-lo para seu serviço no futuro...
“Quão apropriadamente isto ilustra o amor de Cristo pelo pecador arrependido! O servo que defraudara a seu senhor não tinha com que fazer a restituição. O pecador que tem roubado a Deus de anos de serviço não tem meios de cancelar o débito. Jesus Se interpõe entre o pecador e Deus, dizendo: Eu pagarei o débito. Poupa o pecador; Eu sofrerei em seu lugar.” Atos dos Apóstolos, 456, 458.  

TERÇA

             A igreja de Corinto era um celeiro de problemas espirituais. Dissensões por motivos políticos internos, imaturidade espiritual, ciúmes, disputas, rixas, preferências pastorais, imoralidade, desunião...
            Como é que uma igreja assim poderia ser representante de Jesus no mundo greco-romano?
            Jesus veemente e constantemente recomendara que eles fossem unidos a Ele como Ele era unido ao Pai. Nosso Salvador queria formar uma unidade contínua entre família terrena e família celeste. Ensinou que aquele que quisesse ser o maior na igreja, fosse seu maior servidor. O próprio Paulo se apresenta na epístola como um servo de Cristo.
            Apolo, pastor substituto de Paulo para cuidar da igreja de Corinto, ficou tão desanimado com as dissensões e divisões internas, mesmo com as preferências demonstradas pela sua pessoa, que deixou a cidade e jamais voltou a trabalhar lá, a despeito de reiterados convites de Paulo.  
             “Dentre os mais sérios males que se haviam desenvolvido entre os crentes coríntios, estava o de haverem retornado a muitos degradantes costumes do paganismo. A apostasia de um converso tinha sido tal que sua atitude   de licenciosidade constituía uma violação até do mais baixo padrão de moralidade adotado pelo mundo gentio. O apóstolo insta com a igreja para que afaste de seu seio ‘o que cometeu tal ação’. ‘Não sabeis’, admoestou ele, ‘que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos pois do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento.’ 1Co 5:6 e 7. 
“Outro grave mal que havia na igreja era o de ir um irmão contra outro perante tribunais. Haviam sido tomadas suficientes medidas para a solução de dificuldades entre crentes. O próprio Cristo havia dado claras instruções sobre a maneira de solucionar tais questões. ‘Ora, se teu irmão pecar contra ti’, aconselhara o Salvador, ‘vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir ganhaste a teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar à igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu.’ Mt 18:15-18. 
“Satanás está constantemente procurando introduzir desconfiança, alienação e malícia entre o povo de Deus. Somos muitas vezes tentados a sentir que nossos direitos estão sendo usurpados mesmo quando não há causa real para tais sentimentos. Aqueles cujo amor por si mesmos é mais forte que por Cristo e Sua causa, colocarão seus próprios interesses em primeiro lugar, e valer-se-ão de quase qualquer expediente a fim de guardá-los e mantê-los. Mesmo muitos que parecem ser cristãos conscienciosos são, pelo orgulho e estima própria, impedidos de ir particularmente àquele a quem consideram em erro, a fim de falar-lhe no espírito de Cristo e juntos orarem um pelo outro. Quando se consideram ofendidos pelo irmão, alguns vão até aos tribunais, em vez de seguirem a regra dada pelo Salvador.” Atos dos Apóstolos, 303 a 305.
Qual foi a solução proposta Paulo para colocar a igreja nos eixos? União, recepção e exercício dos dons do Espírito, amor de uns pelos outros, tolerância cristã, trabalho conjunto na missão de Cristo, uniformidade de pensamento doutrinário, firme apego aos princípios da igreja.
O caminho para a equalização da igreja hoje passa pelos mesmos canais. Precisamos deixar de lado nossos classismos sociais e étnicos, partidos políticos locais, indiferença, impaciência, intolerância e orgulho, e rogar que Jesus nos faça um como Ele é com o Pai.  

QUARTA
Do atrito ao perdão
Há várias palavras hebraicas e gregas para o termo perdão. Sua ideia comum é libertar um ofensor da culpa de seu procedimento e restaurar a relação pessoal existente antes da ofensa. Os dois verbos mais utilizados para “perdoar” são sâ' (literalmente "erguer ou tirar a culpa e sâlaj. Também é usado o verbo kâfar, com o significado de cobrir, ocultar ou expiar. Já os verbos gregos são jarízomai (literalmente "dar com graça, como favor", "remitir, absolver ou indultar, cancelar o débito”.
Perdão e renunciar ao ressentimento e anseio de vendeta ou vingança contra quem nos ofendeu. A Bíblia ensina que há condições obtenção de perdão. Lucas 17:3 registra as palavras do Mestre: “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.” E se ele não se arrepender? Ainda assim devemos desistir de nosso direito de retribuição e orar por ele, deixando com Deus tratá-lo como Ele julgar conveniente e justo. Foi o que Estevão fez ao ser apedrejado. Foi o que Jesus fez suspenso na cruz em face aos Seus inimigos.
O perdão incondicional de Deus foi-nos concedido quanto ainda éramos pecadores, não Lhe havíamos confessado nada e nem nos arrependido da afronta que Lhe fizemos. Isso provou o amor infinito do Senhor oferecendo Ele a Cristo na cruz. Isso, contudo, não é indulgência plenária ou perdão antecipado de todos os pecados, a despeito de nossa violação voluntária da Lei. É ato santo de justiça de Deus punir o pecado. E se o pecador se apega cega e firmemente a ele, terá de sofrer a penalidade. Deus nos perdoou antecipadamente em Cristo, mas temos de seguir as orientações dEle nos passos da confissão, arrependimento e abandono. 
“Todos os homens pecam contra Deus (Rm. 3:23) e estão condenados à morte eterna (Rm 6:23), a menos que se arrependam de seus pecados (Lc. 13:3, 5; At 3:19) e dEle obtenham perdão (1Jo 1:9), restaurando com Ele uma relação correta (Rm. 5:1). Deus não é obrigado a perdoar o pecador culpado, porém Seu caráter bondoso O impele cada vez que se deseja ou se pede perdão (Ex 34:6, 7; Lm. 3:42). O pedido de perdão deve ser feito, porém, com toda a sinceridade e com a intenção de não se aproveitar da graça livremente outorgada. Quando Deus perdoa o faz completamente e sem reservar, restaura o pecador ao mesmo estado de favor que antes desfrutava e elimina toda alienação e separação.” Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, verbete “perdão”.
O perdão deve ser amplo, sem reservas para com nossos ofensores. Lembremo-nos da parábola do credor incompassivo. É verdade que o perdão não justifica a atitude ofensiva. Ele tão somente não a revida.  Setenta vezes sete um mesmo pecado contra nós deve ser perdoado. Jesus disse que se meu irmão pecar contra mim sete vezes num só dia e vier pedir o perdão, devo perdoá-lo sob essas condições.
“É privilégio de todos os que cumprem as condições, saber por si mesmos que o perdão é oferecido amplamente para todo pecado. Abandonem a suspeita de que as promessas de Deus não se referem a vocês. Elas são para todo transgressor arrependido. Força e graça foram providas por meio de Cristo, sendo levadas pelos anjos ministradores a toda alma crente.” Caminho a Cristo, 52 e 53. 
“As condições para obter misericórdia de Deus são simples, justas e razoáveis. O Senhor não requer de nós atos penosos a fim de que alcancemos o perdão dos pecados. Não precisamos empreender longas e cansativas peregrinações, nem praticar duras penitências a fim de recomendar nossa alma ao Deus do Céu ou expiar nossas transgressões; mas o que confessa os seus pecados e os deixa, alcançará misericórdia.
“Diz o apóstolo: ‘Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis.’ Tg 5:16. Confessai vossos pecados a Deus, que é o único que os pode perdoar, e vossas faltas uns aos outros. Se ofendestes a vosso amigo ou vizinho, deveis reconhecer vossa culpa, e é seu dever perdoar-vos plenamente. Deveis buscar então o perdão de Deus, porque o irmão a quem feristes é propriedade de Deus e, ofendendo-o, pecastes contra seu Criador e Redentor. O caso será levado perante o único Mediador verdadeiro, nosso grande Sumo Sacerdote, que ‘como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado’, e que Se compadece ‘das nossas fraquezas’ (Hb 4:15), sendo apto para purificar-nos de toda mancha de iniquidade.” Idem, 37.  

Do rancor para a restauração

            Rancor, ódio, raiva, ira, aversão, são a mesma coisa e, segundo o apóstolo Paulo, obras da carne (Gl 5:20) e os que o nutrem com frequência serão excluídos do reino de Deus (v. 21). O rancor pode ser gerado por vários motivos: ser alvo de desprezo, humilhações, agressões físicas ou verbais, inveja, ciúmes, ou mesmo antipatia gratuita, indiferença, segregação e daí por diante.
            Ele é um sentimento minador de forças tanto físicas quanto psíquicas, produtor de adrenalina excessiva , combatente da natureza espiritual, autodestrutivo, bloqueador de boas emoções, etc.
            Já o perdão, segundo o Dr. Fred Luskin, da Escola de Medicina da Universidade de Stanford e criador do Projeto Stanford de Perdão (instituição que estuda os efeitos do perdão no ser humano ), garante que perdoar  é uma ação libertadora que permite um vivência de plenitude e saúde mental, física e espiritual. Diz Luskin que quando uma pessoa perdoa a ofensa de alguém contra si, acaba melhorando sua vitalidade geral, o apetite, a conciliação e usufruto do sono e do repouso e aumenta os níveis de energia. Até a pressão arterial se normaliza.
            Deus, por Seu maravilhoso exemplo, nos ensina a perdoar sempre, embora jamais tenha o culpado por inocente. Seu trato com os israelitas é prova do constante desejo divino de perdoar sempre.  Isso, contudo, não quer dizer enterrar a transgressão na impunidade e permitir que o faltoso continue em seu curso maldoso.
            Jesus ensinou que se meu irmão pecar contra mim, a primeira coisa a fazer não é esperar que ele me peça perdão, mas ir-lhe ao encontro e travar um conversa honesta, respeitosa e sincera, procurando persuadi-lo de seu erro. O Senhor também outorgou à parte inocente o direito de repreensão. Isto é, o inocente pode chamar a atenção do ofensor e denunciar o erro perpetrado. A vítima deve lembrar-se, antes do encontro com o culpado, de que deve orar e pedir palavras sábias para dizer-lhe. Que Deus lhe ponha um guarda à porta dos lábios para que nenhuma palavra inadequada seja dita.
            Como sempre existem pessoas turronas e a congregação de cristãos não está livre delas, se o ofensor se fechar em seu orgulho e recusar-se a confessar seu erro e pedir perdão, o ofendido fica livre para trazer de uma a três testemunhas para que o fato se estabeleça.  Como tantas vezes o ofensor acha que estava certo em agravar o ofendido, talvez a argumentação de mais pessoas possa despertar-lhe a consciência.
            Persistindo ainda a atitude erradia, o caso deve ser levado aos líderes da igreja para exame e, quiçá, novas tentativas de persuasão, quem sabe com a intervenção do próprio pastor local.
            Agora, se o indivíduo resistir às admoestações da igreja, que é a estância final, depois de todos os recursos esgotados, o caso é até motivo para desligamento do quadro de membros.
            Mas a esperança do ofendido é que o agressor seja convencido pela bondosa e perdoadora atitude do primeiro. Assim, a reconciliação se proverá um poderoso lenitivo para dissipar os últimos traços de animosidade e restaurar uma amizade até mais robusta do que antes.

            Uma coisa é certa: a atitude de perdão deve sempre remanescer no coração da vítima, ainda que a parte contrária não arrede de jeito nenhum.  Perdoar é divino.

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