A História da Páscoa contada pelas crianças

Comentários Lição 01 - Adultério Espiritual - Oséias (CPB)

30 de Março a 06 de Abril

Luiz Gustavo S. Assis é formado em teologia pelo Unasp Campus 2 e atualmente exerce a função de pastor distrital no bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, RS.

Introdução

Um dos grandes desafios para o leitor bíblico moderno é tornar relevante o que está sendo lido. Como um livro escrito há mais de 2500 anos pode me ajudar em meu relacionamento com Deus? Essa é, sem dúvida, a inquietação de muitos alunos das unidades da Escola Sabatina de norte a sul do Brasil. Ao longo deste trimestre estudaremos os profetas menores. Cada um dos comentários estará dividido em três partes: 1) O mundo do profeta: as condições políticas, econômicas, religiosas dos seus dias, entre outras informações; 2) A mensagem do profeta: as ênfases de cada um desses homens; 3) A relevância da sua mensagem.

Os dois primeiros tópicos nos ajudam a entender melhor o livro. No último demonstraremos como sua mensagem ainda é relevante para a nossa sociedade, mais de dois milênios depois de sua composição.

Creio que há muito a ser apreendido com o livro do profeta Oseias. Os israelitas não se importavam mais com Deus naquela ocasião. Por isso, eles começaram a buscar diversas maneiras alternativas de adoração, principalmente dos cultos cananeus. Não é difícil encontrar uma correspondência entre essa situação e o que vemos hoje em nosso país. É surpreendente notar como uma simples, mas bem sólida fé em Deus e em Sua palavra, é descartável para um grande número de pessoas. Envolvimento em reuniões espíritas, participação em oferendas para Iemanjá, aquisição de estatuetas de elefantes indianos e consultas a um pai de santo, por exemplo, são práticas naturais para uma boa parte da população. O nome disso é sincretismo religioso. As crenças básicas da fé cristã não são mais suficientes para essas pessoas. Para um público semelhante a esse, Oseias escreveu com o objetivo de alertar para o vazio proporcionado por tais práticas e relevar o intenso amor de Deus pelos Seus filhos. Era também propósito do profeta comunicar ao povo o poderoso amor de Deus que tem capacidade para restaurar a vida de alguém envolto nesse tipo de adultério espiritual.

Ampliação

O mundo de Oseias


Sabemos muito pouco a respeito de Oseias. Seu nome está relacionado com o verbo hebraico yasha, cujos significados são salvar, libertar, socorrer. Como foi destacado pelo autor da lição, este é o verbo que está por detrás de importantes nomes bíblicos como Josué, Isaías e, especialmente, Jesus. No próprio nome do profeta, Deus já havia deixado claro qual era Sua intenção para com a nação de Israel. Salvá-los do horrendo vazio provocado pela idolatria a deuses estrangeiros, especialmente Baal.
 
O ministério do profeta Oseias provavelmente foi iniciado por volta do ano 755 a.C. e se estendeu até 715 a.C, cobrindo o período do reinado do rei Jeroboão II, em Israel e dos reis Uzias, Jotão, Acazias e Ezequias, no território de Judá. Economicamente, o reino de Israel, sob a guia de Jeroboão II, caminhava em uma boa direção. Guerras contra as cidades de Damasco e Hamath, ambas localizadas na Síria, foram vencidas pelos israelitas. Os territórios de Moabe a Amon foram colocados sob o controle de Jeroboão, proporcionando muitos tributos que agora eram colocados nas mãos dos nobres da sociedade (2Rs 14:23-28).

Porém, espiritualmente a situação era outra. Naquele território, a adoração a Yahweh (nome sagrado de Deus traduzido como Senhor em nossas versões bíblicas) estava totalmente sendo ofuscado com manifestações religiosas para o deus cananeu Baal. Quem era essa divindade? Graças aos diversos tabletes cuneiformes descobertos nas ruínas de Ugarite, moderna Ras Shamra, na Síria, podemos apresentar sólidas evidências não apenas de como os pagãos o viam, mas como eles o adoravam. Por exemplo, nos textos ugaríticos que contêm as narrativas a respeito de Baal, descobrimos que ele mantinha relações sexuais com sua mãe, Asherah, sua irmã, Anat, e sua filha, Pidray, que também era sua esposa. Quando Baal foi morto por seu rival Mot (o deus morte) e estava no submundo, ele encontrou uma vaca, com a qual teve um intercurso sexual. Dessa relação repugnante, um filho foi gerado. Estamos falando de incesto e zoofilia como parte da religião de um povo!

No texto chamado “Mito de Baal”, as divindades ‘Ilu’ e ‘Anatu’ lamentaram a morte do divino Baal raspando suas peles com pedras afiadas, cortando suas faces com lâminas e mutilando seus próprios corpos. Quando Baal era adorado, os cananeus também desfiguravam seus corpos em rituais de luto na tentativa de invocar suas divindades. É exatamente isso que lemos em 1 Reis 18:28, quando os profetas de Baal o invocaram diante do desafio lançado pelo profeta Elias.

Outra prática comum na adoração a Baal eram os rituais de fertilidade. Os israelitas se envolveram nesse tipo de atividade, como pode ser visto em Oseias 4:13, 14. As ‘meretrizes’ mencionadas no texto eram prostitutas comuns. Já as ‘prostitutas cultuais’ trabalhavam nos santuários e atuavam como parceiras de homens nas suas atividades sexuais que eram parte importante naquele tipo de ritual religioso.

Altares pagãos eram construídos no topo de montanhas, e esses ritos de fertilidade envolvendo imoralidades sexuais eram realizados debaixo de carvalhos, que por sua vez eram considerados sagrados. Vale ressaltar que a prostituição era um símbolo da idolatria na mentalidade dos autores do Antigo Testamento (cf. Êx 34:14, 15; Lv 17:7).

Em suma, Israel, o povo escolhido por Deus, havia se tornado uma caricatura de uma depravada nação pagã da pior espécie. É para essa audiência que o livro de Oseias foi primeiramente escrito. Como esse livro será estudado por duas semanas, apresento a seguir a estrutura e os principais assuntos dessa composição. Após isso, demonstraremos como esse conteúdo pode ser relevante para o cristão e, consequentemente, seu aluno na unidade da Escola Sabatina.

A mensagem de Oseias

Uma estrutura resumida da obra de Oseias pode ser apresentada da seguinte forma:

1. O casamento de Oseias (1–3)
2. A mensagem de Oseias (4–14)
2.1. A infidelidade de Israel (4:1–6:3)
2.2. A punição de Israel (6:4–10:15)
2.3. Deus é fiel (11–14)

A primeira lição se concentrou nos capítulos 1–4. Já a seguinte, cobrirá o restante do livro. Portanto, descreveremos abaixo os pontos principais da mensagem do profeta Oseias.

A fidelidade, misericórdia e amor de Deus: Quem sabe seja nessa obra que podemos apreciar de maneira mais dramática o desejo que Deus tem pelo Seu povo (1:2; 2:19; 6:6; 10:12; 12:16). O comportamento de Oseias, um distinto servo de Deus, deve ter chamado a atenção daqueles que viviam ao seu redor. Muitos devem tê-lo questionado: “Como um puro e distinto profeta de Deus pode amar uma infiel e promíscua mulher como Gômer?” Usando a lógica semítica de responder uma pergunta utilizando outra, Oseias diria: “Como um Deus santo e puro pode amar uma infiel e promíscua nação como Israel?”

Mesmo diante da humilhação de uma traição, Oseias estava disposto a ter Gômer novamente. O fato de ter que comprá-la para poder levá-la para casa sugere que, ou ela estava endividada, ou então havia se tornado uma escrava. Essa última alternativa é apoiada pelo fato de Oseias pagar 15 moedas de prata (shekels ou shekalim), o que era a metade do preço de um escravo. O restante do pagamento veio na forma de 330 litros de cevada (a medida ‘ômer e meio’ mencionada em Oseias 3:2). É provável que isso fosse tudo o que o profeta tinha para efetuar o pagamento. De um modo chocante para a audiência de Oseias, o amor de Deus pela nação de Israel estava sendo demonstrado. A parte mais ofendida ainda estava disposta a demonstrar amor.

Conosco não é diferente. Ao olharmos para trás, e vermos o próprio Deus Se tornando um simples judeu e levando sobre Si os pecados da humanidade numa cruz, é impossível não enxergar o constante amor de Deus. Acredito que o autor do hino “Sublime Amor”

(HA 31) captou muito bem essa ideia quando escreveu:

Se em tinta o mar se transformasse,
E em papel o céu também,
E a pena ágil deslizasse,
Dizendo o que esse amor contém,
Daria fim ao grande mar,
Ao esse amor descrever,
E o céu seria mui pequeno
Pra tal relato conter.

É paradoxal o fato de que Deus tem revelado Seu amor e, ao mesmo tempo, ser impossível compreendermos toda a sua profundidade.
Julgamento pelo pecado: Embora o amor de Deus seja relevado nessa obra, não pode ser tomado como garantia de que os pecados cometidos por Israel seriam deixados impunes. Historicamente, sabemos muito bem o que houve com o reino de Israel nesse período. A nação entrou em colapso total que resultou na sua destruição e exílio pelos assírios, em 722 a.C. Na ocasião, o rei assírio Salmanaser V sitiou a capital Samaria por três anos e a conquistou. A infidelidade da nação resultou na sua punição (7:16; 8:14; 9:3, 6, 17; 11:15). Trataremos mais do assunto do julgamento de Deus no livro de Oseias no comentário da próxima semana.

Arrependimento e restauração: O tema do arrependimento e restauração é recorrente no livro de Oseias (1:10, 11; 2:14-23; 3:5; 11:10, 11; 14:4-7). Permita-me apresentar um dos vários exemplos do chamado divino ao arrependimento de Israel. Em Oseias 2:15, lemos que Deus desejava transformar o vale de Acor em uma porta de esperança. Para um israelita bem familiarizado com as histórias do Antigo Testamento, essa frase não passou despercebida. Nos dias de Josué, a triste história do pecado de Acã, momentos depois da conquista de Jericó, teve seu fim nesse local (Js 7, 8). O vale de Acor era símbolo do fracasso de Israel no início de sua trajetória rumo à terra prometida. Dessa forma, Deus estava prometendo transformar os fracassos passados de Israel em vitórias. O convite para o arrependimento não tinha apenas como objetivo um futuro em paz num relacionamento com Yahweh, mas também viver em paz com os erros do passado.

A relevância da mensagem de Oseias

É necessário criarmos uma ponte entre o mundo de Oseias no 8º século a.C. e o século 21. Como apresentar esses assuntos com relevância para os alunos de sua unidade? Gostaria de propor duas aplicações:

1ª) O amor de Deus é necessário para a humanidade. John Lennon foi quem escreveu a canção “Imagine”, lançada em 1975. Nela, o ex-Beatle leva seus ouvintes a imaginarem um mundo sem Céu, inferno, religião e, consequentemente, sem Deus. No entanto, viver dessa forma seria assustador. Nenhuma filosofia concede tanto valor para o ser humano como o cristianismo. O naturalismo filosófico e o evolucionismo, simplesmente vão nos mostrar que somos fruto do tempo, da matéria e do acaso. Não somos um mero acidente cósmico. Por outro lado, o Deus bíblico nos criou à Sua imagem e semelhança (Gn 1:26) e nos considera indivíduos. O que isso significa? A palavra ‘indivíduo’ vem de um termo em latim cujo significado é “aquilo que não é divisível”. Somos únicos aos olhos de Deus. Por mais que alguém tenha sido rejeitado por sua família, Deus não o rejeita. Se alguém fracassou diante de Deus, Sua mão é oferecida para erguer aquele que é precioso aos Seus olhos. É por isso que o amor de Deus é necessário para a humanidade que, assim como Israel na época de Oseias, está entrando em colapso.

2º) A restauração que Deus pode fazer na vida de alguém. Permita-me compartilhar uma história que ilustra muito bem o conceito de arrependimento e restauração relatado no livro de Oseias. Jim Bakker, apresentador do programa evangélico PTL Club (Praise the Lord Club), foi um dos grandes nomes entre os evangelistas televisos norte-americanos, durante a década de 1980. Como pregador da teologia da prosperidade, seu carisma e argumentação eram capazes de levantar mais de 1 milhão de dólares em uma semana. No entanto, o apresentador se deparou com os horrores dos seus pecados mais secretos. Diversas acusações de fraude foram confirmadas. Entre elas, um cheque de US$ 279,000 para sua secretária Jessica Hahn manter silêncio sobre um envolvimento sexual que eles tiveram em um hotel na Flórida. Após esse escândalo ser trazido a público, Bakker renunciou ao seu ministério e foi preso.

Uma de suas atividades na prisão era o desagradável ato de limpar os vasos sanitários das celas. Um dia, enquanto fazia esse serviço, um dos guardas veio até ele dizendo que um visitante o aguardava. Bakker disse para dispensá-lo, pois não queria ver ninguém. O guarda insistiu dizendo que era importante. Então, com vestes sujas e despido de todo orgulho que um ser humano poderia ter, o prisioneiro se dirigiu até o local em que o visitante se encontrava. Foi então que ele avistou ninguém menos que Billy Graham, o grande nome do movimento evangélico do século passado. Sem cerimônias, Graham deu um forte abraço no seu amigo, Jim Bakker, que nesse momento não pôde conter as lágrimas.

Todo ser humano após um fracasso de qualquer natureza sente o desejo de ser amparado. Mais do que isso, ele sente o desejo de uma nova oportunidade para fazer diferente. Por isso, concluo com as palavras de um poema anônimo que por alguns anos tem falado ao meu coração:

“Ele veio até minha escrivaninha com lábios trêmulos, / a lição havia sido terminada. / ‘Você tem uma folha em branco para mim, querido mestre? / Eu errei nesta, não está adequada.’ Peguei seu papel todo sujo e manchado / e dei a ele um novo, com todo o cuidado / E falei ao seu coração com esperança, / ‘Faça melhor desta vez, minha criança.’
“Eu fui até o trono com o coração trêmulo; / o dia havia terminado. / ‘Você tem um dia novo para mim, querido Mestre? / Eu estraguei este, não está adequado.’ Ele pegou meu dia, todo sujo e manchado / e deu-me um novo, com todo o cuidado. / E para meu coração Ele falou com esperança, / ‘Faça melhor desta vez, minha criança.’”

1. William F. Albright, Yahweh and the Gods of Canaan: A Historical Analysis of Two Contrasting Faiths (Winona Lake, IN: Eisenbrauns, 1968), p. 126.

2. Harry A. Hoffner Jr., “Incest, Sodomy and Bestiality in the Ancient Near East”, in Orient and Occident: Essays Presented to Cyrus H. Gordon on the Occasion of His Sixty-fifth Birthday, ed. Harry A. Hoffner, Jr. (Neukirchen Vluyn, Germany: Neukirchener Verlag, 1973), p. 82.

3. NIV Archaeological Study Bible, p. 516.

4. Autor anônimo, “A New Leaf”, in James G. Lawson, The Best Loved Religious Poems (Grand Rapids, MI: Fleming H. Revell, 1961). Traduzido por Marina Garner Assis. 
Fonte: CPB

Comentários Lição 01 - Adultério Espiritual - Oséias (Carlos Bitencourt)

30 de Março a 06 de Abril de 2013

Você já ouviu alguém dizer que o Deus do Velho Testamento era terrível, vingativo e cheio de ira? Pois bem, esse tema diz respeito ao Seu caráter e natureza, Seu modo de agir e ser, e é muitíssimo interessante estudá-lo à luz da própria Bíblia. Por sinal, justamente essa é a proposta da Lição da Escola Sabatina – deixar a Bíblia se explicar. Só que, para isso, somos convidados a tirar as sandálias de nossos pés. Sejamos, então, reverentes.
 
A última parte do Velho Testamento é composta do que chamamos de livros dos profetas menores – menores não em importância, é lógico, mas por serem relativamente pequenos em páginas – porém, quando focamos a natureza e o caráter de Deus, concluímos que são profetas menores sim, mas, grandes livros, excelentes obras.

Entre Davi e Jesus houve um período de uns 1.000 anos. Os 12 profetas menores estão nesse intervalo, entre 800 a 400 anos antes de Cristo. Nesse tempo, o reino de Davi havia sido dividido em dois: duas tribos ao sul, com capital em Jerusalém, e chamado de Reino de Judá (os judeus); e, dez tribos ao norte, com capital em Samaria, e chamado de Reino de Israel (os israelitas). Deus não abandonou nem os judeus e nem os israelitas – mas veremos se eles abandonaram ou não a Deus.

O reino do norte veio a ser extinto em 722/721 a.C. pelos assírios. Deixou de existir. (Os samaritanos do tempo de Jesus não são os israelitas do passado). Por eles passou Elias, Eliseu, Obadias, Amós e Oseias.

O reino do sul foi dominado por Nabucodonosor, em 605 a.C., e levado cativo para Babilônia. Nessa época, o ministério profético era exercido pelo idoso Jeremias, ainda em Jerusalém, e renovado através de Daniel e Ezequiel, ambos no cativeiro. Os judeus, por fim, retornaram à terra natal. (Esse, sim, é o povo da Judeia e da Galileia no tempo de Jesus). Lembremos, no entanto, que, antes do cativeiro, Deus Se manifestou por Joel, Miqueias, Isaías, Sofonias, Naum, Habacuque. Depois do cativeiro, reinstalados em Judá, os profetas foram: Ageu, Zacarias e Malaquias.

Veremos, também, que Deus Se manifestou a favor de outras nações, como é o caso de Jonas em Nínive.

Pois, então, nosso desafio será estudar a Palavra de Deus, fazendo um exercício enorme para tirar nossos ranços e preconceitos, pedindo que o Espírito do Senhor nos faça beber da límpida fonte, da água cristalina, e ver como realmente é o modo de agir do Deus do Velho Testamento.

Um dia (no Éden) Cristo falou sobre salvação com Adão. Em outra ocasião (na cruz do Calvário) abriu os Seus braços e deu a Sua vida (cumpriu o prometido no Éden). A questão é: será que no intervalo entre esses dois marcantes dias Ele agiu de modo diferente? Teria Seu caráter sido mudado?

Para aguçar ainda mais os nossos sentidos, temos um título geral para o trimestre bastante redentivo – “Busque ao Senhor, e viva!”. (Redentivo mesmo, não é verdade?!)

Com certeza, o leitor deve estar lembrado que Jesus, no Novo Testamento, falava por parábolas. Bem, no Velho Testamento, Ele falava por metáforas – e, entre elas, por exemplo, a do matrimônio. O povo de Israel estava acostumado com esse simbolismo. Os profetas diziam que a nação era a esposa, e Deus, o noivo. Me parece que, mesmo hoje, quando contamos alguma história, uma experiência, ou uma metáfora, os ouvintes sentem facilidade no aprendizado. Aproximamos o discurso da realidade. Assim, quando Oseias fala de seu próprio casamento, o povo tem diante de si a oportunidade de realizar uma reflexão, profunda a ponto de provocar arrependimento.

Como é de se esperar, porém, as coisas espirituais só são discernidas de forma espiritual – e como isso faltava ao povo, o drama pessoal do profeta, que refletia o de Deus, foi pouco apreciado por eles (e daí o fim que tiveram). Da parte das pessoas, é latente o desprezo; de Deus, a vontade enorme de reconciliação.

Na introdução de sábado (30 de março), o pensamento-chave diz: “Mesmo em meio ao adultério espiritual e ao juízo divino, o amor de Deus por Seu povo nunca vacila”.

DomingoUma Estranha Ordem (31 de março). Para impressionar Adão, Deus explicou a Redenção através da morte de um cordeirinho (Adão o matou). Para impressionar os israelitas, Deus disse que Seu mensageiro deveria se casar.

Ora, casamento sempre foi algo normal (inclusive naquela época), mas, o impressionante, porém, é que Deus disse que ele deveria se casar com uma adúltera – fato repugnante aos israelitas. Isso era completamente contrário aos princípios tanto dos que verdadeiramente seguiam como daqueles que diziam estar seguindo a religião. (Enxergamos o cisco no olho dos outros, mesmo tendo uma trave no nosso).

Imagine o pastor da nossa igreja se casar com uma conhecida prostituta, e guardar para si que isso era um pedido de Deus!!! Que profeta é esse?!!!
Lembram que, no tempo de Jesus, queriam apedrejar uma adúltera? Esse raciocínio vinha de longa data! E a esposa de Oseias era passível disso.

Alguns discutem se ela se entregou a prostituição antes ou depois do casamento; se a história era real ou fictícia. Vou pelo lado sem discussão: o povo era infiel.

Ora, assim como era estranho para Oseias, também podemos dizer, de certo modo, que havia sido estranho para o próprio Deus! Segundo a ótica de todas as criaturas do Universo, o que Ele fez em Gênesis 3 foi estranho demais! E continuou a ser estranho durante todas as gerações seguintes, incluindo essa, de israelitas apostatados, ingratos. O Santo Deus tomar a iniciativa de reconciliação em favor do pecador!!! (Às vezes é usada a expressão pecador indigno. Mas, será que existe pecador digno?).

Mas é justamente isso que deve nos chamar a atenção. Aí está a revelação do caráter e natureza de Deus. Seu amor é verdadeiramente eterno, imutável. O povo mudou, mas Deus não. Amar alguém que tem comportamento de rebeldia?!!!
E agora, através dessa experiência de Oseias e Gômer, o Redentor buscou desviar a atenção das pessoas para a história de Seu amor por Israel, conforme Sua promessa a Abraão, conforme Sua promessa a Adão, conforme Seu propósito antes da fundação do Mundo.
Uns 700 anos depois – na cruz do Calvário – Cristo provou não ter mudado. Não cancelou a garantia de Salvação então oferecida aos israelitas. Pena eles não terem aceitado.
* Permita-me uma correção: oferecer reconciliação não é estranho para Deus. Estranho para Ele seria não oferecer reconciliação. Este sim seria um ato estranho.

SegundaTraição Espiritual (1º de abril). Você continuaria a ajudar financeiramente uma pessoa se soubesse que ela estaria usando o dinheiro para comprar e consumir bebidas alcoólicas? Mas, e se em vez de tal consumo, ela vivesse numa boa, porém contando por aí ter recebido ajuda de outro, e não de você? Você se ofenderia caso outro levasse o crédito? Você cessaria a benção?

Tal qual Gômer, Israel praticou esse tipo de traição. Dentro do desenrolar do grande conflito, a atitude de Israel simboliza a continuação e aprofundamento da traição espiritual do ser humano – é a manifestação de sua associação com a rebelião de Satanás.

Mas, na terça, dia 2 de abril, a longaminidade de Deus é reapresentada – Promessa de Restauração. (Falar do amor de Deus a um povo indigno é uma verdade profunda, comovente).

Numa das páginas da lição (sexta, dia 5), há essa pergunta: “Pense no elevado preço da nossa redenção. O que isso nos diz sobre nosso valor diante de Deus?”. Na de hoje, terça, a pergunta é assim: “Deus oferece gratuitamente o perdão dos pecados. Qual é o custo do perdão para Deus?”.

Ora, diante de tais questões, me nego a explorar os erros de Gômer, e imaginar o possível desprezo manifestado pelos amigos, parentes e vizinhos de Oseias. Para mim, nada de falar dos atos de Satanás. Longe disso, prefiro falar do amor de Deus. Deus nos ama. Somos quem somos, e Deus nos ama. Ama tanto que foi capaz de humilhar-Se a ponto de viver entre nós, e, por nós, dar Sua preciosa vida. Ama tanto que é capaz de nos chamar para reconciliação e vida nova. Não há maravilha maior!

QuartaAcusação Contra Israel (3 de abril). É verdade que o texto bíblico fala dos erros de Israel. Erros há, e não os ignoramos, e eles estão bem declarados. Porém, o que chama a atenção é que, assim como no caso de Adão e Eva, Deus mostrou os erros misturados com o convite de reconciliação. Uma taça misturada com misericórdia. Sua disciplina não é punitiva, mas, sim, redentiva. Mostra o erro, e chama para provocar arrependimento. Diz que você é pecador, e que Ele é Salvador. Viabiliza perdão.
Que fique bem claro, então: tempos depois, confirma-se a queda e extinção de Israel; o Reino do Norte deixaria de existir – porém, justiça seja feita: o Livro de Oseias prova que foram eles quem preferiram não entregar a vida ao Senhor. Eles se recusaram a ser salvos. Cegados pelo inimigo, desprezaram o convite divino.

QuintaChamado ao Arrependimento (4 de abril). Através de Oseias, Deus estava dizendo para a esposa voltar. Tal oferta parte de algo primário, fundamental: Deus estava disposto a recebê-la; as portas da casa estavam abertas, e Seus braços também.

Eu fico impressionado com o discurso de Pedro, no início do Livro de Atos. Ele revelou que Cristo desejava o arrependimento daqueles que O acusaram e O mataram. Fantástico! O próprio Pedro havia passado por tal experiência, e se entregou.

SextaConclusão (5 de abril). “A qualquer momento, Deus pode retirar dos impenitentes as garantias de Seu maravilhoso amor e Sua misericórdia. Quem dera os seres humanos pudessem conhecer qual será o resultado inevitável de sua ingratidão para com Deus e de seu desprezo pela dádiva infinita de Cristo para nosso mundo! Se continuarem amando a transgressão mais do que a obediência, as atuais bênçãos e a grande misericórdia de Deus que agora desfrutam, mas não apreciam, finalmente se converterão na causa de sua ruína eterna. Quando for demasiadamente tarde para que vejam e compreendam o que têm menosprezado como algo banal, saberão o que significa estar sem Deus e sem esperança. Então compreenderão o que perderam por haver escolhido ser desleais a Deus e se manter em Rebelião contra Seus mandamentos” (Comentário Bíblico Adventista (Espanhol), vol. 4, pág. 1184).

Como será a nossa história?

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