Comentários Lição 07 - Cristo: Nosso Sacrifício (Prof. César Pagani)

9 a 16 de novembro de 2013

Verso para Memorizar

“Carregando Ele mesmo em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para o pecado, vivamos para a justiça; por Suas chagas fomos sarados.” (1Pe 2:24)

César L. Pagani
 “O Senhor proverá para Si o cordeiro” foram as palavras de Abraão a Isaque  no momento de sacrificá-lo sobre um tosco altar no alto do Monte Moriá.  E, de fato, o Altíssimo já havia feito isso muito antes da fundação do Universo e do mundo. Ele provera o holocausto de Si mesmo em Cristo para tirar o pecado do mundo.
Cristo Se dispôs a vir a este mundo sofrer pelo pecador, assumir todos os pecados dos homens, passar uma vida de constantes provações e dificuldades e, no final, sofrer vergonhosa morte de cruz.
Jesus observou fielmente os mandamentos de Deus, desenvolveu vida santa e imaculada, para poder creditar a nós todos os merecimentos de Seu sacrifício pessoal. Toda vez que confessamos nossos pecados em arrependimento e contrição, recebemos a justiça de Cristo a nosso crédito e ficamos diante de Deus como se nunca houvéssemos pecado.
Que plano! Não é sem razão que passaremos a eternidade toda estudando sobre esse sacrifício.

DOMINGO
Jesus em Isaías 53  
            O cap. 53 de Isaías tem início falando da humildade e despojamento do Servo do Senhor. Embora Sua obra pública precisasse de divulgação para que os pecadores soubessem quem era Ele e qual Sua missão, Jesus nunca procurou publicidade e nem obter culto à Sua personalidade. Não se vestia como os altivos rabinos judeus com pompa, luxo e custosos ornamentos.  Suas vestes eram as de um camponês Galileu.
            O verso 3 profetiza sobre como seria a vida do Messias em sociedade. Embora as multidões se admirassem de Seus ensinos, se beneficiasse de Seus milagres e maravilhas, desprezo foi o que Jesus mais conheceu. Os mestres do povo achavam que Ele estava com as faculdades mentais em colapso (ver Mc 3:21). Seus próprios irmãos não criam nEle (Jo 7:5). Como a pedra rejeitada, Cristo, em Sua missão terrestre suportara desdém e maus-tratos.” DTN, 600.  
            Porém, ali estava o Cordeiro que Deus proveria para Si, como disse Abraão a Isaque quando do sacrifício no Monte Moriá. Jesus, revestido de carne humana, estava sujeito às fraquezas e carências da humanidade. Tinha fome, sede, precisava de descanso, necessitava do apoio humano, tinha necessidades sociais. Como Substituto do homem Ele tinha todo o direito e poder de arrancar homens e mulheres das garras das enfermidades, das deformidades e mesmo da morte.  Não somente doenças físicas, mas também espirituais e psíquicas.
            Ele levou sobre Si os nossos pecados no madeiro. Deus, em Seu plano de resgate, colocou sobre Cristo todas as nossas iniquidades, transgressões, falhas, mazelas, deslizes... O Substituto do homem padeceu na cruz em nosso lugar. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e por Seus ferimentos fomos curados.
            Ninguém sofreu maior e mais contínua pressão das hostes das trevas do que Jesus. Uma implacável perseguição foi movida contra o Salvador. Satanás seguia-Lhe no encalço procurando frustrar a obra que Jesus viera fazer.
“Quando a Palavra escrita de Deus foi dada por intermédio dos profetas hebreus, Satanás estudou com diligência as mensagens sobre o Messias. Ele sublinhou cuidadosamente as palavras que esboçavam com inconfundível clareza a obra de Cristo entre os homens como um sofredor sacrifício e como um rei conquistador. Nos rolos de pergaminho das Escrituras do Antigo Testamento ele leu que Aquele que devia aparecer, ‘como um cordeiro foi levado ao matadouro’ (Is 53:7), que ‘o Seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer’. Is 52:14. O prometido Salvador da humanidade devia ser ‘desprezado, e o mais indigno entre os homens, homem de dores... ferido de Deus e oprimido’ (Is 53:4), contudo devia Ele também exercer Seu grande poder para julgar ‘os aflitos do povo. ’ Ele devia salvar ‘os filhos do necessitado’, e quebrar ‘o opressor’. Sl 72:4. Estas profecias levaram Satanás a temer e tremer; mas ele não renunciou ao seu propósito de frustrar, se possível, as misericordiosas providências de Jeová para a redenção da ração perdida. Ele se determinou cegar os olhos do povo, tanto quanto fosse possível, para o real significado das profecias messiânicas, a fim de preparar o caminho para rejeição de Cristo em Sua vinda.” PR, 686, 687.    

SEGUNDA
Substituição eficiente       
            Para ser eficiente substituto do homem na assunção da punição devida aos pecados, Jesus tinha de ser carne. Viesse Ele apenas como Deus, inda que velando tremendamente Sua glória, não poderia assumir pecados sobre Si, pois Deus é absoluta santidade, justiça, inocência, imaculabilidade. Ele devia assumir a mesma carne que Adão legou aos seus descendentes.
            Jesus, como Verbo, era infinitamente maior do que os anjos, Suas criaturas. Jesus, como homem, tinha de ser menor do que eles. Não deveria ter seu poder, suas capacidades, suas habilidades. Era na condição de homem que Ele deveria passar pela “paixão da morte”. Era na condição de homem que Ele deveria provar “a morte por todos”.
            Nosso Salvador deveria ser em tudo “semelhante aos irmãos”. Ele devia sentir o que o homem sente em suas fraquezas e exposição às influências do mal, para poder ser “misericordioso e fiel sumo sacerdote”. 
            Ele não deveria ser apenas o substituto do homem para assumir seus pecados e sofrer a punição exigível pela Lei, mas o Intermediador entre a humanidade e a Divindade. Deus colocou sobre Cristo “a iniquidade de todos nós” (Is 53:6). Cristo coloca sobre nós a Sua justiça.
            Como invicto vencedor do pecado, Ele não pode ser acusado de pecado. “Quem dentre vós Me convence de pecado?” (Jo 8:6).  “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.” (Hb 4:15) Assim, sendo vítima inocente, assume os pecados dos homens como se cometidos por Ele.   Expia, com Seu sangue, esses pecados. Purifica o pecador e deixa-o livre da segunda morte.
            Como Ele provou a morte por todos os homens, quer isso dizer que, potencialmente, os pecados dos homens estão cobertos. Agora, o sangue de Jesus só vale como remissor se o pecador cumprir as regras salvadoras que Deus estabeleceu para sua redenção, isto é, aceitar a Jesus como Salvador todo-suficiente e recebê-Lo como Senhor em sua vida. Quem não reivindica os méritos do sangue de Cristo não poderá receber seus benefícios.
            Precisamente neste momento, Jesus está exercendo Suas funções sumo sacerdotais, aplicando os direitos da redenção efetivada em favor do homem. A Lei de Deus profanada aceita a justiça perfeita de Cristo em lugar da iniquidade do pecador.  O iníquo penitente é, então, considerado justo por causa de Cristo. A Lei não pode acusá-lo de nada, pois seus requerimentos de justiça foram satisfeitos em Cristo.           

TERÇA

Publicamos um interessante comentário (com algumas leves ressalvas) feito por Daniel E. Parks, autor presbiteriano, com relação à eficácia do sangue de Jesus: “Cristo obteve redenção à maneira tipificada no Antigo Testamento. Arão, o sumo sacerdote de Israel, era um tipo de ‘Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados’, em favor dos eleitos de Deus (v. 11). O ministério de Arão em santuário terreno e temporário,  feito pelos homens, tipificava o ministério de Cristo em um ‘maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação’ (v. 11). A entrada de Arão no Santo dos Santos tipificava a entrada de Cristo no “céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (v. 24). Arão, buscando a redenção com o sangue de touros e de bodes em uma bacia, tipificava Cristo obtendo a redenção com o Seu ‘próprio sangue’ (v. 12) — o sangue do Cordeiro de Deus que corria em suas veias. Arão tinha de entrar duas vezes no Santo dos Santos — uma vez para oferecer sangue pelos seus próprios pecados; depois, em favor dos pecados do povo. Ele tinha de fazer isso a cada ano. Cristo, porém, entrou no mais santíssimo de todos os lugares[1] ‘ uma vez por todas’ (v. 12) — ‘uma vez’, porque Ele mesmo não tinha pecado; ‘por todas’, porque não precisaria entrar ali novamente. Arão ministrava em favor da purificação da carne; ‘muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a Si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! ’ (v. 14.). Por intermédio da misericórdia, Arão recebia o perdão anual. Cristo, o Sumo Sacerdote, ‘eterna redenção’.”
Esse sangue proveio do Cordeiro Imaculado, um sangue incontaminado, puríssimo, cobridor, doador de vida.
“Ele gostaria que cada alma considerasse a eficácia do Seu sangue como de ilimitado valor, capaz de salvar perfeitamente a todos que forem persuadidos a vir a Ele. Ele deseja que cada indivíduo de nossa raça, formado a Sua imagem, lembrasse que Deus é infinito, e que o Seu amor revelado na expiação de Cristo em favor de toda a humanidade, torna manifesto o valor que atribui à humanidade. Ele os convida a virem a Ele para serem salvos. Devemos ir à Fonte de toda a misericórdia. Ele usará homens como Seus instrumentos para salvar do pecado a seus semelhantes.” Carta 33, 1898.
“A eficácia do sangue de Cristo devia ser apresentada ao povo com vigor e poder, para que sua fé se pudesse apropriar de Seus méritos...” Evangelismo, 191. 
            “Fostes escolhidos por Cristo. Fostes resgatados pelo precioso sangue do Cordeiro. Apresentai diante de Deus a eficácia desse sangue. Dizei-Lhe: ‘Sou Teu pela criação; sou Teu pela redenção. Respeito a autoridade humana   e o conselho de meus irmãos; mas não posso confiar inteiramente neles. Desejo que me ensines, ó Deus. Fiz contigo o concerto de adotar o divino padrão de caráter e que faria de Ti o meu conselheiro e guia - um participante de todos os planos de minha vida; ensina-me, portanto.’  Que a glória do Senhor seja vossa principal consideração. Reprimi todo desejo de distinção mundana, toda ambição de obter o primeiro lugar. Incentivai a pureza e santidade de coração, para que possais representar os verdadeiros princípios do evangelho. Seja todo ato de vossa vida santificado pelo sagrado empenho de fazer a vontade do Senhor, para que a vossa influência não conduza os outros a caminhos proibidos. Quando Deus é o dirigente, Sua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda.” Fundamentos da Educação Cristã, 348, 349.

QUARTA
Sacrifício imaculado
            A condição de a vítima ser sem qualquer mácula, defeito ou senão estético era sine qua non. O ofertante tinha de escolher o melhor exemplar de um ano de seu rebanho, ou comprá-lo de alguém.  Ao chegar ao santuário o sacerdote examinava o animal para constatar sua qualidade segundo o previsto nas leis levíticas.  A mínima deformidade tornava o animal impedido para o sacrifício.
            Por que tinha de ser de um ano? Clarke entende que podia ser de qualquer idade entre oito dias e um ano. Jamieson, Fawcett e Brown propõem  que essa oferenda representava Cristo no ápice da vida e de Sua imaculabilidade perfeita (ver Hb 7:26; 1Pe 1:19).
            Jesus foi o único ser humano justificado pela Lei, pois a guardou em sua integralidade e satisfez todos os seus requerimentos de justiça. Sendo totalmente puro, imaculado, inocente, a pena da Lei só Lhe poderia ser imputada se Ele assumisse a culpa de outrem. O que de fato nosso Salvador fez. Esse mérito Ele transmite àqueles que O aceitam. 
            Não admira a extrema exigência dos regulamentos para oferecimento das vítimas que representavam o Redentor vindouro. O povo precisava ser impressionado com a verdade de que o Ser puríssimo tipificado pelo cordeiro era tão perfeito que não haveria outro igual.  Eles ofereciam frequentemente cordeiros de um ano no santuário, e precisavam compreender que quem faria o sacrifício antitípico no futuro seria o próprio Senhor Deus. Deus proveria para Si o Cordeiro enviando Jesus Cristo, o mais puro dentre os puros.      

Um grande perigo
            Porque é impossível que os que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo,  e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro,   e depois caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; visto que, quanto a eles, estão crucificando de novo o Filho de Deus, e o expondo ao vitupério.” (Hb 6:4-6) Estaria Paulo aqui se referindo ao pecado contra o Espírito Santo, o único que não pode ser perdoado?
            Adam Clarke sugere que os aí referidos são apóstatas do cristianismo, os quais rejeitaram todo o sistema cristão e Seu Autor, o Senhor Jesus. Os que, irrevogavelmente contra tudo quanto se refira à religião de Cristo, e que ainda se postam contra o povo de Deus e estorvam-lhe a santa obra. Porventura estariam entre esses infelizes Esaú, que a Bíblia diz ter sido profano, e Saul, que desonrou Deus por sua obstinada desobediência.
            Não há dúvida de que foi esse o caso de Hofni e Finéias, filhos de Eli: “Na reprovação de Eli a seus filhos acham-se palavras de uma significação solene e terrível - palavras que todos os que ministram em coisas sagradas bem fariam em ponderar:  "Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o Senhor, quem rogará por ele?" 1Sm 2:25. Houvessem seus crimes lesado unicamente seus semelhantes, e poderia o juiz ter feito a reconciliação, indicando uma pena, e exigindo a devida restituição; e assim os transgressores poderiam ter sido perdoados. Ou, se não tivessem eles sido culpados de um pecado de presunção, uma oferta para o pecado poderia ter sido apresentada por eles. Mas seus pecados estavam de tal maneira entretecidos com seu ministério de, na qualidade de sacerdotes do Altíssimo, oferecerem sacrifício pelo pecado, e a obra de Deus foi de tal maneira profanada e desonrada perante o povo, que nenhuma expiação por eles poderia ser aceita. Seu próprio pai, embora fosse sumo sacerdote, não ousou interceder em favor deles; não os podia defender da ira de um Deus santo. De todos os pecadores, são os mais culpados os que lançam o desdém aos meios que o Céu proveu para a redenção do homem - pecadores estes que ‘de novo crucificam o Filho de Deus, e O expõem ao vitupério’. Hb 6:6.” Patriarcas e Profetas, 580.
“Deus opera pela manifestação de Seu Espírito para reprovar e convencer o pecador; e, se a obra do Espírito é finalmente rejeitada, nada mais há que Deus possa fazer pela alma. O último recurso da misericórdia divina foi empregado. O transgressor desligou-se de Deus; e o pecado não tem remédio para curar a si mesmo. Não há um poder reservado, pelo qual Deus possa operar para convencer e converter o pecador. ‘Deixa-o’ (Os 4:17), é a ordem divina. Então, ‘já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários’. Hb 10:26 e 27.” Idem, 405.   
 “Quando o Espírito de Deus é entristecido de tal modo que venha a retirar-Se, todo apelo feito através dos servos do Senhor é inexpressivo para eles. Interpretarão mal cada palavra. Zombarão e escarnecerão das mais solenes advertências bíblicas, as quais, não houvessem eles sido fascinados por instrumentos satânicos, os fariam tremer. Todo apelo feito a eles é inútil. Não prestam atenção a repreensões e conselhos. Desprezam todas as instâncias do Espírito e desobedecem aos mandamentos de Deus que outrora defendiam e enalteciam. As palavras do apóstolo bem podem aplicar-se a tais pessoas: ‘Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade?’ Gl 3:1. Seguem o conselho de seu próprio coração até que a verdade deixa de ser verdade para eles. Barrabás é escolhido, e Cristo é rejeitado.” E Recebereis Poder, 36.  



[1] Em verdade, segundo nossa crença, Jesus entrou no Lugar Santíssimo para assentar-Se com Seu Pai no trono do Universo como Rei. Mas como Sumo Sacerdote, iniciou Seu ministério sacerdotal no Lugar Santo, assim como tipificado no ritual veterotestamentário, para comparecer diante do Pai e pleitear a causa de Seus filhos terrenos.  

Comentários Lição 06 - O Dia da Expiação (Prof. César Pagani)


02 a 09 de Novembro de 2013

Quem, ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade e Te esqueces da transgressão do restante da Tua herança? O Senhor não retém a Sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.” (Mq 7:18, 19)

César L. Pagani
            Os judeus chamam o Yom Kippur de Yoma, “o dia”.  Andreasen o considera como a “coluna mestra do sistema sacrifical”. Era um dia de profundo recolhimento espiritual. Nenhuma obra servil podia ser feita nesse dia. Para o povo constituía-se  um sábado de descanso. Um autor hebreu escreveu: “Sua chegada, no dia 10 de Tishri, é um acontecimento de tal magnitude para a comunidade, que a vida parece nela fazer uma parada; deixam-se de lado todas as ocupações e preocupações, esquecem-se as necessidades físicas, e as massas de indivíduos se apressam a mergulhar, durante um dia, num mar de purificação.” Tradições e Costumes Judaicos, 140.
            Mas o preparo para o Yoma começava nove dias antes. Do primeiro ao nono dia de Tishri era o período de exame de consciência e arrependimento, um preparo de coração para o grande dia do juízo. O nível de introspecção e humilhação era profundo.
            A Enciclopédia Judaica, à p. 286, expõe a concepção israelita do dia do juízo de Israel: “Deus, sentado em Seu trono para julgar o mundo, ao mesmo tempo Juiz, Litigante, Perito e Testemunha, abria o Livro de Registro; este é lido, achando-se aí a assinatura de todo o homem. Soa a grande trombeta; ouve-se uma voz mansa e delicada; os anjos tremem, dizendo: Este é o dia de juízo, pois mesmo Seus ministros não são puros diante de Deus. Como um pastor faz a chamada de seu rebanho, fazendo-o passar sob a vara, assim faz Deus passar toda alma viva perante Ele para fixar o limite da vida de toda criatura e determinar-lhe o destino. No dia de Ano Novo, é escrito o decreto; no Dia da Expiação é selado quem há de viver e quem há de morrer, etc. Mas o arrependimento, a oração e a caridade podem desviar o mau decreto.”
            “Leshanah Tova Ticatevu” é o voto que cada judeu devoto hoje  faz ao seu companheiro, e significa: “Que você seja aprovado no Juízo!”

DOMINGO
A purificação anual         
            O ritual especial do Yom Kippur era processado, em certo aspecto, como nos outros dias do ano. O tamid ou sacrifício contínuo do cordeiro da manhã e da tarde era realizado. Antes de tudo, o sumo sacerdote deveria tomar um banho e, diferentemente do que ocorria nos dias precedentes, ele vestia uma túnica branca de linho simples, calções de linho, cinto de linho e mitra de linho sobre a cabeça.
            O passo seguinte era a recepção de dois bodes e um carneiro que eram oferecidos pela congregação. Ele, particularmente, oferecia em sacrifício um novilho em seu próprio favor, para expiação de pecados cometidos, a fim de não ser fulminado pela presença do Senhor ao adentrar o Santíssimo. Nesse meio tempo, ele tomava um incensário com brasas vivas  e o leva para o Santíssimo colocando-o sobre o propiciatório. Então coloca um punhado de incenso sobre o incensário e faz com que uma nuvem de fumaça cubra a tampa da arca.
Feito isso ele sai para receber o sangue do novilho que foi por ele oferecido e retorna ao mais interior do templo, espargindo sete vezes o sangue sobre o propiciatório. Nessa ação ele faz expiação por si e pela sua casa.
Na sequência ele sai do Santíssimo e vai ao pátio, junto ao altar de holocaustos e mata o bode que é pelo Senhor. Toma de seu sangue e retorna à presença de Deus para fazer expiação pelo povo. Note-se que essa expiação é para retirada dos pecados do povo do santuário, e não por seus pecados cometidos e já perdoados.  Essa expiação é pelo Santíssimo que fora contaminado com o registro sanguinolento dos pecados da congregação. A seguir ela remove simbolicamente os pecados registrados no Lugar Santo. Aí dirige-se ao altar de holocaustos e faz expiação por ele.  A essa altura tudo quanto havia no santuário estava livre dos pecados. Deus perdoara a todos com Sua imensa graça. Nenhuma transgressão ficava no templo para testemunhar contra qualquer transgressor.
A fase final da purificação é a trazida do bode emissário. O sumo sacerdote coloca as mãos sobre a cabeça do bode e confessa todos os pecados que Israel cometeu naquele ano (Lv 16:20-22). Não há mais nenhum pecado, nada que separe o povo do Senhor. A transferência foi feita e agora o bode é figurativamente o transportador de pecados, ou o responsável por eles. No ritual do santuário não haveria outra transferência. Os pecados “morriam” com o bode, que era levado a um lugar deserto por um homem especialmente designado para isso, e ali abandonado à própria sorte.
“Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado, encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a pena final. Assim no cerimonial típico, o ciclo anual do ministério encerrava-se com a purificação do santuário e confissão dos pecados sobre a cabeça do bode emissário. Em tais condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou o seu lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e ministério de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final purificação do Universo, de pecado e pecadores.” Patriarcas e Profetas, 343-358.

    SEGUNDA
            Ora, o perdão era concedido dia após dia ao vir o pecador penitente perante Deus no santuário, trazendo sua oferta pelo pecado. Os pecados que ficavam “registrados” no santuário estavam perdoados. Não dariam testemunho contra o infrator. Se, por acaso, o pecador perdoado viesse a falecer numa guerra ou mesmo em algum acidente, ou ainda de doença ou velhice, estava quite  com Deus e eternamente salvo.
            O sumo sacerdote  realizava sua obra no Dia da Expiação no papel de mediador. Todo trabalho era feito através dele. Ele mesmo era o transportador simbólico de pecados registrados no santuário, até colocá-los sobre a cabeça do bode Azazel. A culpa dos pecados perdoados passava, assim, para o bode, que por sua vez transportava todo o registro de pecado e culpa para o deserto. Com a morte desse animal o ciclo do pecado terminava.
            Um questionamento interessante é proposto por M. L. Andreasen acerca do ritual da expiação. “É bem possível que alguém pergunte: Por que era necessária qualquer purificação por parte do povo? Não tinham eles trazido de quando em quando suas ofertas durante o ano, confessado os pecados e ido embora perdoados? Por que, então, se fazer cada ano comemoração de pecados?”
            Pois bem, os pecados haviam sido perdoados no mesmo dia em que o pecador os confessava e oferecia a vítima especificada nas diretrizes ritualísticas. Porém, sempre havia a possibilidade de o pecador cometer novamente os mesmos pecados ou relaxar sua vida espiritual. Até aí a capacidade perdoadora de Deus seria acionada para remitir esses e outros pecados. Mas suponhamos que esse pecador abandonasse sua vida de consagração e voltasse  as costas para Deus. O que aconteceria com os pecados anteriormente perdoados?
            “Deus mantém uma conta para cada homem. Sempre que, de um coração sincero, ascende uma súplica por perdão, Ele perdoa.Mas por vezes os homens mudam de ideia. Arrependem-se de seu arrependimento. Mostram, por sua vida, que o mesmo não é duradouro. E assim Deus, em vez de perdoar de maneira absoluta, definitiva, registra o perdão ao lado do nome das pessoas e espera o apagar final dos pecados para quando eles tiverem tido tempo de pensar maduramente no assunto. Se ao fim da vida se acham ainda com a mesma ideia, Ele os considera fiéis  e, no dia do juízo, seu registro é definitivamente limpo. Assim acontecia com Israel outrora. Ao chegar o Dia da Expiação, cada ofensor tinha a oportunidade de mostrar que ainda estava com o mesmo espírito e queria o perdão. Se assim fosse, o pecado era apagado e ele estava completamente limpo.”   O Ritual do Santuário, pp. 151-152.

TERÇA

            Destaque-se, a bem da compreensão, que o bode emissário ou Azazel só entrava em cena após a purificação do santuário estar completa. Portanto, ele não tem nenhum valor expiatório ou de purificação, mas de transportador da carga acumulada antes no santuário. Ele se tornava “culpado” e alvo da ira da justiça.
            Antes de ser levado para o deserto, Azazel era apresentado ao sumo sacerdote, que impunha as mãos sobre o animal e confessava todas as iniquidades dos filhos de Israel e todas as suas transgressões. O Mishnah, uma compilação em forma de código das leis tradicionais do judaísmo, descreve que durante o tempo do segundo templo, o sumo sacerdote, no final do Yom Kippur, punha as mãos sobre Azazel e dizia: “Oh, Deus, Teu povo, a casa de Israel, cometeu iniquidade, transgrediu e pecou diante de Ti. Oh, Deus, perdoa, te peço, as iniquidades, transgressões e pecados de Teu povo, a casa de Israel, que cometeu diante de Ti, como está escrito na lei de Teu servo  Moisés: ‘Porque neste dia se fará expiação por vós, e sereis limpos de todos os vossos pecados diante de Jeová.”
 É bom lembrar que o sangue do bode que havia sido escolhido por sortes para ser do Senhor é quem tinha seu sangue derramado para transportar o registro de pecados desde o santuário, mediante o sumo sacerdote, até Azazel. Em termos simbólicos, o sangue do bode derramado no Dia da Expiação tinha validade de transporte até que sua carga de injustiças e pecados fosse posta sobre Azazel.
            O fato de haver um lançamento de sortes sobre os bodes trazidos ao santuário no Dia da Expiação traz em relevo um ensino importante: Uma das sortes de escolha  era “pelo Senhor” e outra  pelo bode emissário. Entendem muitos intérpretes que se uma das sortes é para um ser pessoal, a outra também o seria, a despeito das diferentes funções, e concluem que há antagonismo entre dois seres pessoais representados pelos animais. Ora, sendo um o Senhor, quem é Seu antagonista? Satanás, sem dúvida.
            A ação simbólica de retirar os pecados do santuário e pô-los sobre Azazel é profética e indica o que Deus fará com os pecados que foram registrados e perdoados no santuário celeste, mediante a obra sumo sacerdotal de Cristo. Alguém terá de arcar com a culpa final dos pecados. E como o vil tentador é o responsável pelos pecados que fez o povo de Deus cometer, será ele responsabilizado criminalmente no pós-milênio e receberá o salário do pecado. Cumprir-se-á, então, o que está escrito no livro de Malaquias: “Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo.”  Como Satanás é a raiz de todo pecado, será consumido pelas chamas de fogo misturado com enxofre no dia do Juízo Retributivo.

QUARTA
No dia da expiação
            Os versos de estudo para hoje (Lv 16:29-31 e 23:27-32) nos trazem lições importantes.
            Deus determinara um comportamento especial no décimo dia do mês de Tishri (aliás, o procedimento tinha início com o pôr do sol do dia nono [Lv 23:32]). Toda preocupação secular deveria ser afastada; nenhum trabalho ou tarefa imprópria deveria ser feito nesse dia. As atenções deveriam concentrar-se em “afligir as vossas almas”. Um profundo exame íntimo requeria todas as energias do judeu nesse dia. Ele deveria pensar em seus pecados, no que o levou a cometê-los; deveria intuir o peso da afronta que lançou perante Deus e considerar como a bondade perdoadora de Deus havia tratado com ele.
            Esse dia era tão especial também em termos de contrição, que o sumo sacerdote, no terceiro dia de Tishri, se mudava de sua residência em Jerusalém para os aposentos do templo, onde deveria compenetrar-se em orar, meditar e preparar o ritual do dia décimo. Não podia acontecer nenhum erro. A situação era tão solene que um dos sacerdotes mais velhos da equipe sacerdotal ficava o tempo todo com o sumo sacerdote, apoiando-o ininterruptamente, aconselhando, instruindo-o e monitorando-o para que tudo saísse a contento.  Andreasen explica que na noite precedente ao Dia da Expiação, o sumo sacerdote não podia dormir para que não lhe ocorresse nenhum tipo de contaminação.  
            Ora, por que tanta minudência se os pecados de Israel já estavam perdoados. Acredito que Deus queria impressionar tanto a sacerdotes como ao povo com respeito à malignidade do pecado. Tudo devia ser feito com a maior seriedade possível. E outra coisa a ser lembrada é que os israelitas estavam perdoados, mas o santuário ainda detinha a contaminação do pecado. Era uma mancha abominável diante do puríssimo Deus, cuja presença habitava o santuário. Está escrito: “Fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados, e assim fará para a tenda da congregação que mora com eles no meio das suas imundícias.” (Lv 16:1 6)
            “No Dia da Expiação os pecados daqueles que já tinham obtido perdão eram apagados. Os outros eram ‘extirpados’. Assim era o santuário purificado do registro do pecado acumulado durante o ano. Essa purificação do registro também efetuava a purificação do povo cujos pecados já estavam perdoados. Eram apagados. Não mais permaneciam como testemunho contra eles. A expiação estava feita e o povo não se achava sob condenação. Estavam puros, livres, felizes. O próprio registro não existia mais.” O Ritual do Santuário, p. 153.  
            A parábola do credor incompassivo mostra como alguém pode arrepender-se de seu arrependimento e atrair o desagrado de Deus sobre si. O credor implacável fora perdoado pelo rei de uma dívida astronômica, impagável. Ele implorou o perdão de seu senhor e foi atendido. Mas demonstrou espírito inconciliável, pecaminoso, quando não quis perdoar alguém que lhe devia tão pouco. Seu perdão foi cancelado por causa da atitude ímpia e ele  sofreu a devida punição da qual foi livrado anteriormente. Deus é justo.

QUINTA
O yom kippur de isaías

             A cena é de majestade e solenidade inimaginável. Isaías narrou a visão que teve, mas sua intensidade, penetração e emoção mal podemos imaginar.  Compare-se essa visão com aquela que teve Daniel no cap. 7:9-10. Entre as duas distam 203 anos. Embora livros não tenham sido abertos na visão de Isaías, o cerimonial ali ocorrido transmite uma imagem de grande impacto.
            O senso da absoluta santidade divina causou tal comoção no profeta, que ele pensou que seria fulminado.   A mesma impressão foi causada em Manoá, pai de Sansão, pois, aterrado, disse à sua mulher Ana: “Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus” (Jz 13:22).
            Quando Deus está em juízo contra o pecado, Seus atos produzem de impressão esmagadora, consumidora.  A santidade do Altíssimo é tamanha que até os anjos mais exaltados velam seu rosto diante dEle. Não é à toa que Ele é chamado de “terrível” quando se Lhe acende a ira. Salmo 76:7 afirma: “Tu, sim, Tu és terrível; se Te iras, quem pode subsistir à Tua vista?”
            Como expõe o autor das lições deste trimestre, há paralelos significativos entre o ritual do santuário terrestre e a visão de Isaías, que penetrou no santuário celeste: fumo de incenso, altar de intercessão donde o anjo tirou a brasa que purificou os lábios do profeta, séquitos de anjos. Embora não haja evidências de um juízo massivo, Isaías, ele  próprio, foi julgado naquele momento. Era ele, como mesmo se reconheceu, um homem de lábios impuros e que morava com uma população de boca contaminada. Todos, profeta e povo, estavam em pecado. Como no dia do Yom Kippur, Isaías afligiu sua alma por causa do pecado. Mostrou-se arrependido por cometer erros, principalmente por meio de palavras,
pecados contra Deus. Sabia que Deus julga atos, pensamentos ocultos ou manifestos, motivos, intenções e palavras – não disse Jesus: “... porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.”? (Mt 12:37)
            Porém, Deus, por ser infinitamente misericordioso Juiz, purificou Isaías. O profeta sentiu-se tão leve espiritualmente e tão grato a Deus que se dispôs aceitar o ministério profético e cumprir as ordens divinas.

            O propósito do dia antitípico do Yom Kippur não é achar culpas no povo de Deus, pesar cada crente nas balanças celestiais para encontrar pecados nele e condená-lo como inepto para habitar com os anjos. Deus quer absolver, remir, perdoar. Brasas vivas do altar de Deus ainda estão incandescendo. Elas representam o sangue purificador de Cristo e Sua intercessão constante. Como Isaías foi purificado em juízo, nós também o seremos se mantivermos firme a nossa confiança.   

Frases #59


Comentários Lição 04 - Lições do Santuário (Prof. César Pagani)

19 a 26 de Outubro de 2013

Verso para Memorizar:

“E Me farão um santuário, para que Eu possa habitar no meio deles.” (Êx 25:8)

César L. Pagani

O tabernáculo e suas divisões, pátio, cortinados, colunas, pranchas revestidas de ouro, móveis e utensílios, tudo ensinava o amor salvador de Deus e Seu caráter de infinita justiça e santidade. Era o centro do perdão para Israel. Os pecados do povo se acumulavam simbolicamente no recinto sagrado durante um ano inteiro, para depois, no Yom Kippur, serem descartados para longe. Milhões e milhões de pecados foram perdoados mediante a aplicação do ritual realizada na cópia do santuário celeste.  Cada objeto tinha um significado patente e significados ocultos (há um estudo interessante do Dr. Salim Japas, publicado na revista O Ministério Adventista, mai/jun 84, número 3, pp. 11-16, acerca do significado oculto dos móveis do santuário. É fascinante). Na parte de terça-feira transcrevemos algo a respeito.
Tudo ali respirava Cristo e Seu sacrifício perfeito.     

DOMINGO
 Lugar da presença           
            Diga-se, a priori, acerca do desejo de presença que o Criador tem como prioritário em Sua vida eterna.  Ele sempre almeja estar junto a Seus filhos.  Até mesmo a intromissão do famigerado pecado não impediu que Deus Se aproximasse dos pecadores. Ele já tinha planejado enviar a presença de Cristo entre os homens, para revelar-lhes Seu amor e intenções.
            Nosso Criador resolveu marcar Sua presença de modo especial mediante a construção de um santuário. Tabernáculo, tenda da congregação, tenda do testemunho, santuário, templo ou qualquer outra denominação que as Escriturar dão ao lugar da presença de Deus, propendem a ensinar a verdade fundamental do amor divino e de Seu empenho na redenção do homem. E mais: “O sistema sacrifical do Antigo Testamento foi instituído por Deus. Constituía o caminho da salvação pela fé para aqueles tempos, instruindo o povo de Deus sobre o terrível caráter do pecado e apontando para o meio escolhido por Deus para acabar com o pecado.” Documento preparado pela Comissão Revisora do Santuário – Glacier View Ranch, Colorado, 10-15/8/1980.
            Observemos que o lugar da presença de Deus era também o lugar da remissão dos pecados.  Também o lugar do culto a Deus. Ainda se constituía no lugar de governo ou sede do governo teocrático, de onde Deus dirigia o povo.
            Igualmente, o santuário era o tribunal do juízo, quando os pecados do povo de Deus, mercê da obra expiatória antitípica realizada por Jesus, seriam apagados e apartados deles para sempre.
            Recorramos agora aos termos hebraicos e seus significados, relativos ao santuário do deserto:
       Miqdosh – (Êx 25:8). Esse termo hebraico tem o sentido de algo sagrado, separado para uso especial.
          Mishkan – (Êx 25:9). Vocábulo traduzido por tabernáculo com o significado de habitar ao lado de, como de alguém muito próximo.
       Ohel – (Êx 26:36). Vertido para o português como “tenda”; sugere a ideia de uma habitação temporal.
       Mishkan Haedut – (Êx 28:31). Com a acepção em português de “tabernáculo do testemunho”, provavelmente em razão de conter as tábuas da Lei ou do Testemunho. No entender de douto teólogo adventista, “tabernáculo do testemunho” expressa mediante símbolos, figuras e tipos, verdades espirituais fundamentais de nossa fé.  
   
SEGUNDA
            Notemos que o modo como Deus disse aos israelitas que fossem santos, está configurado como mandamento. É ordem de Deus que Seu povo seja santo e não uma opção de vida dentre muitas.
            Em várias instâncias da Palavra de Deus, o Senhor repete a ordem de santidade para Seus filhos. Em Lv 11:44 está escrito: “... vós vos consagrareis e sereis santos”.  O verbo utilizado nessa passagem para expressar consagração é kadosh, com o sentido de separar, apartar. No tronco verbal Nifal da língua hebraica, que corresponde ao passivo simples, kadosh assume o significado de tratar como sagrado, apresentar-se como sagrado. Traduzido em miúdos, isso quer dizer que precisamos envidar esforços no sentido de livrar-nos de toda contaminação e nos mantermos separados de tudo quanto não seja santo.  Em Lv 20:26 Deus afirma que Ele nos separou dos demais povos com o propósito de santificar-nos. Ele deseja para si uma nação santa, reino de sacerdotes (Ex 19:6).
            Deus Se coloca como modelo e razão de santidade.  A conjunção causativa porque (“porque Eu Sou santo”) exprime o motivo para a santidade do povo. Deus é santo e só seres santos podem viver e sobreviver na Sua presença.
            Ser santo é ser “filho da obediência” (1Pe 1:14) e ter conduta ou procedimento totalmente diferente do daqueles que não amam a Deus.
Maneira santa de viver - “O apóstolo nos exorta: ‘Mas, como é santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque Eu sou santo.’ 1Pe 1:15 e 16. A graça de Cristo deve reger o temperamento e a voz. Sua operação será vista na polidez e terna consideração manifestada de irmão para com irmão, em palavras bondosas e encorajadoras. Há no lar uma presença angélica. A vida exala um suave perfume que ascende a Deus como incenso santo. O amor manifesta-se em afabilidade, cortesia, clemência e longanimidade.” Parábolas de Jesus, 102.  
“Deus nos ordenou: ‘Sede santos, porque Eu sou santo.’ 1Pe 1:16. E um inspirado apóstolo declara que, sem santidade, ‘ninguém verá o Senhor’. Hb 12:14. Santidade é harmonia com Deus. Pelo pecado, a imagem divina foi desfigurada no homem, e quase obliterada; é a obra do evangelho restaurar o que se havia perdido; e cumpre-nos cooperar com a instrumentalidade divina nessa obra. E como podemos chegar à harmonia com Deus, como nos é possível receber-Lhe a imagem, a menos que obtenhamos conhecimento a Seu respeito? Foi esse conhecimento que Cristo veio ao mundo para nos revelar.” Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 340.

TERÇA

            Tudo quanto havia no santuário estava relacionado simbolicamente com a obra da redenção do homem. A própria tenda, feita de linho fino retorcido e coberta com peles de carneiros tingidas de vermelho e peles de animais marinhos, era um símbolo da carne de Cristo que abrigou o Deus infinito. A arca era símbolo do coração de Cristo, que abrigava a Santa Lei divina (Sl 40:8) e também representava a base do trono de Deus que é justiça e juízo. O candelabro era figura de Cristo, a Luz do mundo. Os pães da presença significavam que Jesus é o Pão da vida não só para as tribos de Israel ou o povo de Deus, mas para o mundo. O altar de ouro onde o incenso aromático era queimado simbolizava o ministério sumo sacerdotal de Jesus, através de quem nossas orações e pedidos chegam até o Altíssimo.
            A pia de bronze representa a purificação realizada por Cristo e também a água da vida, representativa dos próprios ensinos do Mestre dos mestres, de Sua pura doutrina. O altar dos holocaustos representa o sacrifício expiatório realizado por Jesus, que foi imolado e consumido pelos pecados da humanidade.
            Evidentemente esses são alguns sentidos aparentes do composto do santuário. Mas, como dissemos no início, há também o significado oculto que pode ser descoberto com o estudo diligente das Escrituras.
            Embora a exposição seja um pouco longa, achamos por bem transcrever ipsis literis o estudo feito pelo Pr. Dr. Salim Japas sobre o significado oculto dos móveis do santuário:
            “1) A arca do concerto (Êx 25:11; 3: 17-20). No lugar santíssimo ou Kodesh Kodashim, estava a arca do concerto, uma espécie de cofre de madeira de acácia, coberta de ouro por dentro e por fora. Tinha uma coroa (zer) ou cornija de ouro. Era o lugar onde foram depositadas as tábuas da Lei de Deus. A tampa da arca se chamava ‘propiciatório’ e era de uma só peça de ouro, tendo em cima dois querubins também de ouro, um de cada lado. A altura da arca era de um côvado e meio (uns 75 cm). A tipologia tem visto as três Pessoas da Divindade simbolizadas na Arca do Concerto. Antecipa a Cristo na obra da expiação, visto que nosso Senhor é o verdadeiro hilasterion [propiciatório] onde é efetuada a expiação do mundo (Rm 3:25). O trono de Deus especifica não somente as funções régias, mas também as do juízo, já que Deus em Cristo é o Juiz de todos nós (Sl 9:4; Mt 35:32; 2Co 5:10).
            “2) O altar de incenso (Êx 30:1-10; 37:25 e 26). No Lugar Santo havia três móveis. A mesa da presença ficava ao norte, o candelabro (menorah) de sete braços, ao sul e o altar de incenso estava colocado exatamente diante do véu que separava o Lugar Santo do Santíssimo. O altar de incenso era feito de madeira de acácia, totalmente coberta de ouro. A parte superior terminava numa coroa (zer) ou cornija de ouro e tinha quatro cornos de ouro. A altura era de dois côvados (uns 110 cm). Em cima dele era queimado o incenso na cerimônia diária, chamada contínuo (tamid). Cumpre notar que ao altar de incenso se atribuía a qualidade de kodesh kodashim (Êx 30:27-29).
            “Segundo Berkhof e outros teólogos, a obra intercessória de nosso Senhor era prefigurada pela queima diária de incenso no altar de ouro situado no Lugar Santo. A nuvem sempre ascendente do incenso não somente era um símbolo das orações dos santos, mas também de nosso Sumo Sacerdote e da mediação do Espírito Santo, o qual roga por nós ‘com gemidos inexprimíveis’ (Rm 8:26). Asseveramos com Berkhof que a obra intercessória de Cristo no Céu não deve ser desligada de Seu sacrifício expiatório realizado aqui na Terra. Devemos lamentar com o autor mencionado que mesmo em alguns círculos evangélicos é dada a impressão de que a obra do Salvador cumprida na cruz foi muito mais importante do que Sua intercessão no Céu. Importa recordar, no entanto, que no Antigo Testamento a ministração diária no santuário culminava com a queima do incenso, o qual tipifica o ministério de intercessão. Não podemos dissociar a intercessão da expiação, pois constituem dois aspectos da mesma obra de redenção, em que a reconciliação e a intercessão andam de mãos dadas.
            “3) O candelabro (Êx 25:31-39; 37:17-23). O candelabro (menorah) era inteiramente de ouro e ficava no lado sul do Lugar Santo. Não são dadas as dimensões, mas os seus sete braços estavam decorados com cálices a modo de amêndoas e com globos e lírios. Os sete braços terminavam em sete lâmpadas que deviam permanecer acesas de dia e de noite (Êx 27:20; Lv 24:2 e 3). Um bom exemplo deste candelabro pode ser observado no famoso Arco da Vitória de Tito, em Roma. Uma função importante da lâmpada era prover luz para os sacerdotes oficiantes. Do ponto de vista da tipologia, ele antecipa o Senhor Jesus como a ‘Luz do mundo’ (Jo 1:6-9; 8:12), e aos crentes, os quais, como ‘reis e sacerdotes (1Pe 2:5 e 9; Ap 1:6), à semelhança de seu Senhor, são a ‘luz do mundo’ (Mt 5:14) aqui na Terra. No Apocalipse a igreja é simbolizada pelos candeeiros (cap. 1:13 e 20). O azeite que nutre a mecha tem sido considerado como símbolo do Espírito Santo.
            “4) A Mesa dos Pães (Êx 25:23-30; 37:10-16) A Mesa dos Pães da Presença estava situada no lado norte do santuário. Assim como a Arca do Concerto, tinha um côvado e meio de altura (uns 75 cm). Estava totalmente coberta de ouro. A parte superior da mesa era rodeada por duas coroas (zer) ou cornijas (Êx 25:23-25; 37:10-12). A extraordinária importância tipológica da mesa não pode ser eliminada porque, em primeiro lugar, sua descrição aparece imediatamente depois da descrição da Arca do Concerto e, além disso, pelo fato dramático de que é o único móvel do santuário com duas coroas.
            “Que a mesa constitui um tipo da presença pessoal de Deus é atestado pelo nome lehem panim que lhe é atribuído em 1Sm 21:6, 1Rs 7:48 e no livro de Êxodo. Philip Hyatt afirma com acerto que nessa frase panim, literalmente ‘rosto’, significa a Pessoa ou o Ser da Divindade. Se é assim, essa expressão devia ser traduzida por pão de Deus. Em Lm 4:16, panim foi traduzido por ‘rosto de Deus’ na Bíblia de Jerusalém e por ‘Javé mesmo’ em Nácar Colunga. Essa mesma expressão idiomática aparece em 2 Sm 17:11 e Pv 7:15, e é traduzida por ‘pessoa’ em Nácar Colunga e em algumas outras versões. Ao contrário do que afirma Holbrook, devemos salientar que, embora seja certo que Deus habita na totalidade do santuário, também é certo que há três lugares onde Sua presença pessoal é singularizada: na Arca do Concerto, no Altar de Incenso e na Mesa da Presença. Além disso, o trono de Deus não está restringido com exclusividade ao Lugar Santíssimo e à Arca do Concerto. A prova do que dissemos está no fato de que o Altar de Incenso e a Mesa da Presença também encerram a caracterização de kodesh kodashim (Êx 30:27-29).
            “Esses móveis do Tabernáculo são os únicos no tocante aos quais Deus ordenou que fossem rodeados por coroas ou ‘bordaduras’ (Êx 25:11, 24 e 25; 37:25 e 26). Que a coroa constitui um símbolo de entronização e glorificação é amplamente confirmado pelas Escrituras (2 Rs 11:12; 2Sm 1:10; 12:30; 2Cr 23:11, Et 1:11; 2:17; 1Pe 5:4; Ap 4:4 e 10). Nossa insistência no valor tipológico da coroa fica justificada. A Arca do Testemunho tem uma coroa (Ê x 25:11), o Altar de Ouro também possui uma coroa (Êx 37:26) e, para nossa surpresa, a Mesa da Presença tem duas coroas (Êx 25:23-25; 37:11 e 12), e este fato reclama nossa consideração...”

QUARTA
Centro das atividades divinas e comunitárias
            Além de o templo ser o polo governamental, religioso e congregacional do povo de Israel, constituía-se em extensão do trono de Deus, 0nde se localizava também um juizado de causas judiciais (observe os versos 31 e 32).  Também era o centro para cura de apostasias, porquanto, após o povo ter pecado e se rebelado contra Deus, encontraria ali um lugar de perdão e aceitação (versos 33 e 34). Para as consequências “econômicas” do pecado – seca, fome, pestilências, pragas agrícolas – os israelitas tinham no templo a misericórdia divina e a solução para tais efeitos.
            Em casos de epidemias e enfermidades também podiam recorrer ao templo, onde o Deus curador os esperava para agraciar com saúde e vigor. De qualquer lugar onde um israelita estivesse, podia ele orar voltado para os lados de Jerusalém onde estava o templo, com certeza de que seria atendido. Daniel fez isso.
A Casa de Oração para todos os povos tinha, igualmente, estocava bênçãos reservadas para os estrangeiros. Eles seriam bem recebidos pelo Senhor e poderiam encontrar a amplíssima graça se orassem com fé e buscassem a Deus.
A inspirada oração de Salomão que estamos estudando previa resgate e atendimento até em tempos de cativeiro (versos 46-53), desde que o povo, arrependido, clamasse a Deus por misericórdia e perdão. Salomão deixa claro que Deus estaria atento às orações sinceras e, a despeito do desterro havido por causa da rebelião, Se disporia a abençoá-lo. Um exemplo da infinita graça de Deus e de Seu imponderável desejo de perdoar, encontramos em 2Cr 33:1-13 onde o perverso rei Manassés, apóstata durante quase que a totalidade do tempo de seu reinado, orou a Deus quando estava cativo em Babilônia por ação dos assírios. Está escrito: “E ele, angustiado, orou deveras ao Senhor seu Deus, e humilhou-se muito perante o Deus de seus pais; e Lhe fez oração e Deus Se aplacou para com ele, e ouviu a sua súplica, e o tornou a trazer a Jerusalém, ao seu reino. Então conheceu Manassés que o Senhor era Deus.” (versos 12-13)      
No santuário também estava a Consultoria Divina. Quando o povo estava em dúvida sobre que caminho tomar ou seguir, ali encontraria o Senhor pronto a esclarecer e orientar. No peito do sumo sacerdote encontravam-se o Urim e o Tumim pelos quais Deus manifestava Sua aprovação ou desaprovação às consultas que requeriam um sim ou um não da Divindade.

“Até que entrei no santuário”
            O que será que Asafe, poeta, músico, autor sacro e levita dos tempos de Davi, concluiu ao entrar no santuário de Deus?  Observe que o verso 1 é uma das conclusões a que esse israelita chegou depois de lidar com o problema expostos nos versos 2-16.
            Ora, este homem de Deus estava passando por uma “crise de fé”, porque via que os ímpios prosperavam a olhos vistos, ficavam mais ricos, tudo parecia dar certo em sua vida, cometem toda sorte de depravações, violências, arrogâncias, crimes, toda imaginação de seu coração é terrivelmente má, planejam crimes contra os justos, blasfemam, escarnecem, desafiam a justiça de Deus e... ficavam impunes durante longo tempo.
            Essa “crise de fé” chegou ao ponto de Asafe ser atacado pela incredulidade e duvidar da santidade e da justiça de Deus, e ainda invejar a vida regalada dos transgressores. “Meus pés quase resvalaram...”, isto é, “quase perdi minha confiança em Deus”.  Ele ponderava que Deus permitia que ele, um homem consagrado, sofresse e fosse pressionado por mil tentações.  Pensou que nada adiantava ser fiel a Deus, temer-Lhe o Nome, oferecer sacrifícios, pedir perdão, orar incessantemente e não via atendimento às suas preces. . Seus pensamentos o atormentavam continuamente e ele sofria profundo desgaste espiritual, físico e psíquico.
             Ele aprendera que Deus salva o justo e pune o ímpio. Lia os rolos sagrados e conhecia os princípios de um viver justo e santo diante do Juiz de Israel. Sua conclusão pode ter sido: “Bem, é melhor ser ímpio do que santo, porque Deus não Se importa com eles, mas oprime o justo.”
            Mas, um dia... Asafe foi ao santuário de Deus, atentou com muita atenção para os rituais e sacrifícios, viu ali que os pecados dos justos passavam para as vítimas, cujo sangue era derramado em favor do ofertante e derramado à base do altar, passando depois para o santuário até o dia do Yom Kippur ou Dia do Perdão. Viu ele que os justos eram perdoados e que os pecados dos ímpios, um dia, cairia sobre suas próprias cabeças.  Então compreendeu que “Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para os limpos de coração.”
            Compreendeu também que: “Os que se afastam de Ti certamente morrerão, e Tu destruirás os que são infiéis a Ti.” (verso 27).
          “Durante os mil anos entre a primeira e a segunda ressurreição, ocorrerá o julgamento dos ímpios. Daniel declara que ao vir o Ancião de dias, "o juízo foi dado aos santos do Altíssimo". Dn 7:22. Nessa oportunidade os santos reinarão como reis e sacerdotes diante de Deus. João, em Apocalipse, diz: ‘Vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar.’ Ap. 20:4. Eles "serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele mil anos." Ap 20:6. Nessa mesma ocasião, de acordo com Paulo, ‘os santos hão de julgar o mundo’. 1Co 6:2. Em união com Cristo eles julgam os maus, comparando suas ações, declaradas nos livros, com a Bíblia, decidindo cada caso de acordo com as obras praticadas no corpo. Também Satanás e os anjos maus serão julgados por Cristo e Seu povo.” The Southern Watchman, 14 de março de 1905. 
“Durante os mil anos entre a primeira e a segunda ressurreições, ocorre o julgamento dos ímpios. O apóstolo Paulo indica este juízo como um acontecimento a seguir-se ao segundo advento. ‘Nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações’. 1 Co 4:5. Daniel declara que quando veio o Ancião de dias, ‘foi dado o juízo aos santos do Altíssimo’. Dn 7:22. Nesse tempo os justos reinam como reis e sacerdotes de Deus. João, no Apocalipse, diz: ‘Vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar’. ‘Serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele mil anos’. Ap 20:4 e 6. É nesse tempo que, conforme foi predito por Paulo, ‘os santos hão de julgar o mundo’. 1Co 6:2. Em união com Cristo julgam os ímpios, comparando seus atos com o código - a Escritura Sagrada, e decidindo cada caso segundo as ações praticadas no corpo. Então é determinada a parte que os ímpios devem sofrer, segundo suas obras; e registrada em frente ao seu nome, no livro da morte.” Maranata!, 333.  
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