Liberdade em Cristo - Comentários da Lição 11

Lição 11 - 03/dez a 09/dez de 2012

(Comentários do irmão César Pagani)

VERSO EM DESTAQUE: “Pois vocês foram chamados para a liberdade, irmãos. Não usem sua liberdade como uma oportunidade para a carne, mas mediante o amor, sirvam uns aos outros.” Gl 5:13.

Essa libertação supera todas as outras já ocorridas na história do Universo. Para empreender esse objetivo, o Senhor fez um investimento que só Ele pôde calcular e que abrange corpo, alma e espírito de todos os seres humanos. “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (I Ts 5:23)

A liberdade significou a “prisão” do Verbo num corpo humano, embora glorificado. É claro que essa detenção que Cristo Se impôs por toda a eternidade é voluntária, e prova inquestionável do amor incomensurável que nos tem.

A libertação é incondicional da parte de Deus, porém condicionada à vontade do homem. Ou seja, o Senhor fez provisões suficientes para que ela se prolongue pela eternidade, mas está dependente da vontade do homem. O ser humano, se quiser, pode abrir mão dela e voltar para a escravidão do pecado.

Sobre a soberania da vontade humana da escolha, James Arminius disse: “Todas as pessoas não regeneradas possuem livre vontade e capacidade de resistir ao Espírito Santo, de rejeitar a livre graça de Deus, desprezar o conselho de Deus em prejuízo de si mesmas, de recusar aceitar o evangelho da graça e de não abrir a porta do coração Àquele que bate; e tudo isso elas podem na realidade fazer sem qualquer diferença entre eleitos e perversos.” The Writings of James Arminius, vol. 2, p. 497.

A amplitude da libertação, porém, é assim descrita em alguns versos bíblicos:

• Salmos 136:24: “... e nos libertou dos nossos adversários, porque a Sua misericórdia dura para sempre.” Que adversários? O diabo e seu poder, o mundo, nossas paixões, as más influências, o poder da natureza carnal...

• Gálatas 5:1: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.”

• Colossenses 1:13: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor...”

• Apocalipse 1:5: “... e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama e pelo Seu sangue nos libertou dos nossos pecados.”

No contexto do capítulo cinco, Paulo identifica a libertação como quebra dos poderosos grilhões da lei cerimonial sobrecarregada de tradições, formalidades, exterioridades e do verniz de fachada religiosa. Os gálatas não tinham a menor obrigação para com a lei dos judeus que ainda vigorava para eles, escravizando-os. Os judeus não quiseram ser libertados do cruel legalismo que os prendia por séculos.

O oposto do legalismo também é perigoso porque pode ser confundido com liberdade. Trata-se da permissividade ou licenciosidade (abuso da liberdade).

Glorificado seja o nome de Deus! Eis o resultado dos apelos e ensinos de Paulo aos gálatas: “As fervorosas palavras de súplica do apóstolo não ficaram sem fruto. O Espírito Santo operou com forte poder, e muitos cujos pés se haviam desviado para caminhos estranhos, retornaram a sua primeira fé no evangelho. Daí em diante ficaram firmes na liberdade com que Cristo os havia libertado. Na vida deles foram revelados os frutos do Espírito – ‘amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio’. Gl 5:22 e 23. O nome de Deus fora glorificado e muitos foram acrescentados ao número dos crentes em toda aquela região.” AA, 388.

DOMINGO - Cristo nos libertou

“Permanecei firmes na liberdade que Cristo conquistou para nós, e não se permitam ser apanhados novamente nas algemas da escravidão.” (Gl 5:1 – Phillips)

A frase paulina é bem enfática exigindo uma atitude de apego pela fé ao Grande Libertador. Era necessário que os gálatas descressem dos disparates teológic0s judaicos e tornassem à doutrina sadia, legítima e transformadora. Era um ato de estultícia ou burrice abrir mão da vitória de Cristo sobre o pecado em seu favor, e passar a viver de formas que poderiam induzi-los, talvez, a retornar às formas rituais do paganismo. “O uso do cachimbo faz a boca torta.”

A liberdade com que Cristo nos livrou é inegociável por causa de quanto custou. Foi um resgate dispendiosíssimo “pago pelo bolso divino”. Mas os gálatas tinham a opção de abrir mão da liberdade. É prática universal a faculdade de abrir mão de direitos garantidos por lei. Se, por exemplo, formos ofendidos e sofrermos danos morais, temos o direito de processar o ofensor e exigir compensação pelo agravo. Porém, podemos abrir mão desse direito e deixar o agressor impune. De nossa liberdade em Jesus, no entanto, não podemos nos abster. Fazer isso é espontaneamente aceitar o senhorio do inimigo de Cristo.

Ao preferirem a religião cerimonial os gálatas estavam insultando a Deus e lançando-Lhe em rosto o ilimitado oferecimento da graça. Estavam, por sua atitude, dizendo: “Não queremos que este reine sobre nós.” (Lc 19:14)

Quando o crente é libertado do pecado, torna-se servo da justiça (Rm 6:18). Ora, os gálatas haviam sido alforriados justamente quando Paulo lhes pregou o evangelho redentor de Jesus. Pelo batismo, confessaram-se servos de Cristo. E o que faz o servo de Cristo? Faz o que Ele manda (Jo 15:14). Por acaso, Cristo mandou, na Grande Comissão do Evangelho, que a circuncisão e os rituais levíticos fossem incluídos e ensinados a toda nação, tribo, língua e povo?

Um texto pertinente e interessantíssimo encontra-se em Gl 1:3 e 4, com destaque para a última parte do verso quatro: “... [Jesus Se deu] para nos livrar do presente século mau...” A Almeida Revista e Atualizada traduz: “nos livrar deste mundo perverso”. Isso quer dizer poder sem medida para vencer o mundo como Jesus venceu: “Tende bom ânimo”, disse o Senhor, “Eu venci o mundo.” No caso específico, o mundo do formalismo judaico estava querendo engolfar os gálatas. Lamentavelmente foram eles persuadidos a largar a mão libertadora de Cristo e aceitar o braço escorregadio do judaísmo tradicional.

Eles haviam sido magistralmente ensinados por Paulo com respeito à função da Lei. A justiça contida na Lei vem pela fé em Cristo e não por obras exteriores de conformidade com ela. A Lei não imputa um til de justiça. Seus artigos são “mortais” para o transgressor. Somente a fé da morte substituinte de Cristo traz a justiça de Deus ao pecador. Nada mais.

“Recomendo-lhe novamente que desvie o olhar de si mesma. Apegue-se ao Onipotente, e não O largue. Nosso Senhor Jesus expressou Seu amor por você dando Sua própria vida para que pudesse ser salva; não deve duvidar desse amor. Não olhe para o lado sombrio. Seja esperançosa em Deus. Contemplando a Jesus como o Salvador que lhe perdoa os pecados, você é transformada à Sua imagem. Diga: "Recorri a meu Salvador; Ele libertou-me e realmente estou livre. Sou do Senhor, e o Senhor é meu. Não temerei. Sei que Ele me ama em minhas debilidades, e não O entristecerei demonstrando que duvido disse. Rompo com o inimigo. Cristo cortou as cordas que me prendiam, e louvarei ao Senhor." ME3, 326.

SEGUNDA - A natureza da liberdade cristã
Quem deu essa liberdade? Cristo Jesus. O que Ele fez para consegui-la? Encarnou-Se, viveu santamente, morreu, ressuscitou e agora intercede libertando homens e mulheres do pecado. Para se ter uma ideia da preciosidade dessa liberdade, é preciso compreender a malignidade do pecado, pois é desse déspota implacável que nosso Senhor nos libertou.

Onde abundou (existiu em profusão) o pecado, superabundou a graça (Rm 5:20). Dito de outra forma, onde a escravidão era mais poderosa e invencível, a graça libertadora sobrepujou em muito a força do iniquidade.

O conselho de Paulo para que os gálatas permanecessem firmes, dirigia-os ao apego inflexível à pura doutrina do Evangelho que o apóstolo lhes pregara- Cristo e não as ocas formas judaizantes; a essência do Espírito e não o fausto cerimonial.

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”

Notemos o elemento de condicionalidade (“se”) nas palavras de Jesus sobre a libertação. Essa declaração revela que a liberdade tem uma só e exclusiva origem. Há uma só lei de libertação unicamente aplicada pelo Espírito de Cristo: “Porque a lei do espírito de vida em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” (Rm 8:2) A expressão “espírito de vida” é claramente referente ao Espírito Santo. A liberdade que Cristo concede vem acompanhada do poder do Espírito para conservar o crente firme na justiça. Pelo poder da Terceira Pessoa da Divindade o eu, escravo do pecado e seu agente, é submetido e Cristo formado no interior.

Jesus abriu mão de Sua posição gloriosa no Céu para tornar-Se uma criatura em semelhança de carne pecaminosa, a fim de libertar a humanidade. “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também Ele, igualmente, participou, para que, por Sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.” (Hb 2:14, 15)

Como robustecer cada dia a firmeza cristã? “A simples audição de sermões sábado após sábado, a leitura da Bíblia de ponta a ponta, ou sua explicação verso por verso, não nos aproveitará nem aos que nos ouvem, se não vivermos as verdades da Bíblia em nossa experiência habitual. O entendimento, a vontade e os afetos devem ser submetidos ao domínio da Palavra de Deus. Então, pela obra do Espírito Santo, os preceitos da Palavra se tornarão princípios de vida.” CBV, 514.

A graça de Cristo rompe as grandes amarras do pecado quando o pecador consente que Ele seja o seu Salvador. Agora, se o homem preferir optar por sua justiça pessoal que se gloria no cumprimento exterior da Lei de Deus, ele demite Jesus e empossa o ego em Seu lugar.

Saul foi um homem que gozou a liberdade do pecado que Cristo lhe proporcionou, mas preferiu, pela desobediência, voltar à escravidão. Custa-nos acreditar que “o Espírito de Deus se apossou de Saul” (I Sm 10:10) e depois foi expulso e substituído por um espírito maligno. “Tendo-se retirado de Saul o Espírito do Senhor, da parte deste um espírito maligno o atormentava.” (I Sm 16:14)

A liberdade em Cristo nos torna servos da justiça (Rm 6:18), isto é, observadores zelosos da Lei de Deus, e não seus transgressores como pretende grande parte do mundo protestante antinomista, que advoga a extinção dos Dez Mandamentos ou, mais especificamente, do “incômodo” mandamento do sábado. “Servos da justiça” é expressão variante de “imitadores de Cristo”, porquanto Jesus foi o Servo modelar da justiça. Ora, Jesus guardou os mandamentos de Seu Pai, logo...

"Os céus por Sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de Sua boca, o exército deles... Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.” (Sl 33:6 e 9) Waggoner explicita que a mesma palavra que fez os céus estrelados diz: “Continuem firmes nessa liberdade...” (Gl 5:1 – NTLH). As ordens de Deus têm todas o mesmo poder criador. Isso quer dizer que há poder mais que suficiente e disponível para cumpri-las. Se desejarmos firmar-nos na liberdade que Cristo nos deu, teremos todo o apoio do Céu e o infinito poder de Jesus para tornar-nos inamovíveis.

TERÇA - As perigosas consequências do legalismo (Gl 5:2-12)

O legalismo é uma atitude mórbida com relação às leis, sejam elas humanas ou divinas. Tratando-se de religião prática, o legalismo é como o ebola; mata por violenta hemorragia interna. A perda de sangue, que é a vida, põe termo à existência. O legalismo causa a perda da eficácia do sangue redentor de Cristo, para assumir a salvação do ser.

Legalismo é extremismo, isto é, obediência excessiva a leis e normas. Especializa-se em formas exteriores, na letra da lei com prejuízo de seu espírito e essência. É um desequilíbrio morboso (doentio) entre o que é perfeitamente justo e o que é “excessivamente justo”.

Ele marginaliza a graça salvadora de Cristo (o perdão mediante aplicação dos méritos de Seu sangue) e a graça santificadora (ou ação exclusiva do Espírito Santo em moldar o caráter de Cristo no crente). Vale-se do texto legal para uma interpretação caolha, que dá origem a práticas meritórias de procedência egolátrica. Isto é, o eu comanda a salvação usando uma instrumentalidade que, de per si, é boa.

Põe a Lei acima de nosso Senhor e diz com convicção ingênua: “Jesus nos serviu de aio para nos levar à Lei.”

Paulo coloca a admissão ao legalismo através do ato da circuncisão. Aquilo que fora instituído por Deus como símbolo da graciosa aliança que fizera com Abraão e sua descendência, prestava-se agora para conspirar contra o Evangelho. A circuncisão trazia consigo a obrigatoriedade de observar todos os preceitos ritualísticos, de guardar dias de festas que eram sombras dos bens futuros, a praticar abluções, banhos, purificações, etc. Era também uma opção para rejeitar a Cristo. “Eu, Paulo, afirmo que, se vocês deixarem que os circuncidem, então Cristo não tem nenhum valor para vocês.” (Gl 5:2-NTLH) Ou: “Escutem! Eu, Paulo, afirmo o seguinte: se vocês se deixarem circuncidar, então Cristo não valeu nada para vocês.” (BLH)

O legalismo é separatista. Imaginem os gálatas judaizantes convivendo com os gálatas cristãos! Que união a igreja obteria? Positivamente nenhuma! O desamor seria outra consequência desastrosa a minar a unidade da igreja. Formar-se-iam partidos com suas ideologias particulares e combatividade.

O apóstolo classifica de total desobediência à verdade a adoção do legalismo (v. 7). Sim, porque a verdade é a salvação pela fé em Cristo Jesus e recepção de Sua justiça, ao invés de uma “salvação normativa”.

Ele era tão frontalmente adverso ao legalismo, que inspiradamente avisou que os judaizantes que desviaram os gálatas sofreriam condenação eterna. O reatamento com a circuncisão desfazia totalmente o escândalo da cruz (v. 11), que mostrava exatamente a que ponto chegou o amor de Deus para salvar o homem.

O desgosto do grande pregador chegou a tal ponto de ele lançar uma imprecação ou maldição contra aqueles que estavam conturbando a igreja: “Eu gostaria que fossem cortados aqueles que vos inquietam.” (v. 12)

“O apóstolo exortava os gálatas a deixar os falsos guias por quem haviam sido desviados, e a voltar à fé que havia sido acompanhada por inquestionáveis evidências de aprovação divina. Os homens que os haviam procurado desviar de sua fé no evangelho eram hipócritas, de coração não santificado e vida corrupta. Sua religião era feita de um acervo de cerimônias, por cujas práticas esperavam ganhar o favor de Deus. Não tinham interesse num evangelho que requeria obediência à palavra...” AA, 386.

A visão correta do sistema sacrifical - “Os tipos e sombras do sistema sacrifical, com as profecias, deram aos israelitas uma visão velada e indistinta da misericórdia e graça que seriam trazidos ao mundo pela revelação de Cristo. A Moisés foi desdobrado o sentido dos tipos e sombras que apontavam a Cristo. Ele viu o fim daquilo que era transitório, quando, por ocasião da morte de Cristo, o tipo encontrou o antítipo. Viu ele que unicamente por Cristo pode o homem guardar a lei moral. Pela transgressão dessa lei trouxe o homem o pecado ao mundo, e com o pecado veio a morte. Cristo tornou-Se a propiciação do pecado do homem. Ele ofereceu Sua perfeição de caráter em lugar da pecaminosidade do homem. Tomou sobre Si a maldição da desobediência. Os sacrifícios e ofertas apontavam ao futuro, ao sacrifício que Ele faria. O cordeiro morto tipificava o Cordeiro que tiraria o pecado do mundo.” ME1, 237.

QUARTA - Liberdade e não licenciosidade (Gl 5:13-15)

Liberdade bíblica não é licença para pecar. Liberdade é uma vocação (“fostes chamados à liberdade” – Gl 5:13). Deus criou você e eu para sermos livres de tudo quanto contamina e destrói. Dar ocasião à carne é permitir que as paixões inferiores, o ego dominante e o pecado que habita em nós, governem um reino (nosso ser) que pertence por direito a Cristo.

Em contraposição à liberdade carnal – licenciosidade ou abuso da liberdade o qual desrespeita as normas e convenções, com desregramentos, indisciplina e ousadia - Paulo pede serviço de amor de uns para com os outros. Esse é um aspecto da independência que Jesus nos dá. “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.” (Jo 13:34) Ele próprio deu o exemplo perfeito: não veio para ser servido (ora, ninguém era mais digno do que Ele para ser servido, pois é o Rei dos Céus), mas para servir.

“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.” (Fp 2:3) A liberdade da carne promove o fanatismo partidário, isto é, as famosas “panelinhas” na igreja. Também incentiva a vanglória ou orgulho espiritual, que não tem lugar no corpo místico de Cristo.

Tiago diz que a Lei é da liberdade, pela qual seremos julgados: “Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.” A liberdade da lei é obtida através dos preciosos méritos de Cristo Jesus, que nos livra de Sua condenação e nos obtém sua aprovação. Quem está purificado pelo sangue de Cristo, recebe referências elogiosas da Lei. “Quando uma pessoa se entrega a Cristo, seu espírito é posto sob o domínio da lei; mas é a lei real que proclama liberdade a todo cativo. Fazendo-se um com Cristo, o homem é tornado livre. A sujeição à vontade de Cristo significa restauração à perfeita varonilidade.” CBV, 131.

Serviço intencional – A intencionalidade ou a vontade de realizar alguma coisa pode ser aplicada ao serviço de amor de uns para com os outros. Ou seja, coloque em seu programa de vida servir e não ser servido. Pratique essa fórmula diariamente. Proponha-se fazer qualquer tipo de bem ao seu vizinho, seu irmão ou irmã da igreja, aos desconhecidos em necessidade e você estará servindo no lugar de Jesus para essa pessoa. Na igreja, não espere pelos comoventes e ardorosos apelos para trabalhar. Disponha-se e aliste-se no serviço de Cristo. Lembre-se de que a seara é grande e poucos os trabalhadores.

Jamais abdicar da liberdade legítima – “Quando tomou sobre Si a natureza humana, Cristo ligou a Si a humanidade por um vínculo de amor que jamais pode ser partido por qualquer poder, a não ser a escolha do próprio homem. Satanás apresentará constantemente engodos, para nos induzir a romper esse laço - escolher separar-nos de Cristo. É aqui que temos necessidade de vigiar, lutar, orar, para que nada nos seduza a escolher outro senhor; pois que estamos sempre na liberdade de o fazer. Mas conservemos os olhos fitos em Jesus, e Ele nos preservará. Olhando para Jesus estamos seguros. Coisa alguma nos poderá arrebatar de Sua mão. Contemplando-O constantemente, seremos ‘transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor’. II Co 3:18.” CC, 72.

Há hoje licenciosidade entre o professo povo de Deus. Aconteceu na Igreja de Corinto e se repete hoje nas famílias da igreja. “Dentre os mais sérios males que se haviam desenvolvido entre os crentes coríntios, estava o de haverem retornado a muitos degradantes costumes do paganismo. A apostasia de um converso tinha sido tal que sua atitude de licenciosidade constituía uma violação até do mais baixo padrão de moralidade adotado pelo mundo gentio. O apóstolo insta com a igreja para que afaste de seu seio ‘o que cometeu tal ação’.” AA, 303, 304.

“Foi-me apresentado terrível quadro da condição do mundo. A iniqüidade alastra-se por toda parte. A licenciosidade é o pecado especial deste século. Jamais ergueu o vício a cabeça disforme com tal ousadia com o faz agora. O povo parece estar entorpecido, e os amantes da virtude e da verdadeira piedade acham-se quase desanimados por sua ousadia, força e predominância. A abundante iniquidade não se limita apenas aos incrédulos e zombadores. Quem dera que assim fosse, mas não é. Muitos homens e mulheres que professam a religião de Cristo são culpados. Mesmo alguns que professam estar esperando Seu aparecimento não estão mais preparados para esse acontecimento do que o próprio Satanás. Não se estão purificando de toda poluição. Têm por tanto tempo servido a sua concupiscência, que lhes é natural pensar impuramente e ter corruptas imaginações. É tão impossível fazer com que sua mente se demore nas coisas puras e santas, como seria desviar o curso do Niágara, e fazer com que suas águas jorrassem para cima.” CSS, 615.

QUINTA - Cumprindo toda a Lei (Gl 5:13-15)

“A Lei se cumpre num só preceito...” Amor ao semelhante, seja ele irmão da igreja, irmãos de outras confissões, espíritas, umbandistas, ateus, pagãos, etc. Agora, os domésticos da fé têm preferência nesse amor. “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas, principalmente aos da família da fé.” (Gl 6:10). Alguém disse que nossa primeira responsabilidade com os incrédulos é a evangelização (Mt 28:19-20; I Co 9:16).

Isso não quer dizer que os preceitos da primeira tábua da Lei devam ser postos de lado. Nada mais absurdo! Pois quem não ama a seu irmão que vê, como pode amar a Deus a quem não vê? (I Jo 4:20) E se não amar a Deus, como pode amar seu irmão?

No texto paulino do capítulo cinco há que se fazer uma diferença entre Lei e lei. A lei de Gl 5:3 é a lei que incorpora o ato da circuncisão. Ao aceitar a circuncisão, após Cristo havê-la abolido, o indivíduo deveria retornar ao sistema ritual e cumprir todas as suas injunções, sob pena de ser altamente incoerente. Já em Gl 5:14, a citação da síntese da segunda parte da Lei de Deus é introduzida pelo resumo do preceito moral “amarás ao próximo como a ti mesmo”, conforme Jesus ensin0u.

Vamos estudar brevemente Rm 10:5. O que diz? “Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei, viverá por ela.” O celebrado pastor do Êxodo está-se referindo à lei ritual, antevisão figurada do sacrifício de Cristo e também a todas as leis complementares vistas no livro de Levítico. O Senhor Deus disse que o homem viveria por elas se guardasse “os Meus juízos”. (Lv 18:5) É declarado expressamente que nelas havia justiça. Agora, quem pensa que a fé era dispensável na observância da legislação divina no AT, engana-se redondamente. Destaque-se, porém, que a moralidade espiritual absoluta era requisito indispensável para a vida da comunidade israelita.

A finalidade de todas as leis promulgados para Israel era bem definida e requeria pureza moral, respeito aos direitos do próximo, proibição de casamentos mistos, proibição de comer carne ensanguentada, acatamento aos pais e outros preceitos éticos e espirituais, inclusive, se o indivíduo fosse comerciante, era obrigado a calibrar suas balanças e pesos para não “roubar” nas medidas. (Dê uma olhada no capítulo 19 de Levítico para ter uma ideia). Os dispositivos dessas leis visavam a ajudar a atingir a alta norma requerida pela Lei Moral. Não nos esqueçamos das afirmações de EGW de que a base dos dois concertos era a Lei de Deus.

“Obras da lei” – uma expressão muito comum nos escritos pastorais de Paulo. Na verdade, as obras são dos homens que tentam conseguir a graça de Deus mediante méritos próprios. Esses estão debaixo da maldição da Lei porque ficam, a despeitos dos mais ingentes esforços, infinitamente aquém de seus requerimentos, sendo, portanto, transgressores sob condenação. A Lei não é de fé, diz o apóstolo. Pois é. A Lei não produz fé, mas exige justiça perfeita, como a de Cristo, e profere sentenças gravíssimas contra os que não alcançam a santidade perfeita.

No entanto, o nível espiritual de justiça exigido por Deus é alcançado quando, pela fé no sangue de Jesus, o crente recebe o Espírito Santo e permite que Ele frutifique em seu coração a justiça da Lei: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.” (Gl 5:22, 23) Ou seja, não existe lei no Universo para condenar essas virtudes. É preciso andar segundo o Espírito (Rm 8:4). O Santo Espírito de Cristo derrama em nosso coração o amor de Deus (Rm 5:5). Permanecendo o amor de Deus em nosso coração, amá-Lo-emos de toda a nossa alma, com todas as nossas forças, de todo o nosso entendimento, e também amaremos ao próximo como a nós mesmos. Não há mistério. A aquisição de justiça vem somente da habitação de Deus em nós.

“Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem.” (Tg 2:8)

Destacamos a frase final do comentário da lição de quinta-feira: “Sem amor, a Lei é fria e vazia; sem a Lei, o amor não tem direção.”

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