Lição 08 - 12 a 18 de novembro de 2011
(Comentários do irmão César Pagani)
VERSO EM DESTAQUE: “Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se um filho, em seguida, uma herdeiro de Deus por Cristo.” Gl 4:7 – Webster.
É maravilhosa a maneira enfática como as Escrituras tratam, mediante imagens, figuras e metáforas, de ensinar sobre a perniciosidade do pecado. Paulo usa a lamentável situação da escravatura para mostrar que o pecado é um detestável e cruel “senhor de engenho”, poderoso para reter homens e mulheres em sua fazenda de horrores.
Não há senão dois senhores neste mundo: Deus ou Satanás. Ou servimos a um, ou servimos a outro. Não dá para “fazer política” entre os dois reinados. Não pode haver acordos, tréguas, armistícios, fusões ou coligações.
Eis a situação natural do homem: “Sou carnal, vendido à escravidão do pecado.” (Rm 7:14) Carne ou velha natureza e pecado são xifópagos, isto é, tem seus corpos ligados.
O que fez Jesus? “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também Ele, igualmente, participou, para que por sua morte destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.” (Hb 2:14, 15)
Visto ser a morte o aguilhão do pecado, Cristo destruiu ambos e rompeu os grilhões da iniquidade. Deu-nos a opção da pureza, santidade, justiça e vida eterna.
Na partilha dos “bens” do maligno, seus filhos herdarão a morte eterna cremados no lago de fogo e enxofre. Mas os justos herdarão a Terra, porque são co-herdeiros com Cristo e herdeiros de Deus. E o que os filhos de Deus herdam? O bem mais precioso não é a vida eterna, mas a vida de Cristo em nós. Quando pudermos dizer: “Vivo, não mais eu...” já estaremos antecipadamente na posse da maior de todas as heranças.
Há uma história que conta de um rei que estava realizando caçadas num bosque. Subitamente encontrou um menino cego e órfão que vivia perdido entre as árvores, e mais parecendo um animal selvagem do que gente.
O soberano ficou compadecido do menino e o adotou como filho, levando-o a viver no palácio. Transmitiu-lhe todo o conhecimento possível e transformou-o em príncipe herdeiro de seu reino. Quando o jovem completou 21 anos de idade contratou os serviços de um oftalmologista famoso e a visão do rapaz foi restituída.
O jovem ficou encantado com as cores e a magnificência do palácio. Antes ele pouco percebia, mas agora podia ter percepções visuais esplendorosas da corte. Até a morte de seu pai passou ele por rigoroso preparo para ser o monarca sucessor. Que transformação!
Jesus Cristo é o Rei de todos os reis que nos encontrou vivendo como bestas-feras na escuridão deste mundo abjeto. Éramos desgraçados, miseráveis, pobres, cegos e nus. Lavou-nos com Seu sangue purificador e curador, cobriu-nos com Seu manto real de justiça e nos proclamou herdeiros do Universo.
DOMINGO - Nossa condição em Cristo (Gl. 3:26-29)
“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa.” (Gl 3:26-29)
Primeiro privilégio – Somos filhos de Deus. Não simplesmente criaturas de Deus, mas membros de Sua família dotados de poder para a justiça (ver Jo 1:12). Nessa maravilhosa condição, são guiados pelo Santo Espírito do Senhor (Rm 8:14). Como filhos, na ressurreição, teremos corpo semelhante ao de Cristo Jesus (I Jo 3:2)
Segundo privilégio – “Revestidos de Cristo”. A expressão paulina é o mesmo que dizer “revestidos da justiça de Cristo”, isto é, justificados perante Deus, Sua Santa Lei e todo o Universo. Revestidos também de poder do Espírito Santo e prontos a testemunhar: “Se nos achamos revestidos da justiça de Cristo, e cheios da alegria proveniente da habitação de Seu Espírito em nós, não nos será possível calar-nos. Se provamos e vimos que o Senhor é bom, teremos alguma coisa a dizer.” CC, 78. “Podemos ser fortes no Senhor e na força do Seu poder. Recebendo a Cristo, somos revestidos do Seu poder. Ao habitar Cristo em nós, Sua força vem a ser nossa. Sua verdade será vista em nós abundantemente. Nenhuma injustiça é vista na vida. Poderemos falar palavras oportunas aos que não conhecem a verdade. A presença de Cristo no coração é um poder vitalizante que fortalece o ser todo.” CSS, 253. Esse estado antecede outro revestimento – o eterno: a posse da habitação celestial ou corpo glorioso, imortal, incorruptível (II Co 5: 2, 4).
Terceiro privilégio – Unidade em Cristo. Somos membros integrantes do corpo místico de Cristo, Sua igreja. Essa é mais do que uma declaração retórica. O corpo trabalha holisticamente, isto é, em diversidade unificada promovendo a vida. Todos os que estão em Cristo formam um organismo complexo. São unidos e interligados em doutrina, procedimento, missão, louvor, adoração e testemunho. Essa união atrai o maior poder do Universo e conclama o exército angelical para trabalhar junto: “Somente enquanto estivessem unidos com Cristo podiam os discípulos esperar possuir o poder acompanhante do Espírito Santo e a cooperação dos anjos do Céu.” AA, 90.
“A união dos crentes com Cristo terá como resultado natural a união de uns com os outros, união cujo vínculo é o mais duradouro sobre a Terra. Somos um em Cristo, como Cristo é Um com o Pai. Os cristãos são ramos, apenas ramos, na Videira viva. Um ramo não deve tirar o seu sustento de outro ramo.” CSE, 77.
Quarto privilégio – Descendência de Abraão. Seja você de origem judaica ou não, recebe por meio de Cristo a mesma promessa feita ao grande patriarca. Sua progênie ou descendência herdará a terra. São herdeiros não apenas desta Terra quando for renovada por Deus em um novo gênesis. Mas também do Universo , pois tem como Pai o mesmo progenitor celeste de Abraão. Note que a herança é dupla. “Cabe a nós o decidir se ele [o maligno] terá domínio sobre nosso coração e mente, ou se havemos de alcançar um lugar na nova Terra, um título à herança de Abraão.” MJ, 105.
O batismo em Cristo, é bom esclarecer, não se constitui tão-somente de uma cerimônia pública realizada no batistério da igreja. Assim como o batizando é imerso totalmente nas águas, o batizando em Cristo submerge totalmente no Senhor. Quando isso ocorre ele faz coro com Paulo ao dizer que não vive mais, porém, Cristo, que o imergiu em Si mesmo, vive nele.
Romanos 6:3 adverte: “Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?”
“Batizados em Sua morte” –“Todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na Sua morte...” O que significa ser batizados em Sua morte? Verso 10: ‘Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.’ Morreu para o pecado, não pelo Seu, pois não tinha nenhum, mas ‘carregando Ele mesmo em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados.’ (I Pe 2:24). ‘Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades...’ (Is 53:5). Em Sua morte, o pecado morreu; por conseguinte, se somos batizados em Sua morte, também morremos para o pecado.” Waggoner.
Albert Barnes, um dos comentaristas preferidos de Ellen G. White, escreveu: “O ato do batismo denota dedicação ao serviço de Cristo, em cujo nome fomos batizados. Um de nossos deveres é dedicar-nos ou consagrar-nos ao serviço de Cristo. Assim (I Co 10:2) é dito dos israelitas terem sido ‘batizados em Moisés na nuvem e no mar’, isto é, eles se tornaram consagrados, dedicados ou ligados a ele como seu líder e legislador. Ao argumentar conosco o apóstolo está evidentemente julgando que fomos solenemente consagrados pelo batismo ao serviço de Cristo; e que pecar é, portanto, uma violação da verdadeira natureza de nossa profissão cristã.”
SEGUNDA - Presos a princípios rudimentares
Paulo faz um paralelo entre o direito civil da época e a salvação em Cristo. Primeiramente ele define os limites jurídicos do herdeiro: sua posse de bens é apenas potencial. Sua menoridade o impede de dispor de qualquer bem que pertença ao pai. No Código Civil Brasileiro, cap. I, artigo 5, diz que “a menoridade cessa aos dezoito anos completos”. Nos tempos de Paulo, a emancipação do herdeiro era determinada pelo pai (Gl 4:2), que era o primeiro gestor da herança ou proprietário total.
Em caso de falecimento do pai ou por manifestação volitiva (de sua vontade), eram nomeados tutores (epitropos - que detinham a guarda pessoal da criança) e curadores (oikonomos) ou gerentes dos bens pessoais, inclusive dinheiro.
O caso do filho pródigo, que quis e recebeu a herança ainda em vida, é uma exceção. Unicamente o consentimento de seu pai é que lhe permitiu entrar “na bolada”.
Ora, o papel dos tutores e curadores era temporário (“até o tempo predeterminado pelo pai”). Eles apenas, como mordomos, administravam os bens e cuidavam da educação e desenvolvimento da criança. Não podiam dispor das propriedades.
“Assim também”
Da mesma forma ocorreu com a raça decaída. Na plenitude dos tempos, isto é, no momento mais apropriado para o plano da salvação, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, ou humanizado. "’Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho.’ A Providência havia dirigido os movimentos das nações, e a onda do impulso e influência humanos, até que o mundo se achasse maduro para a vinda do Libertador. As nações estavam unidas sob o mesmo governo. Falava-se vastamente uma língua, a qual era por toda parte reconhecida como a língua da literatura. De todas as terras os judeus da dispersão reuniam-se em Jerusalém para as festas anuais. Ao voltarem para os lugares de sua peregrinação, podiam espalhar por todo o mundo as novas da vinda do Messias.” DTN, 32.
“Nascido sob a lei...” a Lei de Moisés. Foi circuncidado ao oitavo dia; fez seu bar-mitzvah (filho dos mandamentos - aos 12 anos) cumpriu todas as obrigações da lei mosaica celebrando páscoas, pentecostes, festa dos tabernáculos, festa das primícias, até cravá-las na cruz.
A menoridade espiritual de que Paulo fala no verso 3, quando havia sujeição aos “rudimentos do mundo”, ou seja, aos princípios elementares da vida.
Mas em Cristo recebemos a adoção de filhos. E, como filhos, herdeiros do Pai. A primeira grande herança que recebemos foi a dotação do Espírito Santo para que esteja conosco e em nós. EGW diz que no dom do Espírito vêm todas as outras bênçãos. “Cristo é capaz de levantar os maiores pecadores, colocando-os no estado em que serão reconhecidos como filhos de Deus, herdeiros com Cristo da herança imortal.” CBV, 169.
A vida de fé é evolutiva. As alturas a atingir são cada vez maiores. Os rudimentos da fé, os elementos basilares da vida espiritual, servem-nos de plataforma para alcançar a estatura plena de homens e mulheres em Cristo Jesus. Anões espirituais são aqueles que estão na igreja, mas não progridem na piedade prática ou reprodução dos caracteres de Cristo na alma.
Os crentes coríntios são um exemplo do que estamos nos referindo: “Muitos dos crentes coríntios haviam sido tardos em aprender as lições que ele procurava lhes ensinar. Seu progresso no conhecimento espiritual não havia sido proporcional a seus privilégios e oportunidades. Quando deviam estar muito adiantados na experiência cristã, e capazes de compreender e praticar as profundas verdades da Palavra, ainda estavam onde estiveram os discípulos quando Cristo lhes dissera: ‘Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.’ Jo 16:12.” AA, 271.
“Devemos fazer tudo que pudermos de nossa parte para combater o bom combate da fé. Devemos lutar, labutar e esforçar-nos por entrar pela porta estreita. Sempre devemos pôr o Senhor diante de nós. Com mãos limpas, com coração puro, temos de procurar honrar a Deus em todos os nossos caminhos. Foi-nos provido auxílio nAquele que é poderoso para salvar. O espírito de verdade e luz nos vivificará e renovará por suas misteriosas atuações; pois todo o nosso progresso espiritual vem de Deus, e não de nós mesmos. O verdadeiro obreiro terá poder divino para ajudá-lo, mas o ocioso não será sustentado pelo Espírito de Deus.” FO, 48.
TERÇA - “Deus enviou Seu Filho” (Gl 4:4)
Deus enviou Seu Filho, Deus deu Seu Filho Unigênito. Como já foi mencionado anteriormente, no tempo mais oportuno para a fundação do cristianismo, de acordo com a profecia das 70 semanas de anos, Jesus veio viver com os homens.
Não O enviou o Pai para julgar o mundo, se bem que esse já merecesse juízo final por causa de seus acumulados pecados. O propósito do Pai era salvar a todos. “Porquanto Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele.” (Jo 3:17) O Deus Onipotente entrou na história humana em carne e osso. Jesus veio revelar o amor e a glória de Deus, Seu caráter, os bons propósitos divinos acerca de nossa raça, desmascarar o maligno e seus embustes; veio engrandecer a Lei e torná-la gloriosa; veio organizar a Igreja dos últimos dias para que desse continuidade ao Evangelho Eterno. Veio trazer dons à Igreja, principalmente o Espírito Santo, que passaria a trabalhar com muito maior poder, por causa da brevidade do tempo.
Nosso Senhor veio para ser o Cordeiro Sacrificial, derramar Seu sangue precioso e com Ele entrar à presença do Pai a fim de ser nosso Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas.” (Hb 8:6)
Ele não estaria habilitado a ser o Grande Sumo Sacerdote, caso não se tornasse o Cordeiro. “O sacrifício foi efetuado e completado na cruz, assim como as vítimas eram imoladas no pátio exterior. Mas era por meio do sangue dessas vítimas que o sumo sacerdote possuía autoridade para entrar no Lugar Santíssimo e, depois de entrar ali, ele precisava aspergir o sangue ainda quente, apresentando assim o sacrifício a Deus. Semelhantemente, Cristo precisava entrar num santuário a fim de apresentar o sacrifício efetuado no Calvário.” (The Epistle to the Hebrews, p. 135, by Dr. Thomas Charles Edwards). O sangue de Cristo derramado na cruz ratificou o concerto eterno feito por Deus desde antes da fundação do mundo em favor do homem.
O resgate dos que estavam debaixo da Lei (sua condenação inapelável) foi efetuado com muitas dores, renúncia, sacrifício, humilhação, rejeição e ferrenhas batalhas contra o poderoso inimigo. Como resultado, por Sua justiça obtida pela guarda impecável da Lei, Jesus pode atribuir-nos Seus méritos completos. Quem é de Cristo e movido pelo Espírito, não tem nenhuma lei contra si (ver Gl 5:23)
“Ele Se fez pecado por nós” – O que quer essa frase bíblica dizer? “Em Cristo não havia pecado. Mas Deus colocou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados para que nós, em união com ele, vivamos de acordo com a vontade de Deus.” (II Co 5:21 – NTLH)
“Desde o pecado de Adão, estivera a raça humana cortada da direta comunhão com Deus; a comunicação entre o Céu e a Terra fizera-se por meio de Cristo; mas agora, que Jesus viera ‘em semelhança da carne do pecado’ (Rm 8:3), o próprio Pai falou. Antes, comunicara-Se com a humanidade por intermédio de Cristo; fazia-o agora em Cristo. Satanás esperara que, devido ao aborrecimento de Deus pelo pecado, se daria eterna separação entre o Céu e a Terra. Era, no entanto, agora manifesto que a ligação entre Deus e o homem fora restaurada.” DTN, 116.
“Cristo é um Salvador ressurreto; pois, conquanto estivesse morto, ressuscitou, vivendo sempre para fazer intercessão por nós. Devemos crer com o coração para justiça, e com a boca fazer confissão para salvação. Os que são justificados pela fé, confessarão a Cristo. ‘Quem ouve a Minha palavra, e crê nAquele que Me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.’ Jo 5:24. A grande obra operada em prol do pecador, impuro e maculado pelo mal, é a obra da justificação. Por Ele, que fala a verdade, é o pecador declarado justo. O Senhor imputa ao crente a justiça de Cristo e perante o Universo o pronuncia justo. Transfere os seus pecados para Jesus, o representante, substituto e penhor do pecador. Sobre Cristo coloca Ele a iniquidade de toda alma que crê. ‘Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus.’ II Co 5:21.” ME1, 392.
"’Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.’ Fp 2:5. Pela conversão e transformação devem os homens receber os sentimentos de Cristo. Cada qual deve permanecer diante de Deus com sua fé individual, sua individual experiência, sabendo por si mesmo que Cristo, a esperança da glória, está formado no íntimo.” MCP2, 428.
QUARTA - Os privilégios da adoção (Gl 4:5-7)
Os filhos adotados são os filhos do coração. O útero conceptivo transfere-se para o útero da alma dos pais.
No primeiro século de nossa era, o pai que não tinha filhos adotava uma criança para perpetuar o seu nome e ser futuro possuidor de suas propriedades e bens.
Podemos dizer que fomos gerados e criados no coração de Deus muito antes de existirmos. Mas, ao virmos para luz neste mundo, já éramos “vendidos sob pecado” e não mais filhos de Deus, a despeito de ainda sermos Suas criaturas humanas. O pecado nos vendeu ao maligno, assim como José foi vendido por seus irmãos aos mercadores ismaelitas. Fomos comercializados pela mordida e degustação do fruto proibido. A c0rrente de males daí oriunda foi crescendo a tal ponto que o Senhor viu-Se obrigado a destruir a geração antediluviana sob as poderosas águas de Sua ira.
Mas o plano da salvação incluía o poder de recompra. Sim! O preço era incalculável, mas o Senhor se dispôs a pagá-lo. Primeiro foi necessária a encarnação (primeira fase da reaquisição); depois, a vida perfeita, inculpável, impecável, justíssima de nosso Substituto; em terceiro lugar, Sua morte redentora; em quarto lugar, Sua vida intercessora junto ao Pai.
A adoção de filhos somente foi possível depois desses quatro atos de reintegração de posse.
O atestado de adoção é dado com firma reconhecida do Espírito Santo. Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho, comprovando que concordou com a adoção.
Adoção é sinônimo de aceitação. A rigor, fomos adotados ou aceitos antes de cairmos. Isso é paradoxal! Mas, leiamos Ef 1:4, 5: “Assim como nos escolheu nEle antes da fundação do mundo [antes do pecado, portanto], para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua vontade.”
A intencionalidade amorosa de Deus vai muito além de nossa humana compreensão. Antes de cair estávamos predestinados ou destinados por Deus para a glória eterna. Que providência!!!
A adoção tornou-nos livres, conforme a lição nos expõe, de quatro escravagismos: 1) livres do poder do diabo e de seus enganos; 2) livres da morte eterna; 3) livres do poder do pecado que domina nossa natureza decaída e; 4) livres da condenação da Lei. Não estamos incursos nas penas previstas nos dez artigos da Lei divina.
“Herdeiro” (Gl 4:7) – Paulo usa o substantivo kleronomos, que significa que graças ao Messias, recebemos a herança que a Ele pertence por direito de filiação.
Como herdeiros da mais completa fortuna do Universo, temos direito a seguranças particulares. Sim, e poderosíssimos seguranças: “Anjos de Deus, excelentes em poder, são enviados para ministrar aos herdeiros da salvação. Estes anjos, ao perceberem que estamos fazendo o último esforço possível para sermos vencedores, realizarão a sua parte e sua luz brilhará em torno de nós, dissipando a influência dos anjos maus que nos rodeiam. Criarão uma fortificação semelhante a muros de fogo à nossa volta.” Review and Herald, 19 de abril de 1870.
Os mais vis pecadores podem alcançar a condição de herdeiros: “Cristo é capaz de levantar os maiores pecadores, colocando-os no estado em que serão reconhecidos como filhos de Deus, herdeiros com Cristo da herança imortal.” CBV, 169.
A segunda fase da adoção de filhos é a redenção de nosso corpo (ver Rm 8:23)
Não somente nós seremos transformados, mas também o planeta em que vivemos, porque nossa adoção eterna resultará em novos céus e nova Terra. Tudo estará livre da maldição do pecado. O Espírito Santo é o penhor ou hipoteca desse direito hereditário.
“O Espírito nos sela como herdeiros “para o dia da redenção” (Ef 4:30). Ele é para nós a Testemunha de que somos filhos de Deus, embora o mundo não aceite Sua testificação. O mundo não conhece os filhos de Deus. Porém, quando se revelar a glória que Ele nos tem dado, e nossos corpos forem redimidos da destruição e brilharem à semelhança do corpo glorioso de Cristo, não haverá qualquer dúvida na mente de ninguém. Até o próprio Satanás ver-se-á obrigado a reconhecer que somos filhos de Deus e, por conseguinte, herdeiros legítimos da Terra glorificada.” Comments to the Epistle to the Romans, pp. 123, 124.
QUIN TA - Por que retornarmos à escravidão? (Gl 4:8-20)
Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários, Lei Áurea – o que esses títulos legais lembram a você?
Uma pitada de História do Brasil: A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem navios de países que faziam esta prática.
Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade.
Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel.
Pois bem. Será que os escravos libertos, depois de se sentirem pela primeira vez donos de sua vontade e com capacidade de decisão, gostariam de voltar a viver como animais nas senzalas, trabalhando 12 horas sem parar, e como compôs o Pr. Willians Costa Jr., “comendo miséria para não morrer”? Quem deles diria: “Eu gostava mais de minha vida escrava do que desta de homem livre”?
Paulo argumenta que se depois de os gálatas haverem recebido a sã doutrina do evangelho bendito de Cristo, eles adotassem as práticas da escravatura, voltariam a estar debaixo do controle do ultratirânico senhor chamado pecado, por sua própria opção. Os rudimentos do mundo são escravizantes porque procedem de Satanás e levam com certeza à ruína eterna.
O desconhecimento de Deus é a mais marcante característica da escravidão do maligno. Os homens rendem-se a falsos deuses de sua própria imaginação. Vivem sem uma lei protetora, justa, defensora dos plenos direitos humanos. A vontade do déspota e a flutuação ciclotímica (instabilidade) de seu humor são o regulamento que prevalece.
É bom observar que o apóstolo busca admoestar os gálatas que passaram do evangelho para o judaísmo ritual, retrocedendo e praticando idolatria. Como? Sim! Se eles adotassem as práticas judaicas abolidas por Cristo na cruz, estariam adorando falsos deuses tão certamente como os gentios do mundo greco-romano se curvavam ante Zeus ou Júpiter, Diana, Hera, Poseidon, Afrodite e outros.
“Sem o processo transformador que só pode advir através do divino poder, as propensões originais para o pecado permanecem no coração com toda a sua força, para forjar novas cadeias, para impor uma escravidão que nunca pode ser desfeita pela capacidade humana.” Review and Herald, 19 de agosto de 1890.
Escravatura hoje?
Amor ao mundo é escravidão, embora se disfarce como liberdade plena. É como o presidiário que sai para tomar sol no pátio da penitenciária. Ele pode ter alguma sensação de liberdade, porém, ela se desvanece ao voltar para a mal iluminada cela.
A escravatura do apetite - “A glutonaria é o pecado prevalecente neste século. O lascivo apetite torna homens e mulheres escravos, obscurecendo-lhes o intelecto e diminuindo-lhes a sensibilidade moral a tal ponto que as sagradas e elevadas verdades da Palavra de Deus não são apreciadas. As inclinações inferiores têm dominado homens e mulheres.” CSRA, 32. A quem a Sra. White está se referindo neste texto? Aos de fora ou aos de dentro?
A escravatura do formalismo – Muitos se acham tão apegados às rotinas religiosas que se tornaram escravos do formalismo. A piedade prática lhes é coisa totalmente desconhecida.
A escravatura do sensualismo – Mesmo nos intramuros de Israel muitos homens e mulheres são servos do sensualismo, dando livre curso às suas paixões.
A escravatura da indolência espiritual - “Longamente tem Deus esperado que o espírito de serviço se apodere de toda a igreja, de maneira que cada um trabalhe para Ele segundo sua habilidade. Quando os membros da igreja de Deus fizerem a obra que lhes é indicada nos necessitados campos nacionais e estrangeiros, em cumprimento da comissão evangélica, todo o mundo será logo advertido, e o Senhor Jesus retornará à Terra com poder e grande glória. "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim." Mat. 24:14.
Tente identificar outras facetas da escravatura que envolve aqueles que não estão se preparando para os acontecimentos finais.
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