Comentários Lição 13 - Um Ministério Perpétuo (Prof. César)



23 a 30 de Junho de 2012

Verso Principal
“Com que se parece o Reino de Deus? Com que o compararei? É como um grão de mostarda que um homem semeou em sua horta. Ele cresceu e se tornou uma árvore, e as aves do céu fizeram ninhos em seus ramos.” (Lc 13:18 –NVI)

Embaixador de Cristo full-time ou de tempo integral. Esse é o crente fiel. Todos os dias da vida enquanto essa durar, ele está a serviço de Jesus. Não existe aposentadoria. Esse negócio de passar a tocha às gerações mais novas é um simbolismo belo e poético, mas não pode representar fim de corrida de quem passou a flama adiante. Quem vem no embalo, passa a tocha e continua correndo um pouco mais. Assim é na corrida olímpica de revezamento 4X400.

A consciência de continuidade de trabalho é muito importante para os velhos missionários. Deles deve ser o lema que impulsionou os 300 de Gideão: “Cansados, mas ainda perseguindo.” (Jz 8:4) Para os que iniciam o bom combate, o lema é “perseguir sem cansar”.
Certa vez o Prof. Eglom Cézar de Azevedo, bibliotecônomo da Casa Publicadora, e eu fomos visitar o Pr. Luiz Valdwogel, que já contava idade bem avançada. Ele prometera doar sua biblioteca para os acervos da CASA e lá fomos para Hortolândia, a fim de “botar as mãos” nas preciosidades literárias do velho servo de Deus. Ainda escrevendo com admirável lucidez, do alto de seus 90 anos, dizia que sempre adiava a velhice para mais tarde. Seu ministério, que teve início quando ainda era bem jovem, só cessou quando o velho “pássaro da floresta” – é isso que significa em alemão seu sobrenome - fechou os olhos até a manhã da ressurreição. Ellen White praticamente morreu escrevendo, aos 89 anos de idade.
É muito importante criar-se a consciência de ministério contínuo. Desse modo, o membro da igreja deverá ficar preparado em todos os momentos para testemunhar e evangelizar, inda que em meio às suas atividades cotidianas. Atenção às oportunidades! Leve consigo folhetos, literatura, uma Bíblia com anotações de estudos bíblicos breves para abrir em qualquer situação que isso requeira. Os jovens podem inserir estudos e outras mensagens rápidas e de fácil visualização em seus tablets, I-phones, I-pods, smart-phones, etc. para mostrá-los quando necessário.
Nossos moços possuem o “turbo missionário”, isto é, eles estão sempre com potência de sobra para o que der e vier, sempre vigilantes, atentos e sequiosos de testemunhar. João asseverou: “Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o maligno.” (1Jo 2:14)
O testemunho vivo ou pessoal está incluso no ministério perpétuo. Somos “lidos” pelas pessoas todos os dias. Mesmo sem abrir a boca, estamos pregando. Por isso é de fundamental importância carregarmos “nossos tanques espirituais de combustível” com o tesouro da religião de Cristo. “O homem bom tira do tesouro bom coisas boas...” (Mt 12:35) O bom tesouro é a Palavra de Deus.

DOMINGO
Evangelismo e testemunho incessante
O evangelismo publicado mediante a Palavra e o testemunho incessante de uma vida exemplar – essas são as mídias pessoais mais eficazes do cristão.
Isso só é possível quando se trabalha em íntima ligação com o autor desses dois canais de propaganda da salvação.
Estudemos em Jesus as maravilhosas habilidades de evangelização. Gostaríamos de introduzir primeiramente a entrevista com Nicodemos – tipo da alma que procura a luz da verdade, porém cheia de preconceitos.
Condição social: rico, classe A. Condição acadêmica: doutor em leis. Condição religiosa: fariseu, orgulhoso de suas práticas e tradições, e a elas vivamente aferrado. Condição política: um dos principais dirigentes. Condição espiritual: ignorante total da verdadeira religião.
Depois de tentar bajular Cristo e nitidamente procurar entrar em discussão teológica com nosso Salvador, foi surpreendido com uma denúncia de inconversão. Se ele precisava nascer de novo, não era convertido. A força das palavras de Jesus indicava que Aquele mestre nazareno parecia ler a mente e os segredos ocultos da vida do presunçoso fariseu. A consciência foi despertada. Que poder! Lembremo-nos que só se faz evangelismo quando o Espírito Santo tem plena posse da alma da testemunha. Jesus era cheio do Espírito.
Nicodemos tentou desconversar mostrando que havia entendido o novo nascimento como realidade física e não espiritual. Cristo não permitiu esse astuto atalho do doutor da lei, e repetiu a afirmação. Nicodemos, embora velho e celebrado mestre da nação, não tinha verdadeira percepção espiritual de sua vida. Jesus, em outras palavras, disse que ele precisava de conversão real e não de uma religião exterior. A franqueza de Cristo chocou o homem.
Cristo mostrou-lhe outra realidade que ele não conhecia. Sua vida era destituída do Espírito Santo. Nessas condições, ele não poderia jamais entrar no reino de Deus.
Jesus nos mostra aqui o padrão para se lidar com religiosos, sendo franco, mas sem lhe dirigir ofensas. Dizer a verdade com apoio da Palavra de Deus. Nada de ataques pessoais.
Agora vamos à entrevista com a mulher samaritana – tipo de alma separada totalmente do povo de Deus, de vida duvidosa, promíscua e irresponsável. Jesus foi à procura dela.
Jesus acercou-Se pedindo-lhe polidamente um favor inusitado. Um judeu jamais pedia nada a um samaritano, inda que estivesse nos estertores da morte. Quando um judeu viajava para o norte, para não passar em Samaria ele fazia um longo desvio, cruzando o Rio Jordão e subindo por fora até ultrapassar o posicionamento geográfico dessa cidade, então ele recruzava o Jordão e entrava mais uma vez no território de Israel.
Cristo produziu impacto na mulher. Então começou a revelar-se como o Dom da Vida, a água que dessedenta para a eternidade, o Único que podia satisfazer as necessidades mais profundas daquela alma perdida. Nessa entrevista, diferentemente da de Nicodemos, Cristo deixou que a mulher conduzisse a conversa até certo ponto. Essa não tinha conhecimento espiritual e nem bíblico como era o caso do líder fariseu. Era ignorante e Cristo teve de condescender com sua inteligência limitada. Ela entendeu a água da vida como a fresca água do poço de Jacó. Disse a Jesus que Ele não tinha recursos para saciar sua sede, a menos que ela O ajudasse. Colocou-se numa posição superior. Em seguida reconheceu que Jesus tinha alguma coisa que podia resolver seu problema de buscar água no poço, no maior calor do dia, e longe dos olhares críticos e maliciosos do povo que conhecia sua reputação.
Jesus formula uma pergunta cortante: “Chama teu marido.” E agora, ela era amasiada e não casada e estava em seu sexto relacionamento. Vida devassa. Então Cristo realizou uma façanha que não podia ser contestada. Sua divindade expressou-Se e Ele mostrou à mulher que conhecia os segredos imorais de sua vida. Ora, Aquele Homem lia pensamentos.
A revelação de Cristo, Deus em carne, mudou instantaneamente a vida da samaritana. De posse de Cristo ela foi à cidade e contou tudo quanto Jesus lhe havia dito.
Lembremo-nos de que o evangelismo não é simplesmente uma divulgação doutrinária, profética, moral, de um credo. É, fundamentalmente, a revelação de Cristo como o Salvador da humanidade.
SEGUNDA

Um ambiente estimulante
Jesus ordenou duas vezes que Pedro apascentasse e uma vez que pastoreasse Suas ovelhas (Jo 21:15-17). O texto do Evangelho de João nessa passagem mostra que Jesus usou dois termos diferentes para designar o cuidado pastoral que Pedro deveria ter com as ovelhas de Jesus. A primeira e a terceira ordem provêm do modo imperativo do verbo grego bibrosko, com o significado de nutrir, dar de comer, guardar. O segundo, “pastoreia”, origina-se do imperativo de poimhn ou poimen, com o sentido de governar, cuidar, satisfazer as necessidades.
Pois bem, é isso que os líderes da igreja precisam fazer com o rebanho do Senhor. “Se devemos fazer discípulos, precisamos dar atenção ao estabelecimento e sustentação de cada novo cristão.” LES. Por vezes “rodeamos o mar e a terra para fazer um prosélito...” (Mt 23:15) e depois o deixamos ao sabor dos ventos, ao seu próprio destino. Temos, porventura, um plano de acompanhamento pós-batismo? Se não temos, deveríamos. Nossos laços de fraternidade com os recém-ingressos na igreja precisam ser mais especiais do que aqueles tidos com os irmãos mais consolidados na fé. Com eles temos de conjugar o bibrosko e o poimen.
A lição fala de companheirismo com eles. Uma das maneiras mais práticas de exercer companheirismo com eles é integrá-los aos variados ministérios da igreja, conforme seus talentos, para que convivam conosco e aprendam a trabalhar por Jesus. Quanto à nutrição, sugerimos que classes pós-batismais sejam criadas para ajudá-los a crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2Pe 3:18). “Um novo cristão precisa ser desenvolvido, cuidado, estimulado, treinado e educado nos caminhos do Senhor.” LES.
Companheirismo vital
Meios e destemido esforço podem ser seguramente empregados numa obra como essa, pois é uma obra que subsistirá. Dessa forma, os que estavam mortos em ofensas e pecados são trazidos ao companheirismo dos santos e feitos assentar nos lugares celestiais com Cristo. Seus pés são postos em um firme fundamento. Tornam-se capazes de atingir uma elevada norma, até chegar às mais excelsas alturas da fé, pois os cristãos tornaram direitos os caminhos para seus pés, para que o que manqueja não se desvie do caminho.” CSS, 356.  
Como apresentar um ambiente de amor fraternal aos novos irmãos, de modo que se sintam atraídos ao companheirismo cristão?Deus quer dissipar as nuvens que se acumularam ao redor das almas... e unir todos os nossos irmãos em Cristo Jesus. Deseja que estejamos ligados pelos laços do companheirismo cristão, cheios de amor pelas almas por quem Cristo morreu. Disse Ele: ‘O Meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei.’ Jo 15:12. Quer que estejamos unidos no coração e nos planos para realizar a grande obra a nós confiada. Os irmãos devem pôr-se ombro a ombro, unindo suas orações junto ao trono da graça, para que consigam mover o braço do Onipotente. O Céu e a Terra estarão então intimamente ligados na obra, e haverá alegria e júbilo na presença dos anjos de Deus, quando é encontrada e restaurada a ovelha perdida.” FEC, 210. Se forem envolvidos num ambiente estimulante como esse, sentirão o “contágio” benfazejo do amor fraternal.
Comunhão espiritual
Há uma condição sine qua non para que os novos irmãos sintam e desfrutem plena comunhão fraternal: Nos a vemos em 1Jo 5:7: “Andarmos na luz”. Esses crentes precisam ver coerência entre ensino bíblico e vivência espiritual. Precisam ver que praticamos aquilo que ensinamos. O que mais os pode confundir do que ouvir o precioso ensino e constatar que nada ou pouco daquilo que foi ensinado é tornado em prática? Se não andarmos na luz, não temos comunhão uns com os outros e tornamos vãos os benefícios do sangue purificador de Jesus sobre nossas almas. A responsabilidade é tremenda!
Atos 2:42 nos mostra como vivia a comunidade crente na igreja primitiva e os efeitos do ambiente excitante que nela imperava: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações.” Havia estabilidade espiritual e ricas influências de progresso.
Já Atos 11:19-23 revela que os que foram dispersos por causa da perseguição (e havia milhares de crentes novos nesse contingente cristão disperso) saíram com grande poder a pregar em três grandes regiões ao norte da Palestina. Balanço dessa empreitada: “A mão do Senhor era com eles e grande número creu e se converteu ao Senhor.” (verso 21)
O trabalho dos líderes do “ambiente estimulante” tem no exemplo de Paulo relatado em Rm 1:11, 12 uma diretriz essencial: Esses comunicam dons espirituais aos membros para fortalecê-los (sermões, estudos bíblicos, instrução, treinamento, exercícios espirituais, etc.). Em troca aquenta-se a fé mútua que traz consolação tanto para líderes como para liderados.

TERÇA
Formando instrutores

O Pr. Webb levanta, de início, a questão prática do turnover (rotatividade de pessoal) na igreja. Esse é um problema de cunho pragmático e que precisa ser resolvido para que não haja queda de rendimento no evangelismo e testemunho da igreja. É impossível evitar essa rotatividade.
Para a continuidade dos ministérios da igreja são necessárias peças humanas de reposição. Como fazer isso? Não se deve esperar até que membros ativos deem baixa da congregação para ir afoitamente à procura de substitutos. Quando os ministérios ainda desfrutam certa pujança, é preciso pensar em preparar irmãs e irmãos para estarem a postos quando convocados. Para isso é preciso haver um plano específico.
Esse plano poderia ser feito pelo pastor da igreja juntamente com a Comissão, e por eles implementado e monitorado. Os cursos de treinamento, preferivelmente, devem ser ministrados por pessoas capazes e experientes dentro dos variados ministérios. Materiais e equipamentos (se necessários) devem ser providos. Em complemento às aulas práticas, os alunos deveriam envolver-se com os mais experientes em exercícios reais do ministério.
Tomemos o texto indicado na lição (2Tm 2:1-7): “Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou. Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas. O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos. Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas.”
Muito bem! Que princípios poderíamos aplicar no plano de formação de instrutores?
1) Os instrutores sênior precisam buscar força na graça de Cristo Jesus. Não há como fazer evangelismo sem estar investido do poder do Espírito.
2) Assumir os custos do eventual sofrimento em nome de Cristo. O evangelismo e os ministérios da igreja têm seu quinhão de tensão, aflições... Paulo sempre ressalta o valor de participar dos sofrimentos de Cristo como bom soldado da cruz.
3) Este princípio requer que ao se prestar serviço a Jesus, não é proveitoso envolver-se com os negócios deste mundo. O que Paulo quer significar é que os assuntos seculares não devem e nem podem suplantar os interesses eternos.
4) Outro aspecto é empenhar-se “segundo as normas”. Tudo o que se fizer para preparar instrutores evangelísticos deve ser consoante os princípios e normas bíblicas e testemunhais. Sair das regras bíblicas é fracasso certo.
5) O desfrute das conquistas deve ser feito em nome de Cristo, pois as vitórias e progressos são devidos à Sua graça e não ao esforço humano. Ele deve ser glorificado em tudo.
6) Tanto instrutores como formando precisam obter “compreensão contínua em todas as coisas”, pois que essa experiência é dádiva divina. Deus está totalmente disposto a conceder a Seus servos esse conhecimento amplo. Paulo recomenda a Timóteo que ele pondere esses conselhos espirituais. Assim também deve se dar conosco. Devemos pensar com demora nas coisas que são do alto.
Como Jesus preparou os que iam ficar em Seu lugar na Terra
“Durante Seu ministério, Jesus tinha conservado constantemente perante os discípulos o fato de que eles deviam ser um com Ele em Sua obra de recuperação do mundo da escravidão do pecado. Quando Ele enviou os doze, e depois os setenta, para proclamarem o reino de Deus, estava-lhes ensinando o dever de repartir com outros o que lhes havia dado a conhecer. Em toda a Sua obra Ele os estava preparando para trabalho individual, que devia ser expandido à medida que seu número aumentasse, e finalmente alcançar os confins da Terra. A última lição que deu a Seus seguidores foi que lhes tinham sido confiadas as boas novas de salvação para o mundo.” AA, 32.


QUARTA

Resgatando pessoas afastadas
No latim eclesiástico, apostasia significa deserção da religião, quebra de compromisso religioso, defecção ou abandono voluntário e consciente de uma obrigação assumida. A rebelião de Lúcifer no Céu é considerada a mais alta apostasia.
O vocábulo “apóstata” (que também tem o sentido de renegado) é de uma aspereza singular. Causa repúdio, distanciamento; soa como traição aos sagrados legados, desprezo por Cristo e Sua igreja. O Dr. Bernd Wolter escreveu: “Apostasia é um nome muito forte para o que acontece normalmente com uma pessoa quando ela deixa a fé pouco depois de dar os seus primeiros passos com Deus.”
Visto, porém, por outro prisma, aquele ou aquela que deixou o redil de Jesus é uma alma altamente necessitada dos cuidados pastorais e fraternais. Seu afastamento é como o triste balido da ovelha perdida, apelando para que a vamos buscar.
Por que as pessoas deixam a igreja? As razões são inúmeras e não teríamos tempo e espaço para considerá-las todas. Porém, para análise, partamos do princípio de que elas vêm para a igreja a fim de encontrar algo superior para sua vida. Vêm com muitas expectativas e esperanças. Se essas não forem supridas ao cabo de tempos, o abalo emocional daí resultante gera forte reação de desistência.

Essa é a Pirâmide de Maslow, que procura configurar as necessidades do ser humano. Os andares da pirâmide – de baixo para cima - mostram as prioridades de cada ser que vem ao mundo. À medida que as necessidades básicas são supridas, as outras são procuradas. Os membros da Igreja esperam que ela os ajude nessa busca até atingir o topo.
As causas de afastamento mais comuns são: atrações mundanas, persuasão da cultura secular (assimilação), desapontamento com membros e líderes, falta de afeição e atenção por parte dos irmãos, criticismo, indiferença para com os interesses e necessidades do membro, debilidade do senso de pertença (a pessoa quer sentir que é parte ou pertence a um grupo, a uma sociedade), pobreza na vida devocional (pouca oração, pouco ou nenhum estudo da Bíblia, frequência reduzida à igreja, falta de envolvimento nos ministérios e na missão...), orgulho e preconceito de alguns membros, e por aí vai.
Evidentemente, nossas igrejas devem ter seus planos de resgate de irmãos afastados. A bem da verdade é bom que se diga que apenas as visitas pastorais não são suficientes, via de regra, para trazê-los definitivamente de volta. É preciso que a igreja se envolva implementando um plano mais abrangente. Os irmãos debilitados querem sentir-se amados não apenas pelo pastor, mas por toda a igreja.
Julguei interessante colocar para a apreciação de meus irmãos e irmãs, algumas sugestões do Prof. Gilson Medeiros para visitas de resgate:
1. Vá logo ao ponto – Instintivamente ele já sabe a que você veio e se sente desconfortável com os rodeios. Quanto mais cedo você for ao ponto, menor o período de tensão. Você se sente à vontade conversando com um médico com uma seringa na mão?
2. Permita que a amargura venha à tona – Ele está sobrecarregado com rancores e mágoas longamente retidas. Ele culpa a igreja por injustiças reais ou imaginárias, sua mágoa é contra o presidente ou o ex-pastor. Ouça de maneira gentil; ouça com interesse. Diga-lhe, “se eu estivesse em seu lugar e tivesse sido tratado assim, eu me sentiria como você”. Quando ele percebe que você está do mesmo lado, começa a se desarmar.
3. Não defenda ninguém – Não importa quem ou o que o afastado ataque, não defenda ninguém. No momento em que você defende alguém, automaticamente, a mente dele identifica você como seu inimigo. A partir deste ponto você se torna impotente para ajudá-lo.
4. Não traia a confiança do ex-membro – Não dê publicidade ao que ele lhe falou. Melhor não repetir certas coisas, pois se ele descobrir que você vazou confidências, nunca mais confiará em você nem na igreja.
5. Não demore – Há momentos em que precisa ouvir uma longa história de decepção. Mas normalmente 15 ou 20 minutos são suficientes. Se respeitar esta regra, as portas se abrirão para você na próxima vez.
6. Sempre conclua sua visita com uma oração – Não pergunte se ele deseja uma oração. Diga-lhe: “Bem, preciso ir. Mas antes de partir, vamos fechar os olhos para uma oração?
Sugestões de frases a serem usadas nessa oração: “Ajude-o a não se demorar muito neste mundo, mas a estar na arca quando o dilúvio chegar”. “Perdoa-nos pela dor que nós como igreja lhe causamos, e ajude-o a reconhecer que o amamos e aguardamos o seu retorno”. “Senhor, desejo que suas crianças estejam seguras em seguir os seus passos, e que esses passos estejam na direção da vontade de Deus”.
Evidentemente há outras medidas a tomar. É importante que a igreja ponha em operação os meios de realcance dos afastados.
QUIN TA

A porta dos fundos
Algumas semanas atrás fomos assistir a uma apresentação do Coral Evangélico de São Paulo na Catedral Metodista da Liberdade. Ao recebermos o boletim da igreja, deparamos um pequeno artigo de um eminente líder metodista falando da “portabilidade de membros”. Ele se referia às perdas para outras denominações de membros de sua igreja e demonstrava preocupação.

Ah, a temível porta dos fundos! Em 2005, por exemplo, tivemos no campo mundial 1.057.852 batismos e profissões de fé, e 476.351 afastamentos e desaparecimentos, representando uma perda de 45,03% em relação aos ingressos. Em parte essa perda específica foi explicada por revisões administrativas no rol de membros feitas nas Divisões mundiais.
Fica patente, porém, que temos perdas efetivas cada ano. A que se devem, afinal? Algum tipo de decréscimo é de se esperar. Mesmo na igreja primitiva havia defecções ou deserções. A verdade é que a taxa de relação entre o número total de adventistas e a população mundial aumentou nos últimos anos. Não se trata de uma simples conta de lucros e perdas. No entanto, a perda de almas, seja em que número for, é sempre uma tragédia.
Faz-se necessária uma avaliação séria das possíveis causas de abandono da fé. Em sua obra Estrategias de Crecimiento de La Iglesia, editada em 1998, o Pr. Daniel Julio Rode identifica alguns “detonadores” congregacionais. Ele destaca a falta de companheirismo cristão como um dos fatores de perda. Assevera que a ausência de companheirismo e inserção na vida congregacional é o elemento número um de defecções. A amizade entre membros é capital.
Falta de base doutrinária é outra causa. Muitas vezes, na pressa de batizar pessoas, descuidamos de lhes dar sólido alicerce doutrinário. O membro vitimado por essa afobação não tem ideia perfeita da verdade bíblica. Quando confrontado por enganadores e mistificadores, titubeia e duvida de sua conversão.
Membro que não trabalha, dá trabalho, diziam os antigos pastores. Um membro “assistente” não pode receber o calor vital, pois não se envolve no trabalho de ajuntar com Cristo.
Desleixo devocional particular é outra causa. Tem-se tempo para tudo, menos para a comunhão particular da alma com Cristo. Se a vara não estiver apegada à videira, fenece e murcha.
Atrações mundanas também fazem parte do quadro desertos. Se alguém amar o mundo, o amor de Cristo não está nele. Não é possível servir a Cristo e ao mundo.
Falta de frequência regular à igreja está alinhada como outro agente demolidor. “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (Hb 10:25)
Um líder cristão escreveu: “Aquele irmão que deixa seguidamente de congregar e de participar dos cultos da igreja, está perdendo algo em sua vida espiritual. Deixar de reunir-se é uma atitude arrogante. Fazendo isso, a pessoa está declarando que não necessita de ninguém, que é autossuficiente e que pode viver a vida cristã sem qualquer ajuda do Corpo. Nós sabemos que Deus resiste ao soberbo. Essa pessoa começará a se sentir seca e insensível, pois o Senhor a resistirá e, com o tempo, ela pode vir até mesmo a se afastar completamente da fé. As reuniões da igreja são uma grande proteção.”
A prática da frequência deve ser acompanhada de admoestações fraternais. Devemos animar-nos uns aos outros quando nos reunimos.
O amor fraternal explícito é um poderoso antídoto contra a fuga. Quem é amado não deixa o lugar onde recebe afeição. Animação e não crítica e julgamentos é necessária. Servir aos irmãos é um privilégio de que poucos têm noção. Perdoar sempre, falar bem sempre, amar sempre. 

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails